— Essa MERDA DESSE ÚLTIMO, VOU CHUTAR ISSO PRO OLHO DO... — Trish largou violentamente um brinquedo sobre a mesa. Um puzzle de soltar argolas, estava há duas horas travada na última.

A garota ao lado riu de sua reação explosiva. Sempre achava graça do jeito rude da delinquente.

— É uma vernácula peculiar a que usa, senhorita Trish.

— Não mais que a sua. Já falei pra esquecer o senhorita. Nem casa tenho, não precisa disso.

— Desculpe. Está ficando tarde, eu deveria...

— Emily..?

Nunca terminou a frase. Uma crise muito pior que as que Trish via esporadicamente a acometeu. Tossindo violentamente, ela caiu da cadeira.

O pânico de Trish só durou alguns segundos. Virou a bolsa da garota do avesso, deu-lhe uma bombinha de ar enquanto ligava do celular dela para a ambulância e, em seguida, para o pai dela. Não pôde ir junto, mas o pai veio pessoalmente lhe explicar no dia seguinte.

Emily tinha bronquiectasia. O homem, um escritor fracassado, mal tinha dinheiro para os remédios, não conseguia interná-la num hospital adequado. A loja de doces era o máximo que ele a deixava afastar-se de casa, temendo um ataque. Ela estudava em casa, e Trish era sua primeira amiga em anos.