Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 35
O Traidor


Notas iniciais do capítulo

Hoje é um dia muito corrido, acreditei que não teria tempo para postar, mas cá estou.



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— Senhor Lancelot! — Catherine correu em direção aos dois rapazes.

— M-mas o que? — Josh corou — Pare de me chamar assim você também!

— Mas… O Ryu disse que você se sente ofendido caso não seja chamado dessa maneira — A bruxa tinha uma expressão confusa.

Josh se virou para Ryu e pôde vê-lo se engasgar com o seu próprio riso.

— Ok, vamos embora! — O caçador respirou fundo — Tenho certeza que…

Uma explosão interrompeu a frase do caçador, mas todos foram protegidos pelo escudo de Eveline.

— Ryan? — Ryu tentava recuperar o fôlego devido ao susto.

— Não — Josh arrastou Catherine pelo braço e iniciou sua corrida pela vida — Um pouco pior que isso!

Nenhum ali tinha uma visão tão privilegiada quanto a dele, por isso só ele foi capaz de ver ao longe, Yuki empunhando um arco prateado de cima de um barco que se aproximava para apoio. Era difícil ter alguma dúvida de que aquilo se tratava de um tesouro celestial. Blanc havia armado seu pelotão com força total.

Um segundo tiro fez com que todos caíssem no chão.

— Está tudo bem? — Ryu se dirigia a espada.

— Quanto mais extenso é o meu escudo, menos eficaz ele se torna! — A voz de Eveline se fez audível a todos ali presentes, e não somente a Ryu como de costume.

Ryu não teve tempo de falar mais nenhuma palavra pois todos foram envoltos por um círculo negro e logo em seguida um conjunto de duas explosões fizeram fissuras surgirem no escudo.

Assim todos ali compreenderam que Ryan estava de volta.

— Vão! — Josh se separou do grupo e correu em direção a Ryan.

— Não podemos deixar ele para trás! — Catherine tentou voltar, mas teve o braço agarrado por Ryu.

— Cat, ele voltou para atrasar o nosso inimigo e facilitar o escudo de Eveline, não podemos atrapalhá-lo agora! — Diante do semblante inconformado da bruxa, o guardião completou — Ele se vira melhor que nós dois juntos.

Aquelas palavras não eram uma solução para Catherine, mas ela se agarraria a elas por enquanto.

Com a aproximação do inimigo, Ryan brandiu sua espada inúmeras vezes, fazendo uma chuva de explosões o cercarem.

Mas Josh era rápido e desviava de todos os ataques com uma velocidade surpreendente. Ele saltou para cima de Ryan e desferiu um soco contra ele, o garoto usou sua mão para se proteger, mas o impacto o fez ser empurrado para trás.

— Achei que você fosse um corredor! — Ryan balançava o braço para tentar se livrar da dor.

Sem dar muitas explicações, Josh lançou seu chicote contra o inimigo prendendo seu braço. Por mais que o rapaz se esforçasse para se livrar daquela limitação, era como se nada mundo pudesse romper aquele material. Com um movimento rápido, Josh puxou o braço do garoto para sua direção e assim que ele estava em seu alcance, o socou com força no rosto.

Ryan tentou usar sua espada para atacar o inimigo, mas a proximidade dos dois o impedia de executar qualquer movimento eficaz.

Com a mão de Ryan agora presa debaixo do seu braço direito, Josh usava seu braço esquerdo para impedir que a espada explosiva do garoto se aproximasse de forma que pudesse ser prejudicial.

— Que diabos é você? — Ryan se esforçava para se libertar, mas a força física de Josh parecia ser muito maior do que a dele.

“O chicote…” O garoto não teve tempo de pensar mais sobre o tesouro celestial de seu adversário, pois foi atingido com uma cabeçada poderosa.

Josh se preparava para atingir Ryan mais uma vez, quando foi surpreendido por um puxão em seu ombro forte o suficiente para fazê-lo rolar alguns metros longe dali.

— Está tudo bem, Ryan? — Benjamin ajudava o garoto a se levantar.

Ryan balançou a cabeça positivamente, o que não combinava em nada com o estado ensanguentado de seu rosto.

Josh se levantou, já em guarda, enquanto via seu chicote se rastejar até as suas mãos.

O ex Minus tinha uma expressão apreensiva no rosto, enfrentar dois combatentes sem o auxílio de suas cimitarras parecia um problema grande demais para ser resolvido de forma rápida.

“Anabel… Métodos de fuga?”

Josh se dirigia a bússula que carregava em seu bolso.

— Não atrapalhe o caminho do Minus seu arruaceiro! — Benjamin saltou para cima do inimigo com um vigor indescritível, mas no momento que alcançou o alvo, viu seu golpe transpassar o corpo de Josh e acertar o chão. Apesar do enorme buraco que ele havia feito, não havia sinal de inimigo, nem vivo, muito menos morto.

— Uma ilusão! — Benjamin estava muito irritado.

Em silêncio, Ryan pensava sobre tudo o que havia se passado ali. Aquele homem que havia enfrentado, estava muito longe de ser um arruaceiro qualquer.

— Vamos, Ryan! — Benjamin apressava a corrida — Pela continuidade das explosões da Yuki, ela ainda não perdeu a bruxa do azar de vista!

Ryan apenas acenou positivamente com a cabeça e seguiu o companheiro.

Não muito longe dali, Catherine e Ryu corriam a toda velocidade. Yuki não dava folga em seus ataques, mas Eveline fazia um bom trabalho os cobrindo.

— Ah não… — Ryu freou brutalmente a sua corrida.

— O que foi? — Catherine estava confusa.

— Eu não vou atravessar isso aí! — Ryu apontava para a longa e estreita ponte que os esperava.

Não era muito do feitio dele falar dos seus medos, mas diante de uma queda de mais de 200 metros, suas pernas tremiam demais para que ele se controlasse.

— Ryu, não temos muitas opções! — Catherine apontava para a Benjamin e Ryan que já estavam se aproximando.

— Droga… — Ryu engoliu a seco e acompanhou a garota.

Apesar da aparência assustadora, aquilo era uma ponte muito firme e parecia ser feita de um material extremamente resistente. Pelo menos era o que Ryu tentava se convencer, para não se encolher e entrar em pânico no meio do caminho.

Mais uma flecha explosiva de Yuki foi lançada e essa estremeceu toda a estrutura da ponte, Ryu quase sujou as calças, mas se segurou para manter o pouco de dignidade que ainda lhe restava.

Foi nesse momento que o guerreiro sentiu algo enrolar o seu braço e o arrastar para longe de Catherine. Por puro reflexo, ele cravou a espada negra no chão e olhou para a origem da corrente que o prendia.

Lá estava Benjamin, com a outra ponta da corrente em sua mão. A arma que ele empunhava era uma Kusarigama, que consiste em uma corrente com uma foice em sua ponta. Mas aquela certamente era diferente de qualquer outra que aquele guardião já havia visto, pois a sua corrente parecia ter dobras infinitas que de alguma maneira não perceptível a olho nú, se ligava a ponta que Benjamin segurava.

Enquanto Ryu se esforçava para não ser arrastado por aquele alinhavado de correntes que se moviam como vermes, pôde notar o surgimento de uma foice, bem próximo ao seu braço. No momento que a arma preparava-se para “dar o bote”, Ryu foi protegido pelo Dark Blood de Eveline.

Ele não sabia descrever o quanto estava aliviado por descobrir essa técnica. Mas a felicidade dele só durou até o momento em que avistou o brilho prateado vindo do arco de Yuki, ela iria atacar, e Eveline não estava livre para proteger Catherine.

“Eveline…”

“Se eu te deixar, você vai morrer.”

“Eu vou ficar bem.”

As palavras de Ryu não eram convincentes a bruxa, mas esse era o desejo dele, e mais que isso, era o objetivo dela.

Como um piscar de olhos, Eveline lançou na direção de Catherine e a protegeu do ataque fulminante de Yuki.

Quase como em câmera lenta, Ryu assistiu Catherine o olhar com desespero, lendo seus lábios, ele sabia que ela gritava seu nome.

Ela com certeza estava brava de o ver se sacrificando daquela maneira… Mas quem disse que aquilo era um sacrifício?

Enquanto era arrastado pela corrente mágica, Ryu sacou uma adaga e cravou sua lâmina em dos elos, de forma que ela ficasse presa ao chão.

O objeto se debatia como uma cobra esfaqueada e Ryu se aproveitou daquele momento para tentar se livrar da parte que envolvia seu braço. Apesar dos esforços louváveis do rapaz, Benjamin puxou a corrente com força o suficiente para que sua adaga se desprendesse do chão e ele novamente fosse arrastado rumo ao seu executor.

— Então é assim que vai ser? — Ryu preparava seu punho para um impacto colossal.

Entretanto no momento em que se aproximava do rosto de Benjamin, teve seu golpe detido pela mão do caçador sem nenhuma dificuldade.

Uma expressão incrédula se instalou na face de Ryu. Benjamin estava muito mais forte que no último encontro.

Com um sorriso triunfante em seus lábios, Benjamin acertou uma joelhada no estômago de Ryu. O guardião se encolheu, sentindo como se todos os seus órgãos tivessem sido comprimidos.

Em uma corrida apressada, Ryan tentava alcançar a luta. Apesar de estar dando tudo o que podia, não conseguiu alcançar o passo de Benjamin.

Um pouco ofegante, ele finalmente havia chegado até o local da batalha. Em sua frente estava Benjamin, segurando Ryu como se fosse um trapo velho.

— Bom trabalho! — Ryan tinha um sorriso satisfeito em seu rosto — Me dê o prazer de acabar com a vida desse verme…

— Não entendo essa necessidade que dois caçadores têm de enfrentar um humano comum sozinho... — Josh se mostrava atrás de Ryan — Vejo que o nível do Minus desceu muito nos últimos anos!

Ryan se virou para o recém chegado um pouco incrédulo. Aquela frase parecia ser o que faltava para comprovar suas suspeitas.

— Eu sabia… — O jovem caçador tinha uma expressão de ódio em seu rosto — Você é o traidor!

— Eveline! — Agachada no meio da ponte, Catherine observava o que se passava do outro lado — Você precisa ir lá ajudar o Ryu!

— Não! — O manto negro que se mantinha ao redor de Catherine respondia de forma ríspida — Minha missão é proteger você!

— Ele vai morrer nas mãos daquele brutamontes! — A bruxa do azar tentava correr na direção de Ryu, mas uma barreira negra impedia seu avanço — Me deixe passar!

— Não!

— Você não tem esse direito! — Catherine desferia golpes contra a massa que a cercava — Eu preciso ajudá-lo… — A bruxa sentiu sua motivação se esvair.

— A melhor forma de ajudar o seu guardião é permanecendo viva! — A voz de Eveline era inabalável.

Catherine permaneceu pensativa por alguns segundos. Carregava um olhar vazio em seu rosto, como se tivesse parado de viver aquele momento e estivesse vagando em coisas muito distantes dali.

Depois de alguns segundos naquele transe, a garota começou a desatar os nós da pulseira de raiz de laranjeira que ela carregava em seu pulso.

— Catherine? — Eveline tinha um tom incrédulo — O que está fazendo?


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Notas finais do capítulo

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