Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 11
A Cidade de Ita


Notas iniciais do capítulo

Eu amo muito esse arco que acaba de se iniciar



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Longe dos campos onde Catherine se encontrava, Josh caminhava pelas modestas ruas de Ita. A sua mente estava perturbada desde o seu último encontro com a bruxa.

Ele entrou em uma taverna e se sentou em uma mesa qualquer. Em seguida, fez um pedido que foi negado imediatamente devido a sua, já extensa, dívida na casa.

Nem um pouco surpreso, ele apenas suspirou e retirou do seu bolso o presente que havia ganhado da mais nova conhecida.

Enquanto desembrulhava a barra de chocolate com recheio de caramelo da qual a garota tanto se gabava, ele repassou a última manhã em sua cabeça. No momento em que conseguiu se soltar das amarras nas quais Ryu o havia prendido, Catherine o encarava. Ele estava preparado para uma luta desarmada, na qual ele estava claramente em desvantagem, mas a bruxa apenas o olhou em silêncio.

Mesmo enquanto ele recolhia seus pertences, ela apenas o observava, calada. Antes que ele fugisse dali, Catherine estendeu o doce para entregá-lo. Talvez ele nunca imaginasse que o demônio pudesse ser tão gentil.

Ryu permaneceu parado no mesmo lugar em que havia se perdido de Catherine, em parte ele achou que quando ela se acalmasse, voltaria para lá, mas ele também não sentiu vontade de encontrá-la.

Há algum tempo, ele pouco se importaria em magoar uma bruxa nobre, mas agora o seu coração estava estranho e uma preocupação teimosa o seguia mesmo que contra a sua vontade.

“Ela precisa aprender a se comportar.”

Ryu tentava consolar a si mesmo, mas antes que percebesse, já caminhava na procura da bruxa perdida.

— Boa tarde, senhor! — Uma voz feminina chamou a atenção de Ryu.

— Boa tarde. — Ele respondeu.

— Estamos abertos, até às 4! — A garota entregou um papel para Ryu com um sorriso no rosto.

Era um panfleto de algum restaurante da região, ele apareceu em boa hora, pois o garoto já sentiu os primeiro sinais da fome.

— Se eu te seguir eu chego nesse lugar? — Ryu encarou a estranha.

— Talvez! — A menina sorriu para ele de forma simpática — Mas eu ainda preciso caminhar por algum tempo.

— Tudo bem! — Ryu também sorriu — Eu estou procurando uma pessoa.

E assim os dois estranhos seguiram juntos pelas ruas de Ita.

Na casa dos idosos que a acolheram, Catherine se preparava para a refeição. Sentada na mesa, ela encarava a porta que levava a cozinha com uma expressão de ansiedade estampada no rosto.

— Você por acaso é uma sem-teto? — Um garoto um pouco mais velho que Catherine, que também estava sentado à mesa perguntou.

A feição de Catherine agora era de indignação:

— Não! — Ela respondeu irritada — Eu moro em Otium.

— A última vez que vi alguém tão empolgado com um almoço, era um sem-teto! — O garoto comentou.

— Isso foi grosseiro! — Cat estava vermelha de raiva e talvez um pouco tímida.

— Se você mora em Otium o que está fazendo tão longe de casa? — O garoto encarou Catherine.

Apesar de ter falado um pouco sobre ela, a garota não havia revelado que era bruxa. Ryu aconselhou que ela mantivesse isso em segredo de desconhecidos, pois em alguns lugares fora de Otium muitas pessoas cultivavam certo preconceito com bruxas.

“Assim como ele” Catherine pensou com certa reprovação.

— Eu estou fazendo um passeio. — A bruxa gaguejou.

— Está fugindo da polícia? — O rapaz pressionou.

— Não! — Catherine arregalou os olhos desesperada.

O garoto gargalhou por alguns segundos e em seguida enxugou a lágrima que havia escapado.

O rosto da bruxa se fechou, ela tinha sido feita de trouxa.

— Heitor! — A velhinha apareceu no cômodo, com uma enorme panela na mão — Pare de perturbar a convidada!

— Comida! — Uma criança aleatória saltou sobre a mesa, sabe Deus de onde.

Catherine compreendeu a empolgação dela, pois compartilhava do mesmo sentimento.

Assim que terminou a sua refeição, ela agradeceu a hospitalidade dos donos da casa e depois se preparou para procurar Ryu.

— Já vai? — Heitor se aproximou da garota.

— Sim! — Catherine sorriu — Eu preciso reencontrar uma pessoa.

— Quer ajuda? Eu não tenho nada para fazer agora e não me importaria de fazer uma caminhada depois do almoço. — O rapaz se ofereceu de forma gentil.

Apesar de não ter simpatizado muito com o garoto implicante, Catherine não viu mal algum em ter a sua companhia, principalmente levando em consideração que ela estava morrendo de medo de se perder.

Depois de algumas horas de caminhada, Catherine resolveu parar para descansar.

— Por que você não sobe no cavalo? No fim das contas é para isso que ele serve não é? — Heitor estava intrigado.

— O Tommy já carrega a minha bagagem, seria injusto eu querer que ele me carregue também! — Catherine sorriu enquanto acariciava o animal.

— Mas é isso que cavalos fazem, eles carregam pessoas e bagagens. — Heitor respondeu de forma simplória

— Ele se cansa tão rápido quanto eu… talvez eu devesse parar de dar tantos chocolates a ele… — A voz da garota foi ficando cada vez mais melancólica —  Talvez eu devesse parar de comer tantos chocolates também, assim eu não seria tão pesada… Se eu não trouxesse tanta bagagem, ele não estaria tão cansado…

Heitor permaneceu em silêncio enquanto observava a mudança de humor repentina da menina.

— O Ryu tem razão, eu só piso na bola o tempo inteiro.

Ao fim do seu monólogo, Catherine já estava aos prantos. Não demorou muito para que Heitor a envolvesse em um abraço.

— O que está fazendo? — Catherine tentou se afastar, mas foi impedida pela força do garoto.

— Meu pai disse que eu sempre devo abraçar uma garota chorando. — Ele manteve os braços ao redor a garota.

— Seu pai te ensinou a ser um tarado? — Catherine o empurrou mais forte, dessa vez teve sucesso em afastar o intruso.

— Você nem faz o meu tipo! — O garoto deu de ombros — Eu prefiro meninas com um bumbum mais avantajado se é que você me entende.

Catherine franziu a testa, ele era de fato um tarado.

No meio do discurso de Heitor, sobre o quanto garotas com bumbum grande eram magníficas, Catherine teve a sua atenção roubada por uma cena ao longe.

Um pouco distante dali, a bruxa pôde ver Ryu sentado em um restaurante acompanhado de uma garota.

Um sorriso empolgado estampava seu rosto e ele não tirava os olhos dela nem por um minuto.

— Olha só para isso — Catherine apontava para os dois com certa indignação — Eu não posso me afastar por um segundo e ele já tá dando trela para uma qualquer!

— Ele é seu namorado? — Heitor arqueou uma das sobrancelhas.

O semblante irritado da bruxa aos poucos foi sumindo e ela foi abaixando a cabeça lentamente, no fim mal dava para ver o seu rosto.

— Não… — Ela sussurrou — Eu jamais namoraria aquele cara! Ele é tão insuportável e mandão… Eca! Pensar nisso me deixa enjoada.

Mesmo não conhecendo muito da garota ou sobre aquela situação, as ações de Catherine pareciam gritar toda a verdade.

— Você vai até lá? — O garoto perguntou.

— Eu… Eu não quero… — Catherine segurava a sela de Tommy com tanta força, que seus dedos já estavam vermelhos.

— Então eu acho que deveríamos voltar para casa! — Heitor sugeriu — Meus avós gostaram muito de você, não vão se importar de te ter por perto mais tempo.

— É bom que ele se divirta! — Catherine forçou um sorriso — Quer dizer, acho que eu tenho sido muito dura com ele!

— Hum… claro. — O rapaz comentou desconfiado — Você não vai chorar de novo vai?

— Me deixa em paz. — A bruxa murmurou.

No restaurante, Ryu era incapaz de sentir o tempo passar, pois a companhia da nova amiga era muito agradável.

A garota se chamava Ágata, era um ano mais velha que Ryu e trabalhava em Ita desde muito nova.

Durante a conversa, ele percebeu nela as mesmas opiniões que ele cultivava e isso o fez se sentir compreendido.

— É realmente aliviador saber que o Minus está patrulhando por essas bandas! — Ágata comentou — Quer dizer, o Statera não faz absolutamente nada para combater as bruxas.

— Vocês tem problemas com bruxas por aqui? — Ryu estava curioso.

— Tem um tal de Vinci que vivia cobrando taxas de “proteção". Ele apenas extorquia os mais fracos com o poder dele — A garota rangeu os dentes — O Statera disse que ele não representa um risco real a sociedade e abandonou o caso. Em menos de três dias de trabalho, o Minus já levou ele para prisão.

— Exato! — Ryu estava animado — É realmente decepcionante a forma como o Statera tem sido manipulado pelos bruxos. Sinto que o poder aquisitivo que essa classe possui influencia muito o caminho que as coisas tomam no fim.

— Pois é, mas para o Minus não tem título nobre que os livre da justiça! — A garota ergueu um copo de bebida — Um brinde a punição das bruxas!

— Um brinde! — Ryu fez o mesmo.

Muito distante dali, na parte mais luxuosa da cidade. Uma bela garota com cabelos ruivos e lisos que lhe chegavam à cintura recebeu uma notícia inesperada.

— Você tem certeza disso? — Claire encarava o servo.

— Sim senhora, vi a bruxa na cidade há pouco tempo e a segui até uma casa no campo. Ao que parece é lá que ela se hospeda.

Ao fim do relato do homem, Claire saltou de sua cama e dançou ao redor do seu quarto com um sorriso satisfeito no rosto:

— Quem diria que mesmo com a minha parada nas fontes quentes na última cidade, eu os alcançaria.

Clarice andou de um lado para o outro pensativa, depois de um tempo um sorriso maquiavélico brotou em seus lábios e ela sussurrou para si mesma:

— Isso parece o suficiente...


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Notas finais do capítulo

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