Equinox escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 15
Capítulo 95


Notas iniciais do capítulo

fotos do capítulo 95:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1722713321097277&set=pcb.1722714987763777&type=3&theater



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/753346/chapter/15

02 de janeiro de 2oo8

Hoje Esme vai me mostrar a ilha e provavelmente vamos nadar, por isso coloco um vestido leve por cima do maiô. Eu aprendi a nadar numa piscina, não sei se vou conseguir nadar no mar, mas mamãe me disse que não é muito diferente nadar em água doce ou em água salgada.

Não estou me sentindo muito bem, pois a minha barriga está doendo um pouco. Mas não vou alarmar Esme por causa disso, ainda não. Aprendi a identificar essa dor como um prenuncio do fluxo de sangue mensal, não falta muitos dias para que ocorra.  Pode acontecer nos próximos dias que eu não ficarei mais tão preocupada como se tivesse acontecido enquanto eu estava nos EUA.

Se vier mesmo não há muito perigo que me deixe nervosa, pois estamos apenas eu e mamãe aqui e eu confio nela, mesmo depois do incidente há quase um mês. No entanto acho que ela não faria nada para me prejudicar agora que eu sei que meu sangue é tão atraente para ela quanto chocolate ou algum outro doce é apetitoso para mim. É difícil resistir, eu sei, mas não é impossível.

                Papai também me explicou que o sangue não é tão apelativo para eles porque não é limpo e oxigenado. Não é mais ‘vivo’. Mas seja como for ainda fico um pouco alerta, sangue é sangue e um pouco pode indicar onde tem mais. E isso poderia ser fatal para mim, eu não poderia resistir de nenhuma forma se ela viesse para cima de mim. Eu quis uma vez, mas eu sei que se ela me atacar não será com a intenção de me transformar.

                De manhã mamãe me levou para ver os recifes de coral e nadar com os golfinhos. A água era de uma temperatura agradável e o sol ardia em minha pele mesmo com o filtro solar. A pele de Esme parecia composta por inúmeros cristais que cintilavam na luz solar.  Ela é tão linda que fico fascinada! Nunca irei me cansar de admirá-la.

Image 1

                Eu precisava de um aparelho para mergulho para poder respirar debaixo d’água enquanto ela exibia sua não necessidade de oxigênio. Não que ela estivesse se mostrando, eu compreendia que ela não tinha essa necessidade como eu. É como se ela estivesse fazendo um mergulho apenas segurando a respiração como algumas pessoas conseguem.

                Na volta para casa, para almoçar, ela me mostrou os papagaios que moram na floresta no extremo sul da ilha.                É claro que os animais fugiam quando Esme estava por perto, mas eu gostei do passeio.

                ...XXX...

                À tarde nos duas estávamos sentadas na sala assistindo a um filme, eu deitada no colo dela enquanto ela me afagava os cabelos, quando ouvimos o som de um barco que atracava no pequeno cais da ilha.

Image 2

                Eu me levanto sobressaltada ao ouvir o ronco do motor estacionando:

— O que é isso, mãe?

— São os empregados, sweetie. Fique calma.

— Quem?

— Os empregados que fazem a manutenção da ilha enquanto não estamos. O que é a maior parte do tempo.

— Quais são os nomes deles?

— São um casal, Kaure e Gustavo.

O nome do homem é bem comum, mas o nome da mulher não. Esme percebe minha expressão confusa:

— Kaure é uma índia ticuna, por isso o nome diferente. Mas eu pensei que você estivesse acostumada com nomes estranhos, afinal Esme e Carlisle não são nomes muito comuns hoje em dia.

— Bem, é que você e papai são estrangeiros, então faz sentido que tenham nomes incomuns. Mas ela é brasileira!

— Sim,ela é uma nativa e por isso o nome dela é bem indígena. Seu nome não condiz com a sua nacionalidade querida, você sabe disso.

— Eu sei e tenho muito orgulho do meu nome.

— Grande parte desse orgulho é por causa de seu pai, não é?

— Confesso que adoro que meu nome seja parecido com o dele.

— Minha mãe também se chamava Caroline, sabia?

— Não – digo surpresa.

— Na verdade o sufixo -ine surgiu na França. O nome deriva de Carlos, você sabe, é como a forma feminina e diminutiva.

— Mas também tem o nome Carla e Carolina.

—Sim são todas formas femininas do nome Carlos, mas apenas Caroline e Carolina são formas diminutivas e carinhosas para apelidar Carla. No começo era um apelido, não um nome.

— Não gosto muito que me chamem de CarolinA, meu nome é CarolinE. Adoro quando me chamam da forma inglesa ou de Carolzinha.

— Sabe o que significa seu nome, querida?

— Algo como aquela que é forte.

— Exatamente.Doce força. Assim como Karl que é a forma alemã de Carlos. Mas também pode significar descendente de Carlos.

— Ai sim, gostei dessa definição. Papai tem o nome parecido com Carlos. Porque você não chama ele de Carl?

— Porque o nome dele não é Carl-isle é Car-lisle.

— Carlos em inglês é Charles, então meu nome tem tanto em comum com Carlisle quanto com Charles – fico perplexa com esse pensamento, não queria ter nenhuma relação com o ex-marido dela.

Se bem que eu penso que Charlotte e Chelsea seriam nomes mais parecidos. Talvez eu esteja divagando e pensando coisas nada a ver.

— Carlos é um nome francês também, querida. Você já deve ter estudado o império do rei Carlos Magno. Meu pai também se chamava Carlos por causa dele.

— Mas porque então você tem esse nome, mamãe? Não que não ache bonito, mas eu só queria saber o motivo...

— Porque esse era o nome da minha avó. Eu tinha duas primas que se chamavam Desirée e Aimée, como minhas outras avós. O nome que me coube foi Esmée. Ainda tinha Renée, como meu avô se chamava René, caso nascesse outra neta poderia se chamar assim.

— Mas porque Renesmée se chama assim mesmo?

— Porque a mãe da Bella se chama Renée e então minha nora pensando em nomes para bebês acabou por ‘inventar’ esse nome adicionando meu nome no final.

— Por isso eu prefiro falar o nome completo e não o apelido dela. Gosto de falar RenEsmee.

Eu talvez se tivesse uma filha teria que escolher um nome composto, Esme Elizabeth. Por isso não critico a decisão de Bella dar esse nome para a filha. Esme por causa da minha segunda mãe e Elizabeth por causa da minha mãe humana.

Mas eu não penso em me casar e nem muito menos em ter filhos. Não nasci para isso.

Coincidência também que a mãe humana do meu irmão Edward também se chamava Elizabeth. Talvez a minha mãe foi nomeada por causa da rainha Elizabeth II  -e eu tenho nome de princesa, como a princesa de Mônaco- e a mãe dele por causa da rainha Elizabeth I. Isso é completamente ao acaso porque não havia como premeditar isso, minha mãe nasceu muitos anos depois que a mãe de meu irmão faleceu e além do mais as duas são de países quase que opostos nos dois extremos das Américas.

Talvez essa coincidência seja ainda mais significativa para Esme e sobretudo para Carlisle que conheceu a mãe de Edward. Os dois filhos mais novos de meus pais tiveram mães com o mesmo nome!

Ouvimos uma leve batida na porta e Esme vai atender. Ela abre a porta e se depara com um Gustavo acanhado:

— Achei que viessem só amanhã – diz o homem em tom de desculpa e sorri ao me ver, me cumprimentando. – Oi menina! – ele receia que eu não compreenda então gesticula bastante para que eu veja que está falando comigo.

— Tudo bem Gustavo, não se preocupe – diz mamãe. – A casa estava bem arrumada quando chegamos ontem de noite. Desculpe, nós é que viemos antes.

A mulher com a pele morena e os cabelos negros como a noite sem luar assim como os olhos, entra impetuosa e destemidamente e fica me observando interrogativamente:

— Oi Kaure! – digo corajosamente.

Ela fica ainda mais espantada que eu fale português fluentemente, com certeza o meu sotaque é um pouco diferente, mas ela percebe que eu não sou americana e nem carioca. Seu olhar é tão intenso que estou ficando incomodada e abaixo a cabeça timidamente.

Image 3

— Kaure – Gustavo repreende a mulher.

Será que eles são casados?

Talvez, certamente, ela tenha ficado intrigada por eu ser humana também. Levanto o rosto e ela continua me olhando curiosamente sem entender como eu posso estar aqui sozinha com uma vampira e não ter medo nenhum:

— Você é brasileira? – finalmente pergunta o que queria saber.

— Sim, eu sou paranaense.

—Ah! – ela comenta esclarecida.

Esme percebe que há necessidade de explicar qual é a nossa relação e o motivo porque estou ali:

— Kaure, Gustavo, essa é a minha filha mais nova, Caroline – mamãe me abraça me puxando para perto de si. – Eu e meu marido a adotamos ano passado.

—Ah! – Kaure diz apenas, mas é perceptível como ela ficou assombrada ao ver Esme me tocando. Como eu não sentia repulsa? Ela deve indagar-se admirada.

Sinceramente eu pensei que iríamos ter mais problemas e ter que explicar melhor, mas parece que ela aceitou. E mesmo se Kaure não tivesse recebido a notícia assim tão facilmente, não importa o que ela pensa.

Gustavo apenas assente, ele é mais reservado e não sente necessidade de se intrometer na vida dos patrões mais do que um funcionário deve.

— Acho que precisamos fazer algumas compras – diz Esme. – A comida acabou de manhã.

— Não se preocupe senhora, eu e Kaure fomos ao mercado fazer comprar hoje de manhã – diz Gustavo voltando ao barco e trazendo algumas sacolas.

— Vocês pretendem ficar quanto tempo? – ele não quer ser grosso ao fazer essa pergunta, sabe que os patrões podem ficar quanto tempo quiserem, mas precisa saber para fazer o que for preciso.

— Um mês. Vamos ficar até o começo do mês que vem. As aulas de Caroline recomeçam na segunda semana de fevereiro e precisamos voltar para casa antes a tempo de comprar seu material escolar.

— Claro – ele diz aquiescendo.

...XXX...

 

Esme ajuda os empregados a guardarem as compras e depois volta para a sala assistir ao filme comigo. Kaure e Gustavo saem pela porta da cozinha e logo ouve-se o barulho do motor do barco que se afasta.

Mamãe me deita em seu colo novamente e quando ela me puxa delicadamente a saia de meu vestido se levanta um pouco e ela percebe uma outra cicatriz que eu tenho na coxa da perna direita:

— O que foi isso, querida? – ela diz apenas indicando a perna marcada com cuidado para não me tocar ali. Não que eu fosse me incomodar com o frio, mas eu iria ficar inquieta por ser tão elevado.

— Não se preocupe mãe, foi de uma vez que eu machuquei quando caí de uma árvore. Foi o galho que raspou.

— Você caiu de uma árvore? – não sei por que ela fica tão exaltada. Deve ser porque, como minha mãe humana dizia ‘meninas não devem subir em árvores’. Mas se nós nunca cairmos como iremos aprender?

— Sei que isso não é uma coisa que meninas costumam fazer, me desculpe.

Sua expressão muda de repente e ela fica mais tranquila:

— Ah não, querida, não estou zangada com você. É que isso me lembra a minha própria adolescência. Eu era como você, também gostava de escalar árvores. Somos tão parecidas!

— Nossa mamãe, é verdade, somos mesmo!

— Isso não era próprio de uma mocinha, na minha época e vejo que não mudou muito; hoje ainda é visto com maus olhos.

— Eu não sou uma menina da cidade então porque deveria me comportar como se fosse?

— Exatamente como eu pensava. Eu não morava na cidade e sim numa fazenda, não fui criada como as outras meninas do meu tempo e agora não dava mais para querer mudar meu jeito, eu era como era. – ela olha para minha perna. - Mas porque você não quis costurar, filha?

— Não achei que fosse ficar uma cicatriz...

— Claro que você não iria saber, mas seus pais não levaram você para o hospital?

— Não; e eu, bem, você sabe que eu não gosto muito de agulhas. Hoje até que não tem tanto problema, mas quando eu era criança tinha pavor de costura.

— Hum... - Esme fica pensativa e depois aperta o play do filme de onde nós havíamos pausado antes.

...XXX...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Equinox" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.