Uma Noite No Motel escrita por Marina Louise


Capítulo 4
Capítulo 4




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                                            Capítulo 4



Patrick havia terminado o banho se sentindo muito mais relaxado. Ao menos conseguira se livrar da ereção, o que já era um alívio. ‘Brincar’ com Lisbon sobre a banheira não havia sido uma boa ideia no fim das contas, afinal, quando conseguira livrar sua mente da imagem da agente naquele uniforme – se é que alguém podia chamar aquilo de uniforme – novas imagens surgiram, dessa vez dos dois dentro da banheira. 

Suas técnicas de feedback já não estavam sendo tão úteis quanto antes quando se tratava dela, ou estavam ficando velhas demais ou ele estava perdendo o jeito. A água gelada, apesar de ter colaborado, não foi o suficiente. Então, sua única alternativa foi ajudar a si mesmo. Estava parecendo um garoto de 18 anos que precisava se masturbar por não conseguir controlar os próprios impulsos, pensou com desgosto. 

Quando finalmente voltou para o quarto, o loiro foi pego de surpresa ao encontrar Lisbon totalmente adormecida. 

A morena estava deitada do lado direito da cama, de lado, as pernas encolhidas, o rosto apoiado em uma das mãos. Aos seus olhos, parecia um anjo. Quem a visse daquele jeito jamais imaginaria a princesinha raivosa, forte e determinada que ela era, ponderou com um sorriso carinhoso adornando os lábios. 

Por alguns minutos, Patrick se permitiu ficar parado, contemplando a imagem pacífica da agente. Eram raros os momentos em que conseguia ver Lisbon assim, tão serena, e ele queria desfrutar o máximo possível da oportunidade que estava tendo. 

Como se suas pernas agissem por vontade própria, quando percebeu, já estava parado ao lado dela, analisando cada pequeno detalhe do rosto delicado de perto. 

Teresa era a pessoa mais intrigante que já conhecera. Apesar de todo o sofrimento pelo qual passara, tendo de lidar a morte da mãe quando era tão nova, e depois convivendo anos com um pai alcoólatra e abusivo – e ele desconfiava muito seriamente que havia muito mais detalhes obscuros nessa história do que ela deixava transparecer, detalhes que lhe causavam arrepios e o faziam odiar o pai de sua pequena só de imaginá-los – e de ter tido que praticamente criar os três irmãos mais novos e abdicar de sua infância e adolescência para isso, ela tinha uma fé inabalável, definitivamente nunca havia conhecido alguém mais forte do que ela. 

Lisbon sempre enfrentava os obstáculos com a cabeça erguida e sem titubear, e mesmo quando caía, rapidamente se levantava. A primeira vista dava a impressão de ser uma pessoa grossa, e até mesmo intransigente e insensível, mas, na verdade, era caridosa, amorosa e delicada. O que mais o espantava, e até mesmo indignava, era que ela não se dava conta de nada disso. Muito menos do quão linda era. 

Erguendo uma das mãos, Patrick acariciou com ternura a face da agente. Se Teresa soubesse o quanto apenas um sorriso dela conseguia alegrar o seu dia! A imagem daquelas covinhas era como um sopro de ar fresco em sua vida. 

Inclinando-se para frente, permitiu-se depositar um leve beijo na testa da agente. A respiração pesada indicava que ela estava dormindo pesadamente, então não corria riscos de ser pego no flagra e possivelmente levar um soco no nariz. Para alguém tão magra e pequena, a morena tinha um tremendo gancho de direita, às vezes suspeitava que ela deixava até Cho e Rigsby no chinelo. 

Soltando um suspiro, ele se afastou. Por mais que quisesse, não poderia passar a noite toda ali, em pé, olhando a bela face. Uma pena ela estar deitada desse jeito, pois ficaria de costas pra ele na cama, caso contrário, assim que deitasse poderia deixar a lâmpada acessa para continuar decorando cada detalhe do rosto perfeito. 

Depois de guardar as roupas que trocara na mala e apagar a luz, finalmente se deitou. Teresa não só havia levado um edredom para os dois se cobrirem, como também trocara o lençol. Essa era sua Lisbon, maníaca por controle até nesses momentos. 

Se ajeitando melhor sob o edredom, ele tentou cochilar, mas, por mais que se virasse de um lado para outro, não estava conseguindo. A vontade de jogar os braços em volta dela era demais para que ele conseguisse esvaziar a mente e descansar. 

Decidindo que só havia uma forma de resolver o problema, mesmo que isso o fizesse correr grande risco de levar um tiro no meio da noite, o consultor se aconchegou ao corpo da agente, passando o braço pela cintura dela, o rosto enterrado na parte de trás de seu pescoço, permitindo-se sentir o aroma de canela. Ele pretendia apenas tirar um cochilo. Havia anos que não sabia o que era realmente dormir. Então, na hora que ela fizesse um movimento, por menor que fosse, rapidamente se afastaria e fingiria que nada acontecera. Mas a sensação de tê-la em seus braços pela primeira vez era tão reconfortante que ele logo adormeceu profundamente. 

~.~

A voz de alguém chamando o seu nome e apertando seu braço com muita força foi o que lhe despertou. Nem se lembrava da última vez que havia dormido tão pesado. Abrindo os olhos turvos e encarando do teto do quarto, tentou descobrir onde se encontrava, mas sentia sua cabeça tão pesada de sono que estava tendo certa dificuldade para raciocinar. Quando a o aperto em seu braço esquerdo se tornou ainda mais forte, as lembranças voltaram e ele arregalou os olhos em pânico. 

Havia adormecido enroscado em Lisbon, que, pelo visto, de noite se virara e agora estava com a cabeça em seu peito, as pernas enroscadas nas suas, enquanto o braço que ela apertava estava ao redor da cintura da morena, prendendo-a sobre ele. A julgar pelo tanto que ela estava se mexendo e apertando seu braço, ela tinha acordado. Agora sim, ela lhe daria um tiro, tinha certeza! 

Olhando para baixo com extrema cautela, ficou surpreso ao notar que ela ainda dormia. A face, que antes estava serena, agora se mostrava angustiada. As sobrancelhas estavam franzidas, os lábios crispados e ele podia ver o suor se formando na testa de Teresa. Tentou desembaraçar-se dela, mas isso só fez o aperto da morena em seu braço se tornar ainda mais forte, e, se continuasse assim, deixaria uma marca. Quando a sentiu estremecer e choramingar, teve certeza de que a agente estava tendo um pesadelo, e, apesar da posição em que se encontravam, achou melhor acordá-la. 

“Lisbon?” Tentou chamá-la, mas isso só fez com que ela se agitasse, sem acordar, ficando ainda mais angustiada e começando a deixá-lo assustado. 

Cerrando o braço ainda mais sobre sua cintura, tentou novamente. 

“Teresa olhe para mim, por favor! Teresa!” Chamou o nome dela com desespero, achando que isso a acordaria, mas ela continuou adormecida, agora lutando contra ele, chutando-o com força, gritando algo cuja única parte ele entendera fora ‘Jane ’. 

Desesperado e sem saber o que fazer, ergueu o corpo da cama, levando-a consigo enquanto a sacudia firmemente com a mão livre, e imediatamente dois olhos verdes esmeralda, brilhando de lágrimas e cheios pânico e desespero, lhe encararam. 


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