Equinox escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 24
Capítulo 104


Notas iniciais do capítulo

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Capítulo 104

03 de fevereiro de 2008

Hoje vamos voltar para nossa casa no Paraná e por isso Esme me ajuda a arrumar minha mala enquanto Carlisle espera por nós na sala. Em poucos minutos estamos prontas, pois mamãe guarda minhas roupas na bagagem mais depressa do que eu imaginava que fosse possível. Bem, eu demoraria minutos para fazer a mesma coisa. Ela é rápida!

Papai nos recebe animado quando nos vê chegando:

— Prontas para voltar para casa?

— Sim – respondemos juntas mamãe e eu.

Vamos até a praia pegar o barco que está atracado no píer. Carlisle pega as malas e coloca dentro da embarcação enquanto Esme me ajuda a entrar na lancha.

Papai dirige tão rápido, mas eu não me sinto enjoada nem me revirar o estômago. Eu fiquei preocupada por que eu me sentia mal às vezes quando viajava de carro, no entanto não há qualquer balanço da lancha. Ela está estável e apenas segue o curso que Carlisle lhe imprime se movendo para frente em linha reta como se estivesse em uma superfície plana como asfalto. Parece que eu estou na Mercedes em terra  firme e não em um barco no mar.

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Em apenas duas horas chegamos ao Rio de Janeiro (para ir levamos aproximadamente quatro) e atracamos no lugar reservado na Marina da Glória, deixando a lancha para os empregados, pois esse é o único meio de chegar até a ilha. – Bem, não o único, dá para ir de helicóptero. O que me faz pensar em como eles conseguiram chegar lá depois que eu e Esme levamos o barco. Será que eles pegaram outro emprestado? É possível.

Mamãe deve ter trazido o barco de volta mais tarde quando ela precisou vir ao continente para caçar (onde será que ela foi? Na floresta da Tijuca?), mas e como ela voltou pra ilha depois? Ela nadou? Provavelmente. - Vampiros gostam de nadar, bem, não tem que subir a tona para respirar e eles gostam de qualquer tipo de velocidade. Amamos correr, seja no mar ou em terra seca.

Mas eu nem percebi roupa molhada nem nada. Claro que ela teria o cuidado de se trocar antes de me abraçar.

— Mãe.

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— Sim – ela vira para mim surpresa, pois eu não disse nada durante todo o trajeto.

Em parte eu tinha receio de que isso pudesse provocar ânsia então mantive a boca bem fechada e os dentes quase trincados. Eu nunca tive mesmo necessidade de falar preenchendo cada momento de silêncio com tagarelice (nisso pareço muito com minha irmã Bella). Gosto de pensar e o silêncio é mais favorável. A imensidão do oceano também ajudou e eu quase me esqueci de onde estava.

— Como você conseguiu voltar para ilha se deixou o barco aqui?

— Eu nadei – ela responde entendendo a que me refiro e em um tom de voz baixo para as outras pessoas não ouvirem nossa conversa, porém alto o suficiente para que eu ouça.

— Ah! – foi o que eu pensei, mas eu queria saber dela.

Carlisle chama um táxi para nos levar até o aeroporto Santos Dumont. (Hoje eu sei que minha família tem condições de fretar um jato particular, como às vezes faz, mas nesse dia papai não julgou necessário. Ele e Esme estavam bem alimentados, pois foram caçar ontem, e mesmo se não estivessem não seria problema ficar perto de tantas pessoas. Eles vem treinando a habilidade há muito tempo, o suficiente para garantir a segurança dos humanos que não sabem o que eles são. Passamos despercebidos como tem que ser.)

Compramos as passagens e aguardamos nosso avião chegar sentados nos bancos do saguão do aeroporto. Nós vamos pegar um voo para Foz do Iguaçu e de lá voltaremos para nossa casa com o carro de papai que está lá no estacionamento do aeroporto Internacional.

Depois de amanhã é Carnaval por isso a ‘cidade maravilhosa’ está agitada, e por esse motivo também minhas aulas recomeçam apenas segunda-feira da semana que vem.

...XXX...

4 de fevereiro de 2008

Hoje fomos até o consultório do oftalmologista amigo de Carlisle. Esme foi comigo na consulta. Papai queria ter nos acompanhado, principalmente devido ao incidente que aconteceu ano passado quando estávamos saindo do consultório do dentista, e dois rapazes nos abordaram querendo mais do que fotos do carro.

Esse era apenas o pretexto deles, se eles percebessem que éramos indefesas os dois marmanjos iriam partir para cima de nós, mas eles perceberam que não seria assim tão fácil. Esme os espantou com o olhar e os canalhas covardes fugiram, ela não iria permitir que eles me fizessem qualquer mal. E nem ela seria uma presa fácil para eles dois. Foram embora com o ‘rabo entre as patas’.

Foi por pouco.

Papai queria ir para nos proteger, mas não podia faltar no hospital. Ele poderia ter pedido licença para hoje, mas Carlisle conclui, após refletir que mamãe poderia lidar com a situação novamente se ocorresse algo parecido.

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É mesmo muito triste que não se possa ser menina ou moça e andar sozinha normalmente por aí sem que algum ‘homem’ venha se engraçar. Não temos nem o direito de ir e vir? Está escrito na Constituição! Não temos a liberdade de ir onde precisamos sem estarmos acompanhadas, pois sempre tememos ser abordadas. Os homens não têm que se preocupar com isso. Isso não é justo! Eles não sabem como é porque não tem de pensar nisso quando saem.

Não importa a roupa que estamos vestindo, isso é irrelevante. O fato de sermos mulheres, a biologia, a constituição física já nos expõem e denuncia. Não faz diferença se estivermos de burka ou calça jeans e camiseta. Por que a natureza nos fez mais fracas? Isso não é justo! Na verdade, os homens é que não deveriam se prevalecer da força para nos coagir.

Como a consulta seria apenas às duas horas da tarde, papai pode voltar para casa como se fosse almoçar e depois ele nos levaria até o endereço de carro – mais seguro do que andar a pé para duas mulheres 'indefesas'. ao menos é o que parece para quem nos vê. 

Após a consulta eu e Esme iríamos comprar meus óculos e depois voltaríamos para casa a pé –mesmo sendo menos seguro, mas Esme não é frágil como aparenta e protege a mim e a si mesma. Mamãe é pequena -nem tanto ela tem 1,75 m de altura, quase o mesmo que eu-, mas é forte. Não deixe a aparência te enganar. Ela sabe ser agressiva quando necessário. Não mexa com seus filhos que ela vira um a fera, uma tigresa. E eu sou sua filhotinha.

Quando chegamos ao consultório tivemos que aguardar alguns minutos e nos sentamos no sofá da recepção, pois ainda era cedo e o doutor não havia chegado. Nada de mais, nós que quisemos vir antes da hora marcada, a consulta iria ocorrer apenas dali a 20 minutos.

Enquanto esperava folheei uma das revistas disponíveis para leitura dos pacientes. Esme também pegou uma revista e Carlisle abriu um jornal. Ambos estavam lendo tão concentrados parecia para qualquer pessoa que os visse, mas eu sabia que eles também estavam atentos a tudo que acontecia ao nosso redor.

Vampiros tem essa capacidade de prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo. isso para mim será difícil, pois poderei me distrair com muita facilidade, ainda mais do que agora que ainda sou humana. preciso me concentrar para manter o foco.

Não demorou muito e o médico chegou e nos cumprimentou ao passar. Logo que entrou em seu escritório, chamou meu nome. Eu me levantei prontamente e mamãe também.

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Ela e papai se despedem com um beijo rápido e depois mamãe me acompanha até a sala que indica a recepcionista.

Lá o doutor nos recebe e pede para que eu me sente em uma poltrona e coloque meu rosto em um tipo de binóculo que ele arruma diante de meus olhos. Através das lentes eu digo se consigo enxergar ou não.

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Nesse teste eu via uma casa longe e conforme trocava a lente eu enxergava melhor ou pior. Eu pensava que faríamos aquele exame que a gente vê nos filmes os personagem terem que ler um quadro com letras que diminuem de tamanho conforme a linha de cima para baixo.

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Tive que fazer esse exame também, mas para confirmar o grau da lente que eu terei de usar. Não vi nenhum cartaz na parede com as letras, no entanto foram projetadas na parede branca do consultório. Quanta tecnologia! Por isso que o médico apagou a luz.

No escuro eu fiquei ainda mais consciente da presença de Esme. Inacreditável que isso pudesse ser possível.Não era medo, não posso ter medo dela, eu a amo, sei disso racionalmente, mas às vezes o instinto predomina. Para meu alívio Esme não pareceu perceber, se percebeu ela não ficou magoada. isso me deixaria ainda mais irritada comigo mesma.

Não sei porque meus pais preferiram que eu fizesse o exame se eu logo vou me tornar uma vampira e não precisarei mais óculos – ao menos eu não vi nenhum de meus irmãos precisar usar. Vou perguntar para mamãe quando estivermos sozinhas e não houver perigo de ninguém ouvir nossa conversa.

Independentemente se vou precisar dele ou não ano que vem – tenho uma forte suspeita de que não será mais necessário, eu pretendo continuar usando para parecer mais humana. Apesar da cor dos olhos indiscreta e ainda por cima mudando de cor do dourado-castanho ao preto e vice-versa. Com certeza isso chama a atenção, mas nenhuma pessoa questiona, por medo de perguntar e da nossa reação, provavelmente.

Talvez Esme e Carlisle tenham pensado que eu não posso ficar sem ver direito justamente no último ano do colégio. Eu tenho que tirar boas notas para não reprovar e conseguir o que eu mais quero: meu prêmio, a tão desejada imortalidade. Mas não apenas por isso, terei uma família amorosa para sempre. Serei a menina mais feliz do mundo! Eu sou, mas serei eternamente.

Se não for mais necessário usar óculos (vampiros têm visão perfeita e as lentes mais incomodam do que ajudam), ainda poderei usar sem as lentes, apenas com uma película aparentando ser acrílico ou apenas com vidro sem grau apenas para parecer ser humana e normal.

Depois que o médico aplicou o colírio em meus olhos (para medir a pressão intra ocular também) não consegui mais enxergar muito sem os óculos. Ver eu vejo sim, mas tudo pouco nítido, desfocado, como através de vidro embaçado ou como se eu estivesse no fundo de um lago. Só enxergo bem definido o que está bem perto do meu rosto, e, por conseguinte dos meus olhos.

No início foi difícil me acostumar com a visão turva. Eu não enxergava tão mal assim, parece que o remédio deixou ainda mais intenso o problema. Porém não foi o medicamento que me fez ficar assim, eu já tinha dificuldade para ver de longe e foi necessário para tratar como era devido.

Meus olhos já não enxergavam com nitidez objetos muito afastados como a lousa, por exemplo, e isso que eu sempre gostei de me sentar na primeira carteira. Não gosto de ficar perto dos alunos bagunceiros da turma do fundão. Sempre fiquei indignada quando o professor tinha que parar a aula para pedir silêncio, devido as conversas paralelas, se querem conversar vão lá fora.

A sala de aula é lugar de aprender e se aprende melhor com ambiente quieto. Não se tocavam que assim desse jeito eles atrapalhavam quem queria estudar. Eu tinha que me esforçar para conseguir identificar as letras escritas, mas eu não tive dor de cabeça por causa disso, nem cansaço visual ou algo parecido. Para mim estava tudo bem, eu iria demorar anos para perceber que precisava usar óculos se o professor não tivesse notado e me dito.

Ao final da consulta o resultado do meu diagnóstico foi que eu preciso lentes de 3 graus em ambos os olhos. O médico me disse que eu poderia usar lentes caso desejasse, mas eu prefiro usar óculos mesmo. Eu gosto da praticidade deles e também porque eu poderia perder as lentes de contato do jeito que eu sou. Se eu tivesse as orelhas furadas eu também teria receio de perder os brincos, assim como sempre tive a preocupação com o colar.

Ele também disse que meu caso era genético por que eu sou muito nova ainda. Quando o médico disse isso percebeu que Esme não é minha mãe biológica, mas ela sabe de tudo que precisa sobre mim. Carlisle é medico e provavelmente já sabia que eu poderia ter algum problema de visão. E também como vampiros os dois podem saber até mesmo antes que eu tome consciência se há algo errado comigo ou estou doente.

Talvez seja porque eu nasci prematura? Mas porque não apareceu antes?

...XXX...


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