Brincadeiras do destino escrita por Phoenix


Capítulo 11
Sentimentos bagunçados


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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POV Catarine: O caminho até a estação apesar de parecer longo estava mais curto. O tempo parava, mas logo corria mais rápido que de costume. Parece que alguém está brincando com ele e me fazendo de palhaça, só para variar. As vezes até dava uns tapas de leve no meu rosto, só para ter certeza que eu estava acordada de verdade. Estava ficando com medo da minha mão começar a suar e Naoki larga-la, ficar com nojinho e não querer nunca mais segurá-la. Minha mente estava uma zona, não conseguia organizar meus pensamentos, ora era em Naoki, ora era na minha mão suando, ora era medo de ter dor de barriga e por aí vai. Segurei tão firme a mão dele que acho até que pode ter apertado demais, então quando percebia que estava exagerando, afrouxava e fazia um leve carinho na sua mão com o meu dedão, me sentia como uma verdadeira namorada, cada carinho que eu fazia era um frio que me dava na espinha, a coisa estava ficando feia. Mais feio que isso só essas meninas desrespeitosas encarando o meu quase-só-que-não-namorado. Então eu olhei para ele, parecia que estava mais bonito que de costume. Seu cabelo liso estava crescendo e algumas mechas de cabelo estavam tampando parte do seu olho, e ele as tirava mexendo a cabeça para o lado, seu uniforme alinhado como sempre me fez reparar pela primeira vez que tinha os braços fortes, como se fizesse academia, toda a sua postura em si era muito boa, poderia facilmente ser um modelo se quisesse, mas não combinava com a sua personalidade de velho. Então perdida em meus pensamentos o vi virar para a minha direção e olhar no fundo dos meus olhos e de repente, ele arregalou o olho.

— Cuidado! – Falou puxando o meu braço para si. Quando notei, quase dei de cara com um poste. Eu ia me estabacar toda só porque estava o olhando, mas ele percebeu e me ajudou. Quando voltei a olha-lo, fiquei vermelha, mas não consegui sair daquela posição, era impossível desviar o olhar, aquilo era demais para o meu pobre coração. É hoje que eu agarro ele!

POV NAOKI: Tentava me convencer que o único motivo para segurar a mão daquela menina era o fato de ter prometido cuidar dela para Ojisan, mas a minha racionalidade é boa demais para me enganar e me faz compreender que tem outra motivação, essa que eu ainda não entendi qual seria. Mas é com diz o ditado, uma mentira dita mil vezes, torna-se uma verdade. Então é só eu continuar dizendo que o motivo é segurança e pronto. Até porque não deixa de ser verdade.  Catarine é como uma criança, por isso precisa ser tratada como tal. Do jeito que é distraída é capaz de ficar para trás, se perder e acontecerem coisas ruins novamente, e isso eu não posso permitir. Então no fundo, não é uma mentira. Esse meu cabelo está me incomodando demais, preciso cortá-lo. Nossa ela está me olhando muito, será que é estranho quando jogo meu cabelo usando a cabeça? Ai! Ela aperta forte a mão, parece que nunca andou de mãos dadas antes... humm... ela nunca deve ter namorado então (sorriso mental). Agora ela está fazendo carinho na minha mão, espero não parecer desconcertado, pois isso me arrepiou a espinha, que sensação estranha. Preciso olha-la, não consigo conter esse impulso e meu Deus que desastrada...

— Cuidado! – Imediatamente a puxei para que não batesse essa cabeça oca no poste. Mas quando me dei conta, ela estava ali tão perto de mim, eu estava na rua e ela na calçada, ao puxa-la acabei encostando-a no poste, nossas bocas quase se tocaram novamente. Porém aquele momento foi diferente. Ela tinha olhos penetrantes, sedutores, nunca havia a visto dessa forma. Era possível sentir sua respiração se misturando a minha, o aroma de seu perfume e... aquele olhar, aquele jeito de me olhar.

Naoki pode sentir a mão de Catarine sobre sua nuca que, sem desviar o seu olhar, foi subindo e entrelaçando seus dedos nos seus cabelos, que Catarine julgava ser mais hidratados que os dela. Ela sempre teve vontade de acaricia-los e dessa vez, instintivamente estava fazendo. Por falar em instinto, as mãos de Naoki também o tinham, pois sem que ele se desse conta, as envolveu na cintura de Catarine, a apertando mais contra si. Com a mão cheia de mechas de cabelo de Naoki, Catarine fechou o punho e deu uma leve puxada, fazendo o coração dos dois baterem um pouco mais rápido. Pouco a pouco se aproximavam, sem dizer uma palavra, sem desviar o olhar. Aquele instante parece ter sido congelado, tudo ao redor estava estático, nada mais existia a não ser os dois. Agora podiam sentir o nariz um do outro e...

Trim, trim... trim, trim... trim, trim... trim, trim...

Permaneceram parados na mesma posição, como se esperassem que aquele maldito celular parasse de tocar. Mas o bichinho era insistente e não desistiria.

Trim, trim... trim, trim... trim, trim... trim, trim...

— Acho melhor você atender Catarine.

Ela ainda o encarou alguns segundos até que saiu do transe.

— Ah, é, sim, sim. – INFERRRRRRRRRRNOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO, pensou Catarine – Quem me incomoda?

Naoki fez sinal para continuarem a andar. Segurou novamente nas mãos de Catarine e seguiram até a estação.

Catarine?

— É ela. Quem é?

Não está reconhecendo a minha voz não?

— Kin-chan?

Nessa hora Naoki não conseguiu disfarçar a cara de poucos amigos.

Sim Cata, hoje você está mais lesada que o normal.

— Não sou lesada. – Disse rindo, o que piorou a fisionomia de Naoki. – Mas o que você manda manolo?

Quer que eu vá te buscar na estação de metrô?

— O que? Me buscar? Porquê?

Ora, por causa de ontem né. Se você me permitir, gostaria de te buscar e levar para vir a escola.

— O que? Me buscar e levar à escola? – Nessa hora Naoki chegou a apertar a mão de Catarine. – Aiiiii.

O que foi Cata?

— É que eu bati a minha mão no poste. – Disse olhando para Naoki, que fez um sinal de desculpas.

Então, que horas você vai chegar na estação?

— Então, no caso, eu não vou chegar na estação, porque hoje eu vou pegar um uber, entendeu, então não se preocupe viu bonito! – Eu não sou capaz de descrever, a você leitor, o sentimento que Naoki teve ao ouvir Catarine chamar Kawã de bonito, até porque nem ele sabia, mas o que posso te dizer é que ele ficou vermelho e, com certeza, com muita raiva.

Não fala assim que eu acredito!

— Mas você é bonito Kawã, você sabe bem.

...

— Larga de fingir vergonha, porque é a última coisa que você teria nessa vida. Agora preciso desligar. Beijooooossssssss. Smack.

Assim você me deixa arrepiado.

— Cala a boca. Fui.

Enquanto conversava com Kawã, chegaram finalmente a estação. Naoki estava emburrado, o que Catarine não entendeu muito bem. Como todo bom horário de pico, a estação estava lotada, então Naoki puxou a bolsa de Catarine para baixo, deixando na altura do bumbum.

— Assim você vai evitar muito transtorno.

Ela o olhava com os olhos arregalados. Então quando o vagão parou, ele pegou em seus braços e a guiou, ficando atrás dela, para ter uma boa visão de todos que estavam ao seu redor, a encostou no suporte de segurar no metrô e a enlaçou em seus braços, para que ele ao mesmo tempo que a protegia, se segurava.

Catarine estranhou a atitude de Naoki e exclamou:

— Naoki, o que é isso? Você está bem?

— Só estou fazendo isso para assegurar que nada te aconteça, não fique imaginando coisas. – Disse corando um pouco.

Mas não tinha jeito, Catarine estava imaginando todo o tipo de situação possível. Imaginou Naoki se declarando alto, para que todo o vagão ouvisse, até pensou nele se ajoelhando no metrô lotado. Depois imaginou ele a beijando ali mesmo, dizendo que só estar perto dela não era o suficiente, que precisava de mais. Enquanto fantasiava, deixava algumas palavras soltas escaparem: “Ai Naoki”, “eu também”, alguns risinhos, o que fazia Naoki chama-la mentalmente de baka. Por fim, ao cair em si e ver que nada do que imaginou aconteceria, Catarine colocou sua playlist para tocar e colocou um fone no ouvido de Naoki. A música que tocava era Do I Wanna Know? – Arctic Monkeys, era uma rock, com um som muito maneiro segundo a opnião de Catarine, que não deixou de externar sua opinião a Naoki.

— Meu, essa música é muito boa!

Conforme a letra da música ia sendo cantada, Naoki sentiu algo diferente.

— Você sabe qual é a tradução Catarine? – Como ele era fluente em Inglês, Português, Japonês e todos os ês possíveis, ele conseguia entender o que a letra transmitia.

— Não. Nem fui atrás da tradução. Eu gostei tanto do som, ritmo e voz, que nem pesquisei. PORQUÊ? ESTÁ FALANDO ALGUMA SAFADEZA? – Respondeu essa última frase em desespero, o que fez Naoki rir, tamanha inocência da criatura.

— Não, não fala nenhuma besteira, não se preocupe.

— Então fala do que?

— Vou deixar que você pesquise a tradução ou, melhor, que você aprenda inglês, afinal é quase que o idioma oficial do mundo não menina.

— Nossa, que chato. Vou voltar a música, já que com essa conversa, perdi praticamente ela inteira.

Ficaram em silêncio, ouvindo a playlist do celular de Catarine.

— Até que você tem um bom gosto musical. Bem diverso, eclético, mas muito bom por sinal. Alguma coisa que você faz direito, enfim.

Catarine olhou-o apenas com a boca torta em resposta. E pouco tempo depois, umas quatro músicas mais ou menos, já estavam na estação que desceriam. Naoki disse que naquela área não andaria de mãos dadas com ela, já que muitos alunos poderiam vê-los juntos, o que causaria um grande tumulto e ele queria que sua vida continuasse calma, como sempre foi. Pediu para que ela andasse na frente, assim ele poderia manter a distância que achasse necessária e observaria as pessoas ao seu redor. Tinha colocado na cabeça que era sua obrigação cuidar dela. Quando chegaram na escola, Catarine chegou primeiro, pois estava na frente, então, de camarote, Naoki pode observar uma cena que o deixou muito ‘pistola’.

— Minha linda, minha gata, minha princesa. – Disse Kawã, correndo para abraçar Catarine.

— Oi coisa bonita, cheia de graça. – Respondeu com uma brincadeira, que não agradou certa pessoa que observava.

— Moça bonita... Moça bem-feita... Moça formoça. – Falou imitando o senhor Madruga.

Catarine ria, enquanto Kawã passou suas mãos pelo seu ombro, a conduzindo até seus amigos. Lá começaram a conversar com Samanta, Jéssica e Carioca.

— Oi Naoki, você está bem? Está tão vermelho. Viu algo que não gostou? – Perguntou Wally ao encontrar Naoki, com uma expressão nada amiga.

— Eu estou bem sim, obrigada. Vamos para a sala. – Disse no tom despreocupado que costumava conversar todos os dias, mas a verdade é que em seu interior, ele não estava bem, e como sempre, não entendia o porquê.

Enquanto o grupo de Catarine ia para sala, se depararam com As Três May, que já olharam para eles com cara de desprezo, exceto Mayara que piscou um olho para Carioca. Esse não sabia se gostava ou se tremia com o olhar que Jéssica lançou para ele. Ao passarem com aquele olhar de superioridade, Catarine se irritou e falou:

— Olha lá gente, o trio bomba. – Todos da escola escutaram e pararam para olhar. As três May olharam para trás e pararam. Mayumi respondeu:

— Finalmente percebeu que nós somos explosivas, nós que bombamos aqui nesse colégio?

— Sim, a metralhadora, a bazuca e o CANHÃO – Disse de forma debochada o que deixou Mayumi, Maytê e Mayara com cara de tacho, pois todos do corredor estavam rindo. Com isso Catarine mandou um beijo e seguiu com seus amigos para sala. Mas Mayumi não deixaria aquilo passar, ela daria o troco.

Já na sala de aula, seus amigos estavam muito curiosos com os últimos acontecimentos de sua vida.

— Catarine, pelo amor de Deus, como você pode nos deixar assim, não sei nem por onde começar, tanta fofoca para atualizar, que eu me perco. – Disse Jéssica de forma ofegante, estava muito curiosa.

— Vamos pela ordem galera. Quem vai começar. – Catarine orientou.

— Você está como depois de ontem? Está bem? – Kawã estava preocupado.

— Estou sim, depois que tudo foi resolvido, não tive muitos problemas, meu pai e a família que está nos recepcionando, me ajudou muito.

— Por falar em família... e o Kinho? – Samanta olhou com olhos maliciosos e curiosos ao mesmo tempo. Kawã estava aprensivo, mas disfarçou o máximo que pode.

Puts, agora ela não sabia o que dizer, como agir. Catarine havia sido proibida de falar que mora com Naoki, mas ele é o Kinho, então, como uma ajuda divina, ela conseguiu pensar rápido, você pode imaginar o tamanho dessa ajuda, já que Catarine é lerda. Em sua cabeça ela pensou: Esse Naoki parece que tem duas personalidades, então atribuirei a parte boa ao Kinho, e as coisas ruins continuarão com o bakalindo do Naoki.

— Certo, o Kinho... o Kinho... É mais gato do que eu imaginava, confesso. – Isso era verdade, ela jamais acharia que ele seria tão bonito assim. – Ele fica muito na dele, mas quando toma alguma atitude, geralmente é boa. Ele é um cara legal.

— Hummm, então pintou um clima? – Disse Carioca rindo, mas logo se arrependeu por lembrar o amigo.

— CLARO QUE NÃO! Não rola nada ali, aquilo foi coisa de criança.

— Graças a Deus! – Disse Kawã por impulso. – Quer dizer, morar na mesma casa e ficar de namoro não dá certo né, nunca se sabe o que pode acontecer, e vocês tem que respeitar seus pais. – Tentou disfarçar o real motivo.

— Sim e ainda tem um irmão mais novo. Mas tem uma coisa que ele me falou e eu fiquei pensativa.

— O que foi? – Jéssica a olhava com curiosidade.

— Ele me falou que quando nos conhecemos a primeira vez, eu causei uma situação desconfortável. Mas eu não me lembro disso... – Catarine estava realmente tentando se lembrar como foi esse desastre que ela causou, logo na primeira vez que se viram, estava curiosa para saber qual o tipo de atrocidade ela foi capaz de cometer ainda tão nova.

— Cata, presta atenção, vamos voltar lá do começo. Quando foi que você o reencontrou, porque quando crianças já se conheciam, mas quando você lembra dele, a primeira lembrança amiga? – Samanta tentava conduzir as memórias da sua esquecida amiga, que mal lembrava o que comera no café da manhã, e olha que ela gosta MUITO de comida.

— Bom vejamos... – todos estavam na expectativa – Nos reencontramos no enterro da minha mãe... certo... eu estava sentada do lado do meu pai, que chorava muito, mas eu não estava chorando... humm... então os pais do Kinho chegaram, eu lembro de ter olhado para ele e achado ele muito bonito. Ele me olhou também e sorriu, mas depois parou de sorrir, acho que foi pelo fato de ter visto meu pai chorar. Então quando meu pai foi abraçado pelo pai de Kinho, ele chorou ainda mais. Ficamos sentados ali e eu estava estranha, lembro que a mãe dele pediu para que Kinho fosse brincar comigo lá fora, e nós fomos. – Catarine começou a se lembrar da série de eventos que aconteceram naquele dia. - Sentamos em um banco, em frente a uma árvore igual essas da escola, com flores rosas. Ele conversou muitas coisas comigo e começou a falar da minha mãe... eu não lembro exatamente o que ele me disse, mas sei que ele tirou aquela sensação ruim que estava dentro de mim e eu consegui chorar, eu finalmente chorei, chorei muito, molhei até a sua camisa, pois ele me abraçou e me deixou ali até que eu me acalmasse. Quando me acalmei, ele secou meu rosto, que estava todo gosmento, com um lenço que ele tinha. Então naquele momento nos olhamos nos olhos. – Nesse momento Catarine voltava ao passado, revivendo aquele momento. Sentiu a mesma sensação que naquele dia. – Então ele me deu um beijo, foi como um selinho demorado. – Ela estava de olhos arregalados por lembrar que já tinha beijado Naoki. – Então eu disse, que aquele era um selinho e que beijo de verdade tinha língua no meio. Eu perguntei se ele já tinha beijado assim e ele respondeu que não e me fez a mesma pergunta. Eu também nunca havia beijado e contei a ele. Kinho perguntou se eu queria dar meu primeiro beijo nele e eu respondi só se ele quisesse dar o primeiro beijo em mim. Então nos aproximamos... – todos estavam de olhos arregalados- unimos nossos lábios e fizemos uma pequena abertura... – a cada frase Carioca, Kawã, Jéssica e Samanta se aproximavam mais de Catarine, tamanha curiosidade. – Então colocamos a língua na boca um do outro e fizemos o que achávamos que era o certo.

— O QUE? – Todos disseram juntos.

— Mas de repente ele gritou e minha boca ficou com gosto de sangue. – Nessa hora alguém estava chamando Catarine na porta, mas absorvida por suas lembranças, não pode escutar. – Então... EU MORDI A BOCA DO KINHO QUANDO DEMOS NOSSO PRIMEIRO BEIJO!

— QUEEEEE – Seus amigos falaram uníssono.

— ARAIA CATARINE! – Chamo Naoki na porta, estava muito vermelho, pois percebeu que aquela doida havia finalmente se lembrado da primeira confusão que causara em sua vida. – Traga a sua bolsa e venha comigo por favor.

E agora, quem poderá a defender?


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Notas finais do capítulo

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