Raziel estava aprendendo da pior maneira possível que viver como um humano trazia muitas dores. Não me refiro a nada metafórico, dor física mesmo... Dor na barriga, nas costas e agora, dor de cabeça.

O que raios faria com que a cabeça de um anjo latejasse? A resposta são “pessoas ruins” e aquela pensão estava cheia delas.

Com os punhos cerrados com tanta força que as unhas chegavam a machucar a palma, com os olhos desfocados e esbugalhados e com a boca trancada para lhe impedir de gritar, foi exatamente assim que Raziel viu seu dia na Ilha Sunshine começar. Uma cama dura, um banheiro comunitário e funcionários mal educados e que estão sempre de cara feia causaram com que a maior fúria despertasse em nosso anjo.

Depois de se irritar infinitamente com tudo isso, Raziel saiu da pensão em passos rápidos e sem rumo para evitar fazer qualquer coisa errada.

Depois de dobrar algumas esquinas e já estando praticamente perdido, ele se pegou em meio a uma crise de riso. Ele, um arcanjo, tinha acabado de pecar. Lá em cima, todos viviam julgando todos os humanos, rindo de seus pecados e apontando dedos... Quem diria que pecar era tão fácil assim?

Agora ele entendia porque os humanos passavam horas e mais horas pedindo perdão nas igrejas e outras instituições religiosas, pecar era fácil demais... Umas caras feias logo pela manhã lhe tiraram do sério ao ponto de sentir ira, mais alguns dias aqui e ele ia direto para baixo.