Perdas e Ganhos escrita por Lucca, alegrayson


Capítulo 13
Sedução Fatal


Notas iniciais do capítulo

Remi disfarçada de striper numa perigosa missão. Temos que dizer mais alguma coisa?
Boa leitura.



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Tasha sentou Remi na frente de seu notebook e abriu um vídeo do YouTube. Três minutos foi o tempo de duração do vídeo. Remi assistiu mordiscando a unha do polegar direito. Assim que o vídeo acabou, Tasha baixou a tela:

— É isso!

— Como assim “é isso”? Essa é sua aula? Você não vai dançar e mostrar pra ela como se faz? _ Rich interferiu.

— Rich, strip-tease é isso: você dança de forma sensual enquanto vai tirando a roupa. Pronto.

Remi sacodiu a cabeça concordando sem muita confiança.

— Não! Não mesmo. Oh, Deus, eu estava certo. Você não tem competência pra preparar essa mulher para uma missão desse nível.

— Eu vou te mostrar a minha competência extraindo cada um dos seus ovos pelo nariz se você não calar a boca.

Então o hacker se aproximou de Remi:

— Remi, olhe pra mim e preste atenção. Um bom strip tease é como uma pérola rara, cultivada com dedicação. Não é apenas exposição física, é auto-confiança, auto-estima e empoderamento da pessoa que está ali em cima do palco.

 _ Rich, por favor, sem essa ladainha de dizer que tirar a roupa pra um bando de homens é empoderamento. _ Remi revidou.

— Se você entender a essência desse jogo, todos ali vão precisar que você os lembre até de respirar, minha cara.  Minhas plateias sempre foram mais restritas, mas eu os controlava totalmente..._ e Rich fez uma expressão que denunciava que já havia se transportado para outro tempo e espaço, relembrando momentos picantes de seu passado.

— Sem detalhes da sua vida sexual, Rich. _ Tasha interrompeu

Remi apoiou a cabeça na mão e esfregou a testa:

— É tanto poder que as stripers acabaram mortas...

— Esse cara é um doente. Um psicopata machista que não é capaz de lidar com o poder que elas tinham sobre ele. Todo poder político que o cara tem era nada quando ele estava diante delas, por isso ele as matou.

— Então, eu tenho que mostrar que sou uma ameaça pra ele?

— Você tem que mostrar quão maravilhosa você é. O resto é doença do cara. Se ele se sentiu ameaçado pelas outras, você, minha deusa, ele vai querer esquartejar e espalhar pelos quatro cantos da terra.

— Isso é reconfortante. _ Remi revirou os olhos.

— Se a teoria do Rich estiver certa, teremos que pensar em cada detalhe pra garantir que você lace o cara com cada movimento.

— Isso, Tasha!_ Rich deu uma piscada pra ela_ Cada detalhe é importante. Vamos começar pela roupa.

— Roupa é fácil. Qualquer coisa vulgar serve._ Remi demonstrou desconforto.

— Não mesmo. Você precisa se sentir confortável e sexy nela pra isso dar certo. Também tem que ser fácil para tirar. Remi fique em pé pra gente te observar melhor._ Rich pediu.

Ela ficou em pé com as pernas abertas e os braços cruzados sobre o peito, numa postura típica de um soldado.

— Ela é intimidadora, Rich. Se vamos determinar uma personagem não adianta apostar em algo do cotidiano. E tem as tatuagens. Então, acho que ela precisará mostrar um lado misterioso e estranho. Que tal começar com um sobretudo preto?

— Ótimo, Tash! Hum, misteriosa e dominadora. Isso pede uma roupa em látex preto. Com acessório como um chicote e algemas!

Remi olhou para Tasha em desespero pedindo socorro quanto as sugestões de Rich, mas a amiga estava absolvida pela ideia dele:

— O soutien pode ter uma certa transparência na frente para deixar o cara louco sem que ela precise tirá-lo no salão. Mas atrás tem que ser bem fechado para tampar completamente o “Kurt Weller FBI”

— Muito bem pensado! Remi, solte os braços._ ela obedeceu_ Agora eu vou olhar para a sua bunda e você vai corresponder com um olhar sexy e palavras doces._ Remi revirou os olhos_ Se você conseguir, consigo evitar que Weller e Reade venham observar os detalhes do projeto final. Você sabe que eles vão querer verificar se você está adequada para sua própria segurança.

Remi bufou, mas respirou fundo e fez o que Rich tinha pedido. Olhando pra ele com olhar sexy disse de forma doce e sensual:

— Ou você pára de olhar para a minha bunda ou eu quebro o seu nariz.

— Isso! É disso que estou falando. Eu tinha certeza que ela conseguia mobilizar olhar e voz nisso. Céus, é por isso que o Stubbles virou sua vida do avesso por essa mulher! Agora diz que vai me amarrar na cama e me obrigar a fazer todas as suas vontades...

— Rich! _ o tom de Tasha foi assustador o bastante para ele perceber que tinha ultrapassado todos os limites.

— Ok, ok. Música. Hauted da diva Beyoncé ou Dark Horse da Katy Perry. Não abro mão. Ah, meia arrastão ou botas?

O resto do dia se passou na preparação. Os primeiros testes com as músicas foram feitos com a roupa normal de Remi. Tasha só queria treinar os movimentos e olhares. Ela pegava fácil.

Após inúmeras tentativas, conseguiram definir a roupa e os acessórios. A meia arrastão saiam do sapato de salto preto em verniz e subia apenas até o joelhos para mostrar as coxas tatuadas. O micro-short em couro preto tinha trançados nas laterais e a mini-blusa também em couro era aberta na frente com um decote ousado. No cinto que sobrepunha o short, ficavam as algemas e o chicote. Tudo era coberto pelo sobretudo. Remi ficou no tom exato que Tasha e Rich desejavam: misteriosa e dominadora.

 Feita a maquiagem, partiram para o primeiro ensaio geral. Remi estava de costas quando Weller entrou. Rich, totalmente preso à apresentação, esqueceu-se completamente de sua promessa em evitar que isso acontecesse. Quando Remi se virou e viu Weller, a forma como ele a observava envolvido numa atmosfera de desejo e admiração, a fez sentir vontade de dar o melhor de si naquela apresentação para mantê-los preso naquele momento. Ele se recostou à parede e se contorceu a cada movimento que ela fazia e a cada peça de roupa que ela tirava.

Tasha, sentada ao lado de Rich, sussurrou:

— Acho que se esqueceram que também estamos na sala.

— ah..._ foi tudo que Rich verbalizou sem conseguir tirar os olhos de Remi.

A latina balançou a cabeça negativamente e sorriu. O FBI não pagava um excelente salário, mas esse emprego proporcionava experiências inesquecíveis.

Casa Noturna – noite da festa oferecida pelo senador Kyle

Todos estavam infiltrados e posicionados no salão o nos bastidores da casa noturna. Remi passou fácil pela seleção de dançarinas. Kurt logo se aproximou do senador Richard Kyle, se apresentando como um político do interior de New Jersey tentando alçar voos maiores e mais altos.  A conversa entre os dois fluiu de forma espontânea.

Quando as luzes do salão diminuíram chamando a atenção para o palco, Kyle disse:

— Venha, vamos nos aproximar do palco. Esse é meu momento favorito.

Remi entrou no palco absoluta. Totalmente coberta pelo sobretudo preto, cabelo preso, ela parecia intrigante. Seus olhos verdes se destacavam de forma impressionante, reforçando a proposta misteriosa e sedutora que com a qual ela se posicionou diante deles. Ela deu alguns giros no mastro do centro do palco, sem sequer insinuar tirar qualquer peça de roupa. Os relances que esses movimentos deram à plateia de seu corpo tatuado foram o bastante para arrancar gemidos de surpresa de muitos presentes. Seu olhar, que misturava tristeza, mistério e sensualidade, ganhou a todos.  Alguns ali já estavam na palma de suas mãos sem que ela fizesse mais nada.

“I knew you wereEu sabia que você

You were gonna come to me - Que você viria para mim

And here you are - E aqui está você...”

Assim que a letra da música começou, ela fez questão de se conectar com Kyle visualmente. Era mais que um convite, uma provocação que o fez cravar os dedos na borda inferior do palco em contraste com seu rosto que não fugia do habitual para aquela situação. Weller não perdeu esse detalhe. Ele teve a certeza de que Remi não precisava fazer mais nada, já estava na lista de Kyle para ser sua próxima vítima.

Então, Weller olhou de volta para ela. Vê-la sobre o palco, o deixou hipnotizado por alguns momentos, mas logo ele se lembrou que precisa estar atento à tudo que ocorria a sua volta para garantir a segurança dela. Olhando rapidamente para Kyle, a raiva tomou conta dele, o cretino estava literalmente babando na sua esposa. Saber que esse homem era um psicopata e que pretendia machucá-la  exigia tudo dele para se controlar. Sua vontade era subir no palco e tirar Remi de lá, não a soltando até estarem seguros em seu apartamento.

Remi tirou o sobretudo num movimento sensual e lento, depois soltou os cabelos de forma violenta e incitou a plateia direcionando seus olhares através de seu corpo tatuado com toques de suas próprias mãos.

“Make me your Aphrodite – Faça de mim sua Afrodite

Make me your one and only – Faça de mim a primeira e única

But don't make me your enemy,- Faça de mim sua inimiga

 your enemy, your enemy – sua inimiga, sua inimiga.

Olhando novamente para ela no palco, a forma como ela se movia e dominava o espaço e todos ali em volta era indiscutível. Weller não evitou que um sorriso se formasse no canto de sua boc. Aa segurança que ela sempre lhe passou devolveu auto-controle. Ela sabia se defender. Ele sempre confiou nela mais que em qualquer outro agente em campo. Mesmo desarmada, Remi poderia ser letal. Pobre Kyle, o doente não teria a menor chance contra Remi. Ela acabaria com ele mesmo sem uma arma.

Remi pegou a cadeira para fazer os próximos movimentos. Cada jogo de pernas arrancava gritos da plateia. De repente, ela escorregou para baixo e rolou pelo chão, se aproximando perigosamente do público, mais precisamente de Kyle e Weller. Em pé de novo, os próximos passos abusavam de sua sensualidade usando um chicote que ela trazia. Os olhos de Kyle não eram capazes de esconder a obcessão doentia que já tinha por por ela.

“Are you ready for, ready for – Você está pronto, pronto para

A perfect storm, perfect storm? – Uma  tempestade perfeita, tempestade perfeita?

‘Cause once you're mine, once you're mine – Porque uma vez que você é meu

There's no going back – não tem volta”

De repente, ela se abaixou na beirada do palco e laçou o pescoço do senador com o chicotinho convidando-o a se juntar à ela.  A postura dele mudou completamente, se negando a participar. Ela insistiu, mas ele se tornou frio, depois com um sorriso brincalhão disse:

— Brinque meu amigo aqui_ e indicou Weller no seu lugar.

Toda a equipe ficou desconfortável com a reação de Kyle.

— Eu jurava que ele estava no papo._ Tasha, que estava disfarçada de garçonete, murmurou.

— Só sei que não gostei disso. Talvez ele tenha desconfiado de algo errado. _ Reade advertiu.

— É óbvio que ele não vai. _ Rich disse nos comunicadores_  Ele não quer demonstrar o poder que ela tem sobre ele na frente de todos.

Kurt subiu no palco imediatamente. Ele não queria qualquer outro homem ali. Remi o sentou na cadeira que estava ao lado e abusou dos movimentos ousados sobre o corpo dele. A plateia gritava enlouquecida, mas Kurt não ouvia nada. Ele só era capaz de olhar pra ela, sentir seu cheiro e seus toques. Então, ela o fez se levantar e empurrou a cadeira com o pé pra longe, colou seu corpo ao dele e prendeu a algema que trazia em um de seus pulsos. Depois, no ritmo da música, ela girou para o lado, dançando, sem soltar o pulso dele. Em seguida, ela girou de volta. Kurt, tentando participar, segurou o outro braço dela, impedindo que a volta se completasse e mantendo Remi de costas pra ele.

“I call her Karma - Eu a chamo de Carma

She eats your heart out - Ela devora meu coração

Like Jeffrey Dahmer - Como Jeffrey Dahmer

Be careful - Tenha cuidado

Try not to lead her on - Não tente controlá-la”

Ali estavam os dois. Em cima do palco. Ela de costas para ele. Ele segurando os dois braços dela e a presença das algemas. A quantidade de referências alertou Kurt que ele precisava mudar a posição dos dois imediatamente. Virando ela de volta pra ele, o olhar assustado dela já lhe disse tudo: um flashback, o pior flashback tinha acontecido no pior momento. Ele tentou passar segurança no seu olhar já com a certeza de que seus disfarces estavam arruinados. Como ela prosseguiria depois disso?

— Hei, desça já daí, você está atrapalhando ela. _ Kyle gritou.

Tudo parecia perdido.

Então, as luzes se voltaram para o fundo do palco e Rich DotCom entrou caracterizado como Gogo-boy e começou a dançar. A estratégia foi excelente porque tirou a atenção de Remi. Mas logo todos começaram a vaiar. Ela não conseguiu deixar de rir, se esquecendo do flashback. Deixou Kurt, foi até o amigo e dançou um pouco com ele para, pouco depois, empurrá-lo para fora do palco, mostrando que quem mandava ali era ela.

Remi tirou o top e o micro-short de couro que usava, ficando apenas com a lingerie. Usou o pau de dance para mais alguns movimentos sensuais. Dois homens da plateia se descontrolaram e subiram no palco indo direto para ela.  No instante seguinte, Weller e Kyle também estavam no palco contendo os homens e pedindo apoio dos seguranças.

Controlada a situação, Kyle interrompeu a apresentação e pediu que levassem Remi para dentro. Weller trocou alguns desabafos sobre o comportamento inadequado dos homens que subiram ao palco e se propôs a ir buscar bebidas para eles no bar. Quando voltou, Kyle tinha desaparecido.

Remi recolheu suas roupas do chão antes de sair do palco e acompanhou os seguranças de Kyle. No camarim, seguiu suas ordens para voltar a vesti-las. Assim que eles a deixaram sozinha, ela grunhiu irritada pensando na possibilidade de ter que fazer tudo de novo. Pouco depois os seguranças voltaram, mandaram ela deixar o sobretudo e os seguir. A conduziram para o último andar da casa noturna onde estavam. Ainda no elevador, ela mordeu forte seu dente postiço para ativar a escuta que Patterson havia instalado.

Suíte Master no último andar do prédio

Ela entrou fingindo timidez e desconforto. Aproveitou o personagem para olhar todo o quarto. O ambiente era amplo e com poucos móveis. Kyle foi receptivo:

— Bem vinda. Por favor, fique à vontade. Seu nome é...

— Jane.

— Jane? Não é exatamente o que eu esperava. Você parecia tão misteriosa e deslumbrante naquele palco que pensei que teria um nome mais criativo.

— Jane Doe. E a criatividade é toda do meu pai. Acho que ele estava meio perdido quando escolheu esse nome horrível pra mim._ Remi disse mantendo uma postura ainda arredia.

Através das escutas, Kurt se remexeu dentro da van, entendendo que aquele comentário era pra ele. Todos do team já tinham deixado a festa para se prepararem para um eventual invasão e prisão de Kyle.

— Uau. Agora sim, você está se soltando. Então, você é nova entre as minhas contratadas. Onde meu pessoal encontrou essa maravilha desconhecida?_ Kyle prosseguiu.

— Eu já trabalhei em outras casas noturnas aqui em NYC, como barmaid.

— Então, você está começando uma nova carreira essa noite?

— A proposta do seu pessoal foi muito atrativa. Como estou precisando do dinheiro, fiz o teste e eles disseram que eu servia. Olha, se você não gostou...

— Oh, não, senhorita Doe. Eu gostei da sua performance. Gostei muito. Tanto que decidi pedir uma apresentação privada. Não gosto de me expor lá no salão principal. Claro que isso trará vantagens para você também. Que tal o dobro do seu cachê?

— Irrecusável. _ Remi voltou a sondar o local _ Como colocaremos a música.

— Calma,  Jane. Eu não estou com pressa. Aceita uma bebida?

Remi limpou a garganta para demonstrar desconforto.

— Não. Obrigada.

Kyle olhou fixamente para a barriga dela.

— Então, você é uma mulher consciente e não vai beber para evitar qualquer mal ao seu bebê. Admirável. Muitas mulheres na sua situação não fariam o mesmo.  Já tive “convidadas” grávidas que beberam e muito.

Remi fingiu constrangimento e resolveu fomentar a conversa sobre a gravidez para tentar arrancar qualquer informação capaz de ligar o senador aos assassinatos das strippers grávidas:

— Já está tão perceptível assim?

— Bem, digamos que sou um especialista nessas coisas. Mas não se preocupe, você continua muito sensual. E isso só me faz ter ainda mais vontade de observar sua performance.

— Se você me der detalhes do que gosta, posso fazer algo bem mais exclusivo.

— Quero que você faça tudo igualzinho fez lá fora. Principalmente o que fez com aquele enfezadinho do interior.

Remi desejou se lembrar dessa referência para provocar Weller depois que tudo isso acabasse. Percebendo que Kyle não iria se abrir apenas com aquela conversa, decidiu antecipar as coisas:

— Eu preciso do seu celular para colocar a música.

A música começou a tocar e Remi repetiu sua performance do palco. Quando ela laçou Kyle com o chicote e o sentou na cadeira, o senador parecia fora de si de desejo. Chegou o momento da algema. Assim que ela foi travar o braço de Kyle com ela, ele reagiu se aproximando e sussurrando em seu ouvido:

— Aqui nós vamos mudar um pouco o jogo, Jane Doe. Até agora, você ditou as regras. Chegou a minha vez. Eu quero tirar cada peça da sua roupa.

— Se quer fazer todo o trabalho por mim, tudo bem. _ ela sussurrou de volta de forma sensual.

— Tem só mais um detalhe. _ ele pegou a algema da mão dela._ Só eu estarei no controle agora._ Prendeu a algema no pulso dela._ Você vai ficar quietinha enquanto eu prendo seus braços na cabeceira daquela cama.

Todos na van olharam para Weller, esperando sua reação, mas ele permanecia imóvel. Ele podia ouvir o sangue pulsando em suas veias enquanto sua cabeça repetia “Ela sabia que era arriscado demais. Ela prometeu ter cuidado. Eu confio nela.”

— Nós não precisamos disso. Posso ser muito submissa sem estar presa na cama. E te garanto que não se arrependerá por deixar minhas mãos livres para agirem no momento em que você exigir. _ Remi tentou contornar a situação.

O sangue nas veias de Weller pareceu desacelerar ao mesmo tempo em que seu peito inflava com uma espécie de orgulho. Ela era perspicaz demais para Kyle.

— Sua proposta parece interessante. Talvez usemos da próxima vez. Por hoje, minhas regras. _ Kyle insistiu enquanto a empurrava gentilmente em direção à cama.

A tensão cresceu em Weller novamente. Repetiu pra si mesmo que Remi estava acostumada a antecipar a jogada do opositor, ela só agiria se estivesse segura em vencer.

Remi observou a espessura da barra que cruzava a cabeceira da cama. Era um detalhe decorativo, feito de latão maleável. Conteria facilmente uma pessoa embriagada e que não percebesse o quão fácil era soltar isso da madeira lateral, colocando força no final da extremidade da barra. Uma vez que era possível se soltar se fosse necessário, ela decidiu fazer o jogo de Kyle.

— Minha única escolha é fazer exatamente o que você quer._ ela disse em resposta.

“Não, Remi, Não!” Weller pensou, mas não verbalizou, já se levantando para sair da van.

— Ela enlouqueceu? _ Rich perguntou.

— Não vamos esperar para descobrir. Vamos tirá-la de lá agora. Preparem-se para invadir. _ Reade ordenou.

— Ela é Remi agora. Para ela a missão é mais importante que o soldado._ Weller finalmente desabafou.

Tudo estava preparado quando a voz de Kyle soou através da escuta em Remi.

— Você é linda. A mais linda que já chegou até as minhas mãos. _ ele dizia enquanto percorria com os dedos algumas de suas tatuagens._ E é tão doce sua preocupação com seu bebê, pena que não é verdadeira. Do que adianta evitar bebidas alcóolicas se sua presença aqui essa noite vai constranger seu filho pelo resto da vida.

— Meu filho nunca saberá disso tudo. Eu vou usar o dinheiro para recomeçar minha vida longe das casas noturnas.

— Ah é? Você nunca vai conseguir, Jane Doe. Ser uma vadia está no seu sangue. Você sempre vai atrair os homens para você, fazê-los enlouquecer pelo seu corpo. Essas tatuagens são a prova disso. E toda vez que eu te ver, vou te querer de novo e sem saber controlar isso.

— Se você quiser repetir tudo isso, podemos entrar num acordo._ Remi preferiu fingir não compreender o que Kyle estava dizendo para que ele achasse que estava no controle e ganhar tempo.

— Você não entende. Eu sei como será isso. Eu vou te procurar e você sempre vai ceder. Com um bebê, você vai precisar do dinheiro. E ficarei preso ao meu vício por seu corpo, por seus olhos, por seu cheiro. E essa criança vai crescer carregando o peso de ser filha de uma maldita prostituta que se vende pra mim. Talvez um dia ele descubra quem sou eu e, então, o que será da minha carreira?

Remi fingiu rir.

— Me desculpe. Essa sua encenação é uma pouco doentia.

Kyle virou um tapa na cara dela.

— Doente é você sua vadia! Mulheres como você são o câncer que corroe essa sociedade. Seduzem, enganam, produzem uma prole lixo que irá causar ônus ao Estado precisando de programas sociais que os ampare! E, como todo tumor maligno, precisam ser eliminadas antes de criar suas metásteses por todo o corpo social.

A equipe invadiu o prédio. Alguns cuidaram dos convidados que estavam na casa noturna, enquanto Reade e Weller abordaram assistentes de Kyle exigindo saber onde ele estava. Tasha, preocupada, entrou em um elevador e apertou o botão para último andar, pensando em começar a vasculhar o prédio de cima para baixo até encontrar Remi.

A conversa de Kyle e Remi continuava sendo ouvida nos comunicadores:

— Pra mim já chega. Esse seu joguinho perdeu a graça. Não tem dinheiro que pague isso. Me solta agora!_ ela arriscou mudar a tática.

— Não há jogo, Jane Doe. É o fim da linha pra você. Sabe de quantas mulheres como você eu já livrei nosso país? Mais de uma dúzia. Um bando de vadias imundas com suas crias degeneradas. Não deviam sequer ter nascido..._ e Kyle continuou descrevendo cada mulher que matou.

Weller segurou um dos assistentes de Kyle pelo colarinho e o imprensou na parede:

— Me diz agora onde ele levou a striper ou não respondo por mim.

— Na suíte máster do último andar_ o assistente respondeu quase sem voz.

A voz de Kyle continuava aterrorizando toda a equipe nos comunicadores:

— Mas não pense que isso é fácil pra mim. Tantas noites eu acordo ouvindo elas implorando pela vida._ e cuspiu para o lado da cama _ Mas eu me imponho esse sacrifício. Faz parte do meu compromisso com esse país.

Weller correu para os elevadores seguido por Reade.

— Já estou chegando ao último andar, Weller. _ Tasha informou tentando acalmá-lo

Assim que Reade e Weller se afastaram, o assistente de Kyle bateu a mão no botão que soava o alarme. O coração de Weller pulou uma batida. Se Remi tinha alguma chance, pode tê-la perdido agora.

— Tasha, onde você está?_ ele gritou

— Só falta mais um andar. Estou chegando.

Dentro da suíte, Kyle rosnou ao ouvir o som do alarme:

— Que merda é essa agora?

Remi aproveitou sua distração para chutá-lo forte para longe. Em seguida, puxou as algemas com toda a força fazendo a barra da cama se soltar. Kyle correu para a mesa lateral e acionou uma saída secreta atrás da estante de livros. Ela pensou em segui-lo, mas algemada e desarmada era loucura.

A fechadura da porta do quarto estourou com um tiro e Tasha entrou. Assim que viu Remi, correu até ela:

— Você está bem?_ e já se aproximou para soltar as algemas de Remi

— Sim, mas Kyle fugiu por ali.

— Eu vou atrás dele.

— Não sabemos se ele terá reforços lá. Eu vou com você.

Tasha tirou seu colete à prova de balas e disse:

— Vista isso. E fique atrás de mim.

As duas seguiram pelo corredor estreito enquanto Weller e Reade subiam de elevador.

— O corredor desemboca numa escada que sobe para o terraço._ Tasha informou os amigos pelos comunicadores.

 Remi parou por um instante para tirar os sapatos de salto. Assim que Tasha saiu pela porta, Kyle a surpreendeu por trás, colocando uma arma em sua cabeça:

— Solte sua arma agora.

A latina foi obrigada a soltar a arma que Kyle chutou longe. Remi ficou parada no pé da escada. Kyle não a tinha visto. Ela precisava alcançar a arma e atirar rápido para salvar Tasha.

O senador arrastou a latina para a lateral e observava atentamente o céu, provavelmente a espera de um helicóptero já acionado para vir busca-lo.

Remi saiu sorrateiramente de onde estava e se escondeu atrás de um pilar, calculando o movimento rápido e discreto que deveria fazer para alcançar a arma.

Assim que ela saiu de onde estava e alcançou a arma, o som de Weller e Reade subindo pela escada chamou a atenção de Kyle que se virou e atirou em sua direção. Tasha aproveitou para dar um golpe e imobilizar Kyle.

Quando Kurt entrou no terraço, tudo que viu foi Remi caída há alguns metros dali.


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Notas finais do capítulo

Alguma chance de continuarmos vivas após esse capítulo?

Adoraríamos saber. Comentem!

Muito obrigada pela leitura.



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