Papeis, livros, eu-lírico e eu te amo escrita por Tia Lina


Capítulo 10
Universos misturados


Notas iniciais do capítulo

Oláááááááá, enfermeira, tudo bem com vocês? ^^ Antes de mais um capítulo, eu queria dizer que tenho uma surpresinha pra vocês a partir do próximo. Sabe essas imagens que vocês veem na capa dessa fanfic? Perceberam que tem uma sujeirinha no rodapé de cada uma? Isso é pq tem algo escrito em cada uma, e vocês terão acesso a todas pq colocarei como imagem dos capítulos a partir do próximo ^^ Era só isso mesmo, por hora...

BoA leitura ^^



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O interior do carro que Steve emprestara do pai para irem até a festa estava quente e silencioso. Não tão silencioso assim por conta da música baixinha que Steve colocara para tocar somente porque não gostava muito de lugares quietos demais. A voz de Bucky era ouvida vez ou outra quando ele respondia alguma pergunta do loiro ou quando dava as direções para o lugar onde desejava ir. Steve já não sabia mais onde estava, mesmo que tivesse sido informado pelo moreno que havia chegado ao Brooklyn há algum tempo.

— Estamos chegando? – Steve questionou quando o carro ficou quieto demais.

— É só virar à esquerda na próxima esquina, está vendo aquela fachada verde?

— Sim.

— Você vira ali e diminui a velocidade, fica naquele quarteirão. Quando chegarmos, eu aviso.

Como prometido, ele virou à esquerda no prédio de fachada verde e diminui a velocidade, parando em frente a uma construção simples no meio do quarteirão. Nas grandes janelas de vidro estava estampado o nome daquele lugar, Molasses Books. Parecia uma pequena livraria no meio de uma rua residencial, protegida por um cercado de ferro pintado de preto. Por fora, parecia um lugar muito pequeno, mas aconchegante. Steve percebeu-se intrigado com o modo com o qual Bucky conhecera aquele lugar.

E seu pensamento levou seus olhos novamente à face do moreno, que parecia um tanto quanto desconfortável agora. Steve sorriu e lhe chamou atenção.

— Chegamos? – Rogers preferiu se certificar.

— Sim. – Bucky sorriu levemente. – Não é o meu lugar favorito, mas com certeza está no meu top 5. Também não é tão agitado quanto a festa, ou muito elegante, mas eu gosto daqui. Gosto da simplicidade e da paz que esse lugar me traz.

— O que é esse lugar?

— Basicamente, uma livraria que também funciona como cafeteria. Venho aqui às vezes, quando quero fugir do meu próprio universo.

Steve pensou em dizer que ele poderia muito bem fugir de seu universo misturando-se com o dele, mas achou que Bucky não saberia como reagir àquilo e escolheu sorrir de leve. Deu outra olhada pela janela do carro, notando aquele ambiente com um olhar diferente. Naquele lugar Bucky depositara um pouquinho de sua própria vida, Steve certamente gostaria de conhecer que segredos ele escondera ali.

— Então vamos entrar. – Sorriu novamente.

Bucky aquiesceu levemente e saiu do carro, movendo-se pela calçada até o interior da loja com tanta convicção que, por um instante, Steve se esqueceu daquela figura desengonçada tentando se parecer com um adolescente comum na festa, ele definitivamente se transformava quando em um ambiente com o qual era familiarizado. Ao adentrar o estabelecimento, a primeira coisa a lhe chamar atenção foi a decoração. Parecia muito uma antiga casa abarrotada de livros em estantes que ficavam estrategicamente espalhadas pelo ambiente. Dividindo espaço com aquela bagunça toda, ficavam as mesas e cadeiras, distribuídas disformemente. O lugar não era luxuoso ou muito bem organizado, porém, de alguma maneira, Steve se sentira em casa.

Enquanto estava alheio ao que acontecia ao redor, Bucky tomou a frente e se sentou em uma mesa no canto, observando divertidamente Steve caminhar em sua direção com aquela expressão de curiosidade que lhe caía muito bem. Os olhos do loiro ficavam tão bonitos naquela iluminação e o seu semblante trazia um tom infantil tão adorável, Bucky trocaria qualquer coisa para ficar olhando para ele por toda a noite. Steve sorriu quando finalmente chegou à mesa e se sentou em frente ao moreno.

Ficaram em silêncio por muitos minutos, o que fez com que Steve concluísse que até o silêncio ao lado do Barnes cantava mais bonito. Ele trazia um mundo tão parecido com o seu mas, ao mesmo tempo, completamente diferente. Bucky o instigava a pedir por mais mesmo quando não dizia nada. As bebidas que pediram chegaram e o Barnes tomou um longo e demorado gole de seu café, deleitando-se com o sabor amargo do líquido quente. Steve tomou um pequeno gole do seu e fez uma careta involuntária, abandonando a xícara na mesa.

— O que foi? Não gostou?

— Eu não gosto de café.

— E por que pediu um latte? – Bucky arqueou uma sobrancelha.

— Porque parecia bonito na imagem. – Deu de ombros, o que fez Bucky rir.

— Do que você gosta? – Ele tomou mais um gole de seu doppio.

— Chocolate.

— Na próxima vez você pede um mocha então. Ou um borgia.

— Você entende muito sobre cafés. – Ele apoiou os cotovelos na mesa para se sentir mais confortável e também se inclinar na direção do moreno.

— Café é a minha religião, Steve. – Ele sorriu, o que fez com que o loiro sorrisse também.

— Bom, pelo menos descobri o que te dar de presente no seu aniversário.

— E o que eu posso te dar no seu? – Bucky se ajeitou na cadeira e também se curvou, ficando mais próximo ao Rogers.

— Gosto de HQ, mas não qualquer HQ. Gosto de Wynonna Earp e de Wonder Woman, nunca me compre uma HQ de Superman, é sério, eu odeio. Também gosto muito de música, mas não qualquer música, gosto das clássicas. – Ele tentou tomar mais um gole de café, desistindo de vez e empurrando a xícara para o lado. – Muitas pessoas não compreendem, mas tenho para mim que é só porque elas nunca pararam para dar uma chance verdadeira à Lizst e Mozart. É sério, não é preciso nem Beethoven para convencê-las, somente os primeiros acordes de Etude-Tableaux de Rachmaninoff são suficientes para conquistar qualquer coração partido. Também gosto muito de ler. Tudo e sobre tudo. Não tenho frescura nenhuma para leitura, de clássicos literários a contos infantis, qualquer coisa que me sugerir, qualquer coisa que me der, qualquer coisa que tiver. Muitas pessoas também não entendem isso.

— É só... incomum. Normalmente as pessoas têm uma preferência, mas não acho que seja esquisito, na verdade, eu entendo. – Bucky finalizou a sua bebida, predispondo-se a tomar a do loiro, que aceitou. – Também não tenho essa frescura toda para leitura. Claro que existem livros dos quais gosto mais, assim como existem aqueles que eu não goste, mas como vou saber se a história é do meu gosto se não parar para analisar o que o autor estava querendo me dizer quando lançou?

— Exatamente. – Steve sorriu mais largo.

— Eu não imaginava que gostava de música clássica, sequer passou pela minha cabeça.

— Eu sei, isso espanta as pessoas, é chocante. – Ele riu soprado.

— Pessoas são meio babacas, te disse isso. – Bucky também riu.

— De que tipo de música você gosta?

— Rock progressivo.

— Eu consigo te imaginar ouvindo rock. – Steve riu novamente, fazendo Bucky rir também. – Para falar bem a verdade, imaginava que tivesse vários pôsteres de diversas bandas no seu quarto, confesso.

— Não gosto de poluição visual, acabei herdando coisa ou outra da mania de organização dos meus pais.

— Eu herdei a bagunça do meu. – O loiro riu outra vez.

— Como são os seus pais, Steve?

— Meu pai se parece muito comigo, todos dizem que ficarei igualzinho a ele quando envelhecer. Ele é museólogo e passa mais tempo no trabalho do que em casa, às vezes eu preciso ligar no escritório dele para lembrá-lo de voltar pra casa. – Riu soprado. – Minha mãe sempre foi muito bonita, pelo menos nas fotos que temos em casa. Ela morreu quando eu tinha quatro anos.

— Eu sinto muito.

— Tudo bem, eu não consigo me lembrar muito bem dela. Às vezes tenho alguns flashs, mas são memórias muito vagas. – Sorriu minimamente. – E os seus pais? Você ainda não me disse nada sobre eles, só conheci a sua mãe. Muito bonita, por sinal, você se parece muito com ela. – Sorriu galante. Bucky pareceu não perceber, o que só tornou a situação mais interessante.

— Minha mãe é nanotecnóloga e trabalha numa grande empresa. Como é chefe do setor todo, não possui um horário muito comum, então ela vem para casa nos horários mais estranhos. Meu pai é biólogo e tem os piores horários que um ser humano pode conhecer. – Bucky revirou os olhos, mas sorriu ao final. – Ele trabalha em um laboratório gigante que montou junto com um colega de faculdade e eles têm trabalhado muito nos últimos dias por conta de uma notícia que viu no jornal. Ainda não tenho nenhuma pista sobre o que estão fazendo, mas parece importante. Às vezes ele fica uma semana inteira dormindo no laboratório e volta para casa só para fazer uma nova mala e passar mais uma semana fora. Por conta do aniversário de casamento e de algumas palestras na antiga faculdade ele acabou passando uns dias em casa, mas não acho que vá ficar por muito tempo.

— Agora entendo porque não abriu mão do jantar em família. – Steve sorriu.

— É mais por conta da minha mãe. – Deu de ombros. – Meu pai se sente em débito por passar tanto tempo fora de casa e eu me sinto mal por quase nunca sair do meu quarto. Ela nunca reclama, nós temos uma boa convivência de um modo geral, mas no fundo eu sei que ela sente falta da família reunida. Todos nós sentimos.

— Vocês possuem uma relação muito, muito boa. Estou com um pouco de inveja.

— Por quê? Não se dá bem com seu pai? – Ele uniu as sobrancelhas.

— Me dou muito bem com meu pai, mas não somos assim tão unidos quanto vocês. – O loiro suspirou. – Vocês parecem melhores amigos, é realmente invejável, meu pai e eu... bom, somos amigos, não escondo as coisas dele, mas ele é meu pai, entende?

— Meus pais e eu temos essa relação porque desde muito cedo eles me ensinaram a enxergá-los como melhores amigos. Isso é importante para eles. Com o tempo, passou a ser para mim também. – Bucky sorriu.

Era tão fascinante ouvi-lo falar sobre sua família, sua vida e seus gostos que Steve perdeu a noção do tempo. Era muito tarde e muitas canecas vazias descansavam sobre a mesa quando eles finalmente foram avisados de que o expediente se encerraria em cinco minutos. Bucky riu soprado quando notou que Steve não fazia ideia de quantas horas se passaram e chegou a achar graça quando ele perguntou ao funcionário o horário e arregalou os olhos em resposta. Voltaram a se calar quando entraram no carro, mas desta vez havia algo de diferente na atmosfera.

Agora Steve sabia mais sobre aquele que estava sentado ao seu lado e descobrira que havia um universo gigante que ainda precisava ser desvendado. Bucky, por outro lado, se sentia empolgado por ter descoberto e aprendido tanta coisa sobre o loiro. Observá-lo na escola não lhe respondia tantas dúvidas quanto Steve poderia responder, era excitante pensar na quantidade de coisas novas que ele podia descobrir todos os dias a partir daquele momento. O Barnes não via a hora de chegar em casa e adicionar Rachmaninoff na sua lista de favoritos, ouviria a noite inteira enquanto o cérebro trabalharia em cenas absurdamente fantasiosas até que o sono o alcançasse.

Quando chegaram em frente à casa do Barnes, Steve fez questão de acompanhá-lo até a porta, e por ali ficaram mais um tempo conversando baixinho. Conversa essa que não passava de um resumo de tudo o que fora dito naquela noite, só para que tivessem algo do qual se recordar quando não estivessem mais cara a cara. Bucky ria baixinho e Steve sentia vontade de morder suas bochechas todas as vezes que eram repuxadas. Steve sorria e Bucky só queria morrer olhando para aquela fileira de dentes impecáveis. Então o silêncio apareceu mais uma vez.

— Então... a gente se vê, certo? – Steve disse, meio desconfortável.

— Certo. – Bucky parecia tão desconfortável quanto.

— Então boa noite. – Acenou rapidamente.

— Boa noite. – Steve começou a se afastar. – E obrigado por hoje.

— O quê? – Ele regressou um passo, então percebeu que ele havia agradecido pela companhia. – Ah, sim, não tem por onde. Eu quem agradeço o esforço feito.

— Não tem por onde. – Bucky garantiu.

Steve deu mais dois passos para longe e soltou um palavrão baixinho, girou nos calcanhares e parou na frente do moreno antes que ele conseguisse encontrar o molho de chaves nos bolsos.

— Tem uma coisa que eu passei o dia todo com vontade de fazer, eu espero que não fique chateado comigo.

— E o que é?

— Posso beijar você?

Bucky ficou um momento estático, encarando os olhos muito azuis do loiro enquanto pensava e repensava no que lhe fora dito. Antes que as palavras saíssem de sua boca, sua cabeça se moveu mais rápido numa muda resposta consensual. Steve sorriu antes de depositar um demorado e caloroso selar nos  lábios do moreno enquanto Bucky sentiu que algo definitivamente explodiu dentro dele.


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Notas finais do capítulo

Calma, esse foi só o primeiro, no próximo tem mais :x hauahuahuahau

Obrigada pela companhia e até o próximo ♥ XoXo ;*



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