Equinox escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 32
Capítulo 112


Notas iniciais do capítulo

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Capítulo 112

4 de Maio de 2008

  Acordo com uma forte dor de cabeça e uma intensa náusea, um mal-estar geral que me faz sentir esquisita. Esme não estava no meu quarto porque hoje é sábado e ela não vem me acordar por isso me deixou dormir até mais tarde. Então, chamo por ela:

— Mamãe!

Antes que eu chame novamente ela já está na minha frente:

— Sim querida, o que houve? – ela vem para perto de mim.

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— Eu não estou me sentindo bem...

  Mas é claro que ela já havia percebido em meus olhos que havia algo errado com a minha saúde. A minha voz também estava diferente, e isso confirmava a sua suspeita. Eu estou com uma leve dor de garganta também.

  Não preciso dizer mais nada e ela já compreende e imediatamente está pondo as mãos sobre minha testa, bochecha e pescoço para verificar minha temperatura. Eu me esforço para não me mover quando suas mãos geladas, mais do que de costume, tocam meu rosto. Talvez eu tenha sentido a diferença ainda mais porque estou mesmo doente.

— Meu Deus querida! Você está ardendo de febre – ela nem parece se incomodar em clamar pelo Senhor, nesse caso é totalmente verdade, não é tomar em vão Seu nome. - Carlisle já deve estar chegando, se não eu a levaria para o hospital agora mesmo.

  Posso imaginar o quanto ela está preocupada porque meu irmão Edward morreu por causa de uma gripe. Claro que uma gripe comum nem se compara com a gripe espanhola, mas o vírus influenza é da mesma ’família’.

  No meu caso deve ser uma gripe comum, dessas que a gente pega todo ano e pode se recuperar. E se não fosse, meus pais acredito que não iriam me deixar perecer. Pena que o vírus sofre mutação e a imunidade adquirida em um ano não vale mais para o próximo e a cada ano parece que a enfermidade fica mais forte, quase a ponto de matar. E normalmente algumas pessoas morrem em decorrência das complicações causadas pela doença. Em geral idosos e doentes crônicos que são alguns dos alvos das campanhas de vacinação contra a gripe.

  E nós que não estamos num grupo considerado de risco, somos obrigados a passar por isso. Se nós morrermos não importa muito para o governo. Eles querem nos matar proibindo que recebamos a vacina. (podemos, mas tem de pagar. E quem não pode? Os pobres que morram?!) É assim, quem gostaria de tomar – eu, por exemplo; a picadinha da injeção vale a pena suportar para evitar ter a doença- não pode e muitos dos grupos prioritários não comparecem aos postos de saúde. Eu vejo as notícias na televisão e fico indignada, ultrajada. Essas pessoas que não foram tomar a vacina não parecem ter amor à própria vida e não entendem que a gripe pode ter mesmo complicações e se estão nos grupos considerados prioridade não é por acaso, são os mais vulneráveis de acordo com especialistas da área de medicina.

— Não fique preocupada filha – Esme diz ao me ver nervosa por causa de sua aflição. Ela pensa que eu tenho medo por minha causa apenas, também fico apreensiva por minha causa é claro, mas é principalmente com ela que me preocupo. – Nós perceberíamos se você corresse risco de... – ela não consegue falar, mas nem precisa; eu sei o que ela quis dizer. Não quero que ela sofra só por pensar em me ver morrer. - Carlisle percebeu quando Edward iria partir e pode fazer o mesmo com você se for necessário, pois uma pessoa nesse momento produz um cheiro característico. - Ela se concentra e conclui. - Eu posso sentir.

Sei o que ela quis dizer: o cheiro da morte. Uma pessoa agonizando tem um odor diferente das outras.

— Mãe, eu tenho medo. Não quero morrer. Sou nova, não mereço.

  Esme senta na cama e me puxa para seu colo.

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— Nós não vamos permitir, querida. Fique tranquila.

  Eu vou confiar neles, eu sei que eles saberão se for mais grave do que apenas uma gripe comum. Eu não poderia fazer outra coisa mesmo. Não gosto de ficar assim, mas que escolha eu tenho? Ainda sou humana, vai ser bom ser vampira para não ficar doente nunca mais. Eu estou vendo como mamãe está e não gosto de vê-la assim. Não quero mais fazê-la sofrer; se eu puder evitar vou evitar.

— Papai ainda vai demorar muito, mamãe?

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— Não minha filha, ele já deve estar voltando para casa nesse momento. Você está com fome, meu amor?

— Não tenho vontade de comer.

— Você precisa comer para ficar forte e ajudar seu corpo a combater o vírus. Quer alguma coisa específica?  Alguma coisa diferente pode abrir seu apetite.

— Não, mãe. O que tem para o café?

— Um bolo de chocolate com baunilha que eu fiz ontem, sei que você gosta de baunilha. E posso trazer um chá para você – ela diz se levantando, tão cuidadosamente que eu nem percebi.

Ela faz comida muito bem, mesmo sem poder comer.

— Aceito um pedaço do bolo e uma xícara de café com leite.

— Trago tudo em cinco minutos.

Esme se inclina sobre a cama e me dá um beijo na testa depois sai do quarto.

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...XXX...

 

  Mamãe traz tudo numa bandeja para mim, eu me sento na cama e ela coloca sobre meu colo.

— Obrigada, mãe – agradeço. Quero que ela saiba o quanto sou grata a ela, por tudo. Por existir.

Eu me esforço para engolir um bocado. Se eu estivesse sã eu iria gostar, pois baunilha é o meu sabor preferido, Esme sabe disso. Mas quando estamos doentes perdemos essa sensação do paladar e a comida perde o gosto.

— De nada, meu bem.

— Agradeço por tudo que você fez por mim. Agradeço por você existir e ser assim do jeito que você é, mãe – sei que também tenho que agradecer papai por ter transformado ela. Embora eu imagine que para ele foi um prazer. Ele se sente muito honrado de que Esme tenha aceitado ficar ao seu lado.

— Oh sweetie, isso não é uma despedida. Você ainda vai viver muitos anos. Ficaremos juntas para sempre querida. Eu prometi, lembra?

— Sim, mãe. Eu lembro. Não estou duvidando da sua promessa, mas eu não acho que eu vá sobreviver até lá – abaixo a cabeça.

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— Querida! Se você tiver algum problema eu só terei que fazer isso um pouco antes do previsto. Mas eu vou fazer, de qualquer forma.

— Eu acredito e confio em você, mãe. Eu sei que você não me decepcionaria.

— Então não fique assim, com esse medo bobo, Carol.

— Só me resta esperar e é isso que eu vou fazer.

— Meus amores – a voz de Carlisle na porta do quarto me faz voltar a cabeça para lá tão rápido que quase fico tonta.

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Eu não percebi seu carro chegando em casa e nem a porta da sala se abrindo. O motor do carro é silencioso e a porta nem range, então eu não poderia ter percebido de qualquer forma. Apenas Esme pode, pois sentiu o perfume dele. Eu só sentiria a presença de Carlisle se eu também fosse uma vampira. Mas se eu fosse uma vampira não estaria acamada.

Esme vai até o encontro de papai e os dois trocam um rápido beijo.

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  Carlisle percebe a aflição no olhar da esposa.

— Querido, que bom que você chegou!

— O que foi, mon amour?

  Papai falando francês até mesmo nesse contexto é muito fofo que me deixa extasiada. A família da mamãe é de origem francesa. O nome dela deixa evidente isso. Os avós dela vieram de lá, embora ela tenha nascido já nos Estados Unidos tem sangue europeu nas veias (como eu)... Quer dizer, tinha.

  Carlisle e Esme provam que ingleses e franceses podem sim se dar bem, quem disse que não? Os dois têm origem nos dois lados do Canal da Mancha - embora papai tenha nascido na Inglaterra mesmo, mas eles se conheceram no Novo Mundo há quase 100 anos. Essa história de amor é tão linda! Não vou me cansar nunca e quero viver para sempre na sombra desse amor.

— Carol não está bem.

— Já percebi – ele olha para mim.

  Carlisle vem até a cama onde eu estou convalescendo e me examina. Assim como Esme fez antes ele coloca a mão sobre minha fronte. Segura minha mão (o que ele nem precisava ter feito) e percebe minha pulsação.

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Fico inquieta e penso: Será que eu estou cheirando mal? Ou é apenas a prática de meu pai de muitos anos exercendo a medicina?

  Ele percebe minha expressão angustiada:

— Não se preocupe você vai ficar bem logo, filha – ele toca meu queixo gentilmente.

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— Papai, eu... – não sei como perguntar para ele o que eu quero saber. – Eu estou cheirando mal?

— Não, querida. Eu sei devido aos anos de prática, não é nada com você. Esse cheiro é igual em todos os pacientes que tem gripe.

— Eu não estou cheirando como o Edward estava? – tento evitar, mas o terror na minha voz fica evidente.

  Carlisle olha para Esme rapidamente e compreende que a esposa deve ter me falado sobre meu irmão.

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  Foi tão rápido que mal pude perceber a censura de papai para mamãe por ter me assustado dessa forma, ela me disse a verdade que eu tinha direito de saber e ela vai fazer o que for preciso para me salvar. Se tiver que me morder, ela morderá. Se eu estiver tão fraca para tomar, pois não quero que ela sofra desnecessariamente se eu posso evitar. Ela pode me dar uma injeção se for o caso, assim como Edward deu para Bella.

— Não se preocupe querida, se você tivesse esse cheiro eu iria perceber.

— Só você conhece esse aroma e a mamãe não?

— Acho que até ela poderia perceber se você corresse esse risco. Mas não é esse o caso, fique tranquila, filha.

— Eu me sinto tão mal, pai!

— Já tomou algum remédio, querida?

— Não, eu não dei nenhum medicamento para ela ainda – responde Esme antes que eu pudesse falar. Ao menos nisso ela agiu certo e se redime.

— Nem chá? – pede Carlisle para ter certeza sobre qual tratamento me dar.

— Não – mamãe informa.

— Eu comi um pedaço de bolo e tomei café com leite – olho de relance para a bandeja ainda sobre o criado mudo ao lado da cama.

  Esme entende errado, como se ela tivesse sido desleixada e eu estivesse avisando, mas não era nada disso; e leva a louça para a cozinha. Numa fração de segundo ela já está de volta:

— Desculpe – pede envergonhada.

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— Não precisa se desculpar por isso, amour— diz Carlisle.

  O sotaque inglês quando ele fala francês é muito lindo! Aliás, ele todo é lindo, e gentil, e bom, e compreensivo, e carinhoso... Não existe outra pessoa tão magnânima como ele. Quer dizer, existe sim, mamãe. Ela é maravilhosa também. Eles dois juntos é a quintessência da bondade. Celestial. Sublime.

— Mãe, eu não me referia a louça em si, nem ao fato de ela estar aqui em cima. Só quis ilustrar o que disse para papai.

— Eu sei, sweetie. Mas de qualquer maneira eu teria que levar, então já levei. E lavei.

— Você já lavou? – ainda me assombro às vezes com a rapidez deles.

  Quero virar vampira logo para ser tão veloz quanto eles. Qual a vantagem de ser humana? Nenhuma. Estou doente e posso morrer, isso não é nenhuma vantagem. Eles não acreditam que vampiros não têm alma como Edward, acreditam?

— Sim, querida. Você sabe que eu sou assim.

— Ainda me surpreendo e fico fascinada, quero ser veloz assim. Não tem vantagem ser humana, pelo contrário, posso ficar doente se permanecer humana. Até morrer. Ou envelhecer e morrer. De qualquer maneira o final é sempre o mesmo. Será mesmo o final? Não quero esperar para ver, quero me tornar imortal aqui. Não tenho garantia do depois.

— Criança, nós não morremos porque já estamos mortos – me diz Carlisle.

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— Fico preocupada também se passo para vocês essa gripe. Fiquem longe de mim... Não quero que adoeçam por minha causa – começo a tossir.

— Não se preocupe, querida, nós não ficamos doentes nosso corpo é à prova de microorganismos como vírus, bactérias e protozoários que podem causar enfermidades – explica papai.

...XXX...

 


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