Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 30
Salvem a Bruxa do Azar


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo, fiz com muito carinho ♥



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— Tem uma janela aberta no terceiro andar — Ryu apontou.

Ele e Josh espreitavam o armazém que o delegado havia informado.

— Tem guardas por todos os lados, não tem como passar despercebido por eles! — Você vai pela janela! — Ryu disse de forma autoritária.

O caçador não teve tempo de questionar a decisão do rapaz, pois logo o viu correr em direção aos guardas que vigiavam a porta.

Agora estava claro, ele se usaria como distração.

Os passos pesados de Hector despertaram a atenção de todos os seus subordinados.

— Está tudo bem, senhor? — Um infeliz perguntou.

Um olhar fuzilante por parte do líder fez o jovem se encolher.

— Quando chega o navio dos caçadores? — Hector se virou para o responsável pelas embarcações.

— Em aproximadamente 40 minutos, senhor — informou.

— Vocês tem 30 minutos para encontrarem aquelas bruxas… Principalmente a garota de Otium!

Os homens se preparavam para sair a procura das fugitivas quando um guarda invadiu o cômodo.

— Senhor, temos invasores! — O mensageiro estava ofegante — Um homem, está atacando os guardas que cuidam da entrada.

— Um homem? — Hector tinha em sua voz um misto de ódio e incredulidade — Está me dizendo que veio até aqui me incomodar por causa de um arruaceiro qualquer?

O recém chegado sentiu-se intimidado diante da fala de seu superior, mas prosseguiu com o seu relato:

— S-senhor… ele já derrubou 7 homens…

Hector, que já havia parado de prestar atenção no rapaz, agora voltou a encará-lo.

Naquele momento, a lembrança de Ryu veio a sua mente. Aquele rapaz destemido e cheio de energia, parecia ser o tipo capaz de derrubar 7 homens.

— O que faremos senhor? — Um dos presentes na sala perguntou — Saímos na procura das bruxas ou cuidamos do intruso?

— As coisas não mudaram para vocês. — Hector se recompôs — Tratarei do assunto do invasor a minha maneira.

Os homens acenaram positivamente com a cabeça e se retiraram da sala.

Dada a oportunidade, Josh seguiu como o mandado e em pouco tempo já estava dentro do armazém.

— Ei você!

Alguém havia notado a presença do invasor.

— Marie… — Josh clamou.

A espada em sua cintura voou como um raio na direção do inimigo. Assim que o alcançou se chocou contra o crânio do homem e o deixou inconsciente. Feito o trabalho, pousou em sua bainha mais uma vez.

— Bom trabalho, Marie. — Ele agradeceu.

“Bom dia senhoras e senhores aqui fala o capitão Hector Jones, o sol mal nasceu e eu já tenho ótimas notícias.”

 A voz vinha de algumas caixas de som instaladas pelo armazém, era alto e nítido.

 “Temos um intruso valioso em nossa instalação, e digo valioso porque quem conseguir a sua cabeça será muito bem recompensado.”

— Ryu… — Josh sussurrou.

Naquele momento sentiu sua missão sendo colocada em risco, ele deveria ajudar o companheiro com cabeça a prêmio ou continuar a procura pela bruxa?

Se Catherine realmente fosse entregue aos Minus, eles provavelmente não a machucariam até o momento da entrega, Ryu por outro lado, estava com os segundos contados.

Decidido, Josh se preparou para seguir em direção ao local onde Ryu se encontrava, mas foi interrompido por passos vindos do corredor a sua direita.

— Joane. — Ele ordenou.

A espada voou para longe de Josh com uma velocidade impressionante e curvou o corredor a procura do inimigo, mas logo em seguida Josh ouviu um trincar de ferro.

A espada caiu no chão e o inimigo continuou seus passos até estar no campo de visão de Josh.

— Parece que não temos apenas um intruso. — Hector encarou o caçador.

— Joane. — Ao ouvir o comando do rapaz, a espada voltou para sua bainha.

— Eu juro que não o reconheci naquela prisão, afinal nunca imaginaria que o lendário Lagunov perdido estaria em uma cela suja de uma cidade qualquer — Hector deu uma pausa dramática e continuou — Mas essa cimitarra de cristal é inconfundível… Deixe me perguntar, você ainda tem as duas?

Josh permaneceu em silêncio.

— Desde o momento em que você nasceu, foi lhe dado a missão de matar o demônio da calamidade e agora você aparece aqui para salvá-la. Quais são as suas intenções, Josh? Eu realmente não lhe compreendo.

— Não me compreende? Você consegue enxergar a sua posição? Um caçador, nascido e treinado para proteger as pessoas, agindo como um criminoso! — Josh o olhava desafiadoramente.

— A vida não é fácil Josh — Hector tentava se justificar — Não sei se você seria capaz de entender.

— Depois que eu fugi da tentativa de assassinato do meu próprio pai, eu vivi por dois anos no desconhecido… Um caçador, junto com bruxas banidas por caçadores — Josh dizia enquanto desembainhava suas duas espadas — Eu entendo bem o que significa uma vida difícil, mas estou aqui, tentando fazer o que é certo.

— Fique com seus ensinamentos que eu ficarei com o meu dinheiro. — Hector sorriu cinicamente.

No instante em que Josh se preparava para enfrentar aquele oponente foi surpreendido pela a aparição de duas bestas no corredor. Uma se assemelhava a um gorila, mas possuía cabelos longos e negros que cobriam o seu rosto por completo. O outro tinha o corpo de um enorme elefante mas sua pele era vermelha como se estivesse queimada e a sua cabeça tinha a forma de uma boca. Não havia olhos, apenas um pequeno par de furos que poderia ser considerado um nariz e uma boca muito grande.

As duas criaturas caminharam até Hector e pararam ao seu lado, como um par de cães de guarda obedientes.

— A vantagem de se fazer negócios com o Minus é que eles sempre se superam nas opções de pagamento — O contrabandista dizia enquanto retirava um pequeno controle remoto do bolso — Eu adoraria ter uma batalha épica com você agora, mas meu tempo é curto. Divirta-se com os meus bichinhos

Hector apertou um botão no seu pequeno controle e dois pontos vermelhos se acenderam, um em cada monstro. Foi então que Josh percebeu que ambos possuíam uma fina coleira de metal em volta de seus pescoços. Talvez aquela fosse a forma mais rápida de pôr fim naquela luta.

Enquanto o caçador pensava em seu plano de batalha, foi surpreendido por um ataque inesperado de Hector. Instintivamente ele cruzou suas duas cimitarras, as usando para bloquear o golpe. O contrabandista usava uma soqueira em seu punho direito, no momento que o objeto tocou as lâminas, Josh sentiu seu corpo inteiro vibrar e custou muito para ele não cair de joelhos.

— Até nunca mais Josh! — Hector acenou enquanto se afastava — Em poucos minutos eu estarei fazendo negócios muito lucrativos com o Minus.

Durante o curto segundo, em que o caçador se distraiu com a partida do inimigo, foi atacado pelo gorila gigante. O animal o atingiu em cheio com força o suficiente para que ele fosse lançado contra uma parede de concreto. O impacto fez com que ela rachasse. A força do monstro era esperada, mas sua velocidade era surpreendente. De todos os híbridos defeituosos que ele já havia visto, aquele certamente era o mais habilidoso.

Era claro que durante os anos em que ele esteve fora, aquelas bestas haviam sido aprimoradas.

Os dois monstros não hesitaram em seus ataques e avançaram na direção do caçador ainda desnorteado.

Dois andares abaixo Ryu tentava recuperar o fôlego. Ele já havia perdido a conta de quantos homens havia derrubado, mas os alto falantes oferecendo uma recompensa pela sua morte indicava que ele ainda tinha muito caminho a percorrer.

Depois de caminhar alguns metros, foi abordado por mais dois guardas. Ambos avançaram na sua direção com suas respectivas armas em punho. Enquanto lutava com o primeiro homem, Ryu foi atacado pelo segundo, usando seu braço esquerdo na tentativa de defender seus pontos vitais ele acabou recebendo um corte fundo, que parou com a espada travando em seu osso.

Com o braço esquerdo, Ryu impedia o avanço da espada inimiga em direção ao seu pescoço e com o direito ele usava sua espada para bloquear a lâmina do seu outro adversário.

Percebendo a distração de um dos inimigos em conseguir desprender a espada cravada em seu osso, Ryu puxou o braço com força, tirando o equilíbrio do adversário e em seguida usou sua perna esquerda para chutá-lo para longe. Assim que havia se livrado de um dos oponentes, Ryu empurrou a espada do segundo e aproveitando uma deixa, o acertou no peito com um golpe fatal.

O outro homem se levantou e tentou correr, mas Ryu desprendeu a espada de seu braço e lançou na direção do fugitivo. Após ser atingido nas costas, ele caiu e assim o guardião venceu mais aquela batalha.

Certificando que ainda tinha um pouco de tempo, Ryu se sentou e rasgou um pedaço do seu casaco para estancar aquele sangue.

Apesar de todo treinamento duro que havia enfrentado, ele não conseguia se acostumar com a dor. Hoje quase havia perdido um braço e isso era assustador, na sua cabeça ele se perguntava como seria uma vida sem aquele membro tão importante.

Enquanto caminhava pela instalação, ele se deparou com 4 elevadores a sua frente, todos mostravam que estavam descendo para aquele andar. Seriam aqueles os que viam atrás da recompensa pela sua cabeça?

Quando as portas se prepararam para abrir, Ryu segurou firme o cabo de sua espada, ele sabia que o braço alvejado diminuiria e muito suas capacidades, mas não tinha outro caminho.

Havia luz vindo de suas costas, mostrando o caminho de volta para rua, mas essas luzes também mostravam sombras dos diversos guardas que o esperavam na porta.

“Eu estou cercado.” Ryu refletiu.

Foi então que aos poucos, o ambiente foi adquirindo um tom acinzentado e tudo se paralisou.

— Você vai morrer.

Ryu ouviu uma voz familiar e logo em sentiu algo deslizando pela sua cintura. Se tratava de um líquido negro que ao alcançar o chão, tomou a forma de Eveline.

Ao conferir sua bainha, se deu conta que a espada negra havia realmente se transformado na bruxa..

— Eu tenho medo do que pode acontecer… — Ryu tinha uma voz apreensiva.

— Eu também — Eveline se aproximou do rapaz — Tenho medo que aquele projeto de bruxa que Ivan adotou, morra. Porque se por acaso algo acontecer a ela, o meu amigo ficaria em pedaços… de novo.

Ryu acreditava veemente que jamais poderia ver no rosto daquela bruxa uma expressão da mais simples que fosse, mas Eveline estava claramente preocupada.

— Na visão que você me mostrou, eu a feri… Agora você me diz que eu devo salvá-la… — Ryu estava apático — Eu nunca me perdoaria se a machucasse.

— Ryu, eu quero que você entenda que o que eu te mostrei foram apenas os reflexos do seu instinto. Você tem algo selvagem na sua alma, me admira que não tenha se tornado um caçador. Certamente seria um muito talentoso — Eveline explicava — Mas não se esqueça que você ainda é dono de suas próprias vontades e a sua mente deve funcionar acima de seus instintos, o contrário disso te tornaria um animal.

As palavras de Eveline, embora consoladoras, causavam em Ryu certo desconforto. Há muitos anos ele já havia tentado se tornar um caçador, mas o nível da sua alma não estava nem um pouco acima da média humana, por isso ele foi rejeitado de imediato.

— Quanto a Catherine, não se preocupe, se tentar qualquer coisa contra ela eu o impedirei de imediato. — A bruxa tentava apaziguar suas inseguranças.

— Eu posso confiar em você, Eveline? — Ryu a encarou

— Diante do seu estado — Eveline apontou para sangue escorrendo pelo braço do rapaz — Você não tem muitas opções.

Ryu permaneceu em silêncio, encarando a garota.

— Eu lutei ao lado de Ivan por anos e sempre fui fiel, jamais permitirei que um Portador seja morto em batalha. — Eveline fazia sua última tentativa.

— Ivan sempre foi um exemplo para mim… — Ryu tentava se manter firme — Se ele confia em você, eu também confiarei.

— Ótima escolha.

Ao terminar a sua frase, Eveline estalou os dedos e fez tudo voltar ao normal. As cores, os movimentos e a espada negra, que já estava de volta a bainha do guerreiro.

Ryu então desembainhou a espada e se preparou para a batalha. Naquele momento ele sentiu algo queimar em sua ferida e no momento que retirou o pano que havia usado para estancar o sangue, não encontrou mais lesão alguma.

“Esse é o poder de um Tesouro Celestial?”

O som das portas do elevador se abrindo fez com que Ryu sentisse uma adrenalina intensa percorrer o seu corpo.

— Qual é a sua vontade, Ryu? — A voz de Eveline ecoava na cabeça do guerreiro.

O garoto segurou firme o punho da espada enquanto encarava os mais de 20 homens a sua frente:

— Limpar o campo de batalha.


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Notas finais do capítulo

Queria agradecer os comentários recebidos por alguns leitores, eles me motivam muito. Saber que a meu trabalho está agradando é realmente muito satisfatório.
Mais uma vez obrigada e acreditem, eu vou continuar dando meu melhor ♥



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