Uma Noite No Motel escrita por Marina Louise


Capítulo 2
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/754576/chapter/2

                                            Capítulo 2


Patrick permaneceu sentado, observando, totalmente divertido, uma Lisbon furiosa, xingando-o de todos os nomes feios possíveis, pegar da bagagem as roupas para vestir após o banho, uma nécessaire lilás, uma toalha marrom e um pequeno par de chinelos pretos, e caminhar batendo o pé para o banheiro. Ainda conseguiu escutá-la murmurar sob a respiração algo parecido com 'sex appeal a sua bunda’ antes de bater com tanta força a porta que, por um instante, ele achou que ela a quebraria. 


Soltando a risada que estava tentando segurar desde que a vira quase enfartar quando sugerira que tomassem banho juntos, ele se deitou na cama, escutando o barulho de água que vinha do banheiro. Se tinha uma coisa que Jane adorava era fazer Teresa se sentir envergonhada. Ela ficava linda com o rosto corado e os olhos brilhando de raiva. Sem contar que ele amava quando ela ficava toda autoritária com ele. 


Na verdade, havia sido uma luta conseguir convencê-la a vir com ele ao invés de ir dormir em casa. Mas nem morto ele a deixaria ficar sozinha depois do que Red John fizera. Jamais conseguiria esquecer o desespero que sentiu ao receber aquela ligação do serial killer. Ou o medo que tomara conta dele ao entrar naquela casa, encontrar Brett Patridge eviscerado e Lisbon desacordada, com o maldito rosto sorridente desenhado com sangue na sua face tão angelical e bonita. 


Por isso, mais cedo, assim que ela dissera que iria embora para casa, quando ainda estavam em seu sótão, ele imediatamente entrara em pânico. Não tinha a menor ideia de por que Red John havia deixado Teresa viva, mas sabia que agora o psicopata tivera certeza de que ela era seu calcanhar de Aquiles. E não arriscaria, de forma alguma, deixá-la um instante sequer fora de suas vistas. 


Por um segundo, enquanto tentava convencê-la de que o ideal seria que ela ficasse com ele em um local seguro, Patrick achou que teria de hipnotizá-la para fazer o que ele queria, mas, depois de muita chantagem emocional e manipulação, alegando que não conseguiria dormir de preocupação e que jamais se perdoaria se qualquer coisa lhe acontecesse, a morena acabou cedendo sem que ele precisasse recorrer a isso. 


Porém, tinha de admitir, ficara com medo de que Lisbon atirasse nele quando entrou com o carro no estacionamento do primeiro motel que encontrou na rodovia. Teresa estava achando que ele a levaria para algum hotel, mas, como ele havia tentando explicar a ela, calmamente, antes que a agente explodisse de raiva ou o deixasse surdo com todos aqueles gritos, um motel na beira da estrada, que pudessem pagar em dinheiro e em que não precisariam mostrar seus documentos, apenas dar falsos nomes para o recepcionista, era a opção mais segura. Havia gasto praticamente uma hora tentando convencê-la a descer do carro e, por fim, a vencera pelo cansaço. 


Além disso, o lugar não parecia nada ruim. Ele jamais a levaria para uma espelunca. A única coisa que lhe incomodara havia sido o olhar guloso do recepcionista para Lisbon quando foram se registrar. Imediatamente sentira aquela sensação de ciúmes tomando conta de todo o seu peito, e isso foi o suficiente para já ir logo solicitando a chave do melhor quarto que estivesse disponível e pedindo a Teresa que o esperasse por lá enquanto acertava tudo. Graças a Deus ela estava tão cansada que não havia contestado.


O consultor só havia se dado conta de que o motel era do tipo que possuía quartos estilizados quando o bigodudo que lhe atendia perguntara de qual cor eles queriam a roupa de Lisbon e qual a numeração deveria pegar. Aparentemente o pacote pelo qual pagara incluía de brinde um uniforme de garçonete para sua esposa. Levara alguns segundos para responder o homem, não conseguia parar de imaginar a cara da agente ao se deparar com um quarto estilizado. Como não poderia perder essa oportunidade para provocá-la, foi logo dizendo que queria um verde e de tamanho pequeno. 


A expressão de Lisbon, olhando para a cama em formato de sanduíche, quando ele entrou no quarto, seria algo que Patrick guardaria para sempre em seu palácio de memória. Mal podia esperar para lhe contar que até ganharam um uniforme para ela, combinando com o ambiente. Mas a morena estava tão furiosa que resolvera deixar para depois. Se ela saísse mais calma do banheiro, talvez até se arriscasse. 


Levantando-se rapidamente da cama, o consultor caminhou até sua bagagem, que largara ao lado da dela, e pegou o uniforme, retirando-o do embrulho de plástico para dar uma olhada. Seus olhos quase saltaram para fora ao visualizar o tamanho da peça. Isso que era um tremendo ‘P’ de pequeno. Provavelmente não gastaram nem meio metro de tecido para costurar a roupa toda, ponderou, olhando a saia e o topper minúsculos. 


Imediatamente a imagem de uma Lisbon vestindo aqueles míseros pedaços de pano verde esmeralda veio a sua mente, deixando seu corpo em chamas. Ela sempre escondia as coxas grossas e tonificadas com calças jeans e os seios fartos com casacos. Mas se ela usasse aquela roupa, definitivamente ele poderia apreciar cada um dos atributos que tanto lhe tiravam o sono só de imaginar. O comentário que fizera sobre tomar banho com ela não era apenas uma brincadeira, afinal. 


Engolindo em seco, Patrick sentiu seu corpo reagindo aos pensamentos indecentes que estava tendo, e gemeu internamente. Era só o que faltava, preso com uma Teresa furiosa nesse quarto de motel e agora com uma ereção evidente. Ela provavelmente arrancaria sua cabeça se soubesse as coisas que andara imaginando!


Ou talvez não, pensou, lembrando-se do desejo estampado nos olhos da agente quando fizera aquelas sugestões mais cedo. Estava ciente de que amava Teresa, e que ela correspondia aos seus sentimentos, mas a morena ainda não tinha se dado conta do quanto e como ele a desejava. E ele sempre lutou para que as coisas permanecessem assim. Mas a cada dia se tornava mais difícil manter-se afastado dela. E Jane não tinha ideia de quanto tempo conseguiria resistir, ainda mais com ela estando tão perto de seu alcance. 


Fechando os olhos, Patrick começou a usar suas técnicas de Feedback para acalmar o corpo antes que ela saísse do banho, mas não estava tendo o resultado que queria. 


“O banheiro é todo seu.” A voz de Lisbon às suas costas o fez tomar um tremendo susto, e rapidamente ele se abaixou, enfiando o uniforme de garçonete de qualquer jeito dentro da bolsa de viagem para que ela não visse. 


“Você está bem, Jane?” Teresa perguntou, desconfiada. 


“Claro que sim.” Ele respirou fundo antes de levantar e se virar na direção dela, e, quando a viu, teve de fazer um esforço hercúleo para conter um gemido. 


Lisbon estava vestida com a sua velha camisa, de um dos times de Chicago, com o número 99 na frente, e que ele sabia, tinha o nome dela nas costas. Era a mesma camisa que ela usara quando eles armaram para o Dr. Roy Carmen, e que desde aquela época o deixava maluco. Assim como da última vez que a vira com aquela roupa, havia uma enorme porção de pele macia e sedosa das pernas bem torneadas exposta, e, apesar de ter certeza de que ela estava usando um short por baixo, a peça era tão curta que estava sendo totalmente ocultada pela blusa. 


Só imaginar o quão suave deveria ser correr as mãos por aquelas coxas leitosas foi o suficiente para fazer a maior parte do sangue de seu corpo se desviar totalmente outra vez para seus países baixos, e ele lutou novamente para conter um gemido quando sua excitação aumentou ainda mais. 


“Você está tão esquisito.” Teresa franziu o cenho, analisando seu rosto. “O que foi que você aprontou agora?” Ela questionou, já na defensiva. 


“Eu não fiz nada!” Agora ele estava se sentindo ofendido, até nos momentos em que ele se comportava bem ela suspeitava dele? “Eu só estou cansado.” E muito excitado, adicionou mentalmente. 


“Bom.” Apesar da resposta, ela lhe lançou um olhar ainda desconfiado antes de caminhar até onde ele estava para guardar as roupas usadas dentro da bolsa de viagem. 


Assim que ela parou do seu lado, se agachando para abrir o zíper da bagagem, seu olfato foi preenchido pelo maravilhoso cheiro de canela que tanto amava. O aroma inebriante o deixou zonzo por um momento, mas antes que ela pudesse olhar para cima e se dar conta do estado em que ele se encontrava, Patrick rapidamente pegou sua própria bolsa de viagem do chão e foi praticamente correndo até a cama, depositando-a em cima de colchão de forma que tampasse a frente de sua calça. 


“Deixei minha nécessaire em cima da bancada. Meu sabonete está lá dentro, caso você queira usá-lo.” A morena ofereceu humildemente, parando de mexer na bolsa por um instante para olhá-lo. Obviamente ela estava pensando em seu bem estar, e não tinha a menor ideia de que o estava atiçando ainda mais com tal oferecimento. 


“Também trouxe pasta de dentes, uma escova de dentes reserva e mais uma toalha, caso você precise.” As faces de Lisbon coraram ao dizer isso, e ela rapidamente voltou a vasculhar o conteúdo que levara, como se o fosse a coisa mais interessante do mundo. 


O consultor sentiu a garganta apertar e seus olhos marejarem. A última pessoa que havia se preocupado com tais coisas por ele tinha sido Angela. E ver Lisbon tendo a mesma atitude carinhosa o estava emocionando mais do que gostaria de admitir. Estava se sentindo amado e cuidado por ela, e havia anos que não se sentia assim. 


“Obrigado, Teresa.” Agradeceu com a voz embargada. “A escova de dente e o sabonete eu tenho.” Ele tirou os utensílios de higiene do bolso lateral da mala. “Mas vou aceitar a toalha.” Acrescentou com um pequeno sorriso na face. 


“Claro.” Ela procurou por alguns instantes, e, em seguida, jogou uma toalha cinza em sua direção, ostentando um sorriso acanhado. 


Terminando de pegar suas coisas, o loiro colocou sua bagagem no chão, ao lado da cama, e fez rapidamente o caminho para o banheiro, trancando a porta ao entrar. Definitivamente precisaria de um longo e gelado banho para esfriar seu corpo, pensou, soltando um suspiro enquanto encarava o volume visível em sua calça. Passar essa noite dormindo ao lado de Lisbon seria sua morte, agora tinha certeza. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Noite No Motel" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.