The New Avenger escrita por Dark Sweet


Capítulo 23
Desculpas


Notas iniciais do capítulo

Hey! Olá, bebês! Como vão? Demorei? Um pouco muito, talvez. Mil desculpas pela demora, sério mesmo. Enfim, aqui tá o capítulo é com um nome deveras curioso, na minha opinião.
Boa leitura e nos vemos la em baixo!



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 "–Papai, agora que estou me lembrando. Você não perguntou como foi meu dia hoje. – falei, abraçando meu Pica-Pau de pelúcia e observando meu pai mexer em mais uma das suas inúmeras máquinas.

—Me desculpe, querida. Estou tão atolado de trabalho que esqueci. – ele respondeu, deixando seu trabalho de lado e me encarando. – Como foi seu dia hoje, meu anjo? – ele questionou sorrindo.

—Ah. Foi bem chato, pai. – suspirei, dando de ombros.

—Por que, meu amor? – meu pai indagou, vindo até mim.

—Hoje de manhã, no horário do recreio um menino pegou meu lanche, mas aí, como o lanche era meu e ele tinha o dele, eu peguei minha comida de volta e ainda grudei chiclete no cabelo dele. – os olhos do meu pai se arregalaram. – Então, quando a professora soube disso chamou a mamãe e ela me deixou de castigo por ter grudado o chiclete no cabelo do menino. E por último, quando eu cheguei aqui atrás da Hellen e do bolo de chocolate dela eu descobri que ela não está aqui. – cruzei os braços fazendo bico.

—Hellen está doente, Mérida, ela não pôde vir trabalhar. E como assim você grudou chiclete no cabelo do seu colega? – seus braços se cruzaram e seu olhar estava sério.

—Ele roubou meu lanche, papai. Você mesmo diz que a comida é sagrada. – ele tentou segurar um sorriso, mas não conseguiu. O acompanhei.

—Por mais que a comida seja sagrada, ela não é motivo para você grudar chiclete no cabelo do seu colega. E eu sempre te disse que quando temos um problema devemos resolvê-lo na base da conversa, lembra? – pressionei os lábios. – Acho que vou ter que falar com a sua mãe. Michelle veio deixar você aqui, falou comigo e não me contou sobre esse evento na sua escola. – meu sorriso morreu.

—Eu pedi para ela não contar, aí mamãe disse que só não contaria se eu contasse. Não briga com ela, papai. Por favor. – encarei o chão, abraçando mais o Pica-Pau.

—Eu não iria brigar com sua mãe, Mérida. Iríamos apenas conversar. – ele falou. Eu apenas me encolhi mais ao lembrar de algo. – Hey. – seus dedos ergueram meu rosto, fazendo-me encarar seus olhos. – O que aconteceu? –

—É verdade que vocês vão se separar? – os olhos do meu pai piscaram algumas vezes. A pergunta o pegou de surpresa.

—O que? – murmurou confuso.

—Eu ouvi vocês conversando com a vovó. – expliquei.

—Já conversamos sobre ouvir a conversa dos outros de trás da porta, não? –

—Mas não foi atrás da porta, eu estava escondida no armário. – dei de ombros. – Então? É verdade, papai? – repeti.

—Sim, amor, é verdade. – meus olhos se encheram de água.

—Por quê? Vocês não se amam mais? É por causa do Adam? É por minha causa? Por que eu dou muito trabalho? Me responde, papai. – balancei seu braço. – É por minha causa? – as lágrimas começaram a cair sobre meu rosto.

—Não, querida, não é por causa de você ou do seu irmão. Nunca. – ele segurou meu rosto entre suas mãos. – Jamais pense que você ou seu irmão são os culpados pela minha separação com a sua mãe. –

—Então por que? Vocês não se amam mais? – seus polegares passaram sobre minhas bochechas, limpando qualquer resquício de lágrimas.

—Não é isso, Mérida. Sua mãe e eu ainda nos amamos, mas acontece que as pessoas que se casam nem sempre permanecem juntas. – franzi as sobrancelhas.

—Eu não entendo, pai. Se elas se amam, por que se separam? – ele suspirou.

—É confuso, querida, nem eu mesmo entendo. – sua mão acariciava meu cabelo enquanto eu pensava sobre o que ele acabou de falar.

—Se é confuso então eu nem quero me casar. – meu pai soltou uma risada. – Não quero confusão na minha vida, papai. –

—Do jeito que você é, só irá atrair confusão, já estou vendo. – sorri. – Eu sempre irei amar sua mãe, meu amor. Ela me deu você e o Adam, as pessoas mais importantes da minha vida. – ele sorriu. – Agora, Mérida, essa separação não significa que vamos deixar de nos ver. Nós vamos continuar nos encontrando. Nos seus aniversários e nos do seu irmão, no Natal, na Páscoa. Vocês podem me visitar no trabalho, eu vou visitar vocês e vocês também irão poder passar os feriados na minha casa. Ainda seremos uma família. – sorri.

—Significa que eu vou ganhar dois presentes no Natal e no meu aniversário? – meu pai arqueou a sobrancelha.

 

—Espertinha você, hein? – ele apertou meu nariz de leve, causando-me uma risada. – Enquanto eu vou com a farinha você já vem com o bolo pronto. – franzi as sobrancelhas.

—Eu não entendi, pai. – ele riu passando seus braços ao redor do meu corpo, me abraçando.

—Eu amo você, meu amor. –

—Também amo você, papai. Muito, muito, muito. – o apertei mais no abraço.

—Muito quanto? – indagou, acariciando minhas costas.

—Se juntar todas as energias do mundo você vai saber. – seu peito vibrou com a risada que escapou da sua garganta.

—Então é muito mesmo. – sorri.

—Eu disse que era muito. Só não conta para a mamãe. Ela pode ter ciúme de você. – sussurrei. Novamente seu peito vibrou com outra risada."

***

Ao abrir os olhos, me dei conta de que ainda estava na ala hospitalar da Torre. Só que em um dos quartos de recuperação, em vez de uma sala de operação.

Forcei um pouco a memória e então lembrei do que aconteceu.

Zach me acusando da morte do seu irmão, ele atirando em Adam, ele atirando em mim, meu surto quando vi os médicos, Wanda pedindo para eu desativar o escudo, ela entrando na minha cabeça.

Fechei os olhos pensando na minha atitude. Aposto que todos devem estar putos comigo por conta disso. Principalmente o Tyler e a Wanda.

Contudo, minha prioridade é ter notícias do Adam. Ou seja, cortar todos que vierem me dar sermão e ir atrás do Adam.

Afastei o lençol para o lado e sentei-me na cama. Até então eu achei que estava sozinha, então imaginem o susto que eu levei quando vi uma silhueta parada em pé no canto do quarto.

—Jesus, Maria, José! – falei em um sobresalto, levando a mão até o peito. – Jesus amado. Você quer me matar? –

—Eu quem te pergunto, Melinda. Você quer me matar? – a morena virou-se na minha direção com um olhar sério. Acho que eu catuquei a onça com vara curta.

—Não me diga que enquanto dormia eu peguei uma faca e tentei te assassinar? Mano do céu. Estranho. Eu não sabia que era sonâmbula. – franzi as sobrancelhas.

—Isso não é hora para brincadeiras, Melinda. Como você me apronta uma dessas? –

—Está falando do tiroteio? Wandinha, eu não tive como adivinhar. Meus poderes não envolvem a habilidade da Raven de prever o futuro. Fora que não fui eu quem orquestrou aquele circo todo e tudo mais. –

—Sabe muito bem que não estou falando disso. – ela se aproximou, ficando a dois passos de distância de mim. – Estou falando daquela cena patética na sala de operações. – arqueei a sobrancelha incrédula.

—Patética? Cena patética, Maximoff? – indaguei perplexa. Não acredito que ela acha que aquilo tudo foi pura cena. – Você sabe muito bem que eu não suporto hospitais, médicos e agulhas. Aquilo não foi uma ceninha, Wanda. Os únicos médicos que eu confio são o Banner e o Palmer. –

—Devo lembrar que um é psiquiatra e o outro cientista? – sua sobrancelha arqueou. Cruzei os braços. – Isso não justifica o que aconteceu naquela sala, Melinda. Você preferiu seguir com seu medo de médicos em vez de salvar sua vida. Eu fiquei muito preocupada, sabia? O Tyler também, assim como os outros. –

—Se preocuparam a toa. – dei de ombros. – Eu tenho fator de cura avançado, não iria morrer. – sorri.

—Exatamente. Você tem um fator de cura avançado e não imortalidade. – Wanda falou taxativa.

—Não precisa jogar na cara também, né? – resmunguei. O sorriso indo para a puta que pariu. – E o Adam? – a Bruxinha expirou com força

—Estável. Ele perdeu muito sangue e precisou de uma transfusão, mas já está fora de perigo. Apenas necessita de repouso. –

—Transfusão? E quem doou o sangue? –

—Rhodes. – sorri.

—O Coronel acabou de ganhar mais alguns pontos comigo. Certo. Onde está minha roupa? Eu preciso ver o Adam e não será com essa roupa de hospital. – levantei da cama, olhando para o meu corpo. – Isso não me deixa nem um pouco sexy e nem realça minhas curvas. Cruz credo. –

—Você não quer saber sobre o seu estado? –

—Nasci em Washington. – respondi. Wanda fez uma cara nada satisfeita com minha piada. – Eu estou bem, Wandinha. Pronta para outra. – sorri, tentando amenizar o clima. Não funcionou.

—A bala quase acertou um dos seus rins, Melinda. Não sei se você sabe, mas são os rins que fazem a filtragem do sangue. – encarei Wanda.

—Mas uma pessoa pode muito bem viver apenas com um rim ou nenhum. – dei de ombros.

—Sim, mas as pessoas que vivem sem os rins por aí tem que se submeter a hemodiálise todos os dias. Você iria conseguir ir todos os dias para um hospital? Fazer exames? Ser espetada por agulhas? – fiquei calada. Eu não estava lembrando desse detalhe. – Você perdeu mais sangue que o Adam por conta da sua ignorância e seu quadro se agravou mais que o normal para quem foi baleada na barriga. Não importa se você tem fator de cura avançado, você ainda é humana e pode morrer a qualquer momento. –

—Foi mais forte que eu, você sabe. – falei, fazendo-a suspirar pesadamente. Aposto que a Bruxinha está se segurando para não jogar um avada kedavra na minha direção.

—Tudo bem, Melinda, mas você não pensou no Tyler? Por um segundo que seja, não pensou nos seus irmãos, seus pais, seus amigos? – o olhar de Wanda estava momentaneamente perdido, talvez pensando se dizia ou não o que veio a seguir. – Não pensou em mim? – franzi as sobrancelhas, confusa.

Por que ela disse isso depois de uma pausa dramática? E por que disse isso de uma forma tão dolorosa?

—Mano do céu. – murmurei, me dando conta do que ela quis dizer. – Eu... me desculpa, Wanda. Eu não quis... –

—Eu fiquei apavorada quando Sexta-Feira me disse que você não queria deixar os médicos chegarem perto de você. Eu precisei ver com meus próprios olhos para ter certeza, pois não imaginava que você teria a tamanha burrice de colocar seu medo acima da sua vida. – encarei minhas mãos sobre minhas coxas.

—Falando assim, até parece que foi burrice mesmo. – murmurei baixinho.

—Eu vi você naquela maca, sangrando por causa de um ferimento de bala e impedindo os médicos de cuidarem de você... a única coisa que me veio à cabeça foi o Pietro. Ele não teve a oportunidade de ter sua vida salva, mas você teve e quase a desperdiçou. – continuei sem encarar Wanda.

Como foi que eu não pensei nisso? Como foi que eu esqueci do Papa-Léguas, da forma heróica que ele morreu e que nem teve a oportunidade de viver o resto da sua vida correndo do seu jeito Gato a Jato de ser?

Os dedos de Wanda seguraram meu queixo sutilmente, levantando meu rosto até meus olhos encontrarem os seus.

—Você é tudo que eu tenho, Melinda. Tudo que me restou. – sua outra mão encontrou meu rosto. – Você cuidou de mim, me ajudou mesmo depois de eu ter feito tudo aquilo ao lado do Ultron. Após a morte do Pietro... você foi quem mais esteve do meu lado. E eu não quero perder você como perdi ele. – uma lágrima escorreu pelo rosto dela.

Passei meu polegar sobre seu rosto, enxugando-o da lágrima atrevida. E encarando os olhos castanhos de Wanda, eu tive a certeza de que tinha cometido uma grande idiotice.

Não era justo colocar meu medo acima de tudo e todos. Um medo que não beneficiou ninguém e nem eu mesma.

—Desculpa. – sussurrei. – Me desculpa, Wanda. – repeti. – Eu não pensei em ninguém, só no meu medo. É mais forte que eu. Nunca consegui vencer ele nem que fosse um pouquinho. O que passei... tudo que eu passei naquele hospital foi demais para mim. Eu era apenas uma criança, tinha acabado de perder o pai e... me desculpa. Eu realmente fui bastante egoísta. – a Bruxinha a minha frente sorriu, acariciando meu rosto. Retirei minha mão do seu rosto e passei meus braços ao redor do corpo dela.

—Só me prometa que não irá fazer isso de novo. – pediu, retribuindo o abraço.

—Prometo que irei tentar. – sorri. Wanda se separou de mim.

—Se você fizer algo do tipo de novo, eu mesma mato você. – sorri com o olhar ameaçador que recebi dela.

—Eu já disse o quanto eu amo esse seu jeitinho russo de ser? Sem contar o sotaque. – ela arqueou a sobrancelha.

—Está fugindo do assunto? – coloquei minhas mãos na cintura.

—E quem foi que disse que eu fujo das coisas, hein, srta. Maximoff? –

—Eu sou um pouco suspeita já que te conheço há pouco tempo, mas, se quiser, posso chamar seus pais e amigos que convivem com você desde sempre. Eles sim sabe sobre todas as suas fugas. – revirei os olhos.

—Você sabe mesmo acabar com o humor de uma pessoa. Cruz credo. – resmunguei, bufando.

—Talvez seja por causa do meu jeitinho russo de ser. – ela respondeu em tom de deboche. Soltei uma risada, até que lembrei de algo.

—Wanda, eu lembro de quando você forçou a quebra do escudo. – murmurei, atraindo a atenção da Bruxinha. – E assim que isso aconteceu, você entrou na minha cabeça. Com os seus poderes. – ela assentiu. – A... a lembrança do meu pai. Foi você? –

—Eu precisava acalmar você de alguma forma. Por isso, entrei na sua cabeça. Procurei uma lembrança feliz, que te fizesse relaxar. As lembranças do seu pai me pareceram uma ótima opção. – assenti, pressionando os lábios, perdendo o olhar em um ponto qualquer do chão. – Sei que você não gosta quando entro na sua cabeça, mas eu não sabia o que fazer. Apenas queria que você deixasse os médicos trabalharem. Desculpe. – soltei uma risada nasal.

—Calma, Bruxinha. Está tudo bem. – falei calmamente, erguendo meu olhar para o dela. – Eu... gosto daquela lembrança em particular. Eu tinha descoberto que meus pais iam se separar e então ele me mostrou que aquilo não era o fim do mundo. – sorri. – Acredito que não há nenhuma lembrança com meu pai que eu não goste. –

—Realmente, é uma bela lembrança. – Wanda sorriu.

—Sabe o que é realmente bela? – indaguei. As mãos indo até o pescoço da Bruxinha, um sorriso maroto surgindo nos meus lábios. – Você. E estou querendo você mais do que eu quero meu professor de História. –

—Melinda... – a interrompi:

—Eu já esperei tempo demais, amor. – puxei seu corpo, pressionando meus lábios nos dela.

Wanda demorou um tempo menor do que eu tinha previsto para corresponder o beijo. Eu tinha previsto dez segundos; ela correspondeu cinco segundos depois. A-rá!

Suas mãos subiram até meu rosto, tímidas. Já as minhas desceram até suas coxas, Wanda, entendendo o recado, deu um impulso e prendeu suas pernas ao redor da minha cintura.

Ainda sem interromper o beijo, eu girei nos calcanhares e a deixei sentada na cama, deixando minhas mãos livres para passearem pelo corpo dela.

Era difícil explicar a sensação que eu sentia ao beijar Wanda. Não era como quando eu beijei Amy, era totalmente diferente. Contudo, devo dizer que era muito bom finalmente estar a beijando.

—Atrapalho? – Wanda me empurrou, parando o beijo e aumentando a minha vontade de matar o ser que acabou com meu momento no paraíso.

—Não atrapalhará se você se juntar a nós. – falei, virando o rosto para encarar o empata foda. – Adam? – o tom de surpresa era evidente na minha voz. – O que você está fazendo fora do quarto? Você levou um tiro, sua anta! Devia estar no quarto, de repouso. – falei indo até ele, que revirou os olhos.

—Você também levou um tiro e soube que teve mais complicações que eu e está aí, em pé, beijando a sua amiga. Wanda, não é? – ele sorriu com malícia.

—Primeiro: eu tenho fator de cura avançado, você não. E, segundo: pode tirar o olho e esse sorrizinho daí que ela é minha e de mais ninguém. Só divido ela com o Visão e pronto. Então pode tirar o cavalinho da chuva. – Adam arqueou a sobrancelha. Só agora percebi que ele usava uma tipóia na cor azul escura. – Como você está? –

—Bem. Apenas... entediado. Esses quartos são tão sem graça. – soltei uma risada.

—Se o Tony ouvir você falando isso, irá lhe dizer que é um insulto a ilustre Torre dele. – os olhos de Adam se arregalaram um pouco.

—Nós estamos na Torre? Na Torre dos Vingadores? – franzi as sobrancelhas.

—Sim. – murmurei. – Você achou que estávamos onde? Em um hospital? Eu? Em um hospital? Ah, claro. – revirei os olhos.

—Eu só não sei porquê da mãe não me contar que estamos na Torre dos Vingadores. – suas sobrancelhas estavam franzidas.

—Talvez porque até ontem você não falava com sua irmã por causa das mentiras que ela contou. – joguei, dando as costas a ele e voltando para perto de Wanda, que encarava o chão visivelmente envergonhada.

—Sobre isso, eu pensei um pouco depois de ter levado aquele tiro e... – o encarei.

—Ah! Então quer dizer que você pensa? – indaguei colocando surpresa na fala. – Como foi que eu não notei isso antes? Ah, sim! – bati na testa. – Foi porque todas as suas atitudes durante esses dias demonstraram que você não sabe pensar. – Adam me encarou, sério.

—Olha aqui, Melinda, eu estou tentando ter uma conversa séria com você. O errado aqui não sou, é você. Foi você quem mentiu para mim durante anos. – ele ergueu o indicador na minha direção. – Em vez de me escutar como qualquer outra pessoa normal, você prefere usar e abusar da sua ironia! –

—Eu não sei se você percebeu, Adam, mas eu posso ser qualquer coisa, menos normal. Não dá para mim ser normal nem se eu quisesse. – retruquei, indo até ele e empurrando a mão dele para baixo.

—Eu vou deixar vocês conversarem a sós. – Wanda falou e antes que ela descesse da cama, eu a impedi.

—Não precisa. Para quem já entrou na minha cabeça e revirou minhas melhores lembrança e os meus piores medos, presenciar uma discussão de irmãos não é nada fora do comum. – voltei a encarar Adam. – Tudo bem. Fale sobre o que você pensou, maninho. – ele respirou fundo.

—Após levar aquele tiro, eu vi que nada mais importava. Apenas você. Aquela bala não era para mim, e sim, para você, Melinda. – disso todos já sabem. – E a única coisa que se passava na minha cabeça enquanto eu estava caído naquele chão, foi a minha birra de não falar com você por conta das mentiras. –

—Então você reconhece que estava sendo uma criança birrenta? – cruzei os braços.

—Mas teve um motivo. Um bom motivo, diga-se de passagem. – defendeu-se entredentes. Fiz um gesto para ele prosseguir. – Por um momento eu achei que iria morrer. Entretanto, o que mais me apavorou foi que eu poderia morrer sem estar falando com você. No dia da viagem a Washington, eu queria estar do seu lado, segurando sua mão, te abraçando. Só que meu orgulho falou mais alto e o máximo que fiz foi te encarar de longe. Eu sabia que você estava sofrendo, mas mesmo assim não deixei meu orgulho de lado para estar ali com você. – abracei meu corpo, lembrando daquele dia e de que bastava um abraço dele para tudo melhorar. Um abraço que não veio. – E quando as pessoas descobriram sobre você? Eu também queria estar do seu lado, te apoiando e dizendo que tudo iria ficar bem. –

—E novamente seu orgulho falou mais alto. – falei o encarando sem qualquer expressão. – Eu sei de tudo, Adam. Todas as dificuldades que eu passei durante essas semanas, por menor que algumas fossem, você queria estar do meu lado, me ajudando. Só que seu orgulho falou mais alto. Todas as vezes. – frisei, pausadamente. – Você preferiu ouvir seu orgulho do que ouvir meus motivos por ter escondido a verdade sobre mim. Só que eu não te julgo. Eu fiz a mesma coisa hoje. Ouvi meu medo em vez de ouvir a voz da razão e deixar os médicos tirarem aquela bala alojada do meu corpo. Somos seres humanos. E humanos são tão burros, mais tão burros ao ponto de escolherem o lado que, no momento, parece ser o certo, mas que, na real, é o mais errado que tem. –

—Me desculpa. – Adam sussurrou. – Por ter sido tão idiota ao ponto de escolher meu orgulho em vez da minha irmã. –

—Não. – respondi, dando de ombros. – Você escolheu o seu orgulho diversas vezes em vez de mim. Tudo bem, eu menti durante anos. Porém, isso não justifica você vir querer que eu te desculpe só porque ficou com a consciência pesada. Você fez por onde, agora aguente. – Adam arregalou os olhos, surpreso e incrédulo. – Não me olhe com essa cara. Todos meus problemas poderiam ter sido resolvidos com mais facilidade se você estivesse do meu lado, fazendo seu papel de irmão. Porém, entretanto, todavia, você decidiu ouvir seu orgulhinho de merda. –

—Melinda! – Wanda me repreendeu, batendo no meu braço.

—Ai! Doeu, sabia? – encarei a Bruxinha, massageando o local que Wanda bateu. – Você tem uma força e tanto, hein? – ela continuou me encarando séria. – Qual é, gente? Relaxa aí, ok? Eu estava brincando. Vocês levam tudo a sério. Cruz credo. – soltei uma risada, encarando Adam. – Você está desculpado, mas com uma condição: se me aprontar mais uma dessas, eu não vou esperar um dia sequer para prender você no sótão. Está me ouvindo? – Adam sorriu e veio até mim, me dando um abraço meio desengonçado por conta do braço com a tipóia.

—E se você me aprontar aquilo que você fez na sala de operações de novo, eu não vou pensar duas vezes antes de te matar. – ele murmurou no meu ouvido.

—Oh, povinho para gostar de repreender meus atos, hein? – revirei os olhos. – Minha roupa. Onde está? – perguntei a Wanda.

—No banheiro. A sua está no banheiro do quarto onde estava, Adam. – ela respondeu, levantando da cama. – Vou avisar aos outros que vocês estão se trocando e logo irão para a sala. Se é que a Sexta-Feira não se adiantou e fez isso primeiro. –

—Está atrasada, srta. Maximoff. Todos já foram informados sobre o sr. e srta. Hunters. – sorri ao ouvir a voz da Inteligência Artificial.

—Não disse? – resmungou, saindo do quarto.

—Você não perde uma, né, Melinda? – Adam indagou, referindo-se a Wanda.

—Não mesmo. – respondi entrando no banheiro.

***

—Para quem achou que eu iria morrer, olha eu aqui. Novinha em folha e prontinha para outra. – falei, assim que entrei na sala de estar com Adam.

—É como dizem: vaso ruim não quebra. – Tony falou exibindo um sorriso cínico.

—Um exemplo disso é você, Cabeça de Lata. – retruquei cruzando os braços. – O que eu perdi? – indaguei, sorrindo.

Em vez de me responderem, todos ficaram calados. Encarei Adam, confusa.

—O que aconte... – eu fui interrompida por Tyler, que me surpreendeu com um abraço. Um abraço bastante apertado. – Parece que você não me vê há séculos, Ty. – comentei rindo.

—Você devia agradecer que estou te abraçando em vez de te dar um belo esporro por ter feito aquilo. – ele resmungou se separando de mim.

—Se você fizer isso, eu te bato. – avisei, séria.

Um a um, todos me abraçaram. Pareceu até que por um momento eu iria morrer, eu hein.

—Que bom que está de volta, Baixinha. – Thor falou, sorrindo. E que sorriso.

—Você não achou que eu iria morrer daquela forma, né? – coloquei minhas mãos na cintura. – Por uma bala? – soltei uma risada, dando um tapa no ar.

—Você não iria morrer por causa da bala, e sim, pelo seu egoísmo. – encarei minha mãe que tinha um semblante cansado e irritado. Ops.

—Não começa, mãe. Se você começar vai dar corda para o Michael continuar, depois o Tyler, Steve, Natasha e até o Louro José da Ana Maria Braga vai estar dizendo o quanto eu fui estúpida ao fazer aquilo. – cruzei os braços. – Já ganhei um sermão da Maximoff e para mim já foi o suficiente. –

—Não foi só um sermão que você ganhou da Bruxinha, não é mesmo? – Tony indagou, sorrindo ironicamente.

—Você estava... esquece. Surpreendente seria se você não nos espionasse. – suspirei. – Se quiser, podemos conversar amanhã, mamacita. – ela arqueou a sobrancelha.

—Da última vez que disse isso, eu não vi você durante dois dias. – sorri.

—Então, o que eu perdi? – tornei a questionar.

—Nada demais. – Charlie respondeu.

—E o Zach? – indaguei.

—Está bem. Um pouco machucado, é verdade, mas, ainda sim, bem. – arqueei a sobrancelha.

—E você está mentindo, Tony. Desculpa, mas o troféu de quem mente melhor ainda é meu. – joguei um sorriso cínico para ele, que arqueou a sobrancelha. – Então? O que aconteceu, realmente, com o Zach? –

—Ele está preso. – Natasha respondeu.

—Em uma delegacia? Ou na S.H.I.E.L.D.? –

—Para todos os efeitos, a S.H.I.E.L.D. caiu, Melinda. – Michael me corrigiu. – Logo que vocês saíram da escola e vieram para cá, a polícia chegou e o levou para a delegacia. Zach foi preso por entrar em uma escola armado e atirar em dois alunos. –

—Ele será julgado? – meu pai assentiu. – Menos mal. – murmurei.

—Nós já ouvimos os relatos dos seus amigos e do Adam, mas queremos saber de você o que aconteceu. – Steve pediu, calmamente.

—Foi o que os meninos contaram, ora essa. – dei de ombros. – Ele chegou, me acusou de ter matado o irmão dele me Sokovia, nós discutimos e quando demos as costas, ele puxou a arma e puff. Atirou. – suspirei.

—E depois? –

—Eu fui ajudar o Adam, ué. Só que o Zach apontou a arma para meu irmão e disse que não iria me matar, iria me fazer sentir o que ele sentiu. E foi então que eu agi. –

—Você tem escudo. Como conseguiu levar um tiro? –

—Eu me distraí, Romanoff. Por um curto momento. – dei de ombros. – Eu fui ajudar o Tyler que tinha levado uma coronhada e ficou desacordado por um tempo. –

—Eu estou tendo um déjà vu de quando a HYDRA foi atrás dela, vocês não? – Tony questionou. Questionamento esse que ninguém deu atenção.

—Tem algo a mais a acrescentar, Melinda? – Rhodes indagou.

—Sim. Eu tenho uma pergunta: vocês lavaram meu carro? Sabe, eu mesma sugeri que usássemos ele para vir até aqui, mas não posso negar que não gostei nenhum pouco dessa minha sugestão e da sujeira que, obviamente, ficou nele. – ignorei os olhares nem um pouco surpresos deles e prossegui: – Acontece que aquele carro é meu xodó e foi um presente de alguém deveras importante, então eu odiaria ter que descobrir que nenhum de vocês o mandou para um lava a jato. Agora não pode ser qualquer lava a jato, porque meu carro não é qualquer carro. –

—Eu não consigo encontrar uma pessoa que fale mais que você. Impressionante. – Tyler comentou balançando a cabeça em negativa.

—Ué, o Rhodes perguntou se eu tinha algo a acrescentar. – me defendi.

—Sobre o seu colega, Melinda. – o Coronel respondeu.

—Ah. Então não tenho. Aliás, o Zach poderia lavar meu carro. Aí se ele danificasse meu bebê eu teria um motivo plausível para chutar a cara dele de novo. – sorri.

—Melinda! – Michelle me repreendeu séria.

—O que foi? – indaguei confusa. – O cara atira em mim e eu não posso chutar a cara dele? –

—Melinda, precisamos ter uma conversa importante. – Steve disse sério.

—Eu não fiz merda dessa vez, juro. –
— ergui as mãos para o alto.

—Não é sobre isso, mas sim, sobre você ser uma Vingadora. – franzi as sobrancelhas, baixando as mãos.

—Não me diga que eu vou ser demitida? Vocês nem assinaram minha carteira de trabalho! – brinquei. No entanto, ao ver um semblante sério em todos, até mesmo em Tony, eu vi que aquilo não era brincadeira. – Espera. Vocês não estão pensando que por conta do que aconteceu eu vou jogar a toalha, estão? – como nenhum dos presentes falou nada, eu bufei indignada. – Eu não acredito que vocês cogitaram isso! Até mesmo você, Nat. – olhei para a ruiva que pressionou os lábios. – Você foi uma das que mais me falou para não deixar o medo tomar conta de mim, para enfrentar Deus e o mundo, para aprender a controlar meus poderes e agora acha que só porque levei um tiro eu iria desistir? –

—Entenda que não foi porque você levou um tiro, mas porque o seu irmão também foi atingido. – ela se justificou. – Do jeito que você se culpa por tudo, achamos que estava se culpando por isso também. –

—Isso não importa, Romanoff! Eu me culpo pelas coisas? Sim, me culpo. Eu costumo fugir de assuntos que eu não quero nem ver a cor? Também. Mas se eu dou minha palavra de que vou cumprir algo, eu vou lá e cumpro com a porra da minha palavra. – falei mais alto do que precisava. Então algo passou pela minha cabeça, algo que fazia mais sentido do que Romanoff disse. – Espera. Vocês me querem fora do time porque viram que o Steve estava certo, não é? Quando ele disse que eu era apenas uma criança. Vai ver isso tudo tenha servido para algo, afinal. Para mostrar que eu não sou apta para isso, né? Ser uma Vingadora. – soltei uma risada. – Vai ver a Kristen estava certa. Eu não consegui salvar a minha avó, não consegui evitar que meu irmão levasse um tiro, não consegui evitar que eu mesma levasse um tiro. –

—Não tem nada a ver com isso, Melinda. Tudo isso não passou de uma fatalidade. – Steve se apressou em dizer. – Acontece que nós acreditamos que isso é demais para uma adolescente. Você... –

—Quer que eu lembre a vocês sobre minha infância? – arqueei a sobrancelha. – Olha, não pensem que só porque tudo isso aconteceu eu vou desistir de ser uma Vingadora. Se vocês não me querem no time, tudo bem. Podem dizer. Eu não irei ficar com raiva de vocês ou algo do tipo. Eu só quero que vocês saibam que eu aceitei ser uma Vingadora, sabendo que correria riscos. Lógico que eu não quero que minha família passe pelo perrengue que passaram hoje, mas eu aceitei sabendo que isso poderia acontecer. O máximo que eu posso fazer é pedir que algo do tipo não aconteça novamente e, que se vier a acontecer, tentar evitar que mais alguém se machuque. –

Era eu mesma quem estava falando? Melinda Hunters estava falando sobre responsabilidades? Mano do céu. Será que Wanda fez uma lavagem cerebral em mim quando entrou na minha cabeça?

—Isso poderia ter acontecido com qualquer um de vocês. Com Steve, com o Tony, com a Nat... só que aconteceu comigo. Sabem por que? Porque eu era a pessoa mais acessível naquele momento. Agora vamos supor que tivesse acontecido com algum de vocês. Vocês iriam jogar a toalha? Não. Porque esse é o trabalho de vocês. O nosso trabalho. – finalizei.

Ninguém disse nada, mas pelos semblantes deles eu podia ver o quanto estavam surpresos com minha fala. Até eu estava surpresa comigo mesma. Era uma evolução e tanto, hein.

—Eu estou bem, estou viva e com uma fome da desgraça. Se não se importam, e eu acho bom que não, vou preparar qualquer besteira para comer. E, quando eu voltar, espero que vocês estejam prontos para dizer se estou fora do time ou se nós vamos beber até não conseguir levantar mais. – sorri dando as costas para eles e indo em direção à cozinha.


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Notas finais do capítulo

Hey, hey , hey! Então? Gostaram? Não gostaram? Comentem! Eu amei escrever a parte da conversa de Wanda e Melinda. O cuidado que ambas tem uma com a outra, a amizade dessas duas me mata de amores aaaaaaaaaaaaa
Enfim, Adam e Melinda voltaram a falar um com o outro normalmente, não? Já não era sem tempo hahah. Mas e esse papo dos Vingadores com a Melinda, hein? Será que ela vai ser demitida antes mesmo de assinarem a carteira de trabalho dela? Tudo será devidamente explicado no próximo capítulo que ainda não está completo e que não tem data de postagem. Porém, entretanto, todavia (eu amo falar isso) talvez eu consiga atualizar semana que vem. Ainda não é nada certo.
Bon revoar, bebês!



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