Ela demorou a sair do torpor e reconhecer o rosto do pai, que sequer a olhara nos olhos. Falava com um advogado de aparência mais sóbria que o público que a defendera. As palavras entravam e saíam de seu cérebro como um rádio mal sintonizado, mas ela entendera o suficiente.

John fizera um acordo. O caso seria arquivado, a mídia suspenderia notícias, George receberia alguma indenização idiota, e Patricia seria enfiada no internato mais recluso que pudesse pagar. Para a sociedade, seria apenas um pai preocupado, tentando ‘salvar’ sua filha.

John se foi sem olhar em seu rosto uma vez sequer. Foi o advogado quem ficou para lhe contar os detalhes. Ela poderia ter recusado. Voltado pra cadeia, até batido nele, que apesar de tudo estava envelhecendo e nada sabia de autodefesa. Mas algo em seu subconsciente ainda fazia com que, perto dele, se sentisse a garotinha de cinco anos outra vez. Deixou com que se fosse sem nada dizer.

O avião que a levaria para a Nova Zelândia sairia naquela mesma noite. Tinha algumas horas pra pegar o que quisesse e fazer o que precisasse. Depois disso, estaria numa prisão nova, de nome suntuoso.

Estaria em Westminster High School.