Perdido em outro mundo escrita por Lilian T


Capítulo 10
Visita ao Prof. Dumberton


Notas iniciais do capítulo

Oi jovens leitores!
Capítulo dez está aqui para contar onde Harry Potter foi parar depois de ter desaparecido do quarto de hotel. Para descobrir, é só ler o texto abaixo.
Boa leitura.



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Multiverso é um termo para descrever um hipotético grupo de universos possíveis. A realidade em que vivemos pode ser apenas mais uma entre um infinito de variações.

Existem um número imensurável de versões de nós mesmos, algumas fazendo exatamente a mesma coisa que fazemos agora. Outras, vivem vidas completamente diferentes.

O que alguém pode encontrar quando atravessa a barreira entre os universos?

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Enquanto Tiago e Sirius atravessavam a rua em direção ao metrô que os levaria de volta à hospedaria da família Winston, Harry Potter atravessava Londres em um ônibus vermelho, na companhia de Eveline Graham e Ronald Winston, os três em um silêncio sisudo.

Harry olhava pela janela distraidamente e, pela primeira vez, entendia a magnitude da guerra que assolava a Bretanha: havia vários prédios destruídos, os escombros das paredes amontoados e destroços de móveis espalhados pelas ruas. Era uma miséria muito diferente do que havia visto no centro da cidade.

Ele poderia ter se sentido perdido em meio àquele cenário caótico, porém, encontrava-se confiante. Ronald e Eveline estavam ao seu lado e a semelhança entre eles e Rony e Hermione o faziam sentir-se seguro.

Os dois haviam se unido à ele naquela excursão de forma improvisada.

Na noite anterior, Lílian colocara aprontara tudo para que partissem logo após o café da manhã. Harry, entretanto, conseguira acordar antes do despertador da Sra. Parker e, sorrateiramente, foi até sua mala e apanhou sua varinha, o Mapa do Maroto e a caixa com a Pedra Elisiana, saindo do quarto logo em seguida.

A Sra. Winston estava na recepção quando ele passou às pressas em direção ao hall. Harry já havia atravessado a porta e corrido para a rua antes que ela pudesse chamá-lo.

O garoto não sabia como seria o fluxo dos aconteceriam no decorrer daquela manhã nublada, mas sabia que a primeira providência que deveria tomar era descobrir o endereço do Prof. Dumberton. Decidiu pedir emprestada a lista telefônica na livraria dos Graham, pois se procurasse na estalagem, Lílian poderia aparecer à qualquer instante e o impediria de sair.

Ele correu até a livraria, mas logo percebeu que estava fechada, pois era ainda muito cedo. Por sorte, deparou-se com Eveline saindo pela porta, rumo ao colégio. Harry então soube que a garota devia morar no andar acima da loja.

— Eveline! — chamou-a, quando a viu girando a chave para trancar a passagem.

— Harrison Parker?

— Pode me chamar de Harry — disse, meio ofegante. — Desculpe incomodá-la, mas gostaria de pedir um favor. Será que pode me emprestar sua lista telefônica?

— A lista telefônica?

— Sim, preciso descobrir onde o Prof. Dumberton mora, mas não podia usar a lista da hospedaria. Pode me emprestar a de vocês. Será rápido, prometo.

—  Claro. Venha comigo.

Ela abriu a porta e eles entraram na livraria. Eveline foi até o balcão e apanhou uma pesada lista telefônica guardada em uma das gavetas.

— Aqui está — ela passou o calhamaço para Harry. — Quer ajuda para procurar?

— Por favor.

A garota folheou rápido as páginas, como se já estivesse habituada a fazer aquela pequena pesquisa e não demorou muito para que anunciasse:

— Já encontrei — ela mantinha o dedo em cima da linha com o endereço escrito em letras miúdas. — Alfonso Edgar Wolfgang Benedict Dumberton, Rua Middleton, número 1073, Hillingdon, Londres.

— Eu vou até lá — disse Harry antes de encarar Eveline — Muito obrigado, você ajudou muito.

Ele deixou a loja, mas quando atravessou a porta, Eveline o alcançou.

— Vou também.

— Hã? Bem... é muito gentil, mas não precisa. Eu consigo achá-lo sozinho...

— Você entendeu errado. Não estou indo por que acho que você não vai encontrar a casa. Estou indo porque é a chance de conhecer um cientista famoso. Se você conseguir que ele o receba, quero estar lá.

— Ah, é que... bom, era para ser uma conversa particular e...

— Se quiser falar com ele à sós, tudo bem. Mas vou para conhecê-lo mesmo assim, e você não pode me impedir — Eveline olhou-o com ar de desafio.

Harry ficou olhando-a. Era o mesmo ar decidido de Hermione.

— Não vou impedi-la. Se quiser me acompanhar, não tem problema, mas temos de ir logo.

— Acompanhá-lo aonde?

Eles olharam rápido para trás e viram que Ronald Winston estava parado bem ali, do lado deles. Tinha uma expressão desconfiada e quase brava no rosto.

— Aonde estão indo? — insistiu ele.

— Não acho que seja da sua conta, Ronald — retrucou Eveline com aspereza.

— Você vai matar aula, Eveline? — ele olhou-a com vinco entre as sobrancelhas — Você?

— E se for? — respondeu ela, empertigando-se. — Não tive nenhuma falta o semestre inteiro.

— Mas vai perder seu prêmio por pontualidade.

Ela corou ligeiramente.

— É só um bônus sem importância.

— Mas afinal, que lugar importante é esse que vai fazê-la desistir do prêmio que você ganha desde o primeiro ano?

— Vou ver o Prof. Dumberton e Eveline vai me acompanhar — explicou Harry.

Ronald abriu a boca, meio confuso.

— Dumberton? O Prof. Dumberton, o físico? — repetiu. — O que quer com ele?

— Tenho algumas perguntas à fazer?

— E ele irá recebê-lo?

— Preciso tentar vê-lo — falou Harry, com firmeza.

Ronald ficou olhando do garoto para Eveline, parada ali.

— Eu vou com vocês.

— Não, não vai — rebateu a garota.

— Ora, por que eu não posso ir? Você também vai.

— Vou porque quero conhecer Dumberton.

— E eu também quero, ué? — retrucou o ruivo. — Eu vou.

— Escute aqui... — começou Eveline, ficando impaciente, mas foi interrompida por Harry:

— Ronald pode vir com a gente — ele afirmou — mas temos de ir agora!

Ele começou a se afastar pela rua e Eveline trancou a livraria depressa. Ronald esperou que ela guardasse a chave e os dois seguiram Harry. Havia um ponto de ônibus à algumas quadras dali e eles tomaram o primeiro que os levaria ao bairro onde ficara a residência do professor.

Harry se sentara a janela e Eveline escolhera o lugar ao lado dele, apanhando um livro em sua mochila logo após se sentar. Ronald ficou no banco logo a frente, encostado meio de lado no vidro para poder olhar para os colegas atrás dele. Parecia meio emburrado enquanto observava Eveline ler uma página e outra e, as vezes, lançava um olhar feio para Harry, que permanecia quieto, admirando a paisagem destruída pela janela.

E lá estavam os três, silenciosos enquanto o ônibus avançava.

Demorou um bom tempo, todavia, eles chegaram a uma região que não havia sofrido tantos ataques e onde as casas eram um pouco melhores do que as que Harry vira antes.

— Estamos chegando — disse Eveline e pouco antes de dar o sinal de parada para o motorista.

Eles desceram em um ponto particularmente frio e tiveram de andar algumas quadras até chegarem o lugar que procuravam.

— Rua Middleton, número 1073 — anunciou a garota, quando pararam em frente a um prédio desgastado e, no entanto, mais bem cuidado do que a maioria de seus vizinhos.

Harry tocou o interfone e aguardou. Um minuto depois, ouviu uma voz feminina perguntando:

— Quem é?

— Meu nome é Harry Po... Parker. Gostaria de falar com o Prof. Alfonso Dumberton, por favor.

— O Prof. Dumberton não está recebendo visitas.

— Por favor, eu preciso muito falar com ele — insistiu Harry, sua voz um pouco aguda demais.

— Sinto muito, mas ele não pode atendê-lo. Tenha um bom dia.

— Espere, é importante!

A voz no interfone soou impaciente:

— Se fosse realmente importante, teria telefonado agendando um horário. O Prof. Dumberton não está em condições de receber visitantes. Passe muito bem!

— Por favor...

Mas ela tinha desligado.

O garoto tocou mais uma vez e ninguém atendeu. Ele tocou uma segunda e então uma terceira, depois outra e outra vez, sem resposta. Ele insistiu novamente e só parou quando ouviu o barulho de passos atrás da porta. Houve um tilintar de chaves, a maçaneta se mexeu e enfim a porta se escancarou.

Harry saltou para trás quando Minerva McGonagall se colocou diante dele, sua face com uma expressão severa, as narinas dilatadas denunciando seu aborrecimento.

— Por acaso você não escutou o que eu disse? — sua voz era firme e controlada. — O Prof. Dumberton não esta com boa saúde para receber visitas não programadas, principalmente de jovens insistentes e sem consideração.

— Desculpe — falou Harry envergonhado. — Mas eu vim de muito longe e meu tempo é curto. Por favor, prometo que será rápido e que não iremos cansa-lo.

—  Está fora de questão.

— Não irei embora sem falar com o professor. Continuarei a tocar a campainha ate que me receba ou que ele mesmo diga que não pode me atender.

Minerva olhou-o de cima e seu queixo enrijeceu. Ela deu um passo atrás e bateu a porta na cara do menino.

— Talvez devêssemos ir embora — ponderou Ronald.

Mas Harry não se mexeu. Ele aguardou um momento e estava prestes a tocar o interfone novamente, quando a porta se abriu e a mulher reapareceu.

— Falei com o professor e ele se dispôs a atende-los — falou ela — Venham comigo.

Minerva guiou-os para dentro da casa.

— Posso perguntar-lhe seu nome?

— Sou a Sra. Matilda Wallace. Sou governanta do Prof. Dumberton.

— Wallace? — repetiu Harry analisando o nome. Então indicou os colegas ao lado dele — Estes são Eveline Graham e Ronald Winston.

Ela fez um pequeno aceno de reconhecimento com a cabeça e levou-os ate a porta do escritório. Ela se virou para os três, com um olhar serio e disse em tom baixo:.

— O professor esta aguardando. Mas não se atrevam a aborrecê-lo. E espero realmente que seu assunto seja importante, meu rapaz, ou farei com que se arrependa de ser inconveniente.

Matilda Wallace girou a maçaneta e abriu a porta do escritório.

Os três garotos entraram e se depararam com um belo escritório bem decorado. Havia muitos livros encobrindo todas prateleiras das várias estantes que escondiam grande parte das paredes. A cadeira atrás da larga escrivaninha estava vazia, pois seu dono preferia um lugar mais claro, perto da janela, por onde olhava distraidamente através do vidro fechado.

Harry caminhou até o homem e parou diante dele, com o coração apertado.

Alfonso Dumberton era realmente parecido com Dumbledore e por isso a sua visão para o garoto foi tão chocante.

O professor estava sentado em uma cadeira de rodas, mais magro e com o rosto muito mais enrugado e cansado do que ele jamais vira na vida. O peso da velhice parecia finalmente tê-lo alcançado naquele mundo e tudo nele denunciava que tinha uma saúde delicada.

— Prof. Dumberton?

O homem desviou o olhar da paisagem lá fora e encarou o garoto. Seus olhos eram olhos azuis cintilantes como os de Dumbledore e conservavam aquele mesmo brilho inteligente e atento que diretor de Hogwarts possuía. Naquele momento, Harry soube que tomara a decisão certa ao procurá-lo.

— Bom dia — disse ele, em tom metálico, como se quase não usava-se sua voz.

O garoto se adiantou:

— Bom dia, professor. Meu nome é Harry, e estes são Ronald Winston e Eveline Graham. Desculpe incomodá-lo em sua casa, mas preciso de ajuda e talvez o senhor seja o único que possa conseguir oferecê-la.

Dumberton mirou-o com uma expressão quase entediada.

— E em quê poderia ajudá-lo, rapaz?

— É sobre seu livro. Nele, o senhor defende que pode haver outros universos.

— Oh, sim. Mas isto é apenas uma das várias vertentes de teorias que abordo, como deve observado enquanto lia.

— Desculpe, mas eu não li sequer uma palavra do que o senhor escreveu.

O professor piscou.

— Não leu? — repetiu ele e Harry viu um esboço de sorriso se formar em seu lábios. — Os estudantes de hoje em dia definitivamente não sabem fazer pesquisa.

— Não sou estudante.

Qualquer outro teria ficado impaciente com o garoto, mas Dumberton agora estava apenas curioso.

— O que deseja realmente vindo aqui?

Harry olhou para fora, pensando como diria aquilo.

— Se eu disse ao senhor que acredito em sua teoria sobre outro universo porque tenho provas de que é verdadeira?

— Diria que você está delirando — respondeu Dumberton, juntando as pontas dos dedos das mãos. — Agora, por favor, sente-se e continue.

Ele indicou a cadeira próxima a mesa.

Harry puxou uma para si e Eveline acomodou-se na outra. Ronald apanhou uma terceira à um canto da sala e a trouxe para perto dos colegas. A Sra. Wallace permaneceu onde estava junto a porta, como se esperasse alguma instrução ou estivesse pronta para mandar os três garotos embora assim que o professor insinuasse que não queria mais falar.

Dumberton, entretanto, parecia interessado em Harry.

— Bem, meu rapaz — começou o professor. — O que quer dizer com tem provas?

Harry respirou fundo. Tinha repassado o diálogo em sua mente algumas vezes durante a viagem de ônibus, mas agora todas as versões que planejara soam absurdas. Talvez não conseguisse fazê-lo acreditar ou pior: seria tomado como um lunático por todos na sala.

— Quero dizer que tenho evidências — continuou Harry — de que uma teoria não é só teoria, senhor. É um fato.

— E que evidências são essas?

— Na verdade tenho apenas uma: Eu.

Dumberton piscou.

— Você? — ele inquiriu, uma ruga se formando entre suas sobrancelhas.

Harry confirmou com um aceno de cabeça.

— Sim, senhor — afirmou. Ele fechou os olhos brevemente e quando os abriu, encarou Dumberton nos olhos. Seu tom soou convicto em cada palavra que dizia: — Sei que o que vou dizer irá parecer absurdo, mas gostaria que me ouvisse até o fim. Não tomarei muito do seu tempo.

O professor não disse nada. Harry tomou aquilo como um sinal para continuar:

— Meu nome é Harry Potter, nasci em uma aldeia chamada Godric's Hollow e meus pais, Lílian e Tiago Potter, morreram quando eu tinha um ano de idade. Fui criado com meus tios, Petúnia e Válter Dursley, e meu primo, Duda, em Surrey, até meus onze anos, quando recebi uma vaga para estudar em uma escola chamada Hogwarts.

"Eu estava no escritório do diretor pouco antes de aparecer no meio de uma floresta no norte da país há pouco mais de dez dias. O Sr. e a Sra. Parker me encontraram e me deixaram ficar com eles desde então. Os documentos que estão comigo, o registro e a identificação são forjados. Não são meus de verdade — pelo canto do olho, Harry viu Matilda Wallace descruzar os braços e se remexer perto da porta. — Eu esperei a audiência no Ministério terminar para procurá-lo. Eveline Graham me mostrou seu livro e me falou de sua teoria sobre outros universos. Acredito que só o senhor, professor, seja o único que possa me ajudar a voltar para o meu."

As palavras de Harry, mesmo com sua voz firme, soaram como um monte de abobrinhas. Ele continuou encarando Dumberton com uma expressão séria, plenamente consciente de que estava fazendo papel de maluco.

Próximo à ele, Eveline arregalara os olhos como se nunca tivesse escutado tantas baboseiras numa frase só. Ronald, ao lado dela, fazia uma careta que dizia "Como é que fui me meter com esse doido?", enquanto a Sra. Wallace estava prestes sair correndo para ligar para a polícia, já que Harry confessara que falsificara sua autentificação.

Dumberton, por outro lado, continuava mirando Harry com curiosidade. O garoto ficou imaginando se ele tinha acreditado ou se apenas estava querendo saber até onde aquela história mirabolante iria.

— Se o que fala é verdade — disse o professor com voz mansa — me diga uma coisa: como você conseguiu viajar de um mundo para o outro, meu rapaz?

O professor era muito educado para se usar de deboche, mas era óbvio que estava tentando fazer Harry perceber o tamanho do disparate que estava contando. Entretanto, Harry ainda se esforçava para manter uma postura séria e segura de si.

— Foi um acidente — explicou ele, levando a mão ao bolso interno do casaco e apanhando a pequena caixa de madeira. — Estou aqui graças a isto.

Harry abriu a caixa e mostrou seu conteúdo a Dumberton: A Pedra Elisiana.

Assim que o olhar do professor recaiu sobre a brilhante esfera de cristal, seus olhos azuis faiscaram. Suas sobrancelhas se arquearam cheias de surpresa e sua boca se abriu, como se não pudesse acreditar no que estava vendo.

— Não pode ser — disse Dumberton, inclinando-se para frente na cadeira de rodas para enxergar melhor. — Como conseguiu isso?

Um alívio tomou conta de Harry ao notar a expressão fascinada do professor. Dumberton sabia o que era aquele globo, sabia que o garoto não estava mentindo e, com certeza, deveria saber como a Pedra Elisiana funcionava e como poderia fazê-lo voltar para Hogwarts. Harry estava salvo!

— Estava numa sala escondida na minha escola — o garoto explicou, agora mais empolgado. — Ela estava brilhando quando a encontrei, então à levei até o diretor. Ele disse que se chamava Pedra Elisiana e que tinha propriedades fantásticas, que podia transportar pessoas para outros mundos...

— Matilda — chamou Dumberton — Por favor, traga o livro. Você sabe qual deles.

A Sra. Wallace havia se aproximado. A expressão de franca surpresa em seu rosto magro foi substituída por um olhar alarmado quando Dumberton pediu o livro.

— Mas professor... o senhor tem certeza? — perguntou em tom de alerta, indicando a presença dos garotos os outros dois garotos.

— Sim, pode trazer, Matilda.

Ao contrario do que se podia esperar, a Sra. Wallace não foi até a estante, e sim, até a parede. Ela se abaixou e remexeu mas tabuas do piso. Havia um fundo falso ali, de onde tirou uma baú não muito grande. Ronald correu para ajudá-la a erguê-lo e colocar em cima da mesa. A Sra. Wallace foi até o globo terrestre disposto à um canto e tirou a metade referente ao hemisfério norte, revelando um compartimento oco, onde estava guarda uma pequena chave, com a qual destrancou o velho cadeado. Ela destravou o fecho e abriu o baú, revelando um grande livro antigo.

Quando a Sra. Wallace depositou-o sobre a mesa, Harry percebeu do que se tratava:

— Esse livro! O Prof. Dumbledore tinha um idêntico em sua sala!

— Dumbledore? — repetiu a Sra. Wallace, virando-se para ele depressa.

— Entendo — disse o Prof. Dumberton. — Por isso sua insistência em me procurar. Se o que diz é verdade, seu Prof. Dumbledore e eu devemos ser completamente idênticos, não é assim?

— Na realidade, são sim — afirmou Harry.

— Mas que extraordinário!

O Prof. Dumberton sorriu quase extasiado. Eveline, porém, olhava de um para o outro balançando a cabeça.

 — Não é possível que o senhor está acreditando nessa lorota? — disse ela, incrédula.

Ronald também tinha uma expressão estranha no rosto, como se esperasse que algum deles gritasse "Te peguei!" e todos começassem a rir daquela piada. Ela logo se desfez quando percebeu que a conversa na sala era séria.

— Como o senhor pode pensar que uma coisa dessas é possível? — continuou Eveline. — Viagens entre dimensões? Se é que elas existem...

— Minha jovem — disse Dumberton — Vê esta esfera de cristal?

Eveline fez que sim.

— Isto é uma Pedra Elisiana — contou o professor, fazendo Harry sorrir ao confirmar que ele conhecia o objeto —, também chamada de Cristal de Avalon. Segundo as lendas, este é um dos cinco artefatos mágicos capazes de transportar seu portador pelos diferentes universos possíveis. Acreditava-se que era uma lenda, como a Excalibur do Rei Artur ou o Santo Graal. Aparentemente, no entanto, esta lenda é verdadeira...

— Vocês também tem um Rei Artur? — perguntou Harry, imaginado se também teria existido um Merlin naquela realidade.

— Mas é claro! — disse Ronald, franzindo a testa. — Como não teríamos?

Harry abriu a boca para dizer, mas Dumberton o interrompeu.

— Se ele for mesmo de um outro universo, como afirma ser, muitos fatos históricos na realidade dele seriam diferentes. Não estou certo, rapaz? — ele encarou Harry, que confirmou.

— Sim, senhor — ele disse. — A muitas coisas que são diferentes, como por exemplo essa guerra. De onde eu vim a Primeira Guerra começou em 1914, não em 1922, e terminou em 1918. A Segunda Guerra começou em 1939 e acabou em 1945. Depois disso não houve mais nenhuma grande guerra, porque todos tem medo de ataques nucleares.

— Do quê? — perguntou Ronald.

— De bombas nucleares. Vocês não sabe o que é isso?

— Não — respondeu ele. — Nunca ouvi falar em bombas assim.

O restante da sala também parecia confuso e Harry percebeu que bombas nucleares não tinham sido usadas naquele mundo, talvez por isso o conflito seguia sem interrupção.

— Sorte de vocês. Tomara que nunca inventem essa coisa por aqui!

— O que quer dizer? — indagou o ruivo.

— Quero dizer que as bombas atômicas são coisas terríveis. As que existem em meu mundo podem riscar do mapa uma cidade do tamanho de Londres em um segundo. Elas liberam radiação e contaminam tudo a quilômetros de distância por décadas. Se a pessoa não morrer na explosão morre pela radiação.

— Que coisa horrível! — exclamou Eveline, esquecendo-se por um momento que não acreditava na história do garoto. — Quem inventaria uma coisa dessas?

Harry deu os ombros.

— Gente disposta a tudo para vencer.

— Então, de onde você vem, não há guerra? — perguntou Dumberton.

— Não, senhor. Há conflitos menores entre alguns países, mas não uma guerra como essa. Para dizer a verdade, existem muito mais países na Europa e não só esses quatro que estão lutando.

— Isso não faz sentido nenhum! — disse Ronald, impaciente.

— Faz muito sentido se pensarmos na teoria do multiverso — observou a Sra. Wallace.

— Na o quê?

— Teoria do Multiverso, Ronald — explicou Eveline. — Ela é usada para descrever um hipotético grupo de universos possíveis. Você não leu o livro do Prof. Dumberton?

— Eu li... mas é que...

— Você não entendeu nada, é isso!

— Bem, eu não li — disse Harry, tirando o ruivo daquele apuro — e não sei nada sobre isso...

— Ora, mas não é você que está viajando por realidades paralelas? — indagou a Sra. Wallace, fazendo Eveline sorrir com deboche

— Foi só um acidente. Estou aqui justamente para descobrir o que aconteceu e como volto para o lugar de onde vim.

— E se me permitir, acredito que posso lhe explicar.

Harry olhou para o Prof. Dumbledore, que moveu a cadeira de rodas mais para perto da mesa.

— Como a Srta. Graham disse, o multiverso refere-se ao conjunto de todos universos existentes — começou ele. — onde há um infinito de variações de nossa própria realidade. Em um número imensurável delas, existem versões de nós mesmos levando exatamente a mesma vida que vivemos, tão parecidas que seria impossível saber a diferença. Em outras, no entanto, as escolhas são inteiramente diferentes. Como percebeu, neste universo estamos em guerra, eu sou professor e Matilda é minha governanta, a Srta. Graham e o Sr. Winston são estudantes, mas no seu...

—... O senhor se chama Alvo Dumbledore e é diretor de uma escola, o nome da Sra. Wallace é Minerva McGonagall e ela também é professora... Eveline e Ronald, são Hermione Granger e Ronald Weasley e são meus melhores amigos...

Eveline e Ronald ergueram as sobrancelhas. Harry não pode deixar de corar.

— Isso é uma coisa que notei — continuou o garoto. — Encontrei várias pessoas que conheço no meu universo nesse mundo também. Meus pais, meus amigos e até pessoas que eu não gosto.

— Em uma realidade com versões idênticas as que estão em seu mundo é natural que as mesmas pessoas convivam umas com as outras. Se não fosse assim, os seus pais neste universo não teriam se conhecido.

— A propósito, a versão de mim neste mundo está morta. Quer dizer que vou morrer que posso no meu?

— Claro, mas isso não tem nada a ver com essa realidade que estamos agora — disse Dumberton. — Seus pais no seu mundo estão mortos, mas aqui eles permanecem vivos. Mas pelo que disse, todos nesta sala também estão vivos. Nossos universos não são diretamente opostos.

— Então qualquer pessoa que conheço pode estar viva ou não neste mundo? — perguntou Harry.

— Exato.

Harry ficou imaginado se, a qualquer momento, encontraria um Voldemort andando pela rua.

— O senhor ainda não medisse como pode me ajudar a voltar.

— Bem, isso me leva a outra pergunta — disse o professor. — Você comentou que a Pedra Elisiana foi encontrada em uma sala secreta em sua escola.

— Sim.

— Ela estava brilhando — continuou Dumberton — e você decidiu levá-la ao seu diretor, correto?

— Isso mesmo — confirmou Harry.

— Você disse que ele tinha uma cópia daquele livro que está sobre a mesa. Você tinha certeza que ele saberia do que aquele objeto se tratava.

— Certo.

Dumberton ficou encarando Harry por um longo momento.

— Harry, você é um bruxo?


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Notas finais do capítulo

E esse capitulo terminou.
Espero que tenham gostado de ver a Minerva e o Dumbledore nessa outra realidade.
Deixem ai embaixo seus comentários sobre esse episódio. Críticas e opiniões são bem vindas.
Obrigada pelo apoio à todos que leram até aqui.
Tchau!



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