Brincadeiras do destino escrita por Phoenix


Capítulo 3
A carta


Notas iniciais do capítulo

O tempo passou, mas o sentimento de Catarine por Naoki não. Hoje ela entregará uma carta para se declarar ao seu amor.



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Quando entrei na escola, parecia que as pessoas me olhavam esquisito, tive a impressão que todo mundo ficou sabendo da confusão e que eu era a causadora disso. Mas aquelas pessoas não me importavam, eu queria mesmo era ver Bonito-Kun, meus olhos sentiram falta daquela imagem bonita e eu não achei ele no facebook para adiciona-lo, conversar, matar a saudade, namorar, casar... Porém eu encontrei ele no Google e tive um espanto com tantos artigos e matérias a respeito dele. E pior, ele tem uns dois ou três fanclubes! E é claro que eu entrei em todos.

Esses meus pensamentos me distraíram tanto, que quase passei pela minha sala, tenho que agradecer as meninas e ao Kawã por me levarem as anotações extras deles, apesar de não ajudar em nada, porque somos igualmente desprovidos de inteligência. As primeiras provas serão semana que vem e estamos na miséria de conhecimento.

Cheguei na sala e sou bem recepcionada, pelo menos pelos meus amigos, já o restante da sala, não posso dizer o mesmo.

— Ohayou, Catarine! – Me recepcionou Kawã. Ele parecia realmente alegre em ver.

— Ohayou gata – Cumprimentou Samanta.

— E aí Cata – Falou Jéssica.

— Ohayou meus bonitos! – Respondi a eles. Parece que Kawã ficou corado, que estranho. – O que está rolando por aqui povo?

— É uma longa história – Samanta me respondeu. – Depois daquele incidente, a nossa turma que já não tinha boa fama, está ainda mais mal vista por causa dos testes para os exames. Nossas notas estão abaixo da média, apenas a nossa turma está com a pontuação tão baixa.

— Fora que o comportamento dessa classe não parece ser apropriado. – Complementos Jéssica. – É a classe mais barulhenta, bagunceira e engraçadinha da escola...

— Segundo o Atsushi-Sensei, que inclusive pediu demissão. – Cortou Kawã a fala da Jéssica e complementou.

— O QUE? – Perguntei de olhos arregalados. Quanta coisa tinha mudado... e para PIOR!!!!

Nesse momento Akiharu-Sensei entra na sala com uma cara de Deus me livre e com um adulto jovem, com um jeito meio desleixado. Fico me perguntando quem será essa pessoa, porque é impossível ser o novo professor.

Nos levantamos para recepcionar o diretor. Ele fez sinal para sentarmos.

— Ohayou 1° F, esse é o Senhor Lima Thiago, o novo Sensei de vocês. Ganbatte.

Depois dessa apresentação, ele deu um sermão de aproximadamente UMA HORA, ele disse em todas as palavras, forma e expressões possíveis que nós eramos a vergonha do colégio, que todas as turmas trouxeram algum tipo de honra, medalha, enfim, malhou o Judas, deixou a nossa moral no centro da Terra, ele esfregou sal na ferida, ficamos um caco.

Para piorar, aquele professor, não era lá essas coisas, quer dizer, aparentemente. Sua feição é boa, ele é bonito, mas seu visual é um tanto quanto, relaxado. Na verdade, é um estilo casual, mas comparado com os dos professores daqui fica fora de sincronia, e se olharmos para Lima Midori-Sensei, a professora do 1°A, aí que fica pior, ela é uma japonesa gordinha, muito linda, inteligente, bem arrumado, só de olhar para ela, parece a inteligência transborda, ela é muito séria também e bem perfeccionista. Ouvi dizer que ela sempre pega as turmas A, pois ela é a melhor professora do colégio, por isso escolhe as salas primeiro.

Já esse nosso professor, me pergunto como ele será. Depois que o diretor saiu, Lima-Sensei falou:

—Ohayou classe, sintam-se a vontade em me chamar de Thiago-Sensei, Lima-Sensei ou só Sensei, pois nossa relação será de proximidade, não estou aqui para julgar as notas de vocês ou ser seu inimigo, estou aqui para conduzi-los ao conhecimento que se adequa melhor a cada um. A educação não é composta apenas pelas notas das áreas de humanas ou exatas, existem outros conhecimentos, outras formas de aprender, e nós descobriremos isso juntos. Vocês devem sempre lembrar: “Não podemos avaliar um peixe pela sua habilidade em subir nas árvores”, cada um de vocês é bom em alguma coisa, e nós descobriremos em qual área é e traremos orgulho e honra para essa escola.

— Hai! Seremos a melhor turma F que essa escola já teve, vamos fazer nossa turma ser inesquecível! – Acabei me empolgando! Adorei esse professor.

Conforme o tempo foi passando, descobrimos alguns talentos na sala, Kawã tem uma banda e o seu nome artístico é Kin-chan, acabou pegando esse apelido, a banda dele é muito boa e eles cantam bem, outras meninas e uns meninos gostam de fazer batalha de Rap, eles leêm o dicionário com frequência, o vocabulário deles é bem amplo, tem outros alunos que dançam street e dançam muito bem e as meninas e eu dançamos só por brincadeira.  No fim a sala toda se juntou e fizemos um coral para a escola, cantamos músicas diversas, desde antigas até as modernas, o nosso maestro Elias-Sensei, é muito talentoso e faz arranjos impressionantes. Com o coral, os grupos de dança e de Rap, conseguimos trazer diversas medalhas para a escola. O diretor dá preferência para as medalhas de português e matemática, mas ele fica realmente orgulhoso em saber que o Colégio Nipo-Brasileiro também ganha medalhas na parte artística. Ainda assim alguns alunos participam de esportes, mas os times são mesclados com todas as salas, entretando, os melhores jogadores e jogadoras estão na nossa sala, exceto o de tênis de quadra que Irie-Kun é o melhor do país e o de basquete que Wally-Kun é melhor.

Por falar em Wally-Kun, ele é bem legal, sempre conversa com a gente, principalmente com a Samanta, eu acho que eles se gostam, mas nada oficial. Já oficial mesmo é o sentimento do Kin-Chan por mim, ele se revelou no meio do primeiro ano, e não esconde de ninguém isso, mas infelizmente não posso corresponde-lo, apesar de Irie-Kun não notar minha existência, eu ainda sinto um amor platônico por ele.

E o tempo passou assim, no final do 1º ano entrou um carioca na nossa sala, ele se chama Santos Marcos, mas seu apelido ficou Carioca-Chan, ele é muito engraçado, como se fosse uma versão masculina da Jéssica, eles são muito palhaços.

Nossa vida escolar tem sido incrível, nós vamos com frequência ao Ibirapuera, cinema, lanchonetes, o almoço do natal é na casa do Carioca-Chan, a virada do ano fomos na Paulista as duas vezes, estamos sempre juntos. Já decidimos que mesmo depois da escola, seremos sempre amigos, sempre apoiaremos uns aos outros, essa é uma promessa.

Agora estamos no 3º ano. A minha ideia de tentar ir para a turma A foi ladeira a baixo logo no primeiro ano. As nossas médias, apesar de terem subido, não é o suficiente, então estamos sempre de reforço. Apesar de sempre ganharmos as competições que participamos, precisamos dar conta das notas aqui, e não é nada fácil, mesmo com o esforço Thiago-Sensei, é difícil colocar a matéria na nossa cabeça.

Mas já está decidido. Já que eu não posso estudar com Naoki, eu vou entregar uma carta para ele, hoje, no primeiro dia de aula. Passei a noite inteira imaginando os tipos de reações, positivas é claro, que Irie-Kun teria. Revisei toda a ortografia, graças a Deus minha letra é bonita e legível, fiquei mais de uma hora no banho, escovei bem os dentes e vou levar uma balinha para não ficar com mal hálito, arrumei meu cabelo, passei perfume, limpei os sapatos. Está tudo em ordem. Estou bonita na medida do possível, claro. GANBATTE!!!!!

***

Cheguei na escola, eu estou tremendo, meu coração está disparado, vou espera-lo aqui no portão.

Caramba, está chegando muita gente de uma só vez, me questiono se foi uma boa ideia espera-lo aqui na entrada, ai meu coração, vou enfartar, na moral.

Vish, ele chegou, já era, eu vou lá.

Estou andando, minhas pernas estão bambas, mas eu vou chama-lo.

— Irie-Kun. – Chamei uma vez. – Irie-kun... IRIE-KUN!!! – Todo mundo parou e me olhou. – Aceite a minha carta, por favor?


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Notas finais do capítulo

Haja coragem...