Arena Mortal escrita por Nyna Mota


Capítulo 18
Capítulo 17 - Escuridão


Notas iniciais do capítulo

Oiii!
Estou louca pra postar, então falo com vocês nas notas finais.
Aviso de morte e violência, se não se sente confortável com o assunto, não leia!

Boa leitura!



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Eu me sentia o pior ser humano, que havia pisado na terra, minhas roupas ainda tinham manchas de sangue, eu ainda cheirava pólvora, fumaça, morte.

Eu havia tirado uma vida. Não sabia quem era, mas de algo eu sabia, ele era o filho de alguém, o irmão de alguém, talvez até o pai de alguém, o amor da vida de alguém e eu havia matado o cara.

Eu me odiei. Odiei o que eu havia me tornado, o que havia feito, e me odiei ainda mais por saber que não, eu não tinha como sair daquela vida facilmente, que minhas alternativas eram tão baixas que eram quase nulas.

Andei pelo jardim da mansão, criando coragem de entrar pro meu quarto, onde eu mancharia o chão do banheiro branco de sangue.

No fundo eu sabia o que estava sentindo, eu estava horrorizado com o que havia feito, assustado, apavorado, decepcionado.

— Edward? É você? — Bella perguntou tentando me enxergar no escuro.

Eu não a havia visto. Estava tão absorto no que havia feito que simplesmente não a vi.

Ela se encontrava naquele mesmo lugar de tanto tempo atrás, perto da piscina, como da outra vez também iluminada por uma lua belíssima, ela segurava um livro, a diferença agora era que ela estava na luz, e eu na escuridão. Literalmente falando.

— É melhor você entrar Bella. — Falei rouco.

Engoli o nó na garganta que se formava, a dor sufocante que pressionava meu peito.

— Porque você está no escuro? — Ela perguntou esticando a mão em minha direção.

Dei um passo pra trás. Bella franziu o semblante ainda sem me ver direito.

— Existem perigos aqui fora que você desconhece. Entre. Fique segura.

Me virei pra me afastar, mas Bella me surpreendeu, ela sempre me surpreendia.

Senti seu toque em meu braço como um choque, sua pele quente na minha gelada.

— O que houve com você? — Bella perguntou docemente.

E sua doçura me quebrou, ali, na escuridão onde a morte exalava no ar cai de joelhos no chão e chorei aos prantos, chorei toda a dor que matar havia me causado, todo o asco e a repulsa que sentia por mim mesmo.

Ela não questionou, não perguntou, apenas me abraçou e acalentou.

E quando o choro acabou e a vergonha me tomou, Bella sorriu, passou a mão por meus cabelos revoltos e sussurrou.

— Não se preocupe Edward, todos têm um pouco de escuridão dentro de si.

E todos realmente tinham, assim como descobri futuramente.

***

Bella estava linda e radiante. Vestia apenas um pequeno biquíni preto que contrastava com sua pele perfeitamente. Um maldito biquíni que não deixava muito pra imaginação. Sorri pra morena que se debruçava sobre mim.

— Vamos amor, a água está uma delícia.  Olhei pro mar a nossa frente e as gotículas de água salgada que escorriam pela pele que começava a se bronzear do sol escaldante.

E devia estar mesmo. Mas a vista de Bella nadando era tudo que queria naquele momento.

 Prefiro apreciar a vista daqui. — Respondi com uma piscadela.

Bella riu alegremente coisa tão rara em nossos dias.

 Você é muito sem graça. — Ela resmungou e se virou pra voltar ao mar, desviando das poucas pessoas que se encontravam na praia.

A observei ir, como um felino observando sua presa. O corpo esguio, a cintura fina, a bunda arrebitada, as pernas longas. Sorri maroto, eu era um cara de muita sorte.

Levantei e corri em direção a ela, pegando a nos braços antes que ela tivesse chance de fugir.

Corri pro mar, onde senti o choque da água gelada em meu corpo quente.

 — Está frio Bella! — Reclamei. Ela gargalhou.

 Você que está muito mole Edward. — Bella retrucou jogando água em mim.

Abracei a morena querendo me aquecer e sentir ela segura em meus braços.

 Estou feliz de estar aqui com você. — Falei baixinho.

 Isso é tudo que sempre sonhei.

Bella virou e enlaçou as pernas ao meu redor, senti seu sexo quente contra meu corpo frio.

E então ela sumiu dos meus braços, e o frio estava frio demais, dor, tudo doía, um ruído infernal me incomodava, tudo estava escuro, a praia tinha sumido, e só havia escuridão.

— Bella. — chamei, tentando achar ela novamente. Desesperado pra manter ela segura.

Eu tinha que manter Bella segura.

Estiquei o braço buscando por ela, senti uma dor forte e abri os olhos.

Não havia mais escuridão, mas uma luz muito forte que doía.

— Bella! — Eu precisava salvar Bella.

O plano tinha dado errado, e ela ia morrer. Charlie tinha pego a gente, Emmett precisava prender Charlie antes que ele matasse Bella e eu.

Eu congelei.

Será que eu havia morrido?! Meu coração disparou no peito, fazendo o barulho irritante ficar mais alto.

Tentei sentar e a dor persistiu, não suportei e deitei novamente. Tentei abrir os olhos de novo e a luz incomodou, mas nem tanto.

— Não se mecha. Você perdeu muito sangue. — Uma voz firme me repreendeu.

Tentei abrir os olhos pela terceira vez, dessa vez enxerguei um vulto.

— Bella. Preciso salvar Bella.

Tentei levantar de novo e a mulher me empurrou de volta pra cama.

— Você já salvou garoto. Agora descanse.

Então a escuridão me tomou, mais uma vez.

***

Acordei com uma luz forte me cegando, a boca estava seca, e sentia que estava perdendo alguma coisa importante, mas não conseguia lembrar o que.

O teto era branco, a parede era branca, do lado direito um monitor, do esquerdo uma poltrona, eu estava em um hospital, reconheci olhando pra intravenosa grudada no meu braço. Fiz uma careta e tentei sentar.

Senti os pulmões arderem assim como cada parte de mim.

Eu estava sozinho.

Tentei mais algumas vezes, até conseguir sentar na maca. Respirei fundo enquanto o mundo girava ao meu redor.

A única coisa que eu sabia era que precisava ver Bella, ver se o vulto não havia mentido, ver se Bella estava salva.

Tirei o esparadrapo e por fim a agulha, tirei a coisa do dedo que estava medindo meus batimentos cardíacos.

O aparelho entrou em surto, mas eu já estava na porta, e foi então que vi.

Dois policiais, desconhecidos de guarda. Os dois me olharam assustados. Eles estavam acostumados a verem pessoas entrando, não um paciente de camisola, com a bunda de fora saindo.

— Bella. — Resmunguei.

Eu devia estar parecendo um homem das cavernas, mas era tudo que conseguia falar.

— Nananinão rapaz! Não no meu plantão! Trate de voltar pra cama, agora! — Ela era loura, devia ter uns 45 anos, e era mandona, mas eu queria ver Bella.

— Bella. Preciso ver Bella. — Forcei a garganta seca.

— Vocês podem ajudar? — ela pediu aos policiais.

Eles me pegaram pelo braço e me levaram de volta pra cama.

Eu queria lutar, brigar, mas não tinha forças. Deitado na maca incapacitado deixei duas lágrimas caírem.

— Desculpe querido, mas você precisa ficar aqui. Sua Bella está bem, eu garanto. Mas não saia. — Ela suspirou. — Eu não devia falar, mas os caras lá fora, eles não estão ai pra te proteger.

— Por que? — Eu precisava saber porque ela me falava.

— Porque dizem que você é perigoso. Eles estão ai pra proteger a gente, de você. Mas ouvi dizer que você lutou por sua Bella.

Eu assenti. Eu lutei pela garota. Eu teria morrido pela garota.

Ela me conectou aos monitores novamente em silêncio.

— Logo o médico e a polícia virão pra falar com você.

Eu ignorei a fala quando então lembrei de tudo que havia acontecido, e do porque eu precisava tanto ver Bella.

Não eram simples memórias, era reviver o momento de mais terror da minha vida.

O tempo havia parado por um momento. Era como se eu visse tudo em câmera lenta. Vi o impacto da bala no corpo de Charlie, assim como sua cara de espanto ao se ver baleado pela própria filha. Ele ofegou, cambaleou, tropeçou nos próprios pés e caiu. E o caos se formou.

Os dois capangas que restavam foram em direção a Bella e eu agi. Me joguei entre eles de forma desajeita, fazendo com que caíssemos numa cacofonia de mãos e pernas sem sentido. Senti uma cotovelada nas costelas já feridas e gemi de dor. Soquei o imbecil enquanto tentava manter as pernas no outro.

Bella ainda estava parada na porta, a arma na mão, olhando pro pai no chão. Um poça de sangue se formava, mas era tudo que eu podia ver enquanto tentava evitar que ela fosse morta, afinal, ainda que fosse Isabella Swan, ela havia tentado matar Charlie, o chefe da máfia. Nada de empatia, nada de lembrar da garota que ela havia sido para aqueles homens, naquele momento, ela era a provável assassina do chefe, e tinha que morrer.

Eu entendia, aquele mesmo sentimento já havia sido encravado em mim, mas não mais, eu não era mais leal a um monstro.

Segurei os homens do jeito que pude, Bella continuava congelada no lugar. Soquei o rosto do que estava mais próximo de mim. Ele ficou zonzo por uns instantes. Tempo suficiente pra eu pegar a arma que ele tinha, enquanto chutava o segundo cara.

Ignorando todo o bom senso atirei. Matei um homem sem nem piscar, olhei pra Bella que não havia sequer se movido.

Meu instante de distração foi o bastante. Senti a dor queimar na barriga. Virei pro local e vi sangue, meu sangue escorrendo e uma faca no lugar. Olhei pro homem que a colocou ali.

— Acho que vamos pro inferno Tiger. — Ele sorriu tenso.

A arma já estava na cabeça dele. Atirei sem hesitar.

— Nós vamos sim.

Quase sem fôlego e com minhas últimas forças puxei a faca. Gritei de dor. Eu não aguentaria muito mais. Pressionei o ferimento que doía como o inferno. Levantei do chão e segui até Bella. Eu tropeçava, e andava devagar, mas tinha que ser rápido.

— Bella, amor. — Fui chamando baixinho. — Fala comigo vida. Bella, por favor gatinha.

A mulher da minha  vida estava aterrorizada. Olhando fixamente pro corpo de seu pai, que aquela altura estava provavelmente morto.

— Shii. Olha pra mim. — Alcancei ela tirando a visão de morte da sua frente. — Estou aqui Bella. Estou aqui.

Tirei a arma da sua mão e a abracei. Bella desabou. Caiu no choro e se apoiou em mim. Não aguentei o peso do seu corpo e desabamos no chão. Bella chorava aos prantos.

Eu ouvi passos ao longe.

Meu último ato pra salvar Bella foi limpar a arma na sua blusa enquanto ela me abraçava e chorava, e segurar firme, deixando minhas digitais, a minha marca.

A porta rangeu.

— Me perdoe Bella, eu matei seu pai. — Ela levantou a cabeça assustada com minha fala.

— Se afasta dela com as mãos na cabeça. — Uma voz grossa falou.

E então o mundo escureceu.

Voltei a mim gelado, suando frio, com ânsia de vômito, vi a enfermeira batendo de leve na minha mão. Olhei pra ela que estava pálida.

— Você está bem? — Ela perguntou.

Eu não estava. Minha garganta estava seca, eu não sabia o que fazer ou o que pensar.

Virei pro lado de repente com fortes espasmos como se fosse vomitar, mas não havia nada, as dores no corpo pioraram com o esforç, o ferimento que agora eu sabia ser de uma facada ardia.

— Sinto muito Senhor McCarty, mas o Sr Masen não poderá responder suas perguntas agora.

Só então percebi Emmett no quarto.

Ele estava diferente do seu usual jeans e camiseta, agora vestido de social.

— Você parece ótimo Emm. — Resmunguei me endireitando.

— E você está uma merda. — Ele retrucou se aproximando.

A enfermeira se colocou na minha frente.

— Está tudo bem. Eu falo com ele. — Ela me olhou questionadora e eu também me questionei sobre essa amizade.

— Eu volto em dez minutos.

Esperamos ela sair pra falar.

— Ela é assustadora. — Foi a primeira fala de Emmett.

— Onde está Bella?

— Aqui no hospital. E não, você não pode vê-la. Você está sob custódia. — Emmett passou a mão pelo cabelo curto. — Ela está bem Edward, os ferimentos não eram graves, e está sendo bem protegida.

Dei um sorriso irônico pro bem protegida, pensando em outro momento que achamos estar tudo bem protegido e planejado.

— Deu tudo errado cara. Não sei que merda aconteceu, não sei como tudo saiu do controle Edward, mas eu juro que Bella está protegida. O esquema, ele já era. A gente conseguiu. Liam está preso, junto com todos os que restaram. — Disse sombrio.

Quebramos um esquema criminoso, mas muitas marcas ficaram em cada um de nós.

— Bella está sendo acusada de algo? — Perguntei receoso.

Emmett riu sem humor.

— Bella esta sendo protegida Edward, de você. — Olhei pra ele assustado. — Você tem ideia da carnificina em que pegaram vocês? Sinceramente? A cena mais horrenda que já vi na minha vida.

— Mas Bella é inocente.

— Bella é inocente.

Ele retrucou com um ar de conhecimento sombrio.

— Pro que você veio Emmett? — Ele estava vestido bem demais para uma visita banal.

— Vim ver um amigo. — Ele respondeu com um sorriso.

Analisei o homem de pé na minha frente, a camisa social azul escuro, a calça preta, os olhos cansados, os ombros tensos, o rosto envelhecido, muito mais do que os meros 28 anos que tinha.

— Tem mais que isso.

— Vim colher seu depoimento.

— Aonde assino o termo de confissão? — Perguntei rápido demais.

— Não é tão simples assim Edward.

— É simples assim Emmett. Eu matei Charlie e aqueles homens, eu matei, entendeu.

— A perícia...

— Foda-se a perícia...eu..eu matei Emmett. Fui eu.

Ele sabia que não havia sido eu que tinha matado Charlie.

— Fala com ela, faz ela dizer que fui eu, precisam acreditar que fui eu ou ela...

Parei a frase. Emmett sabia muito bem o que aconteceria.

— Alice?

— Está bem. Bastante machucada, mas vai ficar bem, ela é durona.

Ela era, mas nem sempre. Assim como todos, em algum momento você se tornava sensível a certas coisas, certas pessoas.

A porta abriu.

— Acabaram os dez minutos detetive.

— Preciso de mais tempo...Tracy. — Emmett sorriu mostrando as covinhas.

— Meu paciente quase morreu Senhor, ele tem costelas quebradas, um ferimento de faca, escoriações e o diabo quatro. Sua investigação pode esperar.

Eu quis rir daquela mulher, mas me contive. Emmett deixou os ombros caírem e assentiu.

— Eu volto mais tarde Sr. Masen.

Ele saiu ainda que contrariado.

— Você está bem? — Ela não me deu tempo de responder. — Eles são todos uns urubus, nunca deixam os pacientes se recuperarem em paz.

Enquanto Tracy resmungava baixinho, me perdi em pensamentos.

Saber de Emmett que Bella estava bem me trouxe alívio, mas eu tinha medo de como Bella estava após tirar uma vida, contudo, eu me sentia livre ao saber que Charlie estava morto.

A ironia era que eu estava preso, e me sentia livre. Eu queria rir e chorar, tudo ao mesmo tempo.

Tracy aplicou o remédio no soro que ainda estava ligado a mim.

— Descanse garoto, você perdeu muito sangue.

— Porque você me trata bem — Eu realmente estava intrigado.

Se o esquema estava destruído todo mundo a essa altura saberia do que eu fiz e quem eu era, então porque aquela senhora era bondosa, quando eu também era um monstro.

— Porque eu perdi um filho pra escuridão. Quando olho pra você, eu vejo ele, eu vejo a incompreensão e os julgamentos. Você se sente velho Edward, mas pra mim é só um garoto, e desde que eu perdi o meu garoto, eu cuido de todos aqueles que posso. — Ela respirou fundo, me olhando atentamente. — Agora descanse menino, você tem o mundo pra enfrentar pela manhã.

Segui seu conselho e adormeci, no dia seguinte eu precisaria ser forte e não teria quem cuidasse de mim.

***

Acordei me sentindo melhor. Ainda tinha dores no corpo, o ferimento repuxava, tinha um pouco de dificuldade pra respirar, mas eu estava bem, eu ia ficar bem.

De forma constrangedora fui ajudado por um enfermeiro a tomar banho, segundo ele, o médico me proibiu de fazer esforços ou poderia perfurar meu pulmão e morrer.

Eu ri do seu drama e aceitei sua ajuda. Tomei o café da manhã sem graça do hospital fazendo careta. A enfermeira da manhã não era nem de longe tão cordial quanto Tracy.

Durante todo o tempo percebi a presença de dois policiais, quando sai com a enfermeira pra fazer exames eles seguiram em silêncio. Eu oferecia risco pra sociedade, para Isabella.

Na cadeira de rodas, um ponto marrom me chamou a atenção.

— Bella. — Chamei baixinho.

Como se eu tivesse gritado, ela virou. Seus olhos encheram de lágrimas e ela veio em minha direção.

Antes que pudesse chegar a mim foi interceptada pelos policiais.

— Sinto muito senhorita, não pode se aproximar. — Eles taparam minha visão dela.

— Por favor. — ela pedia com os braços estendidos.

Meu coração se quebrou.

Tentei levantar, mas um deles previu e me parou.

— Eu preciso ver se ele está bem, preciso falar com ele! — sua voz estava ferida, machucada, mas Bella estava viva, estava bem.

— Ninguém pode falar com o investigado sem autorização.

— Eu estou bem Bella, está tudo bem, fala com Emmett. Eu amo você. — Gritei no meio do corredor enquanto me levavam pra longe dela.

Fiz todo o procedimento em silêncio pensando na voz e no olhar de Bella, em toda a dor que ela estava sentindo.

Ao voltar pro quarto fiquei atento a qualquer sinal dela, não a vi.

No quarto, já esperavam por mim.

O depoimento durou horas. Se com Jasper foi exaustivo, para os oficiais do FBI foi cem vezes pior. Estava exausto, o corpo dolorido, a mente exaurida de tantos detalhes, tantas perguntas.

—  Senhor Masen, os policiais relataram que ouviram o barulho de um tiro, logo depois mais outros dois, você pode nos informar quem atirou.

Olhei nos olhos do homem moreno que me questionava, eu precisava que ele acreditasse em mim.

—  Estava uma confusão, era matar ou morrer, Charlie estava enlouquecido. Eu consegui distrair eles, e dei a chance pra Bella fugir. Eu ia morrer ali, eu sabia disso, então ela voltou, discutiu com o pai, e a distração dela foi o tempo que eu precisei, eu atirei em Charlie, vi ele cair, e assim que ele estava caído, os capangas que restava vieram atrás de mim. Eu lutei com eles, e matei eles. Bella viu tudo, mas estava em choque com o ocorrido, tanto pela surra, quanto pelas mortes. — Não havia ninguém pra me desmentir.

— Você e a senhorita Swan tem um relacionamento? — Ele perguntou atento.

— Eu sempre amei Bella, desde que me recordo eu amava aquela menina, mas apenas recentemente nós nos envolvemos romanticamente. Após o atentato a Charlie Swan pra ser mais exato.

— Por que não antes? — Ele indagou curioso.

— Porque eu sempre soube que eu era ruim pra ela, que Bella merecia mais, que eu não tinha nada a oferecer. Mas ainda assim ela me amou, ela viu algo de bom em mim, que eu mesmo não enxergava.

Ele me olhava atento.

— Por que resolver delatar Senhor Masen?

Fechei os olhos cansado.

— Porque eu queria liberdade, pra mim, e pra Bella, queria pagar pelos meus crimes e sair dessa sujeira que era minha vida, eu queria uma chance de ser, normal.

A porta se abriu. Um senhor de cabelos brancos, óculos de grau e semblante sério entrou.

— Perdão senhores, mas vocês já tomaram muito da energia do meu paciente. Ele precisa descansar agora.

— Mas ainda não acabamos. — O policial moreno retorquiu.

— E não vão acabar hoje. O paciente precisa de medicamente e descanso, e enquanto ele estiver aqui, é isso que ele vai receber. Seu depoimento pode continuar em outro momento.

Sem opção os policiais se despediram e saíram.

— Obrigada. — Agradeci.

Ele suspirou profundamente.

— Considere isso um favor a Carlisle e aquela menina que está em desespero por você.

Assenti agradecido, apesar do tom cortante.

A porta abriu novamente e enfim pude respirar aliviado.

Bella se jogou em cima de mim me fazendo gemer de dor.

— Desculpa, me perdoa, eu te machuquei! — Ela falou se afastando.

— Foda-se a dor, fica perto de mim! — Implorei segurando sua mão.

Foi o que precisou pras lágrimas escorrerem.

— Eu...

— Shi amor. Está tudo bem. Você não fez nada. — Segurei seu rosto perto do meu, olhando profundamente naqueles olhos verdes. — Fui eu Bella. Eu fiz tudo. Você entendeu.

Ela negou com a cabeça.

Apertei sua mão com força.

— Por favor Bella.

Eu entendia. Matar alguém acaba com você, destrói um pedaço da sua alma, matar o próprio pai, eu não sabia o efeito que teria nela até aquele momento. Bella estava devastada.

Me sentei com um pouco de dificuldade e ignorei o desconforto das costelas.

Abracei Bella forte, beijando seu rosto, olhos, boca. Senti seu cheiro tão conhecido, morangos.

— Tudo vai ficar bem amor, eu vou cuidar de tudo. Me promete que vai confirmar tudo que eu disser Bella. — Sussurrei em seu ouvido. Ela negou novamente. — Por favor amor, eu preciso que confie em mim.

Ela assentiu e chorou mais. Eu ninei Bella o quanto eu pude. Até o médico dizer que ela tinha que ir.

Beijei Bella pela última vez e a vi sair pela porta do quarto, sem saber quando a veria novamente.

Quando a porta se fechou vi alguém, que ainda não havia notado se aproximar.

Carlisle estava sério, não havia mais calor nele em relação a mim.

— Você mentiu pra mim, colocou todos em perigo, minhas filhas em perigo. — sua voz quebrou. — Eu sempre soube que havia algo errado com você, mas isso?!  — Ele gesticulou.

Eu sempre soube que o que eu fazia era errado, mas era a primeira vez na vida que eu sentia vergonha real de quem eu era. Abaixei a cabeça e me mantive calado.

— Fala alguma coisa porra! — ele gritou frustrado.

— Não há perdão pra coisas que fiz Carlisle. Não há como me desculpar ou mudar tudo de ruim que fiz e causei, a única coisa que eu preciso que você faça é acreditar que eu nunca, nunca quis que ninguém, que nenhum de vocês se machucasse. E eu prometo, pela minha vida que vou proteger Bella, que nada disso vá recair sobre ela.

Ele assentiu e eu enxerguei dentro dele.

Ele estava cansado. Os dias passados desde fuga falha não estavam sendo nada fáceis pra ninguém.

— É o que espero.

Ele falou e me encarou.

— Você vive na escuridão garoto. Não leve Bella com você.

Carlisle virou as costas pra mim e saiu. Eu não o julgava. Se eu fosse outro homem, eu também viraria as costas pra mim, e se pudesse levaria Bella pra bem longe.


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Notas finais do capítulo

Oi gente, como vocês estão?
Primeiro de tudo quero agradecer a Tia Chloe Less por ter postado o capítulo passado pra mim. Gêmea você é a melhor!
Segundo, vocês são maravilhosas(o) demais! Chegamos a 300 comentários e eu estou feliz demais. Vocês não imaginam. Eu estava desesperada pra postar. É a única forma que eu tenho pra agradecer vocês pelo carinho e pela presença.
Terceiro, o que estão achando do Edward? E da Bella ter matado Charlie? hahaha
Foi a primeira cena de AM que escrevi, confesso que estava louca pra ver a reação de vocês e estou além de grata surpreendida.
Esse capítulo ia ficar bem maior, mas tive que dividir, não aguentei esperar pra postar, sei que estava todo mundo louco com o final do último.
Gente eu já até perdi o foco do que estava falando kkk
Mas vamos lá comentem, conversem comigo sobre o que acharam e as expectativas pros próximos capítulos.
Fantasminhas apareçam, eu adoro conversar.
Vou responder os comentários esse fim de semana!
Desculpe qualquer erro de português que possa vir a ter. Indo ser dona de casa ali.
Preciso agradecer a Kawanne Carrera por ter me aturado surtando com AM, ter se disponibilizado a corrigir.
E sempre, mas sempre mesmo agradeçam a Chloe e a Lola por terem me convencido a postar AM.
Até os comentários.

AAhhh dia 22/02 é meu aniversário, comentem bastante como presente!
Beijinhos
14/02/2020



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