Sinnerman - Os Irmãos Cullen - Vol. 1 escrita por Mari


Capítulo 18
Baile de Máscaras


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, meus amores!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/748605/chapter/18

 

Um mês depois

A neve já estava indo embora. As árvores ficavam secas e a paisagem estava aos poucos voltando a ser verde. Um mês tinha se passado desde a notícia que lorde e lady Cullen esperavam uma criança. Naquele dia, Sue, a médica e curandeira daquele povo, chegaria ao castelo para examiná-la. As náuseas da castelã haviam diminuído consideravelmente, mas ainda se faziam presentes. Edward ainda assim andava mais pensativo do que nunca. Era introvertido, fechado entre si e tudo no que pensava era no nascimento de seu filho e em ser pai.
O maior medo de Sinnerman era que sua esposa adorável falecesse ao dar a luz ao seu filho, todas as noites que fizeram amor ele desejou ardentemente que fosse estéril, para que nunca pudesse perdê-la como Edward Senior, seu pai, perdera sua mãe. Não iria saber lidar com a criança nem se ela vivesse, imagine se ele tivesse que criá-lo sozinho.
Este era o segundo medo. Ser pai. Não seria um bom pai. Não era uma boa pessoa, tampouco seria um bom pai. Nem ao menos desejava sê-lo. Não nascera para ter filhos nem esposa, pelo amor de Deus. O que estava fazendo com sua vida? Tudo que sabia fazer era matar, lutar, cavalgar e treinar seus homens. E era tudo o que era seguro. Nunca alguém iria feri-lo emocionalmente em uma batalha.
— Bom dia, Sue! - Isabella cumprimentou com o marido ao seu lado. Ultimamente o único olhar que ele lançava era de preocupação.
— Bom dia, milady. - ela cumprimentou. - Milorde. - saudou, fazendo uma reverência. Em seguida olhou aterrorizada para Isabella. Sinnerman empalideceu.
— O que houve? - Edward perguntou no mesmo segundo, vendo que algo estava errado na expressão de incredibilidade da mulher.
— Sua barriga, milady... Ela... - a mulher estava sem palavras.
— Sue, por favor, fale logo. - a morena pediu nervosamente. Já começava a suar frio e se segurou no marido, que a amparou imediatamente.
— Tenho que examiná-la. - ela disse e eles foram em direção a um quarto de hóspedes. - Há apenas um mês que vos diagnostiquei grávida, certo, milady?
— Sim, Sue. Trinta luas. - ela concordou com o cenho franzido. Sinnerman já começava a ficar temeroso e irritado, pois não sabia o que estava acontecendo. Temia pela sua esposa.
— Receio que o tamanho não é normal para estar grávida de dois meses. - ela disse, acariciando o ventre de Isabella agora descoberto. - Este tamanho é próprio de quatro meses. Afirmo que há dois bebês em seu ventre, querida. Parabéns, terá gêmeos. - ela disse sorridente. Isabella a encarou e uma lágrima desceu pela bochecha dela.
É claro que ela estaria triste, Sinnerman pensou. Ter dois filhos dele seria uma maldição para qualquer mulher, ainda mais se nascessem pecaminosos e genuinamente maus como ele. Lembrou de Vladimir: "O homem é o lobo do próprio homem e tu desde que nasceras sempre foi capaz de grandes atrocidades com seres da tua própria espécie", dizia o mentor de Edward durante a infância, após a morte da irmã.
Então a mulher sorriu.
— Oh, meu Deus! Dois bebês! - exclamou ela emocionada. Transbordava felicidade em seus olhos marrons. Edward a olhou com raiva.
— Eu estava começando a aceitar esta ideia, entretanto dois? Isabella, eles irão matá-la. Irá morrer no parto. - bradou com raiva. Isabella o olhou intensamente. Entendia sua preocupação, porém achava que ele já estava indo longe demais. - Tire-os de dentro dela, Sue.
— Não irás tirar nada dentro de mim. São nossos e não irei abandoná-los. - vociferou a mulher, selvagem como uma leoa protetora. Os dois se olharam, trocando faíscas de fúria pelos olhos.
— Como se não bastasse um, teve que dar-me dois filhos. - murmurou ele com raiva. - Tire-os.
— Eu. Não. Irei. Tirá-los! - gritou ela verdadeiramente enfurecida. Ódio saía pelos olhos de âmbar do marido.
— Não tens direito de decidir isto sozinha! - berrou ele de volta.
— Nem tu tens!
— Éramos para ser marido e mulher, Isabella. Porém tu escolhestes abandonar-me por dois seres que nem conhece e que poderão matá-la. Eu não escolhi isto. Eu não escolhi. - afirmou veemente e visivelmente magoado com a esposa. Ela não compreendia o medo intenso que ele tinha em seu âmago de perdê-la?
Isabella quis chorar, porém manteve a compostura. Ela sabia que existia o grande risco de falecer ao parto, porém nunca desistiria dos próprios filhos. Aqueles que foram resultados de amor. Que tinham Edward em sua essência. Nunca os abandonaria. Tampouco desejava abandonar o marido. Estava perdida e não sabia o que fazer.


Duas semanas depois

Quase quinze dias haviam se passado desde a grande discussão do castelão e da castelã de Olympia. Os dois não se falaram desde então. De um lado, um senhor magoado vendo que a esposa preferia os filhos à ele, ainda que isto significasse abandoná-lo para sempre. De outro, a senhora perseverante que não abriria a mão dos filhos ainda que seu futuro estivesse em risco. Já os amava intensamente para fazê-lo. Amava-os como amava o marido. Era impossível decidir qual amava mais.
Ainda assim, não tiraria seus filhos dali. Era um cantinho seguro para eles e assim seria até a gravidez encerrar. Brigados, os dois não conseguiam fazer as pazes, pois não conseguiam entender o ponto de vista um do outro, nem abrir mão do próprio pensamento. Dormiram em quartos separados, o que deixava Sinnerman desmoronando de preocupação por dentro, porém o orgulho era maior, então apenas deixou Bruce como guarda na porta do aposento da Castelã.
Naquele dia, Isabella mandava em todos os criados que estavam ali. Ali, quando anoitecesse, aconteceria o Grande Baile Anual de Olympia, um baile do ritmo Momo¹, evento este que não havia entrado em vigor desde que Edward assumiu a senhoria, porém que ele necessitou fazê-lo naquele ano para ver se percebia algum comportamento anormal em algum de seus ricos vassalos. Suspeitava de que um deles o traíra, desejando a morte de Isabella. O motivo de tal desejo ainda era desconhecido para todos ali.
Estava tudo arrumado. O castelo estava magnificamente limpo e agradável, estandartes Cullen pendurados do teto e as toalhas azul marinho contrastavam com o prata dos talheres e cálices, fazendo tudo combinar com o brasão Cullen que continha aquelas mesmas cores.

***
A hora havia chegado. Isabella estava simplesmente estupenda. Seu novo vestido era de um cetim prata, cruzado em seus seios. No busto, era repleto de pequenas pedras pretas. A saia, também prateada do vestido era solta, deixando-a a mais bela inglesa grávida que aquele reino havia visto. Estava corada e seus cabelos bem mais brilhosos por conta da gravidez. Ainda que caíssem muito também. Por fim, pôs a máscara, também prateada.
Quando Edward a viu descendo as escadas ficou hipnotizado. Era a visão de Afrodite, a deusa grega do amor e da beleza. Tudo em seu corpo e rosto estava em harmonia. A morena era perfeita. Ela parou ao lado do marido, que estava com uma túnica preta e colada, calças quase apertadas (Deus, ele estava treinando muito durante os últimos dias, estava maior do que nunca!) e a insígnia dos Cullen que Isabella havia o presenteado. Sua máscara era preta assim como todo o seu traje. Os dois deram boas vindas à todos os lordes e suas esposas (aqueles que possuíam uma). Isabella reconheceu lady Katerine, pelo cabelo que parecia branco de tão loiro e lorde Garrett.
— Lady e lorde Denali! - exclamou e a mulher logo a puxou para um abraço. Garrett segurava um lindo bebê que parecia sua fiel cópia. Olhos curiosos e aventureiros e cabelinhos negros e ondulados. Parecia ter quase cinco meses de vida.
— Olá, lady Cullen, lorde Cullen. - Edward o cumprimentou com um aceno de cabeça. Poderia ter sido mais simpático, mas as circunstâncias ali não permitiam. - Dê olá para a lady Cullen, Gustav! - falou em uma voz animada e infantil. O neném o olhou sorrindo abertamente e em seguida olhou para Isabella, que sorriu instantaneamente.
— Olá, querida. Deus, está grávida e enorme! Quantos meses, cinco? - indagou ela, fazendo carinho em lady Cullen. Garrett também tocou levemente a barriga da morena, que sorriu. Já estava acostumada com aquilo, porém Sinnerman ficou enciumado. Lorde Denali logo foi dialogar com ele e Emmett, que já estavam dando risadas. Provavelmente insultavam um ao outro.
— Apenas dois, porém dentre alguns dias será três. - Isabella sorriu. - São gêmeos! - exclamou alegre.
— Estupendo! Que magnífico! - exclamava mais alto ainda Kate, tornando impossível de Edward ignorar a conversa das duas sobre o provável motivo da morte precoce da esposa.
Conversaram mais um pouco e logo o casal Denali adentrou o salão. Nele, músicos tocavam as melodias inglesas mais alegres de todos os tempos.

Sinnerman evitou olhar para a esposa maravilhosa - que dançava animadamente com se irmão e todos os lordes importantes das redondezas - pois provavelmente perderia o foco do grande propósito que tinha aquele baile. Era mais difícil encontrar suspeitos quando todos usavam máscaras.
Depois de dançar terrivelmente e por muito tempo em conjunto, tendo como par seu cunhado Emmett, Isabella simplesmente não conseguia respirar. Havia perdido o marido de vista e precisava sair para obter um pouco ar puro. Decidiu ir ao solário. Ninguém a procuraria ali.
— Acalmem-se, meus filhos. - sussurrou ela para o próprio ventre, acariciando-o. Estava enjoada, além de estar sem ar. - Acalmem-se. Mamãe está bem. Está tudo bem. - disse olhando para baixo, vendo pequenas hastes horizontais de ferro pregadas as paredes externas do castelo. A altura a deixou mais enjoada e ela afastou-se da margem do solário.
Ouviu alguns passos atrás dela e logo supôs que era de seu marido.
— Edward, desejo ficar somente em minha companhia. - murmurou ela sem encarar o homem, ainda magoada pela discussão dos dois. Não queria mais argumentar com ele.
— Olá Isabella. - o homem disse e ela percebeu que não conhecia a voz. Quando virou-se, sabia que já tinha visto aquelas feições antes em algum lugar. - Tens muitas brigas com seu marido, vejo.

Isabella estava na biblioteca, o seu segundo lugar preferido do castelo. Seu marido estava treinando, como sempre, junto aos seus soldados, então ela decidiu ler um bom livro naquela manhã. Viu Os Sofrimentos do Jovem Werther e interessou-se pela obra, pegando-a da instante. Foi quando junto a ela, caiu no chão um papel.
Curiosa, Isabella o pegou e o abriu. Era uma pintura. Parecia ser a família Cullen. Viu um senhor loiro e uma mulher morena e presumiu ser o patriarca e a matriarca Cullen. Reconheceu Edward pequeno, sua irmã Alice - com uma expressão malígna - e Emmett. Entretanto, havia outro menino. Seria algum primo de Edward? Outro irmão que não mencionaram? Tinha cabelos loiros e olhos verdes. Ao lado dele estava uma moça idêntica a ele. Quem eram aqueles?
O que faziam ali?


— Não, não brigamos muito. Amo muito o meu marido, é um homem de fibra e não há espaço para brigas tolas em nosso matrimônio, senhor quem quer que seja. - vociferou ela, não admitindo que falassem sobre seu marido. - Quem és tu? - indagou aterrorizada. O homem possuía ódio no olhar no momento em que ela falou sobre Edward. Porém não respondeu-a.
Não sabia quem ele era, todavia tinha certeza: Era ele. Ele queria vê-la morta.

¹Momo:  um gênero de dança que os participantes dançavam mascarados e disfarçados. Uma história interessante sobre essa dança é a do Rei louco: "Numa festa na mansão Saint Paul, por ocasião do casamento do Duque de Vermandois com a dama de honra da Rainha, o rei Carlos VI - dito o louco - quis fazer um momo e se disfarçou, com quatro companheiros, de "homem selvagem". Estavam cobertos de pêlos, da cabeça aos pés. Usavam camisas impregnadas de pez sobre as quais haviam posto grandes quantidades de fios de linho fino. Para reconhecer o rei, o duque de Orléans aproximou uma tocha de fogo dos momos. Os cinco começaram a pegar fogo. Três morreram imediatamente, um outro no dia seguinte; o rei foi salvo pela duquesa de Orléans que se jogou sobre ele e abafou o fogo com as dobras de seu amplo vestido".


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, tem gente me pedindo para não encerrar a fic! To com dó! Mas preciso encerrá-la... Terá volume 2 que já estarei escrevendo daqui a poucos dias (O Leão Domado) que terá Emmett como protagonista.
Por hoje é só!
Até a próxima!
Comentem o que acharam é muito importante pra mim! Próx cap será revelado a identidade do monstro que quer Isabella morta. Palpites?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sinnerman - Os Irmãos Cullen - Vol. 1" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.