P.O.V. Daniel.

Quando eu falei com ela e ela não se lembrou de mim, não sabia quem eu era fiquei confuso, mas a minha confusão acabou quando outra Lucy entrou pelo salão acompanhando a Lady Fraiser.

—São duas. São duas Lucys.

Todos olharam atônitos.

—Caramba!

Elas se aproximaram.

—Somos irmãs?

—É um pouco mais complicado que isso.

Ela tentou tocar a outra.

—Não! Não me rela. A gente não pode fazer contato físico.

—Porque?

—Porque somos a mesma alma.

—Como isso é possível?

—Essa é uma... longa, longa história.

—Nem ao menos vai tentar explicar?

—Vou. Dá a mão ai.

—Não era proibido fazermos contato físico?

—Você quer saber ou não quer?

P.O.V. Lucy de antigamente.

Nós demos as mãos e eu ouvia outros pensamentos além dos meus próprios.

—O que é isso?

—Eu não tenho tempo pra explicar. Estamos as duas dividindo o mesmo corpo, o que está prestes a ver são as memórias de uma versão de você que vai nascer daqui a alguns séculos e de algumas que já morreram.

Eu comecei a ver coisas. Anjos, o demônio, Deus. Uma guerra no céu.

—Eu tenho que voltar pro meu corpo agora antes dele sofrer morte cerebral.

Logo estou sozinha no meu corpo novamente.

P.O.V. Lucy Price.

Eu respirei e meus pulmões doeram. Eu levantei todos a minha volta completamente atônitos.

—Bruxa!

Eu não estava ouvindo os xingamentos e as acusações. Eu peguei na mão dele, sorri pra ele.

—Vai ficar tudo bem. Não sofra mais meu anjo. Eu morreria mil vezes e mataria mil vezes mas não por eles, por essa gentinha eu não podia estar mais pouco me importando para Deus, para o Diabo e pra merda da maldição. Não, não por eles, mas por você. Por você Daniel.

Eu abracei ele e comecei a cantar, eu estava cantando a música do Titanic.

—O verdadeiro amor prevalece. E o universo que se dane.

Nós começamos a dançar chocando todos os presentes, bom quase todos.

—Uma criada que sabe dançar?! Bruxa!

—Nossa, a nova versão de mim sabe dançar.

Quando a música acabou estávamos os dois chorando.

—Você sempre vai estar no meu coração Daniel. Eu te amo.

—Guardas! Guardas! Prendam a criada Lucinda!

—Não!

—Luska!

—Não! Se vai prender ela, vai ter que me prender também! Ela salvou a minha vida. Podia ter me deixado morrer, mas não deixou.

Eles me julgaram culpada de bruxaria e me amarraram numa pira.

—Suas últimas palavras?

—Você vai pro inferno. Criminoso! Assassino!

Ele me deu um tapa na cara e eu cuspi na cara dele. O executor acendeu a pira e eu comecei a recitar o feitiço.

—Phesmathos Modest Incendiamos.

As chamas foram se abrindo não pegaram em mim. A multidão que antes gritava se calou. Ficou um silêncio ensurdecedor. E logo as chamas apagaram.

—Uau! Acho que essa foi a primeira vez que os inquisidores tapados pegaram uma bruxa de verdade ou quase isso. Agora inquisidor, tire-me daqui.

Ele fez o que eu mandei. E eu enfiei um caco de vidro na carótida dele sugando seu sangue até ele morrer.

—Minhas cicatrizes se foram e estou completamente curada. Agora todos menos os anjos e a Lucy vão esquecer completamente deste ocorrido, do julgamento e da condenação. Eu nunca fui acusada de bruxaria.

Eu desci da pira enquanto o controle mental fazia efeito.

—Como você fez aquilo Lucy?

—Eu sou uma serva da natureza. Uma bruxa.

Sussurrei no ouvido de Daniel.

—Lucy você foi incrível.

—Obrigado Ariane.

—Quem diria que você conseguiria fazer algo assim? Eu não.

—Obviamente que não, não é mesmo Cambriel?

—Foi inacreditável Luce.

—Agora eu quero ir pra casa e dormir por algumas semanas. E você antiga versão de mim, não subestime seu poder jamais.

—As duas Lucy são...

—É. Você é mais poderosa do que imagina e eles tem medo que você descubra.