— Eu vou terminar com o Benjamin. — Marilyn disse aquilo em alto e bom som, era claro que estava querendo conversar e Greta sabia disso.

Ela abaixou o romance lôbrego de Stephen King, e olhou a irmã erguendo a sobrancelha.

— Eu nem sei por que ainda pergunto... Mas por que, dessa vez?

— Porque ele vai me pedir em namoro e esta apaixonado por mim. E eu não estou... Tão afim dele assim.

— Com isso você quer dizer...?

—Ele é previsível! Eu digo... Ele me chamou para o restaurante que saímos a primeira vez, perguntou a Ashley que numero de anel eu uso, e a Lindsay minhas flores favoritas. E nem precisei que elas me contassem, porque estava na cara dele o tempo inteiro.

—... Você quer dispensar ele por estar apaixonado por você e ser romântico?

— Não! Eu... Eu não sinto nada parecido com ele e seria totalmente injusto, quer dizer, ele é bonito, o sexo é bom e ele beija bem, é um excelente amigo e companhia e tenta me entender... Ok, eu sei que estou parecendo louca por dispensá-lo.

— Está.

— Mas... Eu quero sentir aquilo. Eu sei como é quando você está perdidamente apaixonado, eu era pelo Nicolas, mas eu quero sentir mais que aquilo que eu sentia por ele... Eu quero alguém que estaria disposto a qualquer coisa só para me ter.

— Ele parece esse tipo de pessoa.

— Não. Ele não é. Ele opta pelo seguro. Ele quer ir para NYU porque tem uma bolsa garantida lá, ele quer estudar Direito, porque teria um emprego garantido nisso, ele não corre riscos. É a mesma coisa de todos os outros! Eu quero alguém que eu olhe e não tenha ideia alguma do que a pessoa vai fazer, mas ao mesmo tempo que eu sinta um amor tão grande que não caiba dentro do peito... Eu quero algo que nossos padrinhos tem, ela pegou um avião no momento que soube que o pai morreu só para ficar com quem ela ama, a madrinha fez isso, e o pai... Ele se mudou da frança para os Estados Unidos, só para apoiar o sonho da mãe. É isso que eu quero, e Benjamin não me dará nada disso. — Marilyn afirmava como se fosse irrefutável, mas era claro a emoção na voz dela, assim como os olhos lacrimejando. — Droga... Acho que to meio emotiva esses dias... Ou to lendo romances demais.

Greta se aproximou da irmã devagar e lhe abraçou de lado com um leve sorriso.

— Então... Você está certa. Não aceite menos que isso. Procure o vampiro que brilha que vai colocar a sua vida em perigo. — Greta brinca piscando o olho para ela.

— Jesus, não. Se eu fosse a Bella, eu pegaria o Jacob, já viu como Taylor Laurent era gostoso? E já viu como ela descreve nos livros?

— Você leu Crepúsculo?

— Por que não? Eu soube que vão fazer um remake, tinha que estar a par de tudo.

— Mas o Edward não levaria você para o imprevisível? Afinal... Vampiros e tudo o mais.

—... Tem um ponto.  Edward nessa questão parece ser bem melhor, mas ele prendia muito a Bella, ou ela era muito dependente dele, sei lá, eu não me vejo ficando meses mal porque o cara terminou comigo, não fiquei por causa do Nicolas e não ficarei por ninguém... Mas e você?

—... O que tem eu?

— Me conta ai, qual o seu sonho de princesa?

— Me formar, ser uma boa produtora ou uma detetive.

—... Não to falando sonho profissional! Você mal namorou três caras a vida inteira, nunca me contou o seu tipo de cara.

—... Eu não tenho um tipo, é só... Acho que pode ser que esteja esperando ele aparecer, ou até ia preferir que não viesse nunca. Eu gosto de ser solteira, ninguém me enche o saco.

— Mas um namoro não é para encher o saco! É para ser feliz, amar e ser amado!

— ... Benjamin enche o seu saco. — Greta falou sorrindo a irmã, que fez uma careta.

— Tem razão. Homens não prestam. Bem faz tia Lux e Mimi de ficarem juntas, eram melhores amigas desde a infância... Alias, acho que na verdade não faz diferença, elas é outro exemplo! Tia Lux veio da frança atrás da tia Mimi, só porque sentiu falta dela.

— Sabe o que eu acho? Que você ta procurando no país errado, talvez o amor da sua vida esteja na França e não nos Estados Unidos. — Greta falava com o tom claro de insinuação.

—... Se vai começar a me zoar por causa do filho da madrinha pode esquecer disso. Ele é gatinho, é verdade e não usa suéteres horríveis mais do que quando éramos crianças. Mas isso tem zero chances de dar certo, afinal ele ta do outro lado do oceano.

— Tanto quanto o pai estava quando a mãe estava aqui... E a madrinha Irina quando Absynthe veio nos ver, e a tia Lux quando a tia Mireille veio para cá, e olha no final o que isso deu. Pode não ser o filho da madrinha, pode ser qualquer francês gato.

— Concordo com isso. Um francês gato seria bom para dar uma variada... Sem contar o sotaque. Nossa, o sotaque deles... —Marilyn suspirou. — Então é isso, quando eu estiver em Paris no meio de ano, eu vou achar o francês gato.

—... Talvez já tenha achado, Entretanto... Eu acho que o Orion no fim nem olharia para você.

— Ele já olhou. E eu podia pegar ele em qualquer momento que eu ficar lá.

— Eu não disse nada sobre pegar ele.

Marilyn pegou o travesseiro e jogou nela, fazendo-a se defender com um braço enquanto ria.

— Mas insinuou!

Greta riu e jogou nela também, e ambas deixaram o assunto para lá, brigando com uma guerra de travesseiros e rindo sobre aquilo, rindo de verdade pela primeira vez naqueles quatro meses, Christal veio ver o que estava acontecendo com as duas e quando entrou, ambas trocaram um olhar cúmplice e envolveram a mãe naquela guerra travisseiristica.

As três acabaram a noite numa guerra de plumas e penas.