Havia se passado duas semanas, as coisas iam melhorando aos poucos, todos pareciam um pouco mais animados, Arthur já tinha voltado ao trabalho e Molly ia regularmente à Hogwarts ajudar com a reconstrução da escola acompanhada de Jorge e Harry, que se dividiam entre a reconstrução de Hogwarts e da própria loja, o que para todos era uma surpresa, achavam que eles iriam demorar muito para se recuperar, quando questionados se não iriam ficar velando o tumulo de Fred ao invés de realmente reconstruir a escola, eles responderam simplesmente que jamais fariam isso, pois sabiam que Fred se decepcionaria com eles. Molly se dividia entre Hogwarts e os cuidados da casa, recebia ajuda de Gina, Hermione e Fleur com tudo, o que tornava as coisas mais fáceis. Tudo ia se encaixando, e Hermione só queria rever a família, precisava voltar para casa, mesmo sabendo tudo que isso implicava. Ela e Ron ainda não haviam contado que estavam juntos, Gina já sabia e Harry também, cada um confidenciou para seu amigo, e eles não comentaram nada com ninguém pois não era da conta deles. Os beijos aconteciam a noite e sempre as escondidas.

Naquela manhã Hermione e Ron lavavam as roupas, enquanto aproveitavam para namorarem um pouquinho, já que não havia nenhum adulto na casa. Hermione resolveu falar novamente sobre seus planos e a necessidade de ir a Londres.

O desejo de Hermione por ir a Londres deixou Rony confuso. – Por que precisa ir à cidade? – Perguntou ele.

— Rony eu já disse, preciso falar com a Marrie. – Ela respondeu irritada, ele já havia perguntado isso umas três vezes.

— Então mande uma coruja! – Disse Ron não querendo que ela fosse.

 – Ron, meus pais estão no Brasil, uma coruja não conseguiria chegar lá! – Ela estava perdendo a paciência.

— Vou com você! – Ron falou decidido.

— Eu não vou voltar logo, vou ficar no apartamento da minha família, entrar em contato com eles, só volto daqui uns 3 dias – ela se explicou, sabendo que ele se irritaria.

— Tá! Não vou discutir com você! Mas vou junto mesmo assim, somos conhecidos por sermos amigos de Harry e os comensais da morte ainda não foram pegos! – Ele estava claramente estressado com a decisão dela, mas como a conhecia muito bem, nada faria aquela cabeça dura mudar de opinião.

Hermione se surpreendeu só pela frase “não vou discutir com você”, mas aceitou a companhia dele sem questionar mais. Na hora do almoço, quando estavam todos a mesa eles comunicaram o que iriam fazer, Hermione explicou que precisava falar com a prima e com os pais, eles estavam se esquecendo dela e Ron explicou que não a deixaria sozinha pelo fato de ainda ser perigoso. Harry se animou

— Posso ir junto? Não quero atrapalhar, mas acho que preciso fazer algo diferente, minha mente não para de me lembrar tudo que aconteceu. – Disse ele, expressando mais animação na voz do que em todos aqueles dias. Hermione olhou para o lado e viu os olhos de Gina marejados.

 – Vamos e vamos também Gina, aposto que você vai gostar de ver Londres do lado trouxa. – Disse ela, e fez-se silencio na cozinha, todos se olhavam e Jorge soltou um comentário parecendo meio divertido e indignado:

 - Vocês querem fazer uma pequena lua de mel?

— Não! – Gritou Hermione, que foi sentindo o rosto queimar como nunca – estou apenas tentando animar a todos, Harry se mostrou interessado em fazer algo diferente, e achei que Gina poderia ir também se quisesse. Olha todos aqui tem suas vidas, nós ainda não, fazemos o que podemos para ajudar a todos, ficamos tanto tempo focados na guerra e em todo o resto que agora parece que não é a mesma coisa que estar vivendo a nossa vida, então quando aparece algo que nos empolga devemos fazer, até porque são só uns 3 dias. – Respondeu ela, corando a cada palavra, mas pareceu convencer, todos entenderam, era só um passeio, só algo novo para eles, então aceitaram, e os quatro terminaram de almoçar e subiram para arrumarem as malas e ir para Londres.

Hermione foi para Londres por um motivo: precisava de energia elétrica. Antes de fugirem no casamento de Gui e Fleur, deixou todas as suas coisas trouxas: celular, notebook, ipad e até mesmo as chaves do apartamento e seus documentos trouxas em uma mala no quarto de Gina, logico os aparelhos eletrônicos estavam sem bateria, ela até tentou ligar, mas não funcionou. Hoje ela achava isso tudo normal, mas dizer para alguém que em pleno século XXI existem casas sem energia elétrica e sem internet era meio estranho, depois que descobriu que era bruxa, sempre esteve dividida entre os dois mundos, no começo foi bem complicado, mas hoje ela conseguia se virar muito bem.

Desaparataram em uma travessa sem movimento e se encaminharam para o centro de Londres, onde havia um edifício preto, alto e luxuoso. Ela se encaminhou para a portaria e se identificou para o porteiro, depois de um questionário de perguntas pelos donos do apartamento não aparecerem nos últimos meses, ele liberou a entrada deles. O apartamento da família de Hermione era a cobertura, 22° andar, Ron e Gina estavam boquiabertos com o elevador e Harry e Hermione achando tudo aquilo muito divertido. Ao entrarem no apartamento Hermione precisou se controlar para não chorar, havia passado tantos momentos bons com a família naquele lugar, era triste pensar que eles raramente se lembravam dela e quando o faziam, pensavam que ela estava sã e salva em Hogwarts.

Eles estavam impressionados com o apartamento, Hermione os convidou para conhecer o local e Harry e Gina subiram ver os quartos, Ron ficou com ela, mas ela notou a mudança na expressão dele, ela conhecia Ron bem o suficiente para saber que a diferença econômica entre eles trazia incômodos. Ron tinha se esquecido quem era Hermione, mas entrar naquele apartamento o fez lembrar muito bem, era luxuoso, apesar de trouxa, qualquer um era capaz de notar.

— Tudo bem Ron? – Ele parecia receoso.

 – Sim, seu apartamento é lindo! – Ele disse olhando em volta.

— Tecnicamente é dos meus pais, na verdade dos meus avós, nós ficamos aqui quando precisamos vir para Londres. Você tem certeza que está bem? – Ela esperou a resposta dele temerosa.

— Sim! Eu não vou mentir pra você, não adianta e você vai perceber, mas será que seus pais vão aceitar nosso namoro, porque você é rica, e eu não? – Ele estava visivelmente chateado com a possibilidade de ser rejeitado pelos sogros.

— Ron, fica tranquilo tá, meus pais adoram o seus, já te contei a história, minha mãe era pobre também, mais pobre que sua família, e não teve rejeição nem da parte dos meus avós. – Ela o tranquilizou, Ron pareceu suspirar e ficar aliviado, e aceitou ir conhecer o apartamento. Ao subirem encontraram Harry e Gina rindo muito ao sair de um dos quartos de mãos dadas, eles pararam quando viram os dois vindo, Ron percebeu que aquele era o sinal de que ambos estavam juntos e sorriu para os dois, os tranquilizando.

O apartamento dos Granger’s era enorme, na entrada se via a frente e a direita a sala de tv, com três sofás grandes e uma smart tv gigante, a esquerda tinha a escada para acesso ao escritório e quartos superiores, ao lado da entrada a direita havia o corredor que dava acesso aos quartos de baixo, após a escada se via a cozinha ampla e moderna. Harry, Ron e Gina estavam impressionados pelo apartamento, Hermione ligou a tv para eles e começou a arrumar o que podia, ligou os eletrodomésticos e colocou seus aparelhos para carregar, estava ansiosa, precisa falar com a prima, dizer que estava viva e para parar de dar a poção de esquecimento para os pais dela.

Esperou o celular carregar um pouco, estava apoiada no balcão da cozinha de onde conseguia observar Harry mudar de canais da tv, enquanto Ron e Gina pareciam bem animados se interessando por todos os canais, até os de propaganda; ela ria quieta observando de longe a cena. Ligou o celular e conectou na internet, e esperou, milhares de notificações apareceram, tanto mensagens como redes sociais que a prima mantinha pra ela. Pegou o celular, parecia que seu coração ia explodir, as lagrimas já desciam, ela nem se lembrava que horas seria no Brasil ou qual era o fuso visto que já era fim de tarde em Londres, só ligou.

— Alô? Hermione é você? – A voz conhecida fez seu coração se encher de alegria e ela chorou, tudo o que estava guardando a tanto tempo.