Perdido em outro mundo escrita por Lilian T


Capítulo 14
No hospital


Notas iniciais do capítulo

Olha a sequência da fanfic aí gente!
Nossa, ficou parecendo chamada de escola de samba.
Não vou enrolar muito, então fique com o capítulo.
Boa leitura.



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Eram pouco mais de oito da manhã e lá fora a neve parara de cair.

Harry Potter abriu os olhos devagar. Sentia-se quente e confortável, mas quando mexeu a cabeça para o lado, uma dor em pontada trouxe-lhe a memória tudo o que acontecera na noite anterior. lembrou-se das sirenes, Gina correndo, da explosão do prédio e que agora estava em um hospital.

Parecia que aquele universo estava conspirando para mantê-lo ali.

Ele ouviu algumas vozes cochichando ali perto e se sentou na cama, apanhando seus óculos ali perto. Olhando para porta, viu Tiago Parker conversando com três pessoas ruivas: A Sra. Winston e seus filhos, Ronald e Gina.

Eles pareciam bem, o que deixou Harry satisfeito.

Não tardou para que percebessem que o garoto os observava da cama, então, foram ao seu encontro.

— Harry — começou a Sra. Winston. — Graças aos céus que está bem. Rezei tanto para que nada de ruim acontecesse — ela fungou e o garoto viu que tinha os olhos lacrimosos. — Jamais poderia agradecer o suficiente pelo que fez por Gina. Você não só voltou por ela como protegeu-a daquele desastre. Se ela tivesse se atrasado mais um minuto à explosão poderia tê-la pego. Você a salvou a vida dela.

— Ah, bom... Não foi nada, quer dizer... — era sempre difícil para Harry receber agradecimentos. — Fico feliz que todos estão a salvo.

— Graças a você — disse a Sra. Winston com carinho. Então ela olha para o lado. — E onde está lílian, que ainda não a vi.

— Ela saiu à uns cinco minutos — respondeu o Sr. Parker. — Foi descansar um pouco. Passou a noite em claro, sabe...

— Oh, sim — comentou a Sra. Winston. — E como poderia dormir? Eu simplesmente não consigo pregar os olhos direito quando meus filhos ficam doentes, e olha que tenho sete! Imagino como deve ser ter um deles no hospital, coitadinha! Fez mito bem em sair um pouco. E você também não deve ter dormido, Tiago. Desculpe dizer, mas você parece cansado. Não quer que fiquemos aqui para que você também possa ir com sua esposa?

— Não, não. Estou bem, obrigado. É muito gentil em se oferecer...

— Não seria trabalho algum.

Enquanto conversavam, Harry observava Tiago. Ele tinha olheiras escuras e parecia exausto. Ficou pensando nos Parker ali sentados naquelas cadeiras desconfortáveis ao seu lado à noite inteira, sem poder tirar um cochilo sequer. Sentiu-se grato, e ainda mais culpado por dar-lhes tanto trabalho.

Desde que chegara só dera despesas e preocupações ao casal. Eles não mereciam aquilo.

Talvez a melhor coisa que pudesse fazer por eles era voltar para Hogwarts o mais rápido possível.

— Gostaria de ir tomar um chá? — continuou a Sra. Winston para o Sr. Parker. — Os meninos podem fazer companhia para Harry um instante.

O olhar de Tiago passou de Harry para Ronald e Gina, onde se demorou um instante. Ele sorriu e concordou:

— É claro, Marta, ficarei muito satisfeito. Vamos?

Ele apoiou-se na bengala e seguiu a senhora ruiva até a porta, por onde desapareceram em direção a lanchonete do hospital.

O garoto ficou com Ronald e Gina, e logo percebeu por que o Sr. Parker não relutara em sair. Os irmãos pareciam querer dizer algo à Harry.

Ele tentou sorrir para os dois, mas sua cabeça latejou e logo desistiu.

— E aí? — disse Harry. — Como está a hospedaria?

— Inteira — contou Ronald. — Nós já passamos por lá e tudo parece estar em ordem. Mas ainda precisa de uma vistoria para ter certeza que é seguro os hospedes voltarem para lá.

— E o que farão se o prédio não for bem na vistoria?

— Temos outros parentes com quem podemos ficar. Vocês terão de procurar outro hotel.

— Realmente espero que não seja preciso nada disso.

Ronald não respondeu. Parecia meio aborrecido e Harry ficou imaginado se ainda era por sua causa.

— Está tudo bem, Ronald?

— Você podia ter morrido — respondeu ele, chateado.

— Verdade, só que não morri, então, por que está com essa cara?

— Você por acaso tem alguma noção perigo? — indagou Ronald, arregalando os olhos.

— Hum... não.

Harry riu, e precisou levar a mão a cabeça quando o ferimento deu um pontada estranha. Ronald e Gina, por outro lado, permaneceram sérios. E mais, pareciam quase tristes.

— Mas o que há com vocês, heim?

— Eu é quem devia ter voltado para pegar a Gina — disse Ronald.

— É por isso que está todo melancólico? — perguntou Harry, com um misto de graça e repreensão. — Queria estar aqui no deitado no meu lugar nesta cama comm gente te chamando de herói?

— Não seja idiota! — bradou Ronald, com as orelhas vermelhas, tal como acontecia com Rony quando ficava com raiva. — Se eu não tivesse hesitado você não estaria aí! É minha culpa se você está nesta situação!

— Que situação? Foi uma pancada na cabeça. acredite quando digo que já passei por coisa muito pior.

— E se você não tivesse ido atrás de Gina naquela hora? — continuou Ronald. — Talvez ela nem estaria aqui agora. Que espécie de irmão eu sou? Eu devia ter ido...

Gina colocou a mão no ombro de Ronald. Harry se aprumou na cama, encarando-o, e quando falou sua voz era firme:

— Escute aqui. Como é que você iria saber que essas coisas iriam acontecer? Você estava do lado da sua mãe e ela estava desesperada. Como poderia deixá-la naquela hora? É claro que você tinha de parar e pensar.

— Mas eu...

— E se tivesse feito isso ou aquilo? E se tivesse interferido? E se eu tivesse impedido? E se... E se... — disse Harry meio impaciente. — Vai mesmo ficar se consumindo por coisas que poderiam ou não ter acontecido? Deixe eu dizer uma coisa: Às vezes coisas ruins simplesmente acontecem e não podemos fazer nada para impedir. Não adianta ficar atribuindo culpas ou passar os dias imaginando que tudo poderia ser diferente se tivéssemos agido de outra maneira.

O garoto deixou-se cair a cama, fitando o teto. Veio-lhe à mente a imagem de Cedrico Diggory.

Se Harry não tivesse insistido para que Cedrico apanhasse a Taça Tribruxo e compartilhasse a vitória, o rapaz jamais teria sido levado àquele cemitério e sido assassinado a mando de Voldemort. Se Harry não tivesse tentado fazer a coisa certa, Cedrico talvez ainda estivesse vivo. E o mesmo acontecera com Sirius no ano anterior. Harry caíra na armadilha de Voldemort e tentara resgatar o padrinho no Ministério da Magia, mas tudo o que conseguira fazer fora causar a sua morte.

A forma como os acontecimentos tomavam seu curso era mesmo imprevisível.

— Às vezes cometemos erros terríveis tentando fazer o que é certo — concluiu, mais para si mesmo do que para os outros dois.

— Você fala feito um velho — comentou Ronald.

Harry olhou para o ruivo.

— Alguma fez já se sentiu que mais velho do que realmente é?

— Mas de jeito nenhum. Às vezes parece que sou muito mais novo. Parece que todos os outros são mais maduros do que eu e têm mais responsabilidades.

Eles ficam em silêncio.

— Obrigado por ter ajudado minha irmã — emendou Ronald. — E desculpe por ter sido grosseiro ontem.

— Tudo bem. No seu lugar eu também acharia toda aquela história estranha.

— E ainda acho — comentou Ronald. — Mas você é um cara legal, Harry. Vou ficar de devendo uma pelo que fez por Gina. Então, se precisar de ajuda pode contar comigo, mesmo com... você sabe...

— Valeu por dizer isso.

Eles apertaram as mãos, meio constrangidos. Ronald deu um meio sorriso e olhou para Gina, que até ali permanecera quieta mais à um canto.

— Eu tenho de ir agora. Até outra hora, Harry.

— Tchau, Ronald.

Com um olhar significativo à irmã, o ruivo Ronald saiu da sala. Gina esperou que ele atravessasse a porta e desaparecesse de vista para se dirigir a Harry:

— Obrigada por ter me ajudado.

— Por que você voltou lá? — perguntou o garoto antes que pudesse se refrear.

A ruiva piscou e olhou para o chão antes de encará-lo e responder.

— Eu lhe disse que tinha esquecido uma coisa para trás — disse ela.

— E o que poderia ser tão importante para se arriscar daquele jeito?

Gina levou a mão ao bolso de onde tirou um medalhão de prata. Não parecia ser novo nem muito valioso, até porque, Harry notou, o fecho que o prendia o colar estava quebrado.

— Eu sempre o carregava comigo, mas tive de parar quando o fecho estragou — Gina contou. — Eu tinha guardado-o no quarto, até que pudesse consertá-lo, entende? Então, as sirenes começaram a tocar e as pessoas começaram a correr para fora e eu me esqueci que não estava com ele... Mas na metade do caminho para o abrigo eu me lembrei e tive de voltar... — Gina baixou os olhos novamente. — Eu não podia deixá-lo para trás, não podia... E se fosse destruído durante o ataque? E se um ladrão o roubasse? Sabia que há pessoas que se arriscam para saquear as casas durante os bombardeios? Eu tinha de voltar para pegá-lo.

— E pode me dizer o que tem de tão importante nesse medalhão?

Ela abriu o medalhão e entregou a Harry. O garoto pegou-o e, ao examiná-lo, viu que havia a foto de duas meninas ali dentro. Sua boca abriu tolamente, quando reconheceu a garota que estava ao lado de Gina e a compreensão do devia ter acontecido com ela deixou-o sem palavras.

— Essa era a minha melhor amiga, Liana — disse Gina, se referindo à garota idêntica a Luna Lovegood que a acompanhava na foto. — Ela me deu esse medalhão no meu aniversário de catorze anos, alguns dias antes da casa dela ser destruída em um bombardeio. É a única foto que tenho dela. Não sobrou mais nada dela para me lembrar...

Harry ficou parado muito tempo olhando para a foto que tinha nas mãos, estarrecido.

Por alguma razão, Luna era a única pessoa que ele não conseguia imaginar que pudesse estar morta. Havia algo naquela ideia não fazia o menor sentido, que parecia impossível. Era como se Luna tivesse alguma coisa que a tornasse imune à um mal como aquele. E contudo, naquele mundo a morte dela havia ocorrido... Não existia Luna ali...

O garoto sentiu os olhos arderem.

— Como uma coisa assim pode acontecer?

— É o que me pergunto todos os dias — falou Gina, sensibilizada com a reação dele.

— Eu sinto muito. Sinto muito mesmo — disse ele, devolvendo o medalhão e um suspiro contido.

— Tudo bem...

— Sabe, eu também perdi uma pessoa muito importante — ele comentou. — Nós nos escrevíamos sempre, e a pior parte foi perceber que nunca mais receberia suas cartas...

— É, eu sei... Soube sobre seu irmão. Henry, não é?

— O quê?... Ah, sim... Henry...

Era mentira na verdade. Harry estava pensando em Sirius, mas fazia muito mais sentido que estivesse se referindo ao seu suposto irmão.

Aquilo tudo às vezes era confuso. Todos pensavam que Henry Parker era seu irmão, quando na verdade era ele mesmo... ou quase isto... E enquanto Sirius estava vivo ali, em algum lugar daquele hospital. Como ele deveria se sentir sobre sua a morte do seu próprio eu?

— Você está bem?

— Ah, sim... Só pensando nessa bagunça...

— O mundo está um caos, não é?

— Nem me fale.

— Acho que vou deixá-lo descansar um pouco. Mas eu queria te dar uma coisa antes... Para agradecer por ter voltado por mim e tudo mais...

— Não precisa, de verdade, eu...

Mas antes que Harry pudesse continuar Gina já havia se adiantado e antes que ele pudesse entender o que estava acontecendo, ela já havia encostado seus lábios nos dele.

Foi um beijo carinhoso e demorado.

Pego de surpresa, Harry fechou os olhos apenas quando estava quase no fim, pouco antes de Gina se afastar. Quando os reabriu, notou que a garota estava toda vermelha.

— Bem... é isso... — disse ela, sorrindo constrangida.

— Eu... hum... eu agradeço — falou Harry, sorrindo de orelha a orelha ainda que isso fizesse o ferimento na sua cabeça latejar. mas aquilo não o incomodou de modo algum.

Gina havia acabado de beijá-lo e aquela era a melhor sensação do mundo.

Os dois ficarão se olhando por um longo momento até que um barulho de vozes altas chegou aos seus ouvidos.

— Mas o que estão fazendo?

— O que querem aqui? Isso é um hospital!

— Não podem fazer isto!

As vozes foram se tornando cada vez mais altas e alguns pacientes que compartilham a ala coletiva com Harry ergueram-se em suas camas para escutar melhor e alguns acompanhantes se levantaram de suas cadeiras para ver o que estava acontecendo.

Antes que alguém pudesse fazer qualquer coisa, porém, um grupo de quatro homens fardados atravessou a porta de súbito entrou na sala com passos decididos. Eles avançaram até o leito de Harry, e um deles empurrou Gina para um lado enquanto dois agarraram os braços do garoto e o arrancaram da cama.

— Você vem com a gente, rapaz!


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Notas finais do capítulo

Ahhh! Eu matei a Luna! Eu sou um monstro! Um monstro!
Mas é verdade. Não sei vocês, mas eu adoro essa personagem e, como eu escrevi, parece impossível alguma coisa ruim possa acontecer com ela. Só que aconteceu.
É para mostrar que, apesar de Lílian, Tiago e Sirius estarem vivos, esse mundo em que o Harry está não é uma coisa maravilhosa. É meio que um tipo de equilíbrio. Se uma pessoa vive, outra pessoa deve morrer, ou mais ou menos isso...
Eu gosto de nome Liana. É uma versão traduzida do nome de Lyanna Stark, uma certa moça corajosa e muito importante, que pertenceu aquela família azarada de Game of Thrones. Sem spoilers aqui.
Comentários e criticas são bem vindos.
Até o próximo capítulo.



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