Equinox escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 17
Capítulo 97




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/753346/chapter/17

8 de janeiro de 2008

 Esme continua contando como sua vida humana chegou ao fim:

 ‘Porém eu senti que alguém me encontrou e me ergueu do chão. Cuidadosamente, mas eu senti muita dor. Acho que todos os ossos do meu corpo estavam quebrados.

 “Deixa ela, George. Ela está morta. Ou não vai demorar para morrer. Deixemos ela, George.”

“Não posso, Johnny. Vou levá-la para o hospital e fazer o que minha consciência manda.”

“Você e seus escrúpulos, George! Deixe ela, não vê que ela pulou?”

“E se alguém a empurrou?”

“Aí é um assassinato, não vamos nos meter nisso.”

“Você não está metido nisso, John. Faça o que quiser. Me abandone, mas eu não posso deixá-la.”

“Você vai me trocar por uma estranha?”

“Sabe que não é isso John.”

“Tudo bem, George, vamos levá-la ao hospital. Mas o que quer que tenha acontecido, suicídio ou assassinato, vai dar certo. Ela não tem chance de sobreviver.”

“Certo, John. Mas eu quero saber que eu fiz o que pude, assim poderei dormir em paz.”

“Está bem, George. Eu sou seu amigo e não vou deixar você sozinho nessa. Aliás, dois homens têm mais credibilidade que apenas um. Podem acusar você de assassino e eu não quero que isso aconteça.”

“Mas eu só quero ajudar a moça! É um dever de qualquer bom cidadão.”

“Ah meu bom e inocente George! Nem todo mundo tem seu bom coração, nem sua ingenuidade. Nem todo mundo não vê a maldade nos outros. Você precisa ser protegido, é um tesouro ser seu amigo e eu não vou deixar que nada de mal lhe aconteça.”

“Obrigado Johnny!”

‘Os dois homens me levaram para o hospital da vila que ficava a poucas milhas de distancia dali. O médico e as enfermeiras ao me verem foram categóricos e me mandaram direto para o necrotério sem nem se dar ao trabalho de me examinarem. Era visível que eles já não poderiam fazer mais nada para me salvar. Eu não fiquei zangada com eles, pois eu sabia bem o que eu queria quando pulei daquele abismo. Fiquei com pena deles até, eles não mereciam me ver naquele estado lamentável, mas hoje eu sei, Carlisle me explicou que faz parte da profissão estar preparados para enfrentar a morte.

‘Mais tarde meu marido ouviria que eu coração ainda batia e me transformaria em vampira, mas primeiro ele sentiu meu cheiro e foi atraído pela fragrância familiar, claro. Ele já conhecia aquele aroma e não poderia estar enganado, embora no fundo do coração desejasse que de alguma forma pudesse estar errado. Ele queria que seu sentido apurado estivesse confundido. Que não fosse eu que estivesse ali naquele lugar.

‘Meu perfume estava um pouco diferente por causa do cheiro de muito sangue e da minha morte iminente. Carlisle não queria acreditar que aquela menina tão alegre, jovial que eu era quando ele me conheceu dez anos antes, havia chegado àquele fim trágico. Ele preferia estar enganado ou que fosse uma alucinação da sua cabeça. Meu marido se aproximou vagarosamente da maca de que provinha meu cheiro e levantou o lençol.

‘Carlisle ficou estarrecido com o que viu, ele me disse que foi a cena mais difícil e horrível de todos os anos em que ele exerceu a medicina. Aquela imagem sempre ficará no fundo da sua memória, isso porque a memória de nós vampiros é perfeita. Eu não gostaria que ele lembrasse, mas é claro que ele lembra perfeitamente. Porém eu sei que meu marido fica melhor ao saber que ele me salvou e eu estou aqui graças a ele.

‘Ele já deveria estar acostumado com isso depois de tantos anos, mas não era bem assim. Eu não era apenas mais uma, mas uma pessoa que ele conheceu antes e ele não sabia ainda conscientemente, mas inconscientemente, que ele tinha sentimentos por mim. Ele recuou um passo e se ajoelhou ao lado da maca, quase chorando. Não acreditava no que seus olhos estavam vendo. Aquela mulher não era eu, deveria ser alguma outra parecida comigo. Mas, era sem dúvida eu, porque o cheiro não poderia ser tão parecido. – ela olha para mim.

Eu estou emocionada imaginando a dor que Carlisle sentiu naquela hora e luto para não chorar, o bolo na garganta é imenso que parece que vai me derrotar. Mas a história vai ter um final feliz em breve.

— Até mesmo você que é parecida comigo, querida, não tem o mesmo cheiro. Cada pessoa tem seu perfume.

‘Mas voltando para a minha história, agora você sabe que é o desfecho. O final feliz – ela diz como se tivesse lido minha mente e eu levanto a cabeça espantada. Ou ela só disse isso porque esse é apenas o final e ela sabe como eu sei, só isso.

‘Carlisle não acreditava no que seus olhos estavam vendo. “Meu amor!” ele sussurrou em meio aos soluços que substituíam as lágrimas que não podia mais derramar. Meu marido não havia admitido ainda para si mesmo, mas agora ele percebeu o quanto ele me queria:

“Oh Esme! Esme não. Ela não” – disse meu marido agoniado, eu queria levantar e acalmá-lo e dizer que eu sempre o amei desde que o vi a primeira vez. Ele me ama também e isso é maravilhoso! Se eu soubesse que ele estava aqui eu não teria pulado. Eu me arrependi do que fiz.

‘Deus não me deixe morrer agora. Eu não esperava encontrar Carlisle, mas não quero mais morrer. Queria rever Collin, mas não posso perder a chance de ver o Dr. Cullen de novo e contar tudo para ele, agradecer como eu queria quando levei aquele bolo para ele no hospital alguns meses depois que ele ajeitou minha perna, mas ele não estava mais lá. Como eu chorei. De noite claro, para ninguém ver.

‘Achei que nunca mais iria encontrá-lo, não posso morrer. Não posso. Collin me desculpa, daqui alguns anos eu encontro você, filho (eu não sabia que me tornaria uma vampira). Não posso deixar o Dr. Cullen escapar de novo – Esme sorri. – não posso ter um e outro ao mesmo tempo, porque não? A vida é tão injusta! Se eu pudesse ter os dois comigo eu seria ainda mais feliz. A minha felicidade seria completa.

‘Carlisle por fim conseguiu se tranquilizar. Eu podia ouvir sua respiração entrecortada por soluços de vez em quando. Então ele ouviu que de alguma forma meu coração ainda batia. Eu quase pude sentir o sorriso em seu rosto. Meu coração estava muito fraco e iria parar logo. Ele não poderia deixar isso acontecer e me perder para sempre. Antes ele sabia que eu estava viva em algum lugar, eu estava bem, mas agora se eu morresse nunca mais me veria novamente. Agora eu sei por que ele pensava assim. Ele pensava que vampiros estavam condenados ao inferno...

‘Ele teve apenas uma fração de segundo para pensar e tomou uma atitude da qual nós dois somos gratos por ter mudado nossas vidas para sempre: ele teve o ímpeto de me transformar em vampira também. Ele não sabia se eu iria querer ficar com ele, mas isso não importava, ele não poderia me deixar morrer, e depois eu faria o que quisesse. Ele iria me deixar livre, não podia me segurar, literalmente e no sentido figurado, pois como vampira recém-criada eu era muito mais forte do que ele.

‘Hoje eu penso que meu coração estava esperando por ele. Desde a primeira vez que o vi todos os batimentos foram por ele e foi para ele o último. É claro que meu coração não iria esperar muito mais tempo, mas ele iria aguentar até onde conseguisse. Essa opção não existia, meu marido viria com certeza, como acabou vindo. Meu coração sabia disso e só esperava. Instintivamente ele sabia. Eu não sabia disso, mas agora penso que foi assim. Não me suicidei sabendo que meu marido iria me encontrar, foi o destino que nos fez reencontrarmos um ao outro.

‘E agora eu e meu marido somos felizes para sempre. Tenho uma família maior do que eu sempre sonhei. Mesmo sendo vampiros, fomos abençoados. Isso fez Carlisle mudar de ideia a respeito de si mesmo. Ele não é inerentemente o monstro que vampiros são supostos ser, ele não é do mal. Eu nunca acreditei que somos. Eu vi a bondade que ele irradiava e um ser maligno jamais seria capaz de tamanha compaixão.’

— Oh mamãe, que história linda! Sempre me emociono ao ouvir – não sei se devido aos hormônios desse período, mas quando Esme terminou de falar eu estava com o rosto banhado em lágrimas.

— Oh sweetie, não chore! – ela fica alarmada ao me ver assim.

— Não estou triste, mãe. Estou emocionada. Deve ser os hormônios...

— Ah sim, entendo – ela diz aliviada. – Agora eu contei para você com mais detalhes. Você teria que saber disso mais cedo ou mais tarde, merecia que fosse por mim.

— Obrigada, mamãe! - Abraço ela colocando minha cabeça entre seus cabelos.

— De nada, meu amor.

Adormeço assim no colo dela, eu sempre fico mais cansada nesses dias. Não sei por quê.

— Vocês humanos dormem muito – Esme comenta ao me ver bocejando, não de forma impaciente mas apenas fazendo um adendo.

— Nem tanto como bebês recém-nascidos. Eles precisam dormir bem mais que nós adultos.

— É verdade, querida. Não digo que me incomode. Se você precisa fique à vontade.

— Me sinto mais sonolenta nesses dias...

— Descanse, filha. Está tudo bem, eu vou estar aqui quando você acordar.

Assim durmo no colo dela, tão fácil e rapidamente como se ela fosse minha mãe. Naturalmente me sinto bem ao lado dela como se esse fosse o lugar ao qual eu pertenço desde antes de nascer.

...XXX...

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Trilha sonora:
I miss you, Blink 182; e, The reason, Hoobstank, me faz lembrar de Carlisle. (The scientist, Coldplay; também me lembra dele)
A parte em que eles cantam: “The angel from my nightmare / The shadow in the background of the morgue”, não posso evitar lembrar da Esme. ela realmente é um anjo que foi encontrado e resgatado em um necrotério por Carlisle.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Equinox" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.