Monochromatic escrita por Cihh


Capítulo 4
Capítulo 4 - Best Friend


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Nesse capítulo eu passei o pano em uma série de acontecimentos que aconteceram na minha fic 'I Can Feel' que são importantes, mas não tanto nessa fic. Então se vocês quiserem saber o que aconteceu direitinho, podem ler minha primeira fic ou comentar qualquer coisa, eu vou responder tudo. É isso. Boa leitura e beijinhos



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Quando seus melhores amigos são viciados

Sim, você faz tudo o que puder

Porque você nunca vai deixá-lo ficar para baixo

(Best Friend, Foster The People)

 

Max bateu de leve seu copo no de Lagarto e no de Luke, rindo. Estava um pouco bêbado, admitia. Tinha tomado muitos copos e não viera com seu carro, o que praticamente lhe dava carta branca para beber o quanto quisesse. Nik disse que o levaria para casa. Nik e Luke tinham sido convidados para aquela festa na casa de uma garota que ele não conhecia chamada Vanessa. Como ele e os outros ainda não tinham tido a oportunidade de rever Luke, pareceu uma boa ideia todos irem. Luke estava o mesmo do ano anterior, o mesmo sorriso fácil que costumava encantar as garotas e a atitude infantil de sempre.

—A gente tava com saudade de você, cara. –Lagarto disse para Luke, que riu.

—Eu também, mano. Ninguém nos states é tão foda quanto vocês. –Luke disse, bebendo e dançando ao som da música que tocava.

—Cade sua namorada? –Pedro perguntou.

—Por aí. Ah, ela não é mais minha namorada.

—Achei que tinham voltado.

—Não ainda. –Ele disse bebendo todo o conteúdo de seu copo. –Eu a perdi temporariamente para um babaca chamado Thomas. Ele tá por aí também, mas vou reconquistá-la.

—Por isso você tá bebendo tanto. –Max disse e ele riu de novo. Estava mais bêbado que Max.

—Licença. –Alguém disse empurrando de leve Max para trás. Ele olhou para a pessoa que falava com ele e viu uma garota magra com grandes olhos castanhos e cabelo comprido que batia no quadril. Sua memória voltou a dois eventos anteriores, os dois no restaurante onde trabalhava. No primeiro, a garota estava lá com um garoto nerd, e ele dera em cima dela, mas ela não tinha dado bola. Na segunda, ela estava com outro garoto, um alto e bonito, que adotara uma postura agressiva quando Max dera em cima dela de novo.

—Luke, segure isso para mim. –A garota disse para o amigo de Max, dando várias latas de cerveja na mão dele. –Obrigada.

—Ei, galera. Essa é Isa.

Max arregalou os olhos. A garota em que ele tinha dado em cima duas vezes era a tal ex-namorada de Luke. Então ele assumia que o garoto que tinha quase dado um soco na cara dele na segunda ocasião em que eles se viram era o atual namorado, Thomas, o motivo por Luke estar bebendo como um louco naquela noite. –Eu conheço você. –Max disse para ela.

Ela olhou para Max por um segundo. Max não queria demonstrar interesse pela terceira vez pela garota que Luke ainda estava a fim, mas não podia deixar de notar no quanto ela era bonita. –É verdade. Max, né? –Ela perguntou, e ele ficou satisfeito em saber que ela lembrava do garçom que tinha dado em cima dela algumas vezes.

—Isso aí.

—Caralho Max. Você sempre dá sorte. –Lagarto disse. Ele parecia bêbado demais para entender o que estava acontecendo.

—E você é idiota. –Max respondeu, dando um tapa fraco na orelha do amigo.

—Pode levar essas cervejas para a mesa para mim? –Isa perguntou para Luke.

—Claro. Vamos, caras. Vou apresentar vocês para meus novos amigos. –Luke disse, liderando o grupo para o lado de fora da casa, perto da piscina. Isa olhou ao redor, a procura de alguém, e se afastou deles.

—Não acredito que você já fez novos amigos. –Pedro disse, correndo para pegar uma cerveja das mãos de Luke.

—Eles não são melhores que vocês. –Luke disse, mas parecia que ele só estava dizendo aquilo para não deixar os amigos chateados. Max aceitou a desculpa, de qualquer forma.

Max colocou um prato com o hambúrguer mais gorduroso que eles serviam no restaurante na frente de Luke. O amigo piscou para Max e começou a devorar o pedaço de câncer.

—Quando você volta? –Max perguntou, virando uma cadeira ao lado de Luke e sentando-se nela.

—Provavelmente no Natal. Mas não prometo nada. –Luke respondeu com a boca cheia. Ele abriu o hambúrguer e colocou algumas batatas fritas lá dentro, antes de enfiar tudo na boca. –Quer ir para uma festa depois do trabalho? Vai ter um esquenta no posto de gasolina com os garotos.

Max deu de ombros. –Claro. Veio com seu carro?

—Não. Vim a pé.

—Me espera no estacionamento então. Daqui a uns vinte minutos eu desço e a gente vai junto.

—Firmeza. Aí, você não vai trocar aquele teu carro?

—Não tenho grana. E eu gosto dele.

—Como você conseguiu comprá-lo? Deve ter sido caro. É do tamanho de um jipe.

—Tem coisas que não se pergunta, meu amigo. –Max disse, batendo nas costas de Luke.

—Então tá, senhor cheio de segredos. Aposto que é roubado essa porra.

—Quem sabe? Posso ter roubado de um mauricinho que nem você. Espero que me dê uma grana boa por esse serviço. –Max provocou.

—Você não devia nem cobrar por esse hambúrguer. Eu sou um cliente ilustre.

—Do jeito que você come, se eu deixasse de graça, ia ficar no prejuízo.

Luke tomou metade do copo de coca-cola de uma só vez. –Tudo bem. Dessa vez eu pago.

Max sorriu. Luke tinha ficado quase três semanas no Brasil, e estava para voltar para os EUA, já que as aulas na faculdade iriam começar em breve.

—Tenho um favor para te pedir. –Luke disse, limpando a boca com um guardanapo.

—Diga. –Max se levantou, colocou a cadeira no lugar, e limpou as mãos no avental preto. Estava vestindo uma bermuda militar cinza escuro e camiseta preta lisa.

—Quero que você fique de olho em Isa para mim.

Max levantou uma sobrancelha para Luke. –Como assim?

—Você conheceu Thomas né? Não achou ele meio estranho?

—Meio idiota, talvez. Mas nada demais. É um garoto normal de dezessete anos. Por quê? Acha que ele tem alguma coisa?

—Sei lá. Não consigo ver um cara como Thomas realmente a fim de uma garota. Ele é muito... estilo pegador, sabe? Tipo você.

—Pessoas mudam. Talvez ele só estivesse procurando a garota certa.

—É, bem, de qualquer forma, não confio nele. Pode ser só noia da minha cabeça, mas fique de olho aberto.

—Posso tentar, mas não vou prometer nada. Não sou próximo de Isa ou Thomas, não tenho como ficar de tocaia.

—Eu sei. Mas só fique atento. Cuide de Isa por mim caso alguma coisa aconteça.

—Tranquilo. –Max disse se apoiando na cadeira de madeira.

—Agora vai trabalhar, seu vagabundo. –Luke brincou, tirando uma nota da carteira e a deixando na mesa. –Pega o troco pra você. Vou te esperar no estacionamento.

—Eu só estava servindo apropriadamente um cliente ilustre. –Max respondeu, colocando a nota no bolso do avental e virando nos calcanhares para servir outra mesa.

Depois que Luke foi embora, Max ficou sem ver Thomas ou Isa por um bom tempo. Tinha até esquecido da conversa que tinha tido com o amigo sobre ficar atento em relação ao namoro dos dois. Estava vivendo sua vida normalmente, acordando todo dia ao lado de uma garota diferente, ou bêbado demais para se levantar, lamentando a vida que levava, mas sem nenhum incentivo para mudar. Até que um dia, quando saiu do trabalho para voltar para casa, encontrou Isa chorando perto da saída do shopping, parecendo perdida. Max não pensou duas vezes antes de ir até ela. Pegou no braço dela, que o olhou assustada.

—Isa? Você está bem? –Ele perguntou. Obviamente ela não estava.

—Max. Eu... –Ela tentou falar, mas as lágrimas impediram-na de continuar a frase.

—O que aconteceu? –Ele perguntou. Isa balançou o braço para Max a soltar. –O que foi? –Ele disse franzindo a testa e se afastando um pouco. –Fale comigo, por favor. Quero te ajudar.

—Não é nada. –Ela disse baixinho. Max não conhecia Isa muito bem, mas ela não parecia ser uma garota que chorava com facilidade. Para falar a verdade, parecia ser uma garota muito forte. 

—Tudo bem, não precisa contar. Não é da minha conta. Mas me deixe te ajudar. Você quer uma carona? –Ele disse, tocando os bolsos da calça jeans, procurando a chave do carro.

—Quero ir para casa. –Ela falou e ele concordou com a cabeça.

—Eu te levo. Onde você mora? Vem comigo. –Ele pegou a mão dela e começou a levá-la para o estacionamento. Isa largou a mão de Max, mas o seguiu de perto, secando continuamente as lágrimas. Max pensou em Luke, na conversa que eles tinham tido antes. Se Isa estava chorando por causa de Thomas. E em como ele poderia ajudá-la. Eles chegaram ao estacionamento do shopping e Max abriu a porta do carro para Isa. Ela já havia parado de chorar, os olhos grandes estavam vermelhos e o cabelo castanho levemente bagunçado. Apesar de tudo, continuava bonita. Max entrou no lado do motorista e colocou o cinto. Ligou o carro e saiu do shopping. Isa ficou olhando para fora, respirando fundo. Quando ele parou na frente da casa grande de Isa, ela finalmente desse alguma coisa: 

—Obrigada pela carona. -Ela disse tentando conter as lágrimas. Parecia prestes a desabar. 

Max apertou o volante com força e desviou o olhar dela. Ele não entendia como alguém podia fazer isso. Ele não era o cara mais romântico do mundo, longe disso, mas tentava ao máximo tratar as garotas bem quando elas estavam com ele. Ele esperava que nunca fizesse algo para deixar uma garota assim por sua causa. Não queria fazer ninguém chorar dessa forma.

—Eu não sei o que aconteceu para te deixar assim. -Ele disse. -Mas suponho que seja culpa do seu namorado, Thomas. Estou errado?  

Ela não respondeu e ele levou isso como uma confirmação. -Eu sabia. Luke me disse para ficar de olho em você sempre que pudesse para que esse tipo de coisa não acontecesse. 

—Ele disse? -Ela pergunta surpresa. Parece reconfortada por saber que Luke se importou com ela a ponto de pedir isso para Max.

—Disse. Mas não é algo que eu poderia evitar. Sinto muito por ele ter partido seu coração. Mas não chore. Garotas como você não devem chorar por caras como ele. 

—Como eu poderia não chorar? -Ela perguntou. -Se é ele quem eu amo?  

Max estalou a língua, pensando no que falar. Amor? Ele não tinha muita propriedade no assunto. Ele nem mesmo conhecia Isa ou Thomas direito, não sabia como era o relacionamento deles. Ele não sabia como ajudar.

—Não conte nada para Luke. -Ela disse de repente. Max levantou uma sobrancelha. 

—O que?  

—Não conte para ele que você me viu assim. Eu mesma vou contar para ele... Depois. -Ela disse evitando olhar para os olhos de Max. Uma mentira. Talvez porque Luke já tinha alertado-a sobre isso?  

—Tudo bem. -Ele disse. Iria respeitar a escolha dela. Mas não ia deixar as coisas simplesmente assim. -Eu vou te dar meu número. Ligue se alguma coisa acontecer ou se precisar de algo. 

Ela entregou o celular a Max sem relutâncias antes de se despedir e sair do carro. 

—Pode falar. -Max disse limpando as mãos em um pano úmido e pendurando-o no ombro. Isa tomou um gole de suco de laranja. Ela parecia muito melhor desde a última vez que ele a vira. O cabelo comprido estava preso em um rabo de cavalo alto e ela estava apenas levemente maquiada. A garota tinha ligado depois de alguns dias, perguntando se eles podiam conversar. Max disse que ela podia passar no restaurante quando quisesse. E ela foi.

—Você quer saber o que aconteceu entre mim e Thomas?  

Max se sentou na cadeira em frente à Isa e deu de ombros. -Você que sabe. Se quiser falar, sou todo ouvidos.  

—Não te conheço muito bem. Mas você parece confiável. Bem, Luke confia em você. -Ela suspirou e tirou uma mecha de cabelo solto da frente do rosto. -Thomas apostou com um amigo que conseguia me levar para a cama. 

Max tentou não ficar surpreso. Era algo que Luke já tinha dito que era uma possibilidade. Ele também conhecia garotos como Thomas. Mas fazer isso parecia muita crueldade. Principalmente com uma garota legal como Isa. -Que merda.  

—O pior é que... eu já sabia que tinha algo errado. Thomas é alguém que eu nunca pensei que poderia gostar de outra pessoa a ponto de tratá-la como ele me tratava. 

Isso era algo que Max também não entendia. Das poucas vezes que ele havia visto os dois juntos, ele julgara Thomas um bom namorado. Não parecia estar fingido. Claro, Max podia estar enganado, mas ele pensava que não. 

—Todo mundo que eu conhecia me disse que Thomas não era garoto para mim. Eu mesma disse isso para mim várias vezes. Eu só não consegui evitar. Quando percebi, estava muito próxima para voltar atrás. 

—Sinto muito. -Max disse. Ela respirou fundo. -Você falou com Thomas sobre isso?  

—Não, eu... estou evitando-o.  

—Vocês não estudam juntos?  

—Sim. E isso é um saco. Eu tenho que vê-lo todo dia, toda hora. Não sei qual é o problema dele, mas ele parece um cachorro sem dono. Fica atrás de mim o tempo todo pedindo desculpas e querendo falar comigo. Por que ele não pode me deixar em paz?  

Max não queria falar. Mas estava bem aparente que Thomas ainda gostava dela. Apesar de Isa ter certeza de que ele nunca havia gostado dela. 

—E o que você vai fazer? -Max perguntou girando o saleiro no dedo.   

—Acho que vou embora. 


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