Perdido em outro mundo escrita por Lilian T


Capítulo 13
Intimidação


Notas iniciais do capítulo

Oi jovens leitores! Espero que estejam gostando da minha fanfic!
Hoje trago o capítulo 13 da história e espero que seja interessante para vocês.
Boa leitura.



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O dia havia amanhecido, ainda que parece mais cedo do que realmente era, graças ao tempo nublado que encobria o céu. A neve finalmente dera uma pequena trégua e parara de cair.

Harry continuava deitado na cama do hospital, dormindo um sono solto como se o ferimento que recebera não fosse nada. Sirius saíra da ala da enfermaria no meio da madrugada para procurar um banco em algum lugar da recepção onde pudesse dormir, já que não havia lugar para descansar junto ao leito do garoto. Tiago deixara Lílian se sentar na poltrona dos acompanhantes, e ficara em uma cadeira de madeira que uma enfermeira havia arranjado para ele.

Nenhum dos dois conseguiu dormir.

Desde que Harry Potter fora levado para o hospital, eles não ousaram sair de perto da cama um metro que fosse. Apenas quando deram sete da manhã, Tiago levantou-se e saiu pra ir ao banheiro, lavar o rosto e depois tomar um chá enquanto esticava as perna fora do hospital.

Ele ficou algum tempo fora, sentado parado no frio, respirando o ar gelado da manhã, sentindo suas costas doerem e o coto da perna esquerda latejar de forma estranha e desconfortável, por ter ficado tanto tempo na mesma posição.

Saiu por mais de uma hora e quando voltou, virou-se para Lílian.

— É melhor você ir descansar.

— Estou bem.

— Não, não está — observou Tiago. — Passou a noite inteira acordada e não comeu até agora.

— Você poderia ter trazido um lanche para mim — falou ela, olhando para o marido mal humorada, pensando na falta de consideração dele.

— Se tivesse trago algo, você não sairia daqui de jeito nenhum Lils — Tiago encolheu os ombros. — Vá lavar o rosto, tome um lanche e durma pelo menos umas três horas. Fico aqui no seu lugar e, assim que voltar, eu vou. Precisamos estar descansados se quisermos seguir viagem assim que Harry receber alta do médico.

Lílian ficou encarando Tiago, com sua expressão decida por um instante, antes de olhar para Harry, dormindo tranquilamente na cama, a cabeça ainda enfaixada.

— Certo — disse ela por fim. — Eu vou.

Levantou-se e seguiu em direção à porta. Antes de sair, parou ao lado de Tiago e deu-lhe um beijo na bochecha. Aquilo foi importante, pois mostrava que não estava zangada com ele.

Os dois sorriram um para o outro e ela deixou a ala coletiva. Não viu Sirius quando saía pela recepção e caminhou para fora do hospital.

Detestava a comida hospitalar, mesma aquela que serviam na cantina para funcionários e acompanhantes, que jamais fora grande coisa e, com a guerra, devia estar bem pior no gosto e na quantidade. Decidiu tomar café da manhã em alguma lanchonete ou padaria na rua, e logo depois seguiria para um abrigo para dormir um pouco. Quando Harry pudesse, os três voltaria à hospedaria dos Winston e pegariam suas coisas. As malas não pareciam tão importantes no momento.

Lílian avançou pela rua gelada, deixando o prédio hospitalar para trás, apenas mais um dos vários espalhados pela cidade. Havia se distanciado quase uma quadra e atravessara uma esquina, em direção à uma lanchonetezinha que sabia existir por ali, quando ouviu uma voz familiar chamá-la:

— Lílian.

A ruiva olhou para trás e viu Severo Statham se aproximando, com passos largos e rápidos para alcançá-la. Ficou imaginando de onde ele devia ter saído. Será que passara por ele e nem notara ou estaria escondido em algum lugar observando. Preferiu acreditar na primeira hipótese que tinha um ar menos sinistro.

— O que faz por aqui à esta hora, Severo — perguntou.

— Estava esperando que saísse do hospital.

A segunda hipótese. Aquilo não soou nada agradável.

— Ficou parado no frio vigiando a porta.

— É claro que não. Que tipo de maluco acha que sou? Deve estar fazendo uns 6ºC. Pedi que alguém me avisasse quando saísse enquanto conversava com um conhecido aqui perto.

— Se está dizendo... — ela encolheu os ombros com cara de descrença. — Mas o que quer comigo?

— Vamos tomar um café.

— Não quero tomar café com você.

— Não seja teimosa. Venha comigo.

Lílian olhou para Statham com impaciência por um instante, todavia, acompanhou-o sem reclamar quando ele seguiu decidido pela rua. Viraram a primeira esquina à direita e caminharam por mais duas quadras, até pararem em um cafeteria de boa aparência.

Antes da guerra, quando Lílian era enfermeira e Tiago tinha um ótimo emprego como engenheiro, ela podia entrar sem problemas num lugar como aquele. Agora que havia optado por um trabalho mais modesto e gastado quase todos os fundos com os documentos falsos que forjaram para Harry, ela hesitou dois segundos antes de seguir Statham para dentro da cafeteria.

Assim que entrou, percebeu que era realmente um estabelecimento para funcionários públicos de certo nível e para pessoas de classe mais alta.

Era óbvio que Statham estava tentando mostrar que encontrava-se em boa situação financeira. Ao invés de impressionada, aquilo deixou-a quase irritada.

Sentaram-se em uma mesa para dois perto da janela. Severo chamou a atendente que logo trouxe-lhes dois cafés e alguns pãezinhos com geleia de amora e com creme. Lílian tomou um golinho do café e apanhou um pãozinho, dando-lhe uma boa dentada. Ela mastigou em silêncio enquanto severo bebericava seu café.

— Então? — falou ela após um longo momento. — O que você quer?

— Vim para dar-lhe a chance de esclarecer a situação.

— Situação? Do que está falando?

Lílian sabia muito bem ao que ele se referia, é claro.

— Estou falando daquele menino — esclareceu Statham, confirmando os temores dela. — Quero saber quem é e onde o encontrou.

— Não seja tolo, Severo! Ele é meu filho...

— Aconselho a não tentar me fazer de idiota, Lílian — disse ele, em voz calma mesmo que tivesse estreitado os olhos perigosamente. — Sei muito bem que aquele menino não é seu filho. Pode até ter enganado aquele débil do Amadeu Kirke e seu departamento relapso, mas não a mim. Ao contrário daqueles inúteis, sei conferir a veracidade das informações que caem em minha mãos. Já deve ter concluído que analisei a pasta do rapaz e, devo dizer, não encontrei nada nela que fosse legítimo.

— Então devia conferir de novo, pois é óbvio que se enganou.

Severo Statham tomou mais um golezinho de seu café, tranquilamente, como se estivessem apenas falando da neve acumulada lá fora.

— Admito que contrataram um bom profissional, Lílian. O número do registro foi muito bem forjado e usaram um excelente papel para a autentificação, coisa de quem tem acesso à documentação no cartório, o que explicaria porque está tudo batendo tão bem, não é? Infelizmente, há algumas minúsculas diferenças nas marcas dos papéis usados oficialmente. Devo dizer que encontrar as alterações nas fotografias foi bem mais fácil. Agora me diga: se o menino é mesmo seu filho, por que teve de duplicar as crianças nas fotos?

Lílian não respondeu. Permanecia quase tão calma quanto Severo, mesmo que fosse apenas no exterior. Internamente, estava gelada de medo e fazia um esforço de Hércules para manter a serenidade. Talvez o fato de saber que aquilo poderia acontecer a qualquer momento desde que encontraram Statham na saída do Palácio de Westminster, garantisse-lhe o mínimo de controle.

— Fico impressionada como o inquérito avançou rápido — comentou ela, servindo-se de mais um pãozinho de creme. — Afinal, mal tínhamos acabado de deixar o escritório do oficial Kirke.

— Se Kirke fosse mais competente, vocês sequer teriam saído.

Havia uma nota de repreensão na voz de Statham, como se a atual liberdade dos Parker fosse apenas uma mera questão de sorte. Ele depositou sua xícara na mesa e se inclinou para frente, em direção à Lílian, avaliando-a.

— Vocês só não foram presos por um milagre. Devia ser mais cuidadosa, Lílian — disse ele, em voz baixa. — E esta é a sua oportunidade de sê-lo. Estou dando-lhe a chance de me dizer o que está acontecendo. Dependendo do que me contar, posso dar um jeito para que as coisas tomem um rumo mais favorável para você... talvez até para sua família, e aqui incluo até mesmo o garoto.

— Um rumo tão favorável quanto ao que o inquérito de Rômulo Lewis tomou?

— Estou aqui justamente para evitar que algo assim aconteça com você.

— Ah, então quer dizer que você sabe o que aconteceu com ele!

— A esta altura já devia ser bastante claro, não?

Lílian deixou a guloseima cair sobre o prato e olhou para a janela, com um suspiro que continha um misto de tristeza, amargura e frustração. Ao se virar para Statham, seu olhar estava repleto de dureza e desconfiança.

— Você teve alguma coisa haver com isso, Severo?

— Não — afirmou com firmeza. — Não estive envolvido na prisão de Lewis. Não participei de nenhum de seus interrogatórios nem de qualquer etapa do processo. Desculpe decepcioná-la, mas não pode me culpar pela condenação dele.

— Uma condenação injusta! — rebateu ela, em um sussurro baixo e zangado.

— Ele tinha uma biblioteca clandestina oculta em um alçapão em casa — retrucou o outro. — Uma biblioteca ilegal, com livros ilegais. Lewis sabia que era contra a lei e sabia que seria preso acaso descobrissem. Ele não apenas cometeu um crime, como também fez a besteira de confiar na pessoa errada — Statham se recostou na cadeira e encarou Lílian nos olhos. — Sei que é mais inteligente, Lílian. Fez uma coisa ilegal, mas ao contrário do Lewis, pode confiar na pessoa certa. Sou seu amigo, você sabe. Confie em mim. Se contar a verdade, não deixarei que nada ruim aconteça, acredite.

Lílian fitou Statham em silêncio.

O homem a sua frente parecia estar sendo sincero. Teve a certeza que se contasse o que sabia à ele, Statham daria um jeito de livrá-la de qualquer problema. Mas não tinha a mesma certeza quanto ao que ele faria com Tiago e Harry. Severo sempre odiara seu marido, e aquela poderia ser a oportunidade perfeita. Lílian não duvidou que para ser considerada inocente alguém teria de levar toda a culpa — no caso, Tiago.

— Hum... não sei o que pode ter acontecido quanto àquela documentação, Severo. Entretanto tenho uma explicação para as fotos... Tivemos mesmo que montar algumas. Não queria parecer uma mãe relapsa, mas na realidade deixamos Harry ser criado pelos pais do Tiago e... francamente, quase não tínhamos fotos dele. Como acha que ele iria se sentir daqui uns anos quando visse que não tínhamos lembranças da infância dele?

Lílian disse aquilo de forma bastante convincente, porém, não tanto a ponto de enganar Severo, que cruzou os braços e inclinou a cabeça para o lado, praticamente apreciando aquela mentira deslavada.

Era como se Lílian fosse um livro aberto que ele pudesse ler as notas de rodapé à vontade.

— Se vai mesmo continuar com essa história — ele falou, aprumando-se na cadeira — deve saber que aquele garoto está escondendo coisas de você.

— Como assim? — indagou Lílian, franzindo a testa.

— Sabe que ele está em posse de literatura proibida?

— Que história é essa agora? — ela estava espantada.

— Ah, então disso você não sabe? Pois bem, ele está carregando consigo um livro de ocultismo que totalmente ilegal. Acredito que tenha conseguido na casa do Prof. Dumberton. Sabe que ele esteve lá, não sabe?

— Sim, eu sei.

— Sabe que assuntos eles conversaram?

— Não, eu não sei.

— E se soubesse não me contaria agora — falou Severo, com um suspiro. — Mas já percebeu que aquele garoto tem seus segredos. O que mais será que Harry, se é que esse é o nome dele, está escondendo de você, Lílian?

Ela não respondeu e Statham continuou:

— Não quer me dizer quem ele é e eu entendo seu receio. Poderia até deixar isto para lá, se não soubesse que tem mais coisa nisto tudo. Infelizmente, terei de perguntar ao próprio Harry, não é?

— Não, não precisa! — exclamou Lílian absolutamente alarmada.

— Você vai me dizer de onde ele veio?

— Ele é meu filho, Severo. É só isso que me importa e é tudo o que você precisa saber.

— Resposta errada, Lílian — concluiu. — Parece que terei de arrancar isso do garoto.

— Eu não permitirei que o leve, Severo!

— É tarde demais.

O queixo de Lílian caiu.

— Você já enviou agentes até ele, não é? Mandou que o pegassem enquanto estávamos aqui conversando!

Severo não respondeu. Nem precisou.

Lílian se pôs de pé de um salto e deixou a mesa. Severo agarrou seu braço antes que se afastasse.

— Se for até lá, terminará presa também — disse, antes de acrescentar: — Sinto muito.

Ela se desvencilhou.

— Não sente nada — retrucou, avançando para a saída com passos rápidos.

Ao chegar a porta, ouviu severo chamando-a. Olhou para trás e o viu ainda sentado a mesa.

— Lembre-se que sempre pode me procurar se quiser ajeitar as coisas.

Lílian lançou-lhe um olhar de ódio antes de sair, batendo a porta ao passar.


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Notas finais do capítulo

E chegamos ao fim do capítulo!
Eu sempre gostei de Severo Snape, e quando pensei em escrever uma fanfic, imaginei que conseguiria passar as coisas que me agradavam nele para outras pessoas. Infelizmente não consegui.
Acho que criei uma versão muito antipática dele. Mas Statham está sendo na história o que preciso que seja. Eu avisei anteriormente que ele causaria problemas.
Deixem nos comentários sua opinião sobre o personagem e os rumos da história. O retorno de vocês é sempre muito importante.
Obrigada por lerem até aqui.
Tchau!



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