Complicated escrita por NathyYellow


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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You come over unannounced

Dressed up like you're something else

Where you are and where it's at? You see, you're making me

Laugh out when you strike your pose

Take off all your preppy clothes

You know, you're not fooling anyone, when you've become

Talvez a pior parte foi convencer a Truce que não precisava da ajuda dela, e depois ouvir insinuações sobre ela querer passar um tempo sozinha com Dário. Não era isso. Não chegava de longe a ser isso.

Ela estava preparada para o combate, as espadas nas costas junto a uma bolsa ao lado do corpo, casaco de couro preto, a touca sobre a cabeça que raramente tirava, e os kits de sobrevivência de semideuses.

Tinha comprado duas passagens para Seattle. Onde ficava a firma de advocacia do pai, havia mandado mensagens dizendo que chegaria pela manha por lá no escritório dele e depois iriam para a casa dela passar o dia por lá, e ai podiam voltar para o acampamento, ou ao menos era o plano se nenhum monstro os atacasse naquele meio tempo.

            Dário chegou com as típicas roupas escuras e ele havia saído das sombras para variar, ela ainda se assustava às vezes, mas depois de três dias ela notou que algo estava diferente na vestimenta dele, estava mais formal.

            — Olha só. Ta se preparando para quando voltar num caixão? — Ela zoava o olhando.

— A culpa não é minha se eu sei como ir para lugares formais e você não. — Ele dava de ombros, a verdade era que ela pensava que apesar do visual escuro, combinava com ele e o deixava mais... Ela cortou o pensamento aí.

— Vai ser lindo quando monstros arrasarem sua linda roupinha. — Ela deu um sorriso de canto, antes de enfiar as mãos na jaqueta e começar a andar a andar.

Eles não falaram muito até chegar no aeroporto de Nova York, o voo sairia dali uma hora, Celine lia um livro em espanhol, e Dário  olhava ao redor com os braços cruzados. Era a primeira vez que ficavam em silencio tanto tempo, até a garota baixar o livro, mas antes que pudesse falar o que estava em sua mente, deu a hora de embarcarem.

Aviões. Se tinha algo que amava era eles, alias, qualquer coisa que pudesse lhe deixar no ar, foi notável a forma que ela relaxava. Dário olhava quase decepcionado.

— Classe econômica? Esperava mais de você, burguesinha.

— Pela milionésima nona vez, eu não uso o dinheiro da minha família, quando vai entender isso?

— Sei. O cartão de credito surgiu na sua mão do céu?

— Não. Ele... Eu te conto qualquer hora. — Ela diz dando de ombros, não queria explicar que tinha aprendido como clonar cartões de credito, e o tipo de conexões que tinha, ela fechou os olhos. — Me avisa quando a gente chegar.

Ela não demorou a cair no sono, ficava tão mais tranquila no ar, que era quase inevitável aquilo, ela sentiu algo a cobrir, mas achou que foi apenas a imaginação sobre aquilo.

Sair do aeroporto novamente a Seatle era estranho a garota, ela chamou o taxi para o escritório do pai, ambos estavam quietos desde que desceram do aeroplano.

E claro. As coisas tinham que dar errado a partir daí, quando ela viu o desvio na rota, ela rapidamente fez um sinal a Dário, que estrangulou o motorista-monstro com as sombras, e ela o finalizava, o fazendo virar pó. Aquilo os atrasou um pouco, mas nada irrecuperável, quando finalmente chegara ao escritório do pai fora que as coisas começavam a complicar.

Celine parava em frente ao prédio, o nome dele e dos sócios ali estampados, ele era sócio nominal, o que significava que todos ali o conheciam. Todos ali a conheciam.

Era uma péssima ideia, ela respirava quase como se tivesse corrido uma maratona, e o coração estava acelerado. Iria tudo dar errado. Ela começou a dar meia volta quando foi impedida pelo rapaz.

— Celine, que merda você ta fazen... O que foi? Vai amarelar agora? Depois de virmos até aqui?

— Me solta! A gente já foi atacado aqui! O que acha que vai acontecer lá dentro? E pior como eu vou explicar ao meu pai a poeira? Como vou explicar tudo o que aconteceu nesses três anos? — Dário a olhou confuso um segundo antes de recuperar a face séria, ele geralmente zuaria a cara dela, mas naquele momento ela estava em pânico, ele ignorava a leve estática que ela impelia pela pele.

— Não. Você mesma disse que ele era importante? Então vira essa bunda para lá e entra dentro dessa merda, ou eu que vou te arrastar para lá. É para isso que eu to aqui, salvar você o tanto quanto der, você me da canseira sabia? Vai lá e usa o seu discurso no justsu ou qualquer merda aqui, eu to aqui também, não ta sozinha nessa. — Ele falava de forma calma e simples, como se tudo fosse acabar em pizza.

Ela ainda estava nervosa, mas conseguia agora se controlar para não acabar quebrando nenhuma lâmpada no caminho. Eles passaram pela recepcionista de forma simples, o pai havia avisado da chegada dela, apesar dela não ter contado sobre o amigo que viria junto.

 Celine ignorou os olhares daqueles advogados mauricinhos, provavelmente uma cliente com problemas. Uma delinquente, até uma das secretarias, uma mulher mais velha, com um coque estranho e rugas disfarçadas por quilos de maquiagem a parou no meio do caminho, se dirigindo só para ela.

— Senhorita, tem certeza que está na ala certa? — Ela estava educada, mas ela sabia que aquela educação era fingida.

Ela deu um sorriso cínico, sentia Dário rindo atrás de si, mesmo que a expressão dele não demonstrasse isso.

— Sim. Aqui não é o andar do Michael Strom? Estou aqui para ver ele.

— Eu entendo, mas não acho que ele atenda casos como o seu...

— Norma, por favor, ela é realmente um caso complicado, mas sempre vou estar disponível para ela. É a minha filha. — A mulher, Norma, deu um pulo e começou a se desculpar.

Celine sorriu para o pai de braços cruzados.

— Estou tão parecida com uma criminosa assim? — Ela acabou sorrindo, ainda estava preocupada, o pai se aproximou e a abraçou pelo ombro.

— Não ligue para elas, vamos conversar no meu escritório... Seu namorado? — Ele ergueu a sobrancelha para Dário.

— Não. — Ambos responderam ao mesmo tempo e rápido demais. Mas Celine continuou. — É um amigo da... Faculdade que te falei. Ele tava sem fazer nada aí o arrastei para cá. O nome dele é Dário. — Dário acenava com a mesma expressão de antes.

—... Sei. Eu já tive a sua idade e não sou idiota sabia? — Ele dizia guiando ambos para a sala dele, Michael era um homem que apesar dos quarenta e dois anos, era bem apessoado, os cabelos escuros assim como os olhos, queixo quadrado, vestia um terno caro que devia custar ao menos três mil dólares.

Assim que chegaram no escritório o telefone dele tocou, era uma ligação urgente. Dário e Celine esperavam sentando no sofá confortável que tinha ali, a garota mexia a perna ansiosa enquanto o pai falava em francês, acabou depois de alguns minutos.

— Desculpem por isso. Um cliente do banco da frança ligou, um de seus investidores está sendo investigado sobre bater em seu filho.

— Nossa... Isso é horrível. E desde quando você fala francês? — Celine perguntava mal se tocando que desviara do assunto, o déficit de atenção dela ficava bem pior quando estava nervosa.

— Desde sempre. Eu tentei te colocar numa das classes uma vez, a escola sofreu aquele acidente nos encanamentos.

— É... Eu fico feliz com o espanhol. — Ela dizia apenas e olhava ao redor mexendo nas mãos, tirou a jaqueta pois estava com calor, até se tocar que não deveria ter feito isso.

O pai se aproximou como uma fúria na direção do braço dela o segurando com força.

— O que infernos é isso, Regina? — Ele perguntou o olhar furioso sobre as tatuagens da garota.

—... Tatuagens. — Ela disse num tom quase obvio.

— Agora além das roupas, prisão e fugir de casa tem tatuagens? Não bastava a merda do piercing no nariz? Quer virar uma marginal? Não é a toa que te confundem com uma.

Uno,  eu não devo satisfação da minha vida ao que as pessoas pensam sobre minha aparência.

— Como espera conseguir um emprego decente com isso? O que vão pensar que você é?

— Arranjando e eu já disse que não poderia me importar menos. São só desenhos na minha pele, eu não matei ninguém.

— Não porque retiraram as acusações antes. Mas agora elas voltaram contra mim, dizem que eu enterrei evidencias para te ajudar, entende a gravidade? É um dos motivos que eu te queria aqui. Você vai ter que depor sobre o que houve.

— Não.

— Com licença? —  A voz de Michael elevou um nível.

— Você me chamou aqui para salvar a sua pele ou porque estava preocupado comigo?

— É claro que eu estava preocupado com você! Você vem e vai quando bem entende, nunca nem mexeu no fundo de poupança que eu e sua mãe fizemos para você, e ainda mais essa. Se eles acharem alguma coisa, eles vão reabrir o caso, Regina, entende o que isso implica? Você precisa contar o que o infeliz fez com você.

—... Eu não posso! Não dá! Enterre isso de novo! Faça alguma coisa! — Ela falava respirando fundo. Sentia que estava prestes a explodir. Aquilo não era bom.

— Você acha mesmo que eu queria te colocar nessa posição novamente? Eu já fiz de tudo, até localizei o rapaz que você estava envolvida na argentina, mas...

— VOCÊ FEZ O QUE? ¿ESTÁS LOCO?  — Ela elevou o tom de voz, o que fez as luzes do escritório piscarem, aquilo não era ruim. Aquilo era péssimo.

— Abaixa esse tom de voz, mocinha. — Ele apontava o dedo para ela. — Mas ele não nos atendeu e sumiu novamente. Então sim, você é a ultima pessoa que queria envolvida nisso, basta gravar aqui amanha o que houve, e tudo vai estar resolvido.

— Eu vou pensar. Me da um tempo. — Ela dizia simplesmente e saiu feito um furacão da sala.

Dário iria levantar para segui-lá antes que ela fizesse alguma merda, mas Michael o parou.

— Por favor, sei que não deve estar entendendo nada, mas... A convença. É pelo próprio bem dela. — O rapaz queria discutir com o pai da garota, mas se conteve apenas assentindo.

Não foi difícil encontra-la no telhado do mesmo prédio, o que ele não esperava... Era a ver chorando, parada bem no beiral, quem olhasse podia pensar que ela ia se jogar dali a qualquer momento.

—... Regina? — Ele perguntava, ela lhe deu um olhar mortal.

— Nem se atreva a me chamar por esse nome.

— É... Assim, eu não vou perguntar pelas merdas que você passou ou não, não me interessa muito que houve com você no passado, como você disse me interessa quem to vendo agora, e ta na cara que isso te afeta, mas... Cê não pode contar a verdade porque tem haver com os semideuses e toda essa merda, não é?

Celine apenas assentiu, ela mexia no isqueiro, mas dessa vez não tinha cigarros nas mãos. Dário se aproximou e sentou ao lado dela, sem medo, ou sem aparentar medo algum do beiral e da altura daquilo.

— Eh... Como eu disse eu to aqui para salvar a sua pele, felizmente, eu sou ótimo em inventar histórias, por que não me conta o que contou para o seu pai, e a gente arruma uns furos.

—... Sério? — Ela o olhou quase incrédula.

— Sério. Aproveita que não é todo dia que ofereço meus serviços assim, eu sou ótimo não sou? — Ele piscou para ela. 

— ... Obrigada. Por... Me ajudar, e não... Pressionar. Não foi uma época feliz. Vou contar a versão aceitável para humanos comuns, eu estava envolvida numa gangue, meu ex era chefe dela, um dia eles decidiram que ia fazer uma briga com outra gangue, questão de território, eu fiquei de fora dessa merda, ao menos, queria ficar, mas ele... Ele me arrastou para a briga, pessoas morreram, a policia chegou, e prendeu a todos. Aconteceu um vazamento de gás... E mais gente morreu, e ai, meu pai conseguiu fazer com que eu saísse de lá e absolvessem todos os meus “crimes”, se eu cooperasse e desse nomes, os quais eu já dei, e foi isso.

Dário a olhava como se analisasse um roteiro ou visse um filme, ele não precisava saber a verdade, precisava saber o que melhorar naquela mentira.

— Está faltando detalhes. O que você estava fazendo, como foi arrastada, o que sentiu na hora da explosão. Deve ta nos seus arquivos que você tem essa memória ai, então use isso ao seu favor, geralmente as pessoas são pegas nos detalhes, você não esquece. Pode fazer o mesmo depoimento e vai se lembrar de cada palavra. Vamos incrementar essa fanfic aí. — Ele piscou para ela, o que a fez se sentir um pouco melhor e menos apavorada.

Juntos eles inventaram toda uma história, sem exageros, e com detalhes de que aquilo realmente havia acontecido, ela nunca pensou que a habilidade dele de inventar coisas acabaria a ajudando tanto. O pai ficou surpreso quando eles voltaram e ela aceitou depor, mas com a condição que fosse naquela mesma tarde, ela o fez e repetiu ao menos três vezes, para três pessoas diferentes. Nenhum erro. Nunca poderiam dizer que ela mentia.

Michael insistiu que eles passassem a noite ali, apesar das desculpas, ele não ouviu o “não”, afinal uma noite não mataria ninguém e eles podiam voltar amanha cedo. Seguiram para o apartamento dele sem problema algum.

Dário passou a conversar com Michael sobre como ele era inteligente, e discutiam termos de advocacia que ela ficou surpresa que o garoto soubesse ou como ele podia se adaptar tão rápido aquilo.

Apesar da discussão de mais cedo, os três tiveram um jantar agradável, Michael era um excelente cozinheiro, e conversava bem, Dário não era muito de falar no inicio, mas era capaz de convencer mais facilmente humanos que semideuses, afinal ele não tava falando que derrotou duas Erínias sozinhos.

Michael deixou os dois sozinhos, com obviamente piadinhas de duplo sentido e disse que tinha camisinhas no armário do banheiro, se Celine não fosse tão de boa, ela iria querer se jogar da janela do apartamento, ainda bem que Dário não levava a sério também.

Ambos ficaram quietos um momento na sala, quando dessa vez ele quebrou o silencio.

— Você ta melhor? Não vai mais dar uma de louca ou algo assim?

— Eu não dei uma de louca! — Ela retrucou bufando, ele riu dela.

— Deu sim. E aí acha que já conquistei o sogrão?

— Aí pronto. Agora sim, você está iludido. O que tinha na sua comida? E não devia tentar me conquistar primeiro?

— Ah, mas isso eu já fiz. — Ele respondia com um sorriso prepotente de antes.

— Oi? Quando foi isso que eu perdi mesmo? — Ela falou o olhando.

— Eu te mostro.

Ele se aproximou dessa vez, e levou a mão ao queixo dela o erguendo, ela não desviava o olhar dele novamente, não iria mesmo, não estava mais sem graça.

 — Estou esperando me mostrar ainda, ortiba.

Ele fez uma careta, mas riu em seguida.

— Me xinga até quando salvo a sua pele.

— É minha maneira de demonstrar o quanto eu me importo com você. — Ela piscou para ele, ele ainda não tinha tirado a mão do queixo dela, que acariciava devagar, ela respirou fundo. —... Mas... Você salvou não só a minha, mas também a do meu pai, apesar de ter toda essa conversa aí para convencer o sr. Strom ... Obrigada. De verdade, Dário. Por estar aqui, por ter... Ficado ao meu lado nesse dia maluco todo.

— Eu disse, eu to aqui para te salvar caso precise, mesmo que isso me canse. Não é legal te ver chorando. — Ele falava como se fosse simples assim, ele levava a mão a bochecha dela acariciando ali devagar.

Muita coisa passava na cabeça dela naquele momento, muita coisa que queria ignorar sobre ele. E muita coisa a qual não queria, ela queria chegar mais perto, mas tinha medo do depois. Dava para ver a aflição nos olhos azulados dela.

Dessa vez, ele que tomou a iniciativa, aproximando o rosto para cada vez mais perto, ela podia sentir o halito dele, e quando estavam perto, algo foi arremessado contra a janela de vidro.

Aquilo era impossível! Dário a abraçou e se jogou com ela para longe da coisa, era um tentáculo gigante, a coisa lá fora era gigante, pendurada no outro prédio, algo que não estava no guia de monstros gregos.

Algo que a indicava que estava certa. Ela era um imã de problemas, e sempre seria.

— Pega meu pai e sai daqui. — Ela quase rosnou.

— Celine... Eu não...

— Você prometeu! O leve desmaiado, faça esse prédio ir abaixo não me interessa. Eu cuido disso.

— Não, porra! Para de querer ir para cima quando você nem sab... — Um tremor aconteceu nos pés deles, o monstro atacava a base da construção interrompendo a fala do garoto.

— Então leva ele para fora e me encontra perto dele depois! Não temos tempo, Dário! Vai logo! — Ela se virou e saiu correndo no ar, o que irritava o garoto, mas dessa vez ele não saiu do prédio sozinho, apagou Michael e saiu de lá para a rua com ele.

Celine se virou ao monstro. Era ele e ela agora, se Dário fosse esperto ele ia fugir, ela sinceramente esperava que ele fosse, porque aquele tipo de monstro não era normal.


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Notas finais do capítulo

vai dar merda, vai dar merda ~~



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