The New Avenger escrita por Dark Sweet


Capítulo 24
Presentes


Notas iniciais do capítulo

Hey, bebês. Como vocês estão? Querendo me matar, aposto, e eu não tiro esse direito de vocês. Sei que demorei mais de um mês para atualizar a história e peço desculpas. Mil desculpas, na verdade. Eu iria postar o capítulo ontem, mas enquanto eu revisava acabei dormindo de tão cansada. Desculpa de novo. Contudo, eu voltei com um capítulo grande para compensar a demora e também porque é o último da história. "Nossa, Gabi, como você joga uma bomba dessas assim?" Eu sei, deveria ter avisado antes e preparado vocês, mas eu decidi isso um dia desses por dois motivos. Primeiro: o final desse capítulo, na minha opinião, conseguiu fechar a história. Segundo: se eu fosse postar outro capítulo (o qual eu já tinha uma idéia) o final poderia ficar aberto, sem sentido e a história poderia se estender demais até achar um bom final. E eu, definitivamente, não queria que The New Avenger se tornasse aquelas séries com inúmeras temporadas e sem uma história que fizesse sentido. No entanto, não se preocupem porque ainda haverá o epílogo e outra história irá se iniciar, dando início a Civil War. Boa leitura e nos vemos nas notas finais.



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 Passado o ocorrido com Zach e aquela conversa sem pé nem cabeça com os Vingadores - onde foi dito que ninguém me queria fora do time (coisa essa que eu já sabia, porque ninguém dispensa uma pessoa tão maravilhosa como eu) - eu recebi outro problema: Adam.

Parece um karma ter que ser eu a pessoa que vai resolver os problemas dele. Eu mereço.

Enfim, um dia depois do rolo com o Zach, tiro, porrada e bomba, Chris contou que estava grávida. E o que meu irmão fez? Sumiu logo depois sem dar notícias.

Isso não é algo fora do comum no Adam. Meu irmão até que dá aquelas escapulidas de vez em quando, só que o problema foi que ele sumiu durante dois dias sem fazer um mísero sinal de fumaça e isso é mais do meu feitio do que dele.

No entanto, como já disse, ele apareceu dois dias depois e contou logo para nossos pais que Chris estava grávida e o filho era dele.

Não preciso nem dizer que Dona Michelle surtou, né? Pareceu até que o Adam tinha dito que ele participava do tráfico de órgãos e precisava do fígado dela.

Entretanto, depois de quase uma hora de sermão por ter tido a irresponsabilidade de não se prevenir direito e por ter sumido durante os dois dias sem dar notícias, minha mãe disse que essa criança iria ser recebida e criada com todo amor do mundo.

Quem ficou feliz mesmo foi Will, alegando que agora teria uma criança para brincar com ele.

Agora quem não aceitou muito bem a notícia foram os pais da Chris. A mãe dela principalmente, que disse que não queria mais a filha na casa. Já o pai, a aceitou na casa dele depois de dar um belo esporro nela por causa da gravidez.

Povo para gostar de dar esporros gratuito. Tá amarrado.

Resumindo, tudo voltou ao normal. A minha definição de normal, claro.

E com normal, eu quero dizer um Pirralho de nove anos pulando na minha cama em plena manhã de uma segunda-feira.

—William, se você não parar eu vou fazer flutuar pelo resto do dia. – resmunguei, enfiando mais a cabeça no travesseiro. Se é que isso é possível.

—Mel, acorda, acorda. – ele começou a empurrar meu corpo para frente e para trás. – Hoje é um dia diferente, Mel. Levanta! –

—Hoje é uma manhã de segunda-feira, Pirralho. Não tem nada de diferente nele. – murmurei.

—Se você abrir os olhos vai ver porque é diferente. – Michael falou, atiçando minha curiosidade. Suspirei em derrota, abrindo os olhos.

Um estouro de como se fosse champanhe abrindo soou próximo de mim. Só que não era champanhe. Era um canhão de confetes coloridos.

Todos caíram na minha cama e em cima de mim. Ótimo.

Will começou a cantar parabéns junto com meus pais e Adam. Até Castiel estava presente em cima da cama.

Minha testa estava franzida, tentando descobrir o que se passava no meu quarto àquela hora da manhã.

Ah. Hoje era meu aniversário.

—Faz um pedido, Mel. – Will falou com um sorriso de orelha a orelha enquanto segurava o bolo.

—Ok. – murmurei encarando aquela maravilha comestível. Pensei em um pedido e, assim, assoprei as velas. Adam estourou outro canhão, espalhando mais pedaços de papéis pelo meu quarto. – Você quem vai limpar isso, né? –

—Não mesmo. – ele riu, pegando uns papéis sobre a cama e jogando em mim.

—Vocês podiam ter esperado eu acordar, tomar um banho, descer e aí cantávamos o parabéns. –

—Você esqueceu, não foi? – Michelle indagou arqueando a sobrancelha. Claro que sim.

—Claro que não, mãe. Quem diabos esquece o próprio aniversário? Eu apenas não queria ter sido acordada com um ser irritante pulando em cima de mim. – encarei Will, que sorriu.

—O que você pediu? Foi aquela moto que você quer? Ou um carro novo? Ou um... – o cortei.

—Não vou te contar, William. Desiste. –

—Me conta. Prometo que guardo segredo. – sorri balançando a cabeça. Algo atrás dos meus pais me chamou a atenção.

—Wow! O que são todas essas coisas? Presentes de Natal, dia das crianças e aniversário dos próximos quinze anos? – indaguei rindo.

—Não. São os presentes do seu aniversário de 18. – franzi as sobrancelhas.

—Seus fans, Melinda. – Adam resmungou, fazendo-me rir.

—Não acredito. Eles me mandaram mesmo presentes? –

—Sim. Tem outros lá em baixo e mais chegando. – Michael respondeu. – Se continuar do jeito que está aconselho comprar uma casa grande. Não irá caber tudo no seu quarto. –

—Eu dou um jeito. Agora, se me vocês me dão licença, a aniversariante aqui precisa tomar um banho e ter seu dia de rainha. Bon revoar, bebês. Andando. – fiz gestos com a mão indicando a porta. – Quando eu descer nós comemos o bolo e, Adam, você quem irá limpar meu quarto. –

—Veremos. –

***

—Mel, eu posso te ajudar a abrir os presentes? – Will perguntou comendo seu pedaço de bolo.

—Ah, sim. Eu vou mesmo precisar de ajuda para abrir tantos pacotes. – respondi olhando os outros vários presentes na sala. – Acho que tudo isso não irá caber no meu quarto e no sótão. – soltei uma risada.

—A gente vê isso depois. – Michael falou. – Querida, eu pensei em irmos jantar fora hoje, o que acha? Podemos chamar os meninos e vamos para aquele restaurante mexicano que você ama. – um sorriso tomou conta dos meus lábios.

—Comida mexicana é meu ponto fraco. – falei, causando risadas nos demais. – Fechado. Uma pena que não podemos chamar os Vingadores. Será que se eu disser ao dono que a comemoração contará com convidados como os Vingadores ele fecha o restaurante só para gente? –

—Melinda, nós pensamos em outra comemoração com os Vingadores. O que me diz? –

—Eu digo que acho bom também ter comida mexicana nessa outra comemoração. – disse apontando o garfo para Michael.

—Hoje é seu dia. Você quem manda. –

—Querido, não fale isso para a Melinda. Ela já tem um ego nas alturas. – minha mãe falou rindo.

—Então, sra. Aniversariante, vamos? Ou você quer se atrasar de novo? – Adam indagou, levantando da cadeira e deixando seu prato na pia.

—Eu nunca me atraso. Apenas faço suspense. – respondi fazendo o mesmo e pegando minha mochila.

—Suspense de que roupa irá usar? Ou com que humor você chegará nos lugares? – bati no braço dele. – Ai! Doeu. – sorri, vendo-o massagear o local do soco.

—Que bom. Era essa a intenção. Agora vamos. –

Sai de casa com Adam logo atrás. Entramos no meu carro e ao jogar minha mochila no banco de trás, vi que havia um embrulho colorido.

—Adam? – o chamei sem tirar os olhos do presente.

—Oi. – ele me encarou.

—Esse presente é seu? – movi meu olhar até o dele.

—Não. Por quê? – arqueei a sobrancelha, descrente. Adam revirou os olhos. – O que me entregou esse ano? – cruzou os braços.

—O embrulho. É o seu preferido. – respondi, sorrindo. Peguei a caixa, trazendo para meu colo. O tamanho era médio, mas não era pesado. – Eu lembro do nosso pai usando esse papel de presente. – murmurei perdida em memórias, passando o polegar pelo papel. – Posso balançar? – encarei Adam.

—Só se você quiser quebrar. – revirei os olhos e rasguei o embrulho. Abri a caixa na maior expectativa só para dar de cara com outra caixa. – Você é um merda, Adam. – resmunguei, fulminando-o com os olhos.

—Não achou que eu iria te dar um presente e que seria tão fácil descobrir o que é, achou? – ele questionou rindo.

Bufei indignada. Contudo, com a minha curiosidade gritando, abri a segunda caixa. Só para dar de cara com outra.

E outra, e outra, e outra, e outra.

A cada caixa que eu abria, o tamanho diminuía e minha raiva só aumentava. E o resto de aborto - será que eu peguei pesado com o xingamento? - que estava no banco ao meu lado só fazia rir.

—Adam, eu vou te matar. – murmurei, deixando o presente de lado. Se é que tinha presente.

—Não desista agora, maninha. Não agora que está tão perto. – se olhar matasse, Adam já estaria morto.

Soltei um suspiro e continuei abrindo as caixas. E após abrir mais três, o presente.

Minhas sobrancelhas franziram momentaneamente. Então, ao ver do que se tratava, um sorriso melancólico apareceu em meus lábios e não hesitei em pegar o presente nas mãos.

—Isso é... –

—Sim. – ele respondeu.

Passei as pontas dos dedos pela capa dura do álbum de fotografias. As lágrimas quiseram vir à tona quando abri o álbum e vi a caligrafia tão perfeita da minha avó.

"Para minha neta, meu pequeno raio de sol. Para que ela possa guardar seus melhores momentos com aqueles que ama.

 –Dona Juliet"

—Mãe e eu voltamos para Washington depois daquele dia para cuidarmos das coisas da vó e preparar a casa para alugar. Encontramos isso no quarto dela. – a respiração saiu entrecortada. – Acho que ela estava organizando para te dar no seu aniversário. –

—Se ela tivesse vindo apenas no meu aniversário, talvez nada daquilo tivesse acontecido. – sussurrei, acariciando a dedicatória que ela fez. – Talvez ela ainda estivesse aqui. –

—E ela está, Melinda. Juliet nunca te abandonou. Não seria agora que ela faria isso. – respirei fundo, assentindo.

Passei mais uma página, dando de cara com duas fotos; uma minha com meu pai, outra com meus pais e Adam.

—A vó já tinha colado algumas. Então Michelle e eu tomamos a liberdade de colar mais algumas. – explicou. – Mas não se preocupe. Ainda tem muito espaço para você colar suas próprias fotos. –

—Obrigada, maninho. – ergui meu olhar até o dele, que sorria.

—Eu sou um ótimo irmão, eu sei. Agora vamos. – ele falou colocando o cinto de segurança. – Só nessa brincadeira já perdemos uns 20 minutos. –

—Ih, ele está todo responsável agora que vai ser pai, óia. – debochei, fechando o álbum e colocando-o no banco de trás. – Não se preocupe. Chegamos na escola em 10 minutos. – antes que eu pudesse pisar no acelerador, Adam segurou minha perna com força.

—Nada disso. Você irá dirigir como uma pessoa responsável. – pediu sério.

—Ué, mas você disse que... – Adam me interrompeu:

—Melinda, dirigir com cuidado. – revirei os olhos. Ele soltou minha perna.

—Ok, ok. Dirigir como uma senhora de 80 anos. – resmunguei dando a partida.

***

—Happy birthday to you, happy birthday to you... –

Sim, eu fui recebida na escola desse jeito. Meus amigos - e com amigos eu falo Tyler, Chris e Charlie - estavam me esperando em frente ao meu armário com um bolo em mãos.

Assim que me viram no corredor, não hesitaram um segundo sequer antes de começarem a cantarem parabéns em alto e bom tom. Lógico que os alunos presentes no corredor também ajudaram na cantoria, porém eu não irei dar bolo a eles. Jamais.

Balancei meu corpo no ritmo em que eles cantavam, fazendo uma dança improvisada e, convenhamos, engraçada para qualquer outra pessoa.

—Parabéns para mim. – disse assim que cheguei perto deles. – Melinda Hunters está cada vez mais perto da morte! – gritei erguendo meus braços para o alto.

Tyler se aproximou de mim, circundando minha cintura com seus braços. Abaixei os meus, passando-os ao redor do pescoço dele, o abraçando. Abraço esse que me tirou do chão por alguns segundos.

—Parabéns, amor. – sussurrou em meu ouvido, me apertando mais contra seu corpo. Escondi meu rosto em seu pescoço, inalando aquele cheiro que me deixava arriada dos quatro pneus e o estepe.

—Obrigada, amor. – sussurrei de volta. Ele me soltou do abraço. – Porém, sem presente, sem parabéns. – disse cruzando os braços.

—Não seja por isso. – Tyler respondeu pegando algo no bolso do casaco e se ajoelhando na minha frente.

—Tyler, o que você está fazendo? – indaguei arqueando a sobrancelha. – Levanta logo desse chão. Anda. –

—Não é de hoje que eu quero fazer esse pedido, Melinda, mas acho que não há data melhor que essa. Nenhum dia é tão especial quanto o de hoje. Pode ser clichê, mas eu não ligo. – ele sorriu, abrindo a caixinha e mostrando um anel. – Quer casar comigo? – trouxe as mãos até o rosto.

—Oh, meu Deus. Sim, é claro que eu aceito! – falei, fingindo euforia. Bufei logo em seguida, cruzando os braços. – Você está brincando com a minha cara? – revirei os olhos. – Levanta logo desse chão. Você quase me convenceu, Tyler, mas ainda precisa de algumas aulinhas comigo para conseguir enganar alguém. Aliás, pode devolver o anel da Chris. – o garoto levantou do chão rindo. – Vocês tiraram o dia para tentar me enrolar, né? Só o que falta agora é o Ryan aparecer aqui dizendo que vai me dar um jatinho de presente! –

—Um jatinho, não. Outro carro? Talvez. – uma voz falou atrás de mim. Virei o mais depressa possível, não acreditando no que tinha acabado de ouvir.

—Eu não acredito! – minha voz elevou um pouco assim como o sorriso crescia em meus lábios.

Os murmúrios dos demais alunos sobre o garoto que estava ali, parado no corredor alguns metros de mim, exibindo um sorriso de fazer qualquer pessoa cair de amores, me fez crer que ele estava realmente aqui.

Larguei minha mochila no chão e corri até Ryan, pulando em cima dele e abraçando-o com força.

—Eu não acredito que você está aqui. – sussurrei em seu ouvido.

—Eu não poderia perder o aniversário da minha garota preferida. – ele sussurrou em meu ouvido, apertando mais seus braços ao redor do meu corpo.

—Por que você não disse que vinha? – indaguei, me separando dele.

—E perder o privilégio de ver seus olhos brilhando desse jeito? – Ryan arqueou a sobrancelha.

—Sabe que eu não sou muito fã de surpresas. – cruzei os braços.

—Mas dessa você gostou que eu sei. – falou, deixando um sorriso convencido surgir em seus lábios.

—Você veio escoltado com sua guarda até os corredores? – indaguei, observando os três seguranças atrás de Ryan. Um rosto já conhecido se destacou dos outros. – Olá, Leo. Como vai? – sorri.

—Bem, Melinda. E você? Aliás, meus parabéns. – o segurança e também amigo do Buchanan junior sorriu.

—Obrigada. E eu também estou bem. – voltei a encarar o garoto a minha frente. – Você veio apenas me dar os parabéns ou... –

—Tirei o dia para ficar com você. – ele completou.

—Ótimo. Eu não pretendia assistir aula hoje mesmo. Nós podemos... – Ryan me interrompeu:

—Não se preocupe. Eu consegui um "álibi" para assistir suas aulas. – ele sorriu.

—Ótimo. Então, antes de ir para a aula nós temos um bolo para comer. – me virei na direção de Chris, que segurava o bolo nas mãos e arregalei os olhos. – Para tudo! Isso é bolo de cenoura com cobertura de chocolate? – ela assentiu. – Todo mundo para nosso cantinho. Agora. – mandei pegando a minha mochila do chão e indo até o porão, sendo seguida pelos demais.

—Leo, se você quiser entrar e comer um pedaço de bolo, será bem vindo. – olhei para o segurança, que negou com a cabeça.

—Eu agradeço, mas eu irei esperar aqui fora. –

—Ok, então. Depois eu trago um pedaço para você. – dei de ombros. – E não se preocupe, o Ryan estará sob meus cuidados. – sorri.

—Eu ficaria mais tranquilo se a Vingadora responsável pela segurança do Ryan fosse a Viúva Negra. – Leo respondeu com um sorriso, se afastando logo em seguida.

—Que audácia! – falei indignada. Soltei um suspiro e entrei no porão, onde os meninos já tinham se organizado e partido o bolo. – O pedaço maior é meu. – informei deixando a bolsa em qualquer lugar e indo até o sofá.

—Então, Melinda, quais os planos para hoje? – Charlie questionou, mordendo um pedaço do seu bolo.

—Meus pais tinham sugerido irmos jantar naquele meu restaurante preferido e comer as maravilhas da culinária mexicana. – respondi, dando uma generosa mordida no bolo em minhas mãos. – Disseram também para convidar vocês. Eu achei um absurdo, mas eles pediram, né? – revirei os olhos. Eles riram. – Eu vou dizer que teremos um convidado a mais. – encarei Ryan.

—Michael ainda me trata como o cara do jatinho? – ele indagou sorrindo.

—Sim. – respondi, dando de ombros. – E tentarei chamar a Amy, aquela amiga da onça. – resmunguei.

—Nenhum sinal dela? – neguei com a cabeça.

—Então, Melinda – Ryan atraiu minha atenção. – Vingadora, é? – sorri.

***

As horas foram se passando, assim como as aulas. A escola ficou bastante agitada com a presença do herdeiro das empresas Buchanan, mas o garoto ainda era meu e de mais ninguém.

Até agora.

—Melinda, eu preciso resolver um problema. – Ryan falou baixinho.

—Agora? – sussurrei. Faltava pouco para a aula acabar.

—Meu pai ligou cinco vezes e eu não atendi nenhuma ligação. – explicou.

—Tudo bem. Eu te mando uma mensagem dizendo a hora do jantar, ok? –

—Ok. – ele beijou minha testa e saiu da sala.

Após alguns minutos, o sinal bateu anunciando o fim das aulas.

Guardei meu material e sai da sala, encontrando o corredor cheio de alunos com um único desejo: sair desse inferno.

—E aí? Preparada para comer as maravilhas da culinária mexicana? – Tyler apareceu do meu lado.

—E quando eu não estou preparada para comer? – indaguei, passando meu braço pelo dele.

—E o Ryan? –

—Teve que resolver um problema com o pai. – dei de ombros. – O Joseph bem que poderia ter liberado o filho dele só para mim hoje, não acha? –

—Claro que sim, afinal, você é prioridade, não? – Tyler falou sarcasticamente. – O que são as empresas Buchanan perto de Melinda Hunters? –

—Você perto de Ryan Buchanan. – sussurrei em seu ouvido.

—Vai jogar na minha cara que ele tem um jatinho e eu não? – ele arqueou a sobrancelha.

—Estava pensando em jogar outra coisa na sua cara. – sussurrei, segurando o rosto dele e beijando-o. – Você ainda é meu preferido. Você sabe. –

—Eu sei que você diz isso para todos. – abri a boca inconformada.

—Que calúnia! Eu posso te processar, sabia? – ameacei.

—Me processe, então. – desafiou-me, exibindo o seu melhor sorriso. O meu sorriso.

—Melinda, você não vai acreditar o que está lá fora esperando por você. – Chris falou afobada. Parecia que tinha corrido uma maratona até chegar aqui.

—O que espera por mim? Não me diga que é o Ed Sheeran com um lacinho na cabeça dizendo que é meu presente de aniversário. – brinquei.

—Não será dessa vez que você terá aquele deus ruivo pessoalmente na sua vida. – disse um pouco ofegante.

—Se não é o Ed Sheeran me esperando lá fora, então não me interessa. – dei de ombros.

—Ah, eu acho que interessa sim. – ela discordou e, sem mais nem menos, segurou minha mão e saiu correndo, levando Tyler e eu junto.

—Chris, vai com calma, mulher! – falei entre uma risada ou outra. O que tinha lá fora para ela estar desse jeito?

Assim que chegamos próximo à saída ela parou de correr. Chris me encarou, mostrando um enorme sorriso nos lábios.

—Preparada? – indagou, animada.

—O Adam não está lá fora com uma arma de Paintball pronto para atirar em mim, está? – arqueei a sobrancelha.

—Não! Muito melhor que isso. – ela segurou meus ombros.

—Christina, estou começando a achar que a One Direction está lá fora junto com o 5 Seconds of Summer prontos para fazer a maior parceria que o mundo já viu. – falei.

—One Direction e 5 Seconds of Summer? – Tyler questionou, rindo. – Em que mundo isso é uma boa combinação? –

—No mundo de Melinda Hunters. Meu mundo. – respondi, olhando-o sobre o ombro.

—Certo. Apenas respirei fundo e saia pela porta normalmente. – Chris me instruiu, virando-me na direção da porta que dava para o estacionamento da escola.

Dei de ombros e caminhei até a mesma, abrindo-a e saindo logo em seguida. Olhei ao redor do estacionamento, procurando qualquer coisa fora do normal.

E eu achei.

Ryan estava com o meu presente. Um presente que jamais tinha passado pela minha cabeça que quem me daria era ele. Ok, talvez tenha passado sim.

Minha boca abriu algumas vezes, tentando achar uma forma de expressar o que estava sentindo. Porém, nada saiu.

Era difícil achar uma palavra ou frase que expressasse o misto de sentimentos que se apossavam do meu corpo.

—Feliz aniversário, Melinda. – Ryan falou, saindo de frente do presente, deixando meus olhos analisar os mínimos detalhes daquela preciosidade.

—Ai, caralho. – murmurei trazendo minhas mãos até a boca. – Ryan do céu. –

—Chega mais perto. Essa maravilha aqui é ainda mais perfeita de perto. – ele sorriu.

Coloquei minhas pernas para funcionar e corri até ele, pulando em cima do mesmo enquanto ria.

—Você é maluco! – disse assim que Ryan me colocou no chão. – Muito maluco. Mano do céu! Olha só isso! – apontei para aquela preciosidade. – É uma Suzuki Hayabusa! Uma Hayabusa! – me aproximei da moto, completamente maravilhada. A cor preta com detalhes vermelho só me fazia gostar mais ainda dela. – Meu Deus, Ryan. – murmurei tocando a moto delicadamente. Meus dedos passeavam por cada centímetro, analisando-a.

—Você tem que se exibir, não é? – Adam resmungou, cruzando os braços.

—A Melinda comentou comigo que queria uma moto. – Ryan deu de ombros. – Eu comentei com meu pai e ele não hesitou em mandar comprar a melhor moto que lembrasse ela: a garota que conquistou a admiração e afeição de Joseph Buchanan. –

—Espera. Seu pai é quem está me dando essa moto? – indaguei virando-me na direção do Buchanan.

—Foi um presente meu e dele. – respondeu com um sorriso.

—A Melinda já ganhou um Audi S5 Cabriolet seu. Agora você vem com essa Hayabusa? O que você está querendo, Buchanan? Casar com a minha irmã? – Ryan soltou uma risada.

—Nesse tempo em que estive fora de New York ela falou sobre casamento? Se sim, posso entrar na fila? – revirei os olhos, rindo.

—Melinda Hunters nunca se casará. – estendi a mão para Ryan. – As chaves, por favor. –

—Não recebo nem um obrigado? – ele arqueou a sobrancelha.

—O obrigado vai para o Joseph, você receberá outra forma de agradecimento. Agora, bebê, as chaves. Eu preciso ouvir o ronco desse motor. Aposto que irei ter um orgasmo só de ouvi-lo. – sorri.

Ryan depositou a chave na minha mão, fazendo meu sorriso aumentar. Tirei a chave do meu carro do bolso e joguei para o Adam, que entendeu o recado.

Então eu apenas subi na moto, coloquei a chave na ignição e ouvi o ronco do motor. Isso era quase melhor que ouvir um gemido rouco no pé do ouvido enquanto você transa.

—O capacete, mocinha. – Charlie me entregou o objeto. – Dane-se se você é uma Vingadora e tem poderes, eu quero você pilotando essa belezura com segurança. Ok? – coloquei o capacete, encarando-o.

—Melinda e segurança não é uma boa combinação, lembra? – antes que ele pudesse processar o que disse, eu sai cantando pneus. Dessa vez não tinha Adam para me impedir de me sentir livre.

A Hayabusa conseguia manter sua velocidade constante de 320km/h no máximo. Por esse motivo, eu procurei ir para uma rodovia menos movimentada e colocar em prática toda a potência desse monstro.

A sensação de pilotar essa moto só perdia para a sensação de voar.

***

Acabou que eu tinha esquecido, de novo, que hoje era meu aniversário e que eu tinha marcado compromisso com minha família e amigos.

Ou seja, estava atrasada. Mas, convenhamos, isso não é novidade.
Michelle tinha ligado para mim quatro vezes e eu só atendi na quinta que foi quando eu parei de pilotar para comer alguma coisa.

Ela reclamou porque eu me atrasei, óbvio, e disse que eles já estavam a caminho do restaurante, pois, se atrasassem, correríamos o risco de perder a reserva que Michael tinha feito.

Em outras traduções: eu teria que ir para o restaurante sozinha por conta do meu pequeno atraso e encontrá-los lá. Contudo, eu nem estava reclamando. Meu aniversário estava as mil maravilhas.

Ao chegar em casa, eu corri para o banheiro e tomei um belo banho. Lavei meu cabelo e me depilei - ninguém sabe como irá terminar essa noite, não é mesmo?

Vesti a melhor lingerie rendada preta que eu tinha e procurei por uma roupa. Fuçando meu guarda-roupa atrás de algo que fizesse me destacar dos demais - afinal, o aniversário é meu - uma peça de roupa cai no chão.

Ao ver de que roupa se tratava, meus olhos se encheram de lágrimas.

Peguei o vestido do chão, analisando-o. Era o vestido que eu usei na festa dos Vingadores, o vestido que minha avó tinha me dado.

Vó.

Ela sempre vinha para New York para comemorar datas comemorativas, principalmente quando se tratava dos aniversários dos netos.

Mas dessa vez, eu não veria o sorriso dela enquanto ouvia as histórias que ela contava sobre meu pai e quando Adam e eu éramos crianças.

Respirei fundo, dissipando as lágrimas e guardando o vestido de volta no guarda-roupa.

Nada de choro, Melinda.

Meus olhos encontraram a roupa ideal e logo a vesti. Se tratava de uma saia rodada verde com detalhes preto cintura alta e que ia até um pouco abaixo dos joelhos e uma camisa branca de mangas curtas e um pouco transparente.

Troquei a lingerie por uma branca e me vesti, indo até a penteadeira.

Com a intenção de deixar meu cabelo solto, apenas fiz alguns cachos nas pontas. Decidi passar pouca maquiagem que consistia apenas em rímel, delineador e um batom nude. Calcei um salto alto fino bege e estou pronta.

Peguei meu celular e sai do quarto, descendo a escada no exato momento em que a campainha tocava. Franzi as sobrancelhas, desistindo de mandar uma mensagem para minha mãe avisando que já estava a caminho.

—Quem é o ser inconveniente que vem até a minha casa a essa hora? – resmunguei, indo até a porta e abrindo-a. – Natasha? –

—Temos um problema. – a ruiva foi direta. Seu semblante estava sério.

—O que aconteceu? Pelo amor de Deus, não me diga que surgiu uma missão justo hoje. – ela nada falou. – Está de sacanagem, né? É meu aniversário! – quase choraminguei na frente dela.

—Feliz aniversário. Agora vamos. Nós precisamos de você. – ela deu as costas.

—Nat, espera! – fechei a porta nas pressas e corri até ela, fazendo-a parar de caminhar. – Você não pode estar falando sério. Passou uma semana desde que eu me tornei uma Vingadora e nenhuma missão surgiu até agora. Então, por que justo hoje? –

—Você acha que vilões escolhem datas comemorativas para atacar? "Ah, hoje é o aniversário daquela nova Vingadora, vamos atacar a cidade hoje mesmo já que ela estará ocupada demais comemorando seu aniversário." Não é assim que funciona, Melinda. – suspirei, passando a mão pelo rosto.

—Eu vou matar quem quer que seja esse vilão de quinta categoria! – resmunguei, ligando para meu pai.

—O que está fazendo? – indagou, a sobrancelha arqueada.

—Ligando para o Michael. Pai? –

—Melinda, onde você está? Já era para você ter chegado. – suspirei.

—Então, teremos que adiar a comemoração. –

—Como assim? –

—A Nat apareceu aqui em casa informando que surgiu uma missão e eles precisam de mim. – encarei Natasha com os olhos semicerrados.

—Uma missão justo hoje? –

—Sim. Enfim, nós estamos a caminho da... – sondei.

—Torre. – Romanoff respondeu, cruzando os braços.

—Da Torre. Já que vocês estão aí, comam, se divirtam e outro dia fazemos outro jantar. O qual os Vingadores não estarão convidados. – alfinetei. Natasha se limitou apenas a arquear a sobrancelha.

—Tudo bem. Boa sorte, querida. – ele suspirou.

—Valeu. – finalizei a ligação. – E aí? O que vamos fazer na Torre? –

—Encontrar os outros, te passar as informações que temos e você irá trocar de roupa. Acredito que você odiaria estragar essa sua roupa de festa. – ela respondeu indo até sua moto que eu tentei afanar uma vez, mas não deu muito certo.

—E você vai querer estragar esse vestido maravilhoso que está usando? – questionei, olhando-a de cima a baixo.

Natasha usava um vestido preto solto, com o comprimento acima dos seus joelhos e com um decote deveras interessante. Sem contar os saltos também na cor preta nos pés.

Eu diria até que ela estava pronta para outra festa como aquela da Torre.

—Meu papel nessa missão é diferente, Hunters. – respondeu subindo na moto. Fiz o mesmo.

—Não me diga que você irá seduzir o cara do mal. – ela sorriu. – Ei! Por que eu não posso fazer isso? –

—Você tem 17 anos. Segure-se firme. – instruiu.

—Lembre-se que hoje é meu aniversário. Ou seja, já tenho 18. – corrigi, circundando sua cintura com meus braços. – E se eu sugerir ao Cap que nós duas podemos muito bem dividir essa parte da missão? Um homem sempre pira quando tem duas mulheres a sua disposição. Será moleza. –

—Nós não iremos dividir parte nenhuma na missão, Melinda. Está decidido. – bufei.

***

Já no elevador da Torre eu estava matutando algo na cabeça, desde que desci da moto de Romanoff.

—Por que meu pai não demonstrou mais frustração quando eu disse que não poderia ir ao restaurante comemorar meu aniversário? – murmurei. – Ele sempre ficava frustrado quando eu cancelava um compromisso com ele. – encarei Natasha que continuou encarando as portas do elevador.

—O Michael é um agente da S.H.I.E.L.D., Melinda. Ele sabe muito bem o que é desmarcar compromissos por causas de missões. – semicerrei os olhos na direção dela.

—Mesmo assim. Ele ainda ficaria frustrado se eu cancelasse um compromisso com ele por causa de, sei lá, outro ataque alienígena como aquele que ocorreu. – Natasha suspirou, virando o rosto para me encarar.

—O seu pai sabe o que é contingente e necessário na vida de um herói, Melinda. Por mais que família seja algo necessário, haverá momentos em que ela precisará ser colocada em segundo plano. E hoje é um desses momentos. Agora se você acha que não vai dar conta, tudo bem. Eu aviso ao Capitão que não podemos contar com a Valente, porque ela precisa comparecer à comemoração de aniversário dela. – abri a boca surpresa.

—Valente? – indaguei, sorrindo.

—O Tony começou a te chamar assim. Disse que seria um ótimo nome de heroína para você. –

—Por que sou corajosa? – indaguei, meu ego crescendo.

—Não. Quando questionei o porquê dele te chamar assim, ele logo disse que não era pelo sentido literal da palavra. – ah, Stark, você me paga.

—Como é que é a história? – coloquei minhas mãos na cintura, indignada.

—Stark disse que Valente combina com você por causa do filme da Disney, o da Princesa Merida. – ela deu de ombros. – Falou que ambas eram ruivas, se chamavam Merida e não aceitavam as coisas calada. – 

—Ok, ele está perdoado. – pressionei os lábios. – Então, Nat, já que estamos aqui nesse elevador, sozinhas, com o Stark provavelmente ocupado com alguma coisa que evita ele dar aquela espiada de leve... nós poderíamos aproveitar, não acha? – sugeri me aproximando dela.

—Eu não vou te beijar. – ela respondeu de imediato, séria.

—E quem falou em você me beijar? – arqueei a sobrancelha. – Eu pretendia beijar você. –

—Melinda, estamos no meio de uma missão. –

—Não. Nós estamos em um elevador, sem qualquer outra pessoa aqui presente e podemos muito bem fazer o que quisermos antes das portas se abrirem. –

Foi questão de segundos. Bastou fechar minha boca, para as portas do elevador abrirem no andar comunal.

—O que você dizia? – Natasha deu um sorriso provocante.

—Inferno. – resmunguei me separando dela. – Não pense que isso acabou aqui, Romanoff! – falei saindo do elevador, sendo seguida por ela. Então eu parei. Algo não estava me cheirando bem.

Todo o andar estava escuro, algo que não é muito comum já que a Torre é muito bem iluminada e tem uma ótima fonte de energia autossustentável - eliminando a chance de ter tido uma queda de energia. Ou seja, só havia uma explicação para tudo isso.

—Romanoff, não me diga que vocês planejaram uma festa surpresa para mim. – sorri, feliz comigo mesma por ter matado a charada. Natasha continuou andando. A segui.

—Quantos anos você tem, Melinda? 10? Acha mesmo que nós temos tempo para organizar uma festa surpresa para você? – ela me olhou sobre o ombro, sem parar de caminhar.

—Sinceramente? Não acho. Porém, entretanto, todavia, como eu sou uma ótima pessoa e amiga, vocês abriram uma exceção e organizaram uma festa surpresa para mim. – Natasha parou de caminhar, inspirando com força. Será que eu estressei ela? – Anda, Nat, assume que vocês fizeram uma festinha surpresa para mim. Isso explica o motivo de você ter aparecido do nada lá em casa alegando que tínhamos uma missão e meu pai não ter ficado frustrado quando cancelei o jantar. Também explica o porquê de você estar toda produzida, bem basiquinha, como se tivesse que ir à uma festa. Sem contar que, justamente o andar onde estamos, está todo escuro e até agora eu não vi Tony e companhia. Admite logo, bebê. – cruzei os braços, exibindo um enorme sorriso mesmo sem que ela pudesse ver por causa do breu que estava o andar. – Ninguém consegue me enrolar. –

—Eu disse que a Melinda era esperta demais para vocês tentarem enrolá-la. – a mulher a minha frente falou, também cruzando os braços.

As luzes acenderam, revelando a decoração do salão de festas e os convidados. E com convidados, eu não falava apenas dos Vingadores, mas também da minha família, amigos e algumas pessoas bem próximas como Reginna.

Eu sabia que tinha caroço nesse angu.

—Eu já disse o quanto você é chata, Melinda? – Adam resmungou, irritado.

—Não acredito que tivemos todo aquele trabalho para organizar essa festa surpresa para a Pirralha para ela simplesmente chegar aqui e estragar tudo. – Tony falou me encarando.

—Devo dizer que eu realmente cai no papo da Natasha, mas quando liguei para o Michael ele me pareceu estranho. Aí já fiquei com uma pulga atrás da orelha, né? Até comentei minha suspeita com a Nat e ela conseguiu me enrolar com o assunto do meu nome de heroína. Só que quando a gente saiu do elevador e eu vi tudo escuro, matei a charada. – soltei uma risada, dando de ombros. – Vocês ainda precisam de muitas aulas sobre como enganar alguém. – balancei a cabeça negativamente.

—Melinda! – escutei uma voz de criança e virei-me na direção da mesma.

—Lila? Meu Deus! – falei exibindo um sorriso e pegando a garotinha no colo. Cooper também correu e me abraçou. – Mano do céu. Não acredito que vocês vieram. – disse, retribuindo o abraço do garoto.

—Papai disse que não podíamos perder seu aniversário. – Lila respondeu, sorrindo.

—E eu achei que ele estivesse velho demais para festas. – sussurrei para os meninos, que riram. Coloquei a menina no chão.

—Mel, você vem brincar com a gente? – Cooper indagou.

—Daqui a pouco, tudo bem? – eles assentiram e saíram correndo na direção de Will.

Deus, tenha pena de mim quando esses três me puxarem para brincar.

Caminhei até Clint e Laura, que me receberam com um abraço apertado.

—Achei que vocês não fossem aparecer. – falei, sorrindo.

—Laura me convenceu a vir. – abri a boca inconformada.

—Como é que é a história? Quer dizer que se não fosse sua mulher você não teria vindo, Legolas? – coloquei as mãos na cintura. – Mas é muita cara de pau mesmo. Eu acho que evitei que uns robôs acertassem você pelas costas, não? –

—Fala depois que eu salvei a vida do seu amigo? – ele arqueou a sobrancelha. – Ou quando acertei algumas flechas nos robôs que te pegariam desprevenida? – semicerrei os olhos.

—Você não vai ganhar bolo, Robin Hood! – falei, dando as costas e caminhando pelo salão de festas.

Ao ver todas as pessoas dispersas, eu me questionei quem teve a brilhante ideia de convidar todo esse povo.

Eu e minha mania de dar em cima das pessoas e, consequentemente, conhecê-las. Tá amarrado.

***

A festa estava rolando há algumas horas. Já tínhamos cantado parabéns, partido o bolo, brincado com as crianças (talvez, acidentalmente, eu tenha entrado para o quesito criança. Só talvez) e agora a música rolava a solta enquanto comíamos as maravilhas da culinária mexicana.

No meu aniversário não poderia faltar minha comida favorita, não é mesmo?

—Está gostando da festa, Baixinha? – dei um pequeno pulo ao ouvir a voz do Deus do Trovão próxima ao meu ouvido.

—Cruz credo. Vai com calma, Grandão. – soltei uma risada, pegando um nacho e mergulhando no guacamole. – Na verdade, estou amando a festa. – sorri, colocando o nacho na boca, saboreando-o.

—Aposto que está amando essas comidas apimentadas também, não? – meu sorriso cresceu. – Não julgo você, Baixinha. São realmente boas. – Thor concordou, pegando um nacho.

—Sim, realmente são. Já provou as bebidas do México? – indaguei, pegando meu copo com tequila.

—Já, mas ainda prefiro as de Asgard. – exibiu um sorriso.

—Diz aquela bebida que você não me deixou experimentar na outra festa? – arqueei a sobrancelha.

—Não foi feita para mortais, você sabe. –

—Posso ser mortal, bebê, mas não sou uma humana comum. – disse, virando o resto de bebida que tinha no copo e segurando a mão de Thor. – Vamos dançar. – tentei puxá-lo para o centro do salão, mas o Deus empacou no lugar.

—Melinda, não acho uma boa ideia. Eu não sei dançar essas danças midgardianas. – revirei os olhos.

—É eletrônica, Thor. Música eletrônica não precisa de uma coreografia específica. Basta mexer o corpo. – reunindo um pouco mais de força, eu consegui puxar Thor para o meio da pista. – Vamos. É só mexer o corpo. Deixa a música te levar. – sorri, começando a balançar o corpo no ritmo da música. – Anda. Se mexe! – sorri.

Aos poucos, Thor foi se soltando. E para quem nunca tinha dançando esse tipo de música, ele até que estava se saindo bem.

—Por que você não trouxe a Jane? Eu não me importaria em ter mais uma agregada na festa. – dei de ombros.

—Jane e eu terminamos, Melinda. (1) – franzi as sobrancelhas.

—Oxente. Por quê? – indaguei.

—Eu não quero estragar sua festa, Baixinha. Nós apenas... terminamos. –

—Faz muito tempo? –

—Uma semana. – parei de dançar.

—E eu não soube de nada? Que papagaiada é essa? – cruzei os braços.

—Pelo que Tony me contou, a internet já está sabendo. – franziu as sobrancelhas.

—Eu fiquei um pouco fora do ar esses dias. – respondi, voltando a dançar. – Eu... sinto muito? –

—Isso foi uma pergunta? – o Deus franziu as sobrancelhas.

—O que? Eu nunca namorei. Não sei o que se diz depois de um término. – dei de ombros. – Porém, quando fui ao Brasil escutei muito a frase segue o baile. Então, Thor, segue o baile. – sorri.

—Que baile? Eu não estou em baile nenhum. – disse, visivelmente confusa. Revirei os olhos.

Thor nunca vai deixar essa lerdeza de lado?

—Se eu te beijar agora, irá ficar chateado? –

—Baixinha, você não pode me beijar. –

—Oxente. Por quê? Por causa da Jane? –

—Não. Eu sou mais velho que você. Tipo, muito. – cruzei os braços, parando de dançar. – No seu mundo isso não é chamado de... como vocês dizem mesmo? – franziu a testa momentaneamente. – Ah! Pedofilia. É essa a palavra? –

—Sim, é essa a palavra. E é essa desculpa que você vai usar para recusar um beijo meu? Sério? – arqueei a sobrancelha. Ele parou de dançar. – Quer usar a desculpa da enorme diferença de idade? Ok! Eu te dou um exemplo que funciona muito bem. – virei o rosto dele para o lado, na direção de Steve e Amy. – Veja só. O Capicolé tem 97 anos e a Amy 20. Ainda quer usar essa desculpinha? – voltei a cruzar os braços.

—Eu não tenho 97 anos. Não chego nem perto. – ele sorriu, orgulhoso de si mesmo.

—Eu sei, bebê, e, sinceramente, não dou a mínima. Pedofilia deixa de ser pedofilia quando você tem meu consentimento. – dei de ombros. – Então, ainda quer saber o que significa segue o baile? – indaguei, um sorriso travesso começando a aparecer.

—Quero. –

—Ótimo. –

Dei um passo a frente, acabando com a distância que tinha entre a gente e segurando o rosto de Thor, beijando-o logo em seguida.

O Deus demorou um pouco para corresponder o beijo, mas não me decepcionou nenhum pouco.

E pensar que Jane era a única que podia encostar nessa boquinha maravilhosa.

Porém, agora não é mais. A-rá!

As mãos de Thor foram parar na minha cintura, puxando-me para mais perto dele.

O desejo que eu tinha de sentir essas mãos grandes passeando pelo meu corpo sem nenhuma veste estava prestes a se tornar realidade?

Eu já podia comemorar soltando fogos?

O Asgardiano parou de me beijar.

—Isso não é errado, é? –

—Errado é você não estar encostando essa sua boquinha na minha. Isso é quase um crime. – respondi, voltando a beijá-lo.

E nesse momento, eu só desejei estar em um lugar vazio. Poderia ser um quarto, banheiro, cozinha, varanda. Desde que estivesse vazio já era de bom tamanho.

—É, Pirralha, você não perde tempo mesmo, hein? Primeiro o Piu-Piu, depois a Bruxinha e agora o Cachinhos Dourados. – ouvi a voz de Tony próximo de mim e Thor, fazendo com o que o beijo fosse interrompido.

—E quando vai ser sua vez? – questionei, sorrindo.

—Desculpe, sei que seu maior desejo é um dia se deitar comigo, mas agora eu sou um homem comprometido. De uma só mulher, sabe? –

—Estranho. Eu achei que esse desejo fosse seu já que você faz questão de inspecionar com quem eu transo ou deixo de transar. – respondi, fingindo um semblante confuso. – Aliás, eu achei que você fosse do Steve. Vocês brigaram? – ouvi uma gargalhada de Thor atrás de mim.

—Você sempre com as melhores respostas, Baixinha. – elogiou, dando alguns tapinhas no meu ombro.

Sorri, pegando o copo da mão de Tony e bebendo o que quer que tinha nele.

—É água de coco? – fiz uma careta.

—Eu sei que você tem a péssima mania de beber a bebida dos outros. Também sei que você não gosta de água de coco. – disse, exibindo um sorriso cínico. Coloquei a língua para fora, fazendo outra careta.

 

Uma movimentação atrás de Tony atraiu minha atenção. Olhando sobre o ombro do bilionário, eu vi que mais um convidado havia chegado para a festa.

Atrasado, mas chegou.

—Ah, meu Deus. – murmurei, devolvendo o copo a Tony, que fez uma cara feia por conta da frescura dele de não gostar que lhe entreguem coisa, e corri na direção da pessoa, pulando em cima dela. – Você veio! Achei que não viria! – falei, visivelmente feliz.

—Melinda, eu não sou mais um jovem de 20 anos. Poderíamos ter caído. Os dois. – soltei uma risada, colocando os pés no chão e encarando o homem a minha frente.

—Você pode não ter mais 20 anos, mas ainda sim tem um ótimo preparo físico, o que impedia que ambos fôssemos ao chão, Pinguim. – sorri.

—Não devia confiar tanto assim no meu preparo físico. A propósito, feliz aniversário. – Coulson retirou uma caixa quadrada do bolso do seu terno e estendeu na minha direção.

Meu sorriso aumentou conforme eu alternava o olhar da caixa para os olhos do Pinguim.

Tomando a caixa em mãos e sentindo o veludo nos meus dedos, minha respiração falhou um pouco.

Coulson me deu um presente.

O diretor da S.H.I.E.L.D. me deu um presente. E não se tratava apenas do presente.

—Não precisava, Pinguim. – murmurei, voltando a encarar os olhos dele.

Ele, diretor da Superintendência Humana de Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão, tinha tirado um tempo da sua vida movimentada e atarefada para estar no meu aniversário.

—É o seu aniversário. Claro que precisava. – ele sorriu. – Eu cheguei atrasado, porque fui buscá-lo na loja. Não vai abrir? – respirei fundo.

Meu olhar caiu sobre a caixa nas minhas mãos e então eu a abri.

Novamente um sorriso tomou conta do meu rosto. Eu não podia acreditar no que meus olhos viam.

Era um colar com um nome: Valente.

—Como você soube? – indaguei, retirando o colar da caixa. Porém, não deixei Coulson responder. A resposta era óbvia: – Natasha. –

—Ela comentou sobre essa sugestão do Stark. Eu, particularmente, acho que combina com você. Bastante. – sorri.

—Com a definição do Tony? – o encarei.

—Não. Com a definição literal. – ele sorriu. – Posso? –

Entreguei o presente a ele, virando e afastando meu cabelo.

Delicadamente o Pinguim colocou o colar em meu pescoço, arrumando meu cabelo logo depois.

Observei a jóia, agora no meu pescoço, e sorri.

—Obrigada. – agradeci, voltando a encará-lo.

—De nada. – Coulson sorriu. – Eu tenho outra coisa para te entregar, mas não está nesse andar. –

—Outro presente? – murmurei surpresa. – Beleza. Vamos então. – sorri, passando meu braço pelo dele e caminhando até o elevador.

Entramos no dito cujo e Coulson apertou o botão do andar desejado.

—Daisy vem? – o encarei. – Diz que sim, vai. – pedi com uma voz manhosa.

—Ela me informou que viria, sim. – sorri. – Estava esperando apenas o Lucas. –

—O amigo e parceiro do Michael? – Coulson assentiu. – Mais gente para festa. Espero que sobre comida para eu levar para casa. – dei de ombros.

As portas do elevador abriram, causando-me um franzir de sobrancelhas.

—Pinguim, o que estamos fazendo aqui? – questionei. – Aqui é o andar dos apartamentos dos Vingadores. – encarei o diretor ao meu lado.

—Eu sei. E estamos no lugar certo, caso queira saber. – respondeu saindo do elevador. Fui atrás dele.

Observei o imenso corredor e fiquei ainda mais confusa quando notei em qual andar dos apartamentos nós estávamos.

—Coulson? Esses são os apartamentos do Thor e do... oh, meu Deus. Não me diga que o Verdão está no apartamento dele? – falei, apressando os passos e parando na frente dele.

O sorriso já havia tomado conta do meu rosto com essa possibilidade.

—Infelizmente, não sabemos ainda o paradeiro do dr. Banner, Melinda. – meu sorriso morreu.

—Então o que estamos fazendo aqui? – perguntei, agora já desanimada.

—Tenho algo para entregar a você. – ele deu mais alguns passos e parou em frente a porta do apartamento do Bruce. – Sexta-Feira? –

—A porta já está aberta, diretor Coulson. – a inteligência artificial respondeu, eficiente como sempre.

—Melinda? – a voz do Pinguim me despertou dos meus devaneios.

Respirei fundo e entrei no apartamento de Bruce.

—Coulson, o que está acontecendo, hein? Eu estou muito curiosa. – exasperei. – Fora que agora que a possibilidade do Bruce aparecer na minha frente como se nada tivesse acontecido foi descartada, duvido muito que algo me deixe feliz de novo. – cruzei os braços.

—Nem mesmo se for um presente do dr. Banner? – Coulson juntou as mãos à frente do corpo.

—Nem mesmo se for... como é que é a história? – falei surpresa. – Presente do Bruce? Para mim? – ele assentiu. – Oxente. Como é que pode ter um presente de Bruce para a minha pessoa? Digo, ele mal teve tempo para tomar um café já que tinha um robô homicida a solta. – coloquei as mãos na cintura.

—O dr. Banner falou comigo quando vocês retornaram da fazenda do Clint para New York. Foi nesse curto tempo que ele comentou a respeito do seu presente. –

—Então você o ajudou nesse plano mirabolante? – semicerrei os olhos.

—Pode-se dizer que sim. – Coulson sorriu.

—Ótimo. Felicidade restaurada. Onde está o presente? – indaguei, sorrindo.

—No sofá. – virei-me na direção do estofado e observei um embrulho quadrado na cor azul e vermelho.

Caminhei até o presente, me sentando no sofá e pegando a caixa.

Ela era leve. Coloquei ela sobre as pernas e observei algo deveras curioso.

—Pinguim, está aberto. – encarei o diretor que franziu as sobrancelhas levemente.

—Como assim está aberto? – ele se aproximou.

—Está aberto. – dei de ombros, observando o embrulho. Então um nome soou pela minha cabeça. – Tony. – bufei.

—Stark não teria... sim, ele teria. – suspirei, ignorando aquela invasão e retirei a tampa da caixa, procurando pelo presente.

—Ah, não. – murmurei incrédula. – Eu não acredito. Eu não estou acreditando. – peguei o presente nas mãos, esquecendo a raiva que estava sentindo por Tony ter violado a embalagem de um presente que não era dele. – É o Pica-Pau!— virei o bicho de pelúcia na direção de Coulson. – Pinguim, é o Pica-Pau! – repeti, mais animada que antes. O diretor sorriu. – Eu amo esse desenho, mano. Amo de um jeito que ninguém pode imaginar. – falei, analisando a pelúcia. – Céus. Quando o Bruce voltar ele irá ficar sem respirar depois do abraço apertado que darei nele. – observando o presente, franzi as sobrancelhas. – Estranho. Esse Pica-Pau se parece muito com o que Bruce me deu no meu aniversário de 5 anos. Eu diria até que é o mesmo Pica-Pau. – encarei Coulson.

—Ele se parece com o que você tinha com 5 anos porque é o mesmo. – explicou, aumentando ainda mais a confusão que estava em minha cabeça. – Quando o dr. Banner e você retornaram da fazenda, ele me ligou e perguntou sobre o seu Pica-Pau de pelúcia. Eu respondi que a S.H.I.E.L.D. tinha o guardado desde a explosão. –

—Que? – murmurei. – Você estava com o meu Pica-Pau esse tempo todo? Por quê? Você sabia o quanto eu gostava dele. O quanto ele era importante para mim. – levantei do sofá. – Por que o guardou, Coulson? Por que não me devolveu quando eu sai daquele antro também chamado de hospital? Por quê? –

—Porque você não queria. Lembra? – neguei com a cabeça. – No hospital, quando você me pediu para mudar de nome e eu questionei porquê. Você, Melinda, disse que queria esquecer tudo referente a explosão. Absolutamente tudo. –

Tudo... mudar o nome, mudar de vida e qualquer outra coisa que me lembrasse aquele dia. Porém, mesmo assim o momento da explosão ainda está bastante explícito na minha mente.

—Mas... eu não me referia... ao Pica-Pau. – meu olhar caiu sobre a pelúcia.

—Quando eu questionei se haveria alguma exceção, você foi bem clara ao dizer "não".— Coulson foi rápido na resposta.

Valia a pena ficar com raiva do Coulson por conta disso? Afinal, não teria motivo para ele não ter me devolvido o Pica-Pau se não fosse um pedido meu. E para que ele mentiria também?

Respirando fundo, eu abracei o Pica-Pau, encarando Coulson.

—Tudo bem. Pelo menos ele voltou para as minhas mãos super seguras. – sorri. – E vou ter que esconder do Will para ele não afanar de mim. – Coulson sorriu.

—Bruce deixou outra coisa comigo. – falou retirando algo do bolso do terno. Um papel dobrado em forma de envelope. – Ele me pediu para entregar a você caso acontecesse algo com ele. – encarei o papel estendido na minha direção.

—Caso acontecesse algo com ele? Tipo, correr para as colinas? – peguei o papel. – Espera aí. Você já sabia que ele ia dar no pé? –

—Eu suspeitava. – abri a boca inconformada.

—E por que você não... –

—Melinda, apenas leia a carta. – expirei pesadamente, sentando no sofá e abrindo a carta com raiva.

Não acredito que o Coulson sabia que o Bruce planejava sumir do mapa e não fez nada para impedir isso.

"Melinda, se você está lendo isso significa que eu não estou mais com vocês em New York. Ou seja, eu fugi. Sei que você deve estar soltando fogo pelas ventas, como você mesma diz. Mas houve um motivo para eu não estar aí com vocês. Tudo isso foi demais para mim. Ajudar a criar o Ultron, o ataque a cidade, Sokovia. Você dizia que a culpa de tudo isso não era minha, mas todos sabemos que é. Eu sinto que é. Para alguns, isso não é uma justificativa plausível para um desaparecimento repentino. Porém, para mim, é apenas a confirmação de que eu não posso fingir que consigo ter uma vida normal como vocês. Acredito que a vontade de bater em mim por estar me despedindo de você por uma carta que você só recebeu algumas semanas depois da minha partida tenha elevado bastante. Entretanto, eu não te tiro esse direito. Ainda mais quando eu instrui o Coulson a te entregar essa carta no dia do seu aniversário. A propósito: parabéns! Desejo que você tenha uma vida menos conturbada, mais feliz e, principalmente, que você continue sendo essa pessoa que é hoje e que nunca perca esse seu jeitinho de criança. Espero que tenha gostado do presente. Depois que você me contou que havia perdido o Pica-Pau na explosão, pensei em comprar outro quando notei que seu aniversário se aproximava, mas antes queria saber se o Coulson não sabia sobre o paradeiro do original. Ao ouvir a explicação dele do porquê o Pica-Pau não estar nas suas mãos, eu pensei que você gostaria de tê-lo novamente. E se caso ele te fez lembrar daquele dia, peço desculpas. Talvez eu devesse ter perguntado antes, não sei. Enfim, estou vendo o tamanho dessa carta e percebendo que ela se estendeu mais do que deveria. Talvez você esteja pensando que eu deveria ter esperado algumas semanas e te entregar o presente pessoalmente antes de sumir do mapa, mas eu não sei se conseguiria passar mais tempo com vocês e simplesmente ir embora depois. Sei que desaparecer assim, desse jeito, foi uma atitude inconsequente, mas espero que você não me julgue. Você é uma das pessoas mais importantes para mim, eu te considero como uma filha. A filha que eu nunca pude ter. Pode me bater quando eu retornar um dia, quem sabe, mas não me julgue. É só isso que eu te peço."

Ao terminar de ler a carta, eu percebi que algumas lágrimas rolavam pelo meu rosto.

Como que míseras palavras podiam me fazer chorar desse jeito?

Ah, Bruce Banner, eu te mato.

Isso foi golpe baixo. Essa carta foi um golpe muito sujo.

—Melinda? Você está bem? – a voz de Coulson me despertou. Ergui o rosto, encarando-o nos olhos.

—Não foi uma partida repentina. – sussurrei. – Bruce já pretendia ir embora. – meu olhar caiu novamente sobre a carta. – Eu só não entendo, Pinguim. Por que ir embora? Por que ele resolveu chutar o balde? Por que justo quando eu reapareço na vida dele? –

—Tem certeza que você não entende porquê ele foi embora? – prendi a respiração por um curto período.

Quem eu estava querendo enganar? Melhor: por que eu pirei um pouco ao saber que Bruce fugiu? Eu fiz a mesma coisa quando acordei depois da explosão.

O sujo falando do mal lavado. Acho que nenhuma expressão me definiu tão bem como essa.

—E caso esteja achando que a culpa foi sua por ele ter partido, o dr. Banner já pretendia partir. – Coulson voltou a falar. – E mesmo que ele não tivesse com essa ideia na cabeça antes de Ultron surgir, as palavras dele são bastante claras, não? –

"Você é uma das pessoas mais importantes para mim, eu te considero como uma filha. A filha que eu nunca pude ter."

A frase ecoou pela minha cabeça, fazendo-me fechar os olhos com força.

Por que eu tinha que ser neurótica e achar que a culpa das coisas acontecerem é sempre minha, hein?

—Será que ele volta, Pinguim? – murmurei cabisbaixa.

—É claro que volta. – Coulson sentou do meu lado no sofá, me entregando um lenço.

Sorri minimamente, pegando-o e limpando meu rosto.

—Ele vai voltar. – falei. – Um dia ele volta. – repeti, agora a voz mais firme. – E nesse dia, eu irei fazê-lo pagar pelo meu rímel gasto. –

Coulson sorriu, retirando o lenço da minha mão e levantando.

—Vamos voltar para o salão? Acho que uma hora dessas, a Daisy e o Lucas já chegaram. – respirei fundo e levantei do sofá.

Guardei o Pica-Pau de volta na caixa junto com a carta e escondi o embrulho na cozinha do apartamento do Bruce.

Ao voltar para sala, encontrei Coulson me encarando com um leve franzir de sobrancelhas.

—Não quero Tony mexendo nele de novo. – expliquei, dando de ombros.

Passei meu braço pelo de Coulson e saímos do apartamento, indo até o final do corredor e entrando no elevador.

—Pinguim? – chamei.

—Sim? – virei o rosto, vendo que ele me encarava.

—Obrigada. – sorri. – Por ter comparecido, pelo presente, por ter me dado o presente do Bruce e a carta dele. Por tudo. –

—Eu não podia fazer menos. – ele sorriu.

Passei meus braços ao redor dele, abraçando-o.

***

—Amélia, pelo amor de Deus! O que é esse presente? – indaguei, dando alguns passos as cegas por um dos inúmeros andares da Torre. O qual eu não faço a mínima ideia já que estava vendada.

—Estamos quase lá. Você não está trapaceando, está? –

—Como você tem coragem de me fazer uma pergunta dessas? Estou me sentindo ofendida! –

—Ah, claro. E eu sou a Fada do Dente. – soltei uma risada. Então fiz meus olhos brilharem, me permitindo ver sobre a venda preta.

Nós estávamos no andar que os equipamentos e uniformes dos Vingadores ficavam. Senti as mãos de Amy me encaminhar para a direta e então paramos em frente ao meu espaço naquele andar.

Fiz meus olhos voltarem ao normal e franzi as sobrancelhas. Por que meu presente está aqui?

—Eu vou receber um upgrade no meu uniforme? – indaguei.

—O que? Melinda! Você está trapaceando! Eu te odeio. –

—Odeia nada. Então? O que é meu presente? – ouvi ela bufar e então me posicionar um pouco mais para a frente.

—Preparada? – revirei os olhos.

—Cuida logo com isso, Amélia! – a venda foi retirada e encarei meu uniforme.

Nada de diferente. Nem mesmo uma costura saiu do lugar. Baixei um pouco mais o olhar e vi um embrulho um pouco a frente das minha botas.

Me aproximei dele e fiz menção de tocá-lo, até ouvir a voz um pouco alta de Amy:

—Tome cuidado. Pelo amor de Deus, não derrube no chão. – revirei os olhos.

—Falando assim parece até que sou desastrada. – resmunguei.

—E você é. – bufei, puxando o laço e retirando a tampa, soltando um gritinho logo depois quando as laterais da caixa caíram revelando o presente.

—Meu Deus, meu Deus, meu Deus! Amy, eu te amo! Oh, meu Deus! – me virei abraçando-a. Ouvi uma risada.

—Você gostou? –

—Se eu gostei? Amy, eu amei! – respondi, exibindo um sorriso enorme.

Virei-me na direção do presente novamente, observando a boneca. A minha boneca.(2)

Ela era fofa - como a Melinda original, óbvio -, estava com uniforme, o cabelo ruivo solto, um olhar sério, mas com um toque de malícia e um sorriso irônico.

—Começaram a produzir esses bonecos pouco tempo depois de você ser declarada como a nova integrante dos Vingadores. Fizeram de todos os Vingadores. – Amélia explicou. – A mulher que fez tentou adicionar a habilidade de fazer seus olhos brilharem. Não sei ela conseguiu, mas... –

—Eu amei. – murmurei. – Obrigada, Amy. – ela sorriu.

—De nada, Valente. – ela beijou meu rosto.

—Ande. Me ajude a guardar de volta na caixa e vamos voltar para a festa. – falei, levantando as laterais da caixa. Amélia me ajudou e logo estávamos de volta no salão de festas.

Amy foi falar com o sua mãe e observei Tony caminhando na minha direção com algo em mãos.

—Eu vou ganhar um presente de Tony Stark? Que auge. – sorri, cruzando os braços.

—Não deveria já que eu cedi minha Torre para fazer a sua festa. – falou revirando os olhos. – Porém, Pepper me disse que comparecer em uma festa de mãos vazias era falta de educação. Não acho que isso se aplique a mim que cedi o local da festa, mas aqui está. – ele falou estendendo a caixa retangular na minha direção.

Abri a mesma, soltando uma risada quando vi o que era. Se tratava de uma coleção de camisas com frases icônicas.

Frases do tipo: "It's my birthday and I'm gay", "I speak fluent sarcasm", "Ok, but first coffee""Gay power", entre outras.

Em baixo das camisas, tinha uma jaqueta jeans escondida. Ao pegá-la, virei para ver as costas e notei que havia algo bordado:

"–What you drinking?

—Vodka.

—Straight?

—No, gay"

Soltei uma risada, trazendo a jaqueta para junto do meu corpo e encarando Tony.

—Obrigada, Cabeça de Lata. Eu amei todas. Principalmente a jaqueta. Vou até usar ela agora mesmo. – falei, vestindo a jaqueta e abrindo um sorriso. – Quem diria que você sabe escolher presentes, hein? – dei um soquinho no ombro dele.

—Eu sou Tony Stark. Não há nada que eu faça que não seja perfeito. – revirei os olhos com o ego dele. – Mas esse não é o único presente. Diga-me: você ainda gosta daquela boy band? A One Direction? É assim que ela se chama? São tantas boy bands que eu fico confuso as vezes. – arregalei os olhos.

—Se eu gosto da One Direction? Está brincando, Homem de Lata? Eu amo aqueles meninos! – Stark sorriu.

—Então você irá amar isso também. – falou, retirando seu celular ultra moderno do bolso e fazendo um gesto que fez uma tela surgir na minha frente.

—O que você andou aprontando, Tony? – coloquei as mãos na cintura.

—Apenas aproveite o melhor presente da sua vida. – franzi as sobrancelhas, mas quando apareceu a frase "Chamada encaminhada" com uma foto dos meninos da 1D em baixo, eu abandonei o sentimento de confusão dando lugar ao de euforia.

—Mano do céu. – murmurei incrédula. – Tony, eu não estou acreditando. –

—É uma vídeo chamada. Cuidado para não passar vergonha. –
Eu pensei em retrucar o Tony dizendo: Melinda Hunters nunca sente vergonha. Mas no exato momento em que abri a boca, os meninos aceitaram a vídeo chamada.

—Hey, Melinda! – os quatro garotos falaram juntos. E o simples som do meu nome saindo da boca deles fizeram meus olhos se encherem de lágrimas.

—Ai, caralho. – murmurei. – Meu Deus. Sexta-Feira, para a música agora! Já! Ligeiro e avexado! – falei, a euforia tomando conta do meu corpo mais do que deveria.

A música foi interrompida abruptamente, me dando o privilégio de ouvir a risada deles.

—Pelo visto, Stark não se enganou ao dizer que você é um pouco histérica. – Harry falou, exibindo um sorriso de derreter qualquer um. E aquelas covinhas? Ahhhh!

—Eu estou tão... céus. Ainda não consigo acreditar que isso está acontecendo comigo. Santo Billie Armstrong! – levei as mãos à cabeça.

—Respira fundo, ok, Melinda? Quem deveria estar pirando éramos nós por estar falando com uma Vingadora, mesmo que seja por vídeo chamada. – Louis falou atraindo minha atenção para ele. Como esse menino é fofo, meu Deus! – Então, que tal todos nós respirarmos fundo e conversarmos um pouco? –

Juro que tentei respirar fundo e reorganizar meus pensamentos, mas estava difícil. Muito difícil.

Quando foi que eu pensei que estaria falando com a One Direction por vídeo chamada? Nunca!

—Mais calma? – Niall indagou.

—Não, mas a gente finge. – soltei uma risada. – Mano do céu. – murmurei.

—Vamos começar de novo. – Liam disse, encarando o Harry, Louis e Niall, e então os quatro se abaixaram.

Dois segundos se passaram e eles ergueram o tronco, elevando os braços para o alto e exibindo seus melhores sorrisos.

—Hey, Melinda! Parabéns pelo seu dia! – novamente, outra risada escapou da minha garganta.

—Espero que seu aniversário seja incrível e obrigado por ser nossa fã. – Liam falou, fazendo lágrimas se formarem nos meus lindos olhinhos.

—Você mora nos nossos corações, bebê. – Harry tomou a palavra.

—No coração do Niall e Liam eu sei que estou. Agora no seu e no do Louis eu acho meio difícil, afinal um está no coração do outro. – disse, fazendo-os rir. – A propósito, como vai a vida de vocês dois fora dos holofotes? Estão brincando muito de acerte o rabo? –

As gargalhadas deles ecoaram pelo salão, fazendo-me rir.

—Ah, com certeza. O Louis não me deixa descansar nem cinco minutos que já quer brincar de novo. – Hazz respondeu.

—Amor, não nos exponha dessa forma. – Louis retrucou, encarando Harry que sorriu revelando suas adoráveis covinhas.

—Retomando o assunto principal, que é o aniversário da Melinda, claro. – Niall tomou a palavra, pegando algo. – Olha só o que eu encontrei! – o Irlandês falou mostrando uma foto.

Soltei um gritinho ao ver que se tratava da primeira foto que tinha com eles. Ela foi tirada no primeiro show aqui nos EUA durante a primeira turnê deles, a Up All Night Tour.

—Eu não creio no que meus olhos de noite serena estão vendo. – falei, trazendo as mãos para meu rosto. – Vocês guardaram. –

—Nós guardamos todas as fotos que tiramos com nossas fãs. – Liam respondeu. – Quando Stark nos contatou dizendo que era o aniversário de uma amiga dele que é nossa fã, pedimos para ele nos mostrar uma foto sua. Quando vimos, sabíamos que já tínhamos visto você em algum lugar. –

—Então vocês lembram de mim? –

Caralho! A One Direction lembra de mim, porra!

—Lembramos da garota que bateu no irmão porque ele estava dizendo que meu cabelo era feio. – Harold falou e eu escutei a risada de Adam.

Só agora percebi que todos os convidados assistiam esse espetáculo.

—Falar mal do cabelo de Harry Styles é um crime e a pena é nada mais que a morte. – falei. – Mas vocês não podem lembrar de mim apenas por causa disso. Andem, desembuchem, bebês. –

—Ok. Lembramos de você também pela quantidade de vezes que você compareceu em nossos shows. Principalmente na primeira turnê. – Louis pegou outras fotos.

Ele passou uma por uma.

A nossa foto no show em Uncasville, East Rutherford, New York City, Detroit e Charlotte.

—E isso foi apenas na primeira turnê, hein, galera. – soltei uma risada com a fala do Niall.

—Essas foram na segunda turnê, nos shows em East Rutherford, Columbus e Wantagh. – agora era Liam quem apresentava as fotografias. Meus olhos se enchiam de lágrimas a cada foto que passava.

Eu tinha todas guardadas e eles também. Não importa se eles lembravam realmente de mim ou não, ou se eles procuraram todos os shows que eu fui sabe-se lá onde.

O que importava é que Tony pediu que eles me mandassem uma mensagem de aniversário e eles aceitaram.

Arrumaram um espaço nas agendas mega lotadas deles e aqui estão.

Eu sou a pessoa mais feliz do mundo.

—Essas já são da terceira turnê. Você compareceu nos shows em East Rutherford, de novo. Acho que esse é nosso ponto de encontro. – Louis riu. – Enfim, East Rutherford, Filadélfia, Detroit e Charlotte. Você realmente era uma grande fã nossa e... você está chorando? –

—Não. Foi só o Tony que pisou no meu pé e está doendo muito, mas está tudo bem. – falei, limpando o rosto e exibindo um sorriso.

—Adoraríamos estar aí com você e te dar um abraço. – Harry falou, sorrindo de lado enquanto colocava seu cabelo atrás da orelha.

—Você não tem o poder de se teletransportar, Melinda? – Niall indagou, causando-me uma risada.

—Não. Essa habilidade eu não domino, Nialler. – respondi.

—Meninos, vocês lembram que ela sempre trazia Pudim para a gente? Em quase todos os shows que ela compareceu eu lembrava de ter um Pudim delicioso no nosso camarim. – Niall encarou os meninos, que fizeram uma expressão de como se lembrassem da sensação de comer o meu Pudim.

O meu Pudim. A-rá!

—Como esquecer? Era maravilhoso terminar um show e ter aquela maravilha nos esperando. – Hazz comentou.

—Sim, meu Pudim é a oitava maravilha do mundo. Eu sei. Todos sabem. – fiz um gesto de dispensa com a mão.

—Disso não podemos discordar. – Liam falou e no fundo ouvi algo sobre cinco minutos.

Ah, não.

—Melinda, infelizmente nós precisamos encerrar. Temos um show para fazer. Desculpe. – sorri. Louis fofo como sempre.

—Está tudo bem. Eu consegui conversar com vocês por um bom tempo e isso já está de bom tamanho. – disse, sorrindo em agradecimento.

—Espero que seu aniversario seja tão maravilhoso quanto seu Pudim, Ruivinha. –

—Está sendo, Nialler. – ele sorriu.

—Prometa passar em um dos nossos shows, e não passe voando. – Louis brincou, fazendo-me rir.

—Só se eu tiver um desconto. – entrei na onda.

—Tente nos contatar quando passarmos nos Estados Unidos com mais um show, ok? – arregalei os olhos. – Agora nós precisamos realmente ir. Tchauzinho. –

Os meninos acenaram e eu acenei de volta.

A vídeo chamada foi encerrada depois de Harry mandar beijinhos, causando-me mais uma risada.

Os meus convidados bateram palmas e escutei um grito de Chris dizendo que eu era uma pessoa muito sortuda.

—Como diabos você tinha tanto dinheiro para ir à todos esses shows? – Tony questionou, cruzando os braços.

Ele não esperou nem dois minutos, Deus.

—New York City, East Rutherford e Wantagh foram meus pais que pagaram. Presentes de Natal e aniversário, óbvio. – dei de ombros. – Já os outros foram tudo presente do Ryan. – respondi, olhando o garoto que sorriu.

—Já considerou a possibilidade dele ser completamente apaixonado por você? Não? Deveria. – revirei os olhos com a fala de Tony.

—Tony, eu... – ele ergueu a mão, me interrompendo.

—Não me agradeça agora. Ainda não acabou. –

—Não me diga que você conseguiu falar com o Bon Jovi também? – perguntei, sorrindo.

—Não. – cruzei os braços. – Como você deve saber melhor que todos aqui presente, a One Direction era feita por cinco garotos. Na vídeo chamada só tinham quatro. –

—O Zayn saiu da banda, Cabeça de Lata. Isso saiu em todos os jornais. – expliquei.

—Sim, eu sei. Eu falei com o Malik também. – arregalei os olhos.

—Mentira, né? –

—A propósito, ele não queria gravar um vídeo porque queria ter uma vida normal ou coisa do tipo. –

—Fato. – murmurei.

—Porém, uma insistência aqui, outra manipulação lá, e ele gravou um vídeo. – Tony mexeu no seu celular e logo um vídeo começou a ser reproduzido.

"Hey, Melinda! Como você está? Espero que comemorando bastante essa data tão especial. Fiquei bastante feliz ao saber que você é uma grande fã da One Direction e agradeço por isso. Aliás, eu stalkeei um pouco o seu Twitter e vi alguns vários tuítes sobre mim. Agradeço por ter sido tão amável para você e espero que eu ainda seja. Eu te desejo um feliz aniversário e que sua vida seja repleta de coisas boas. Parabéns, Melinda. Um abraço e um beijo."

Minha mão cobria minha boca enquanto eu tentava respirar fundo e segurar o choro assim que o vídeo foi encerrado.

Virei-me na direção de Tony e caminhei até ele, abraçando-o.

—Obrigada, Homem de Lata. – murmurei. – Esse foi um dos melhores presentes que ganhei em toda minha vida. – Tony retribuiu o abraço um pouco desajeitado.

—Certo, certo. – falou, me afastando dele. – Um dos melhores da sua vida? Devia ter sido o melhor, não? – soltei uma risada.

—Não. Quase atingiu o topo. – sussurrei a última parte. Ele sorriu. – Oh, meu Deus. Eu esqueci de pedir para a Sexta-Feira gravar a vídeo chamada. – murmurei triste.

—Não se preocupe, srta. Hunters. As câmeras da Torre filmaram tudo. – Sexta-Feira respondeu, causando-me um suspiro de alívio.

—Ainda bem. Você me envia depois, gracinha? Obrigada. Tony, depois você me manda o vídeo do Zayn também, ok? – ele assentiu. – Ok, pode soltar a música, Sexta-Feira. –

***

—Você já vai? – indaguei, fazendo bico.

 

—Sim, Melinda. Minhas obrigações me chamam. –

—Credo. Nunca ouvi nada tão responsável como isso. Quando eu te conheci você não era assim, Ryan Buchanan. – cruzei os braços.

—Eu sei, mas você sabe. – ele suspirou pesadamente. – Um dia eu irei herdar as empresas Buchanan. –

—E nesse dia nós casaremos com separação universal. – falei, abraçando-o. – Obrigada por ter vindo, Ryan. – murmurei.

—Você sabe que se eu pudesse viria te visitar sempre. – sorri.

—Só não demore muito tempo, ok? –

—Ok. – ele beijou minha têmpora, separando-se logo em seguida. – Tchau, Melinda. –

—Até logo, Ryan. –

Observei ele se distanciando, se aproximando do elevador e entrando no mesmo logo em seguida. Então, Ryan não estava mais aqui.

Soltei um suspiro, colocando um sorriso no rosto e indo até a mesa de comida.

Comendo mais alguns nachos com guacamole, olhei ao redor do salão.

Boa parte dos convidados já haviam ido embora. Restando apenas meus amigos, Adam e os Vingadores, claro.

Franzi as sobrancelhas, notando a falta de uma pessoa.

—Sexta-Feira? – chamei, olhando para o teto.

—Sim, srta. Hunters? – a resposta não demorou.

—Onde está o Tyler? Ele já foi embora? –

—Não, srta. Hunters. Ele está no terraço. – pressionei os lábios, curiosa.

O que ele está fazendo no terraço?

—Obrigada. –

Peguei um copo com tequila e caminhei até o elevador. Apertei o botão do terraço e esperei pacientemente (ou não) o elevador parar.

As portas abriram, me permitindo observar Tyler com os cotovelos apoiados no parapeito e seu corpo debruçado sobre o mesmo.

Sai do elevador e andei até ele, parando ao seu lado. Senti o vento frio de New York bater no meu rosto, fazendo-me fechar os olhos por alguns segundos.

—Está tudo bem? – indaguei sem olhá-lo.

—Sim, está. –

—Por que veio para cá? Queria ficar sozinho? –

—Sim, mas você pode ficar, amor. – sorri, bebendo um pouco da tequila.

—Quer? – ofereci, finalmente olhando para ele.

E eu não sabia se era possível, mas Tyler ficava ainda mais bonito quando o vento bagunçava seu cabelo.

Ele aceitou a bebida, deixando o copo no parapeito e virando o corpo na minha direção.

Fiz o mesmo, ficando de frente para ele.

—Eu tenho algo para você. – Tyler sorriu, retirando algo do bolso da calça.

—Uh, presente. – murmurei, sorrindo.

—Sim, é um presente. – ele concordou mostrando o que era.

Se tratava de uma pulseira de couro trançado na cor preta. Nela continha alguns símbolos de Sagas.

O símbolo da Sonserina, minha casa no Harry Potter; o elmo do Ares, que era meu pai na mitologia grega; o Tordo, dos Jogos Vorazes e o capacete do Darth Vader.

—Não é um colar com seu nome de heroína, ou uma Hayabusa, ou uma vídeo chamada com a One Direction, mas... – não deixei ele terminar.

—Eu amei. – sussurrei. – Sério, Tyler. Eu amei. – falei, sorrindo.

—Que bom que gostou. – ele me entregou a pulseira. – Olha atrás dos símbolos. –

Em cada símbolo tinha uma sílaba gravada e no quarto símbolo, um coração. Juntando eles, senti minha respiração falhar um pouco quando percebi que nome era.
Mérida ♡

—Tyler... –

—Sei que você não gosta desse nome por causa das lembranças que vem à tona. – apressou-se a explicar. – Contudo, seu nome não é motivo de vergonha, Melinda. Você pode não gostar dele, pode odiá-lo, na verdade. Mas você não pode ter vergonha. – Tyler segurou minhas mãos com as suas. – Seu nome diz quem você é. –

—A garota que matou o pai, os funcionários dele e os bombeiros? – ergui a sobrancelha. Na real, eu estava querendo sair correndo. Ou voando...

—Não. A garota que mesmo tendo feito o que fez, continuou com a sua vida. Mudando de estado, de nome, mas, ainda sim, continuando com a sua vida. – explicou. – E eu sei que houve um momento que você não queria continuar com ela. – baixei o olhar. Tyler ergueu meu rosto com seus dedos. – Hey. Isso não é motivo para ter vergonha também. –

—Por que faz parte da minha história? – desdenhei.

—Exatamente. – revirei os olhos. – Sei que está achando tudo isso uma palhaçada, mas eu só quero que saiba que não há motivos para você deixar seu nome para trás. – ele tirou uma mecha de cabelo do meu rosto. –Deixar a Mérida para trás, não significa apenas esquecer da explosão. Mas, também, deixar para trás os momentos que você viveu com seu pai. –

—É por isso que você não se incomoda mais quando te chamam pelo sobrenome do seu pai? – indaguei.

—Talvez. Eu não me incomodo mais, porque esse sobrenome não é somente meu. Ele pertence aos meus irmãos. Meus irmãos são importantes para mim. E, para eles, o sobrenome Turner é importante. –

—Eu não consigo, Tyler. – sussurrei. – Você faz parecer fácil, mas não é. Não para mim. Levei meses para conseguir chamar o dr. Palmer de Richard. Não sei se consigo fazer o mesmo com Mérida. – gesticulei.

—No começo não é fácil, mas, depois de um tempo, você pensa: "ah, é só um nome". Então se acostuma com ele e você costuma a estranhar quando não te chamam mais por esse nome. –

—Quer que eu volte a ser chamada por Mérida? – ele negou com a cabeça.

—Não. Nunca. Eu gosto de Mérida, sim, mas foi a Melinda quem eu conheci. Foi a Melinda a quem confiei meus segredos, minhas inseguranças, meus medos, a minha amizade. – ele segurou meu rosto entre suas mãos. – Foi a Melinda quem esteve sempre do meu lado quando precisei. Fosse para me acompanhar até a direção ou a enfermaria, para me dizer quem estava a fim de mim ou não, para jogar água gelada no meu rosto quando estivesse bêbado demais ou para dar um belo soco no rosto do meu pai que voltou apenas por causa da minha medula óssea. – ele riu levemente. – Você, Melinda, foi a melhor coisa que já aconteceu comigo. E, dificilmente, haverá algo que te supere. – Tyler sorriu. – Se você não quiser a pulseira ou quiser guardá-la, está tudo bem. Eu irei entender. –

—Não. – neguei com a cabeça, olhando a pulseira na minha mão. – Talvez você tenha razão. Esquecer a explosão não significa esquecer toda a minha vida antes dela. – o encarei, vendo que sorria orgulhoso. – Pode? –

Tyler pegou a pulseira, colocando-a no meu pulso.

O garoto passou seus braços ao redor do meu corpo, fazendo-me circundar sua cintura com os meus braços enquanto minha cabeça repousava em seu peito.

—Tyler? – sussurrei.

—Sim? –

—Você foi o melhor presente que a vida me deu. Não tem Hayabusa, vídeo chamada com a One Direction, colar com meu nome de heroína... se eu tiver você, isso já basta. – confidenciei, imaginando um sorriso crescer em seus lábios.

—Se eu tiver você, Melinda, eu tenho tudo. – senti ele beijar o topo da minha cabeça.

Ouvir aquilo fez com que um sorriso crescesse em meus lábios.

Era uma sensação tão boa.

Perdendo o olhar nas luzes da cidade,  lembrei dos acontecimentos desse ano.

Conhecer a S.H.I.E.L.D., os Vingadores, ganhar novos amigos, aprender a controlar os poderes que um dia odiei, perder minha avó, ajudar a salvar o mundo, contar a verdade para todos, me tornar uma Vingadora, ganhar um sobrinho.

E pensar que no início de tudo, eu só queria fazer pegadinhas sem ser pega.


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Notas finais do capítulo

(1) Sei que o término do namoro de Thor e Jane foi abordado apenas em Ragnarok, porém eu decidi encerrar logo o namoro deles, é isto.
(2) Quem quiser saber qual é o estilo dos bonecos são esses daqui (https://pin.it/5iwzdarz2ba3mb) Sim, o modelo do boneco é o de Loki.
Hey, chuchus! Então, gostaram? Não gostaram? Amaram? Odiaram? Comentem e me façam feliz!
Melinda ganhou um ótima festa surpresa mas não tão surpresa assim, um beijo de tirar o fôlego do Deus do Trovão, ótimos presentes (que eu queria muito ganhar na minha vida) e ganhou o Tyler só para si sz.
Sei que muitas das expressões que a Melinda usa ainda nem existia em 2015, que é o ano que se passa a história. Mas são ótimas expressões e que eu acho que combinam bastante com ela. Então, apenas não liguem muito para isso, ok?
Quero agradecer a baby girl por ter me ajudado com algumas informações sobre os ícones da 1D. Eu tive um trabalhão pra achar as cidades dos shows porque queria fazer um ótimo capítulo para vocês, bebês (que eu não sei se consegui).
Bruce devolveu o Pica-Pau da Melinda e ainda deixou uma carta que fez rostos surgirem em minhas lágrimas. I'm not crying, okay?
Ficou em aberto sobre a questão do pai do Tyler e ele, então só queria informar que ele fez o transplante de medula óssea e o embuste do pai voltou para Massachusetts. Tyler tem uma ótima relação com os irmãos, ok?
Enfim, gente, queria que vocês comentassem porque eu amo ler os comentários de vocês ♡
Reforçando: esse foi o último capítulo de The New Avenger antes do epílogo. Não sei quando sai o epílogo, mas prometo que tentarei ser breve e já venho com o primeiro capítulo de Civil War para vocês.
Agradeço por continuarem lendo a fic mesmo com a demora de postagem e nos vemos logo, logo (eu espero). Bjinhos de luz e até o próximo.
Bon revoar!



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