Trish não acreditava realmente em Deus, especialmente depois daquilo. Que tipo de deus insano levaria Emily ao invés dela? Emily, que era gentil, doce, amada pelo pai. Emily que só tinha bondade no coração. Enquanto rezava na igreja, com uma fé facilmente extinguível, imaginou se sua vida seria o suficiente pra pagar a dela, se a situação fosse ao contrário.

— ...Saiba seu lugar, Parker. — rosnou a si mesma. A frase, que usava para que os idiotas em quem batia percebessem que nada valiam, aplicava-se a ela perfeitamente. Trish precisava saber seu lugar. E, naquele exato momento, seu lugar era vivendo a vida que Emily lhe dera.

Ao sair da igreja, comprou um crucifixo de prata na loja ao lado. Prendeu-o ao pescoço como um lembrete. Um lembrete de que, se Deus existe, ele levara embora sua mãe, levara Emily, mas não a levara. Se a crença de Emily estava certa, isso significava que Trish ainda tinha algum propósito, embora ainda não o enxergasse. Não podia se esquecer disso. Não podia morrer antes de cumprir seja lá qual fosse esse propósito. Devia ao menos isso a Emily.

Faria isso por ela.

Quando saiu da loja, disse ao motorista que estava pronta.