Por coincidência, Kate e Castle despertaram quase ao mesmo tempo na manhã seguinte por conta do burburinho da conversa do Flynn e da Lizzie.

Sonolentos, o casal trocou olhares e sorriram ao assistirem aos dois filhos sentadinhos no centro da cama, absortos no assunto, conversando animados, fazendo mil planos para aquele dia que se iniciava.

Como o casal permaneceu deitado e sem se mover, as crianças não perceberam que os pais já haviam acordado.

Bernardo continuava dormindo de bruços, abraçado ao amado carro azul de pelúcia.

Com um sorriso lindo de amor e felicidade nos lábios, Kate acariciou seu caçulinha e neste momento, o marido a fitou e logo os olhares se encontraram. Eram olhares cheios de amor. Amor de casal e amor pela família que construíram e este olhar carregado de afeto e carinho que um enviou ao outro, aqueceu o coração de ambos.

Discretamente, Castle piscou para a esposa, em um pacto silencioso para ficarem apenas apreciando os filhos enquanto eles elaboravam projetos para brincadeiras.

— Sabe, Lizzie, eu e você temos que pedir ao papai e à mamãe para irmos hoje novamente à piscina.

— Quando o papai e a mamãe acordarem a gente fala com... – Lizzie falava, mas o irmão mais velho, ansioso por traquinagem, a interrompeu.

— A gente vai nadar e jogar bola e depois a gente pode brincar com um monte de jogos no videogame lá na sala de jogos do hotel. – Flynn era envolvente igualzinho ao pai e falava em um tom sedutor para convencer sua irmãzinha nas travessuras.

— A mamãe me prometeu que faríamos um monte de coisas... Sabe, Flynn... Era para ser apenas eu e ela no Dia das Meninas... Mas eu não me lembro de todas as coisas que a mamãe falou...

— É porque você é pequenininha, Lizzie... é quase um bebezinho! – Ele a provocou.

— Eu não sou nada pequenininha nem um bebezinho... – ela protestou e fez beicinho – Eu já sou grande e o papai diz que eu sou bem sabida... E a mamãe também fala que eu sou muito esperta, igual a ela.

—  Ah, tá, Lizzie, não precisa chorar... – o Flynn era muito traquinas igual ao Castle e torceu a boca igual a Kate, demonstrando um pouco de impaciência. No entanto, igualzinho ao pai e a mãe, Flynn também era muito amoroso e ainda que tivesse somente seis anos, ele era um fofo e encantador e logo puxou a garotinha para um abraço e a encheu de beijinhos no rosto – Você é a minha princesinha, Lizzie e eu te adoro, mana, e adoro brincar com você! – A garota ficou sorridente diante da forma carinhosa como o seu irmão lhe tratara – Vamos continuar fazendo nossos planos de brincadeiras. – Flynn concluiu.

— Você vai brincar comigo mesmo, Flynn? – Mesmo carente, Lizzie demonstrou estar animada diante do carinho do irmão.

— Claro, maninha! Eu já falei que adoro brincar com você. – Flynn ficou pensativo – Tive uma ideia irada! Será que a gente podia chamar o Nicholas Javier? Ele é fera! A gente telefona para ele...

— Ah, é mesmo! Boa ideia! A gente podia também chamar a Catarina... – Lizzie sugeriu.

Ao ouvirem as intenções dos filhos, Kate fez uma expressão de pânico, pois, uma coisa era transformar o “Dias de Meninas”, em “Dias de Família”, que, por sinal foi uma alteração maravilhosa. No entanto, estender para os amigos e filhos dos amigos um dia tão especial e único quanto aquele, aí já era demais. Até já fizeram maravilhosos finais de semana de amigos, contudo, por mais que amasse os amigos, aquele dia era muito particular e muito íntimo.

Kate olhou para o marido e viu nele a mesma expressão de temor e, ainda de forma silenciosa, decidiram por um final àquela conferência mirim, que mais parecia um motim.

Mantendo-se recostado aos travesseiros, Castle cumprimentou sua família – Bom dia, meus amores!

Flynn e Lizzie se viraram na direção do pai e se jogaram em cima dele, em festa.

— Bom dia, meu paizinho lindo! – Lizze encheu o rosto do pai de beijos estalados.

— Oi, minha princesinha! – Castle fez carinho na filha e a encheu de beijos na face e nos cabelinhos loirinhos – Filhinha mais linda do papai!

— Oi, pai! – Flynn se empoleirou sobre o corpo do pai, junto à irmã e também o beijou no rosto.

Os risos soavam como música aos ouvidos de Kate e ela também os cumprimentou – Bom dia, família!

Lizzie se jogou sobre o corpo da mãe e no percurso, se esbarrou no irmãozinho que ainda dormia e encheu a mãe de beijos – Bom dia, minha mãezinha linda!

—Oi, meu amor! Bom dia, minha princesa!

De onde estava, Flynn, sorridente, enviou uma chuva de beijo no ar para a mãe que, também sorridente, recebeu todos, devolvendo-os feliz da vida – Vamos nos divertir muito hoje, viu, mãe. – ele avisou.

O esbarrão de Lizzie, somado ao barulho das conversas, acordou Bernardo que, de testa e nariz franzidos e olhinhos apertados, olhava tudo em volta, sem entender nada..

Ainda sonolento, o bebezinho girou seu corpinho e ficou deitado de barriga para cima. Esticou seus pequenos bracinhos ao se espreguiçar e deu um longo bocejo. Apesar de confuso, por ter sido despertado de forma bizarra, ele olhou para os irmãos, se sentou e tentou se inteirar e logo se meteu na conversa – Eu também “quelo”, “Fynn”. – Bernardo anunciou e logo depois deu outro longo bocejo.

Vendo que seu bebezinho acordara, Kate, ainda tendo Lizzie colada a ela, puxou Bernardo também para si e depois de dar um monte de beijo no seu pequerrucho, brincou com ele – O que é que você também quer, meu amorzinho?

— Eu “quelo” “bincá” com o “Fynn” e com a "Liz", mamãe. – Bernardo afirmou cheio de propriedade.

— Que tal tomarmos o dejejum e durante a refeição a gente conversa mais, eihm?

— Eu “tô” com fome, mamãe. – Bernardo avisou.

— Então vamos todos sair desta cama e eu vou telefonar para o café da manhã ser servido aqui no apartamento. – Castle administrou a família.

— Êba!!!

— Êba!!!

As crianças gostaram da ideia do pai e o Castle prontamente fez o que disse, ou seja, telefonou para a recepção do hotel e pediu um completo café da manhã para a família, com todos os itens que estavam acostumados.

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Castle e Kate se dividiam em servir a refeição aos filhos e também em se alimentar.

— Meus amores... – Kate falava -, eu quero comunicar algo importante...

— O que, mamãe? – Flynn indagou, curioso.

— Eu quero comunicar que eu não vou participar da brincadeira na piscina...

— Porque não, mamãe? – Flynn quis saber.

— Porque, como vocês sabem, hoje tem uma grande festa e nesta festa, eu e o pai de vocês vamos comemorar dez anos de casamento e como eu quero estar bem bonita, eu...

— Ops! Mais bonita do que você já é, mãe? – Flynn questionou, com uma cara divertida igual a que o pai normalmente fazia – Uaauuwww!!!

— Eu te disse... – Com uma expressão divertida no rosto, Castle ratificou a opinião do filho.

— Obrigada, filho, mas é que a mamãe vai pintar as unhas, arrumar os cabelos, fazer maquiagem para o papai me achar linda... – Kate piscou o olho para o marido e recebeu um lindo sorriso amoroso de volta.

— Mas o papai já te acha a mulher mais linda do mundo, mãe... Ele já me falou isso trilhões de vezes... Não foi, pai? E nem precisa esse negócio de colorir as unhas, a boca, o rosto ou sei lá mais o que... – Flynn prosseguia o seu discurso, torceu a boca e revirou os olhos igualzinho à mãe.. 

Castle assentiu, concordando com o filho – Eu te disse...

— Eu também te acho a mãe mais linda do mundo. – Lizzie ratificou o discurso do irmão e de onde estava sentada à mesa, ela jogou um beijo no ar para Kate.

— Eu também, mamãe! – Bernardo dizia com a boca toda lambuzada de iogurte. – Mamãe é linda!

— Huumm!!! Pelo visto meu fã clube está formado! – Kate sorriu.

Após o café da manhã, Castle encaminhou os filhos para a sala da TV. Ligou o aparelho e os deixou sintonizando um canal de filminhos e pegou a esposa pela mão e se sentou com ela no sofá da sala de estar.

— Kate, eu vou te fazer uma proposta... Primeiro você me responde umas coisas, depois me ouve e somente quando eu terminar, você contesta... ou não... Ok? – Castle palpitou.

— Ok, amor. – Kate o olhou meio de lado e sorriu para o marido, achando fofo o modo como ele iniciou a conversa.

— Inicialmente, eu tenho que saber que horas o pessoal do salão vai chegar? Aliás, que horas você começa sua agenda da beleza?

— Eu devo ir para o SPA às dez horas da manhã... Lá vou tomar banho de banheira, com luzes, sais de banho terapêuticos e um monte de coisas que, segundo o especialista, será para eu ficar tranquila e bem relaxada... termina meio dia. Daí eu vou almoçar... Uma saladinha verde com legumes cozidos ao vapor, nada pesado... A Manicure e a Pedicure deverão estar aqui no apartamento do hotel às treze horas junto com os cabelereiros. Às quinze horas chega a maquiadora e às dezesseis horas, chegam o Estilista com as assistentes para me ajudarem com o vestido de noiva. Só para te avisar, amor, os cabelereiros e a maquiadora também vão arrumar a Lizzie... Coisas simples para menininhas da idade dela e as assistentes do Estilista também vão ajudá-la a pôr o vestidinho dela.

— Ok! Entendi. Então, aí vai minha proposta... Preciso que você mantenha sua mente aberta... – Kate aquiesceu e ele prosseguiu – Já que o objetivo do SPA é banho de banheira para te fazer relaxar e ficar tranquila, que tal você cancelar e ficar com a gente na piscina, eihm? Acho que você vai relaxar muito mais se ficar com a gente do que ficar sozinha pensando que a gente vai estar na maior curtição e você longe da gente...

— Castle... – ela tentou interrompê-lo, mas foi impedida por ele.

— Um momentinho, amor, ainda não terminei... – ele deu uma piscada de olho para ela, seguido de um sorriso lindo que a desarmou – Continuando... Amor da minha vida, você telefona e cancela sua ida ao SPA, eles devem cobrar uma taxa de cancelamento, mas e daí? Você paga, ou melhor dizendo, você debita na conta do hotel... Normal... Nós poderemos passar toda a manhã com nossos filhos, seja na piscina ou brincando. Ao meio dia todos vamos almoçar no restaurante daqui do hotel e você come essa tal saladinha que você me falou... – ele sorriu – e depois nós te liberamos para você começar a se arrumar... Mesmo que na minha opinião, você não precise de nada disso, pois já é linda e maravilhosa!

— Obrigada! – Kate sorriu.

— E às quinze horas eu prometo que a Lizzie já vai estar aqui, tomada banho, prontinha para dar início ao Dia de Meninas... Dia de Beleza de Meninas...

— Você pensa em tudo, eihm? – Kate sorriu.

— Faz parte das minhas atribuições de excelente marido... — Castle riu quando a esposa fez uma expressão alegre diante do comentário divertido dele — Ah, é isso mesmo, Kate, eu não sou somente Bonitão, inteligente, carinhoso, atleta de alcova e completamente apaixonado por você... – Castle zombou e Kate sorriu e ele riu junto. Eram um casal feliz. – Tudo o que mais quero e fazer vocês felizes. Vendo vocês felizes, eu fico feliz.

Ainda sorrindo do jeito leve e delicioso do Castle analisar e organizar a situação, Kate, completamente apaixonada pelo marido, considerou tudo o que ele falara, deu um longo suspiro e decidiu – Sendo bastante sincera e breve, querido, concordo com tudo o que você falou. Eu vou telefonar para o SPA a fim de desmarcar...

— Ah, deixa que eu faço isso para você, amor... Vá se ajeitar com a Lizzie, tipo colocar biquíni, etc, para descermos à piscina.

— E o Flynn e o Bernardo?

— Deixa que eu cuido deles... Coisa rápida!

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Durante a manhã, na piscina, eles brincaram bastante. Contudo, em um momento em que os três filhos estavam sob a orientação de três Recreadores do hotel e com um grupo de outras crianças, Kate sugeriu ao marido uma pequena alteração dos planos. Ela propôs que depois do almoço, como ela ficaria isolada na ampla antessala do quarto do casal com a Manicure e a Pedicure, ele deveria colocar todas as crianças para fazer a sesta, a fim de que nenhum deles ficasse com sono durante a cerimônia e a recepção, ainda mais que depois de uma manhã na piscina, seria natural que eles quisessem dormir cedo.

Castle concordou.

— Outra coisa muito importante, amor... – Kate continuou em tom de súplica e passou os braços ao redor do pescoço do marido.

— Diga! Pelo seu tom de voz eu estou até assustado. – Ele brincou.

— Eu vou te pedir, por tudo que é mais sagrado, que você não vá dirigindo seu carro até a Catedral de São Patrício.

 Castle franziu a testa em sinal de curiosidade – Por que, amor?

— Ah, Rick, nunca vou esquecer aquele acidente no dia do nosso casamento nos Hamptons... Quando eu vi aquela cena, seu carro pegando fogo, imaginei você morto... Pensei que eu fosse ficar louca...

— Oh, amor! – Castle abraçou a esposa, de modo a acalentá-la – Não vai acontecer de novo... Todas as pessoas envolvidas já estão mortas...

— Mas, Rick... – Kate suplicou em tom de lamento

— Ok! Eu vou telefonar para o Esposito e para o Ryan. Vou ver quais dos dois pode passar aqui para me levar à Catedral.

— Quem vier buscar você... - Kate fez uma pequena pausa, pensativa, e logo sugeriu —  Ah, querido, eu posso fazer melhor, vou pedir ao Montgomery uma escolta policial...

— Meu Deus! Que exagero! – Castle protestou.

— Ninguém sabe o que eu passei naquele dia, amor. Uma coisa é terem me visto chorar, sofrer e querer matar todo mundo que eu desconfiava que era culpado de ter te feito mal... Sim... Isso mesmo, uma coisa é imaginar o que se passava dentro do meu coração... Ninguém sabe o que eu realmente passei, somente eu. Então, por favor, me atenda... Você vai no seu carro e, seguindo você, vai um carro da polícia sem a identificação, para não chamar atenção e quando terminar a cerimônia religiosa, eu e as crianças viemos no seu carro com você para a festa aqui no hotel. Simples assim.

— Eu te amo, Kate.

— Eu também te amo, Rick, e estou ansiosa para renovar os nossos votos do casamento.

— Acho bom mesmo você me amar e querer renovar nossos votos, porque o meu terno e os dos seus dois filhinhos já estão alugados e a loja não devolve dinheiro... – De modo traquinas, para descontrair, ele sorriu ao repetir o que falara há dez anos no dia do casamento e isso a fez sorrir.

— Ah, tá... Foi bom você me avisar... Vou pensar sobre isso... Acho até que só por causa disso eu vou renovar os nossos votos.

Ambos riram.

Continua...