Ele sabia que teria que voltar lá para cima hora ou outra, só não conseguia tirar a faceta tristonha da cara sabendo que a hora chegou.

Raziel não tinha passado muitos dias na Ilha Sunshine (ao menos, não tantos quanto ele gostaria), mas ele tinha certeza que aqueles foram os melhores momentos de toda sua vida, de toda sua eternidade... Mesmo assim, ele não conseguiu se despedir da Ilha que ele mal conseguiu explorar, também não conseguiu se despedir de seu quarto de pensão no qual ele decorou cada arranhão ou falha no papel de parede. Não conseguiu se despedir do Senhor Anselmo, nem da Dona Joana, nem da Letícia, muito menos do Eduardo. Não se despediu de ninguém, nem de sua adorada amiga.

Recebeu um milissegundo de luz e colocou-se a correr para seu quarto, abriu todas as gavetas daquela cômoda velha que tinha do lado da cama até achar o que queria. No último segundo antes de voltar ao Paraíso, Raziel conseguiu pegar sua margarida de plástico.

Segurando a flor contra o peito e não tendo capacidade de segurar uma lágrima sequer, nosso arcanjo tinha voltado para o Céu (que mais lhe parecia um Inferno agora).

"Por que está chorando? Você não encaixava lá... Era como um única margarida no meio de um campo de girassóis."

Eram as palavras de algum anjo ou arcanjo que chegaram aos seus ouvidos, a única resposta que ele conseguiu pensar foi uma que aprendeu na Terra... Raziel ergueu o dedo do meio.