Happy Ending escrita por Yume


Capítulo 12
Capítulo XII – Apenas o começo


Notas iniciais do capítulo

OIEEE!
Tudo bem com vocês?
Povo, eu tenho algumas notas para vocês, então, peço que prestem atenção.
1 - Querem um capítulo especial com POV do William e Amy? (talvez a Anna tbm)
2 - Eu quero mais uma vez deixar claro que a Felicity retratada na fic, pelo menos por enquanto, seria uma versão da Felicity da primeira temporada, ou seja, completamente sem graça. Convenhamos que se formos comparar com a versão da personagem AGORA, a primeira temporada, ela realmente não tinha nenhuma apelo. Muito em breve pretendo explicar, na fic, porque ela é assim, na verdade, um pouco está subentendido nesses capítulos, o último e esse de agora, mas logo pretendo colocá-la em uma versão mais atrativa. Peço paciência.
3 - A fic é longa, BEM LONGA, tenham em mente que não estamos nem na metade, então o relacionamento Olicity está apenas aprendendo a engatinhar, por isso, peço calma kkkkk estou tão ansiosa quanto vocês, acreditem, tem sido uma tortura me segurar para não escrever as cenas que tenho planejado desde o início. Mas tenham calma, por favor.
4 - Querem capítulo especial focado em outros relacionamentos, como por exemplo, Sara e Ray, ou Tommy e Helena?
5 - Querem capítulos especiais de flashbacks?
6 - Se quiserem me acompanhar no Twitter, eu costumo colocar quando atualizo. @_LockseR_
Por favor, me respondam, um pouco do enredo da fic, depende de vocês.
Muito obrigado por todo o carinho que vocês têm demonstrado até agora.
Nos vemos nos comentários!
Boa Leitura



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FS

Encontrar Oliver na boate não era o plano.

O plano era entrar, fingir para Helena que estava passando mal e então pegar o primeiro táxi que aparecesse naquela porta. Aquele não era meu lugar e estar ao lado de Oliver, em um bar, definitivamente estava fora da minha zona de conforto. Chegava a ser assustador.

— Eu quero uma vodca, e você? – Oliver estava sentado em uma das banquetas, eu até estava com vontade de sentar, mas o vestido que Helena me obrigou a usar era absurdamente justo, eu tinha medo de sentar e ele abrir!

— Como eu concordei com apenas um gole, posso até tomar do seu copo – Ergui uma sobrancelha e ele riu divertido.

Oliver fez um sinal de dois para o barman – Qual foi a última vez que esteve em uma boate?

— Nunca?

Ele me encarou como quem encara um ser de outro mundo - Sério?

— Sim, o máximo que fui foram festas clandestinas no ensino médio.

— Faculdade?

— Eu estava com uma criança para cuidar, uma boate era a última coisa que eu pensava.

Oliver deu de ombros – Bom ponto – O que ele havia pedido, chegou, me entregou um copo e estendeu o dele – Você ainda é jovem Felicity, Amy está quase na adolescência e até onde eu sei, não vai estar em casa até amanhã, então – Encostou seu copo no meu, em uma espécie de brinde – Saúde! – Ele virou aquele copo como se fosse água, apenas fez uma breve careta e soltou um “Uh!”. O encarei um pouco atônita – Vamos lá Felicity, você prometeu.

— Um gole!

— Sim, você vai tomar isso em um gole! – Encarei o copo em minha mão direita, eu não lembrava a última vez que havia bebido.

Eu tinha vários lados dentro do meu subconsciente, na maioria das vezes, o lado bonzinho e maternal dominava, em algumas ocasiões eu deixava o maldoso sair, mas hoje, resolvi dar a chance ao meu lado imprudente e despreocupado tomar conta, pelos menos pelo tempo que levaria para tomar aquele copo.

Fiz o mesmo que Oliver e virei o copo de uma só vez. O gosto ardido desceu queimando por onde passou, fiz uma careta e coloquei a língua para fora. Oliver riu e deu leve tapinhas em minhas costas, porque eu tive um leve ataque de tosse.

Minha cabeça girou um pouco, a música ficou um pouco mais distante eu sentia vontade de falar. Sorri e fechei os olhos. Álcool vai rápido para o cérebro, senti uma sensação meio nostálgica, fazia muito tempo que não sentia isso, essa coisa da música alta, pessoas, vozes e o leve torpor de um bom copo de vodca.

— Eu posso ir embora agora? – Abri os olhos e perguntei para Oliver que me encarava com curiosidade, tive vontade de rir, e eu ri – Por que está tão sério Sr. Queen? Não é aqui que você disse que era para eu me divertir?

— Acho que você é meio fraca para bebida – Falou e sorriu – Quantos dedos tem aqui? – Ergueu três dedos na mão direita.

— Espera que eu diga seis? – O encarei em desafio – Não fico bêbeda só um copo.

— Não estou dizendo que está bêbeda, só que está mais alegre e está me olhando engraçado.

— Como espera que eu olhe para você? – Me aproximei. Eu admito que não estava enxergando muito bem. Acabei pegando minhas lentes de contato que eu só havia usado umas duas vezes, meus olhos estavam secos.

— Apenas olhe do modo que quiser – Oliver pediu mais um copo – Gosto que me olhem.

— É claro que gosta – Vi o barman entregar apenas um copo – Por que não pediu para mim?

Oliver me encarou divertido – Você disse que quer ir, então eu pedi mais um para mim e pensei em leva-la para pegar o seu táxi – Fiquei em silêncio, processando o que ele havia acabado de falar.

— Já que estou aqui, vou aproveitar um pouco, seria um desperdício essa maquiagem toda – Com certo esforço, causado pela roupa, me sentei em uma das banquetas ao seu lado, o vestido não abriu, isso era bom – Vocês têm Piña Colada? – Perguntei para o homem do outro lado do balcão, ele concordou e alguns segundos depois veio com um copo do líquido colorido – Eu amava tomar isso aqui em Vegas! – Tomei um bom gole pelo canudo enfeitado.

— Então você é uma garota de Vegas?

— Eu não diria isso, quando você fala “Garota de Vegas”, tem aquela imagem de mulheres como... – Olhei para trás e vi Helena conversando com Tommy – Mulheres como Helena.

— Vai me dizer que nunca esteve em um cassino?

Tomei mais um gole e terminei com o copo, acenei para o barman trazer outro – Não seja bobo, é claro que entrei em um cassino, na verdade, existem dois em Las Vegas que eu sou proibida de entrar.

— O que você fez? Não me diga que andou roubando Srta. Smoak? – Oliver falou zombeteiro. Eu ri, porque eu não sei, mas estava com vontade de rir. O cara trouxe meu outro copo.

— Contagem de cartas, conhece?

— Já ouvi falar – Tomei um gole e senti o gosto doce descer pela garganta – Isso não é ilegal?

— Não necessariamente, mas como tira o lucro do cassino quase que inteiramente, eles não gostam muito, então, tive uma conversa amistosa com o dono algumas vezes, até que um dia, fui literalmente carregada até a porta por dois brutamontes que dão dois de você – Apontei para Oliver. Ele estava tão lindo!

— Então já teve seus tempos de farra.

— Antes de ter a Amy, eu saia bastante, cheguei a ter uma identidade falsa, sempre aparentei ter mais idade do que realmente tinha, então, era fácil me passar por alguém de vinte e um anos, o que significa que tive meus momentos de rebeldia – Eu queria outro coquetel, mas sentia que as coisas estavam começando a girar. Ponderei por um tempo e acabei pedindo outro.

— Está bebendo bastante para quem disse que não queria nem um gole.

— Calado Queen! – Uma pequena parte de mim dizia em voz bem baixa, quase dormindo, que não era legal falar com Oliver assim, mas eu não conseguia pensar muito bem no porquê.

— Como eu queria ver como você acordar amanhã – Oliver comentou divertido e deu um gole em seu copo, que até então, estava intocado.

— Pois vá me ver! Me compre um Blood Marry e um pretzel e leve na minha casa amanhã cedo – Fechei meus olhos por alguns segundos, apenas escutando a música.

— Eu não sei exatamente onde você mora, já que não me deixou leva-la aquele dia.

— Meu prédio não é um lugar para o engomadinho Queen.

— Você realmente fica com a língua solta quando bebe, mais que o normal – Acho que havia diversão em sua voz.

Abri os olhos e tudo girou, fiquei meio zonza – Acho que estou meio enjoada – Falei e me debrucei sobre o balcão – Acho que estou ficando bêbeda – Ri mais uma vez, minha voz estava engraçada.

— Considerando que você tomou um copo de vodca e três Piña Coladas, eu imagino que já esteja bem zonza.

Encarei Oliver e ele estava próximo, exibia um sorriso fraco. Tomei meu tempo o observando. Desde que o vi hoje, eu havia focado em seu estilo. Ele estava diferente do que normalmente usava e estava diferente do que usou hoje à tarde. Ainda era uma calça social, mas justa, a camisa preta também era apertada, delineava muito bem o peito trabalhado e os braços musculosos, três botões estavam abertos e exibiam um pouco do tórax. Minha cabeça estava longe do habitual, meus pensamentos estavam no que havia depois daqueles botões fechados, umedeci os lábios e voltei minha atenção para seus olhos azuis.

— Você parece um príncipe encantado – Oliver ficou surpreso e então riu, ele ia falar alguma coisa, mas coloquei meu dedo em sua boca – Até que você abra a boca é claro, porque se abrir a boca, você está mais para o cavalo.

Ele franziu as sobrancelhas – Quando que fui um cavalo com você?

— Várias vezes – Ergui minha cabeça – Sempre falando o que quer, quando quer e como quer. Aquela vez que me levou em casa, no estacionamento da sua mansão, parecia um cavalo relinchando.

— O que me preocupa é que o fato de você estar falando isso bêbeda, quer dizer que é realmente o que pensa – Ele me encarava com atenção.

— É claro que é o que eu penso, por que eu mentiria? Não sou uma mentirosa!

— Claro que não é – Oliver riu, eu tentei me levantar, mas quase perdi o equilíbrio, senti seu braço contornar minha cintura.

— Eu quero dançar – Apesar de falar isso, encostei minha cabeça em seu ombro – Você é quente – Minha cabeça emitiu um sinal de alerta – Não quente! Quente! Você é quentinho... Mas não quer dizer que não te acho quente, daquele jeito – Ri, eu estava achando tudo engraçado. Ah como era bom!

— Está certo, que tal nós irmos?

— Irmos aonde? – Ergui minha cabeça e o encarei – Está tentando me seduzir Oliver?

Dessa vez ele riu e então me encarou – Não, hoje não – Piscou. Ou eu acho que piscou, tudo estava meio embaçado. Acho que estávamos andando. Não sabia, a única coisa de que tinha ciência, era de sua mão segurando minha cintura firmemente.

OQ

É. Eu não imaginava que Felicity fosse ficar assim. Eu não sabia muito bem o que fazer, eu queria leva-la para casa, mas não acho que ela teria condições de dizer onde morava, ou de guiar um taxista até lá e eu havia feito a besteira de ter vindo com o carro de Tommy. Eu não encontrava o bastardo em lugar nenhum, muito menos Helena. Eu imaginava o porquê.

Estava carregando Felicity pendurada em mim, ela estava sonolenta, balbuciava alguma coisa, às vezes cantarolava a música que estava tocando e então ria. Hoje ela não parecia a Felicity de sempre, aquela tutora sem graça, hoje eu a vi como algo a mais e eu gostei. 

Acredito que todo esse tempo que Felicity se privou por causa da gravidez precoce, fizeram com que ela reprimisse um lado dela que até onde entendi, era rebelde e saia para se divertir e curtir. Hoje ela havia deixado que um pouco desse lado viesse à tona. E tenho que admitir, ela era ainda mais divertida e adorável assim. A única diferença era que ela estava fodidamente sexy também e isso não estava passando despercebido por meu corpo, ainda mais com ela tão perto.

Desisti de procurar por Tommy ou por Helena, nem mesmo Thea eu vi. Resolvi ir para fora e chamar Dig. Alguns minutos depois ele estava em frente à boate, me encarou com desconfiança ao ver Felicity pendurada em mim e falando besteiras.

Coloquei Felicity no carro e prendi o cinto, entrei ao seu lado – Vamos para casa dela – John me encarava pelo espelho retrovisor.

— Oliver, vou avisar apenas uma vez – Sua voz estava séria e então ele virou o corpo e me encarou – Eu não quero que você se envolva com Felicity se isso for apenas uma diversão para você, ela não é como as mulheres que você está acostumado a usar e depois descartar como um brinquedo que perdeu a graça.

Acenei com a cabeça e a encarei, ela havia deitado a cabeça em meu ombro e ressonava – Ela não é como as outras – Afirmei o que ele havia dito – Felicity não é um brinquedo, ela não é o tipo de mulher que se permite ser um – Encarei Diggle – Pode ficar tranquilo John, Felicity está além disso para mim – Ele acenou e então voltou para frente, dando partida no carro.

O caminho foi silencioso, tomei tempo a observando. Ela parecia tão tranquila. Eu tinha certeza de que teria uma ressaca enorme amanhã, isso me fez sorrir. Eu realmente apareceria em sua porta de manhã cedo. Estava curioso e ansioso por sua reação.

Quando chegamos ao seu prédio, fiz John me esperar no carro, apenas perguntei o apartamento. Peguei Felicity no colo, ainda dormindo, ela acomodou-se em meus braços, quase pude ouvir um ronronar quando ela achou uma posição confortável entre a curva do meu pescoço. Admito que todos os meus pelos eriçaram.

Subi as escadas devagar, não é como se ela fosse pesada, mas não queria que ela acordasse, ou então que chamasse muita atenção de outros moradores. Quando chegamos em frente à porta, peguei a chave que Dig havia me dado e abri a porta. O apartamento é ainda mais simples do que eu imaginava, não havia um sofá, apenas duas cadeiras de praia em frente a uma mesinha com uma televisão pequena. Uma bancada dividia a cozinha e mais adiante um curto corredor com duas portas, imagino que uma seja do banheiro e a outra do quarto. 

Abri a primeira porta e encontrei o quarto, uma beliche, uma escrivaninha e um roupeiro simples ocupavam o pequeno espaço, havia um colchão encostado atrás da porta. Coloquei Felicity na parte inferior do beliche, ela resmungou um pouco e então acomodou-se no travesseiro. Tirei seus sapatos e os coloquei ao lado da porta.

Fiquei a encarando por alguns minutos, eu estava encantado com a delicadeza que era tê-la ali, sorri e me aproximei novamente, tirei uma mecha de cabelo que caia por seu rosto, acariciei a pele macia da bochecha. Ela é tão linda. Acho que nunca havia parado para observá-la, não assim.

Cada detalhe estava sendo gravado em minha mente, de algum jeito eu sabia que iria ficar com essa imagem na cabeça por um bom tempo. Decidi ir embora.

Um pouco receoso me aproximei e deixei um suave beijo em sua testa. Algo em mim pediu para fazer isso. Coloquei um cobertor sobre ela e então saí. Resolvi deixar a luz do pequeno corredor acesa, imaginei que ela talvez fosse levantar durante a madrugada e considerando que estaria tonta, era mais seguro.

Fechei a porta e passei a chave. Desci a escada de dois em dois degraus. Diggle estava dentro do carro e encarava a porta do prédio. Entrei no banco da frente e o encarei.

— Quer falar alguma coisa? – Eu conhecia John a um bom tempo, eu sabia que ele estava incomodado com algo.

— Como Felicity foi parar na boate da sua irmã?

— Não sei muito bem, mas imagino que Tommy tenha dado convites para ela e para irmã – Dig deixou um sorriso escapar e deu partida.

— Então Helena está aí – Falou mais para si – Não me diga que ela conheceu Tommy Merlyn?

— Infelizmente – Suspirei, tenho o pressentimento que isso será um problema – Hoje à tarde fomos ao shopping e o bastardo nos encontrou, ficou todo sorrisos com Helena.

— Helena não é inocente.

— Não mesmo! – Encarei Dig – Como ela pode ser irmã da Felicity?

— É meia irmã na verdade, ela apenas foi praticamente criada pela mãe de Felicity – Acenei com a cabeça, fazia mais sentido.

— Como você conhece Felicity? Nunca me contou isso.

John sorriu – Sou uns dez anos mais velho que ela, então quando Felicity estava entrando no ensino médio, eu já havia voltado do exército e estava no ramo da segurança – Dig estava falando com um tom nostálgico e carinhoso – Comecei a trabalhar em um cassino em Vegas, conheci Donna, que trabalhava como garçonete, ela é uma mulher única, ficamos amigos rápido. Um dia, descobri que a filha dela era a contadora de cartas que o dono estava me mandando expulsar do local.

— Felicity contou sobre ser contadora de cartas – Lembrei da conversa meio bêbeda que tivemos a algumas horas.

— Sim, o dono do cassino estava furioso e só havia relevado até agora, por Felicity ser filha de uma funcionária antiga, mas a paciência dele acabou e então fui encarregado de jogá-la no olho da rua. Por consideração à Donna, me recusei a fazer o que fui ordenado, impedi que Felicity fosse presa e acabei sendo demitido – John riu um pouco mais alto – Acredita se eu disser que no outro dia Felicity voltou ao cassino com o então namorado e pichou um dos muros?

O encarei surpreso – Não mesmo!

— Pois é, mas ela foi. Mais uma vez a tirei de uma enrascada, foi assim que acabamos virando amigos.

— Quer dizer que você perdeu o emprego e a livrou de ser presa duas vezes e isso fez vocês ficarem amigos?

— Basicamente – Dig me encarou ainda sorrindo – Felicity sempre foi uma boa pessoa, apesar da máscara de garota rebelde e inconsequente, ela era e ainda é a melhor e mais divertida pessoa que você pode conhecer e conversar.

— Não consigo enxerga-la como alguém rebelde e problemática.

— Depois que ficou sabendo que estava grávida e que Cooper a largou – Agora ele estava com a voz mais grave, havia certo ódio em suas palavras – Felicity mudou da água para o vinho, botou fogo nas roupas escuras, pintou o cabelo e decidiu que seria o melhor ser humano possível para a filha que estava a caminho – Dig suspirou – Apesar das inúmeras dificuldades, ela insistiu em fazer a faculdade e ter a chance de dar um futuro melhor para aquele pequeno serzinho que ainda nem tinha nome.

— Ela me contou que o nome da filha significa aquela que é amada – Sorri – Felicity realmente ama a filha, desde de que a conheci, aprendi tanto com ela.

— E devia mesmo Oliver, Felicity é uma mulher forte, foi justamente por isso que a indiquei quando me pediu para encontrar alguém para tutorar William.

— Fez a escolha certa, meu amigo – Toquei em seu ombro – Obrigado John, muito obrigado por ter colocado Felicity na vida do William e na minha.

FS

Aquela frase “nunca mais irei beber de novo” me definia no presente momento. Minha cabeça doía como o inferno, meus olhos ardiam, minha boca estava seca e com gosto de algo morto, não queria imaginar como estava meu rosto e cabelo.

Eu não tinha bebido muito na noite passada, na verdade, bebi muito pouco comparado com o que fazia na adolescência, mas acho que os anos que fiquei sem colocar nenhuma gota de álcool na boca me deixaram mais fraca que um bebê.

Eu não tinha muitas recordações de como havia vindo para casa, o que me lembrava eu realmente esperava que fosse um sonho. Meu vestido estava embolado na minha cintura e me deixava desconfortável. Não foi uma boa ideia dormir com isso. Pelo menos eu estava sem sapatos. Encarei com pesar o par colocado cuidadosamente ao lado da porta.

Suspirei e resolvi levantar, não foi uma boa ideia. O movimento me fez ficar enjoada. Tomei uma profunda respiração e fui me apoiando até o banheiro, não segurei e acabei vomitando. O gosto na boca ficou ainda pior. Eu estava um trapo. Queria tomar um bom e longo banho, mas fui interrompida por batidas na porta.

Cogitei a possibilidade de ignorar quem quer que fosse, mas como Helena não parecia estar em casa, imaginei que pudesse ser ela sem a chave, e isso podia significar um belo escândalo caso não a atendesse. Fui novamente me arrastando até a sala, no meio do caminho encarei o relógio, eram quase dez horas da manhã. Cheguei a porta e girei a chave, constatei com pesar que havia passado a noite com a porta sem as trancas.

Estava pronta para reclamar com Helena e xingar até sua décima geração, quando encarei Oliver Queen lindamente parado em frente à minha porta, com um sorriso gentil, uma sacola na mão direita e dois copos apoiados em um suporte na esquerda.

— Acordei você? – Eu sei que ele falou, eu vi a boca dele se mexendo, mas meu cérebro teve uma pequena pausa entre escutar ele, processar e então bater a porta novamente.

— Isso não está acontecendo! – Fiquei encostada na porta, como se isso fosse impedir de um bicho papão transpassar a madeira – Ainda estou dormindo! É um sonho!

Felicity? Está tudo bem? – Novamente a voz. Belisquei meu braço com toda a força, soltei um grito - Felicity?

— Não é um sonho! – Voltei a encarar a porta, com temor a abri e encarei, por uma fresta, o homem do outro lado.

Oliver parecia confuso e divertido, respirei fundo e abri toda a porta, ele ajeitou a postura e deu um sorriso mais largo, ergueu a sacola e os copos.

— Trouxe um Bloody Marry, um Pretzel, um café e analgésicos – Eu ainda o encarava. Não parecia real.

— O que faz aqui?

— Você disse que eu poderia vir vê-la de manhã cedo.

— Eu disse?

— Sim – Ele suspirou e endireitou-se, como quem fala à uma criança – Comentei ontem que queria ver você acordar de ressaca e então você deixou que eu viesse, e que deveria trazer um Bloody Marry e um Pretzel – Apontou novamente os itens – Aqui estão.

Fiquei parada um tempo, meu cérebro não estava em seu melhor momento e ter Oliver Queen divinamente parado a minha porta com um perfume almiscarado confundindo os meus poucos sentidos que não haviam saído para passear quando acordei, não estava ajudando em nada.

— Se falei isso, provavelmente foi uma brincadeira e jamais imaginei que você levaria a sério – Oliver inclinou a cabeça e pareceu levemente decepcionado.

— Bem, de qualquer forma, eu estou aqui e comprei essas coisas para você, como não estou de ressaca, seria um desperdício colocar isso tudo fora.

Ponderei por breves segundos – Está certo, pode entrar – Dei passagem para que passassem por mim. O apartamento é pequeno e ter um homem do porte de Oliver ali o fazia parecer menor ainda.

— Se quiser tomar um banho e trocar de roupa, eu espero aqui – Ele continuava parado como um dois de paus no meio da sala. Só com seu comentário que me dei conta de como estavam meus trajes. O vestido amarrotado estava bem acima do que deveria, as alças pendiam para fora dos ombros e eu não quero imaginar como meu cabelo e o que sobrou da maquiagem estavam.

— Só um minuto! – Antes que Oliver pudesse respirar fui correndo para o banheiro. Felizmente havia uma muda de roupas penduradas atrás da porta.

Engoli minha vergonha e fui tomar uma ducha, mais breve do que eu gostaria. Lavei o cabelo, limpei o rosto e escovei meus dentes mais vezes que o recomendado. Depois de me sentir um pouco mais humana novamente, coloquei a calça de moletom cinza e a regata azul. Me encarei no espelho, eu ainda estava um trapo, mas comparado com antes, era mais suportável.

Quando saí do banheiro encarei Oliver sentado confortavelmente em um dos banquinhos próximos a bancada que dividia a cozinha da sala. Ele havia pego um prato no armário e colocado um pretzel sobre ele, o copo do liquido vermelho estava ao lado de dois comprimidos e ainda havia um copo de café no canto.

— Me desculpe, mas eu peguei um prato seu, o pretzel estava começando a ficar mole por estar em um saco.

— Eu... Não tem problema – Dei um sorriso fraco. Isso parecia surreal demais, não era algo natural ter Oliver aqui.

— Acho que seria uma boa tomar esses comprimidos, vai aliviar a dor de cabeça que você deve estar sentindo e o Bloody Marry vai hidratar você – Ele me alcançou os comprimidos e o copo, sem questionar tomei os dois.

— O que faz aqui Oliver?

— Eu já disse, vim aqui trazer essas coisas para você.

— Como sabe chegar aqui?

Ele ficou confuso – Não se lembra como veio para casa ontem?

— Vagamente.

— Eu chamei Dig e carreguei você para cá, já que dormiu do momento que sentou no banco do carro.

Minha vontade era de cavar um buraco e me esconder pelo resto dos dias nele. Como assim Oliver Queen subiu as escadas até o último andar do meu prédio, me carregando no colo e ainda me colocou na cama?

— Você está brincando, não é?

Oliver riu e meneou a cabeça – Não. Acho que bebeu demais Felicity.

Coloquei minhas mãos sobre a cabeça – Eu não acredito nisso! Vou matar Helena por ter me obrigado a ir nessa festa.

— Falando nisso, onde ela está?

— Só Deus sabe – Coloquei a cabeça sobre a bancada e fechei os olhos – No mínimo encontrou alguma companhia e foi para cama com ele.

Oliver estava pronto para abrir a boca e falar alguma coisa, quando novamente alguém bateu na porta, dessa vez a pessoa estava mais irritada ao praticamente esmurrar a madeira.

Fui até lá e não foi nenhuma surpresa encontrar Helena do outro lado. Ela estava um pouco menos deplorável que eu, mas a carranca mal-humorada era enorme. Sem falar nada, passou por mim e largou a bolsa sobre a cadeira, então notou Oliver, o encarou e depois a mim, soltou um riso debochado.

— Quem diria! Oliver Queen passou a noite com minha imaculada irmãzinha – Arregalei os olhos e encarei Oliver, ele não parecia surpreso ou ofendido, na verdade exibia um sorriso de canto. Cretino! – Pelo menos você ficou depois de transar, não saiu de fininho no meio da noite e deixou um bilhetinho de “agradecimento” no criado mudo – Eu estava um pouco confusa, Helena estava brava por que foi deixada? – Eu só tenho uma dúvida, como transaram naquela cama minúscula? – Helena sorriu maliciosa – Oh! Transaram aqui mesmo, no chão da sala? Ou será que foi no banheiro?

— Helena! – Gritei e a segurei pelos ombros – Não transamos! Oliver não dormiu aqui! – Fechei meus olhos e respirei fundo – Isso não aconteceu e não vai acontecer!

Helena riu novamente – Não precisa negar – Deu um tapa em meu ombro – Não me importa na verdade, agora eu quero tomar um banho e dormir, estou com uma ressaca terrível e quero matar alguém, então, acho melhor esfriar minha cabeça antes que desconte meu ódio em toda a raça masculina! – Encarou Oliver e então entrou no banheiro.

Suspirei e contei mentalmente até dez, antes de me virar e encarar Oliver – Me desculpe por isso, Helena tem uma mente muito suja.

— Não se preocupe, acho que era de se imaginar que ela fosse pensar isso, já que estou aqui a essa hora da manhã.

O encarei desconfiada – Você não pareceu incomodado com a alegação de que havíamos dormido juntos!

Oliver sorriu, um sorriso bem cretino – E por que ficaria? Você é uma mulher muito bonita Felicity, alguém achar que transamos, não é nenhuma ofensa – E o bastardo deu uma piscadela.

— Quer saber? Já chega! Esse dia está mais louco do que posso aguentar – Ergui as mãos para cima e bufei – Você não tem nada para fazer? Tipo, eu sei lá, cuidar da sua empresa, ou se encontrar com alguma supermodelo?

— Hoje é domingo Felicity, eu não trabalho domingo – Agora ele exibia um sorriso divertido – E joguei fora meu caderninho com os contatos de supermodelos.

— Claro que jogou – Sentei no banquinho novamente e dei uma mordida no pretzel – Quanto tempo pretende ficar aqui?

— Não precisa me expulsar – Ergueu as mãos em sinal de rendição e fez uma falsa expressão de mágoa – Eu já vou ir.

— Que bom!

— Vou encarar esse seu mal humor e agressividade como efeitos da ressaca.

Revirei os olhos – O que deu em você para ser tão piadista hoje?

— Acordei de bom humor – Mais uma piscadela, resolvi ignorar e tomar meu café, que eu jamais admitiria estava muito bom e eu estava muito grata por ele ter trazido para mim.

— Bom pra você.

Oliver suspirou e então levantou – Bom, eu realmente vou indo, mas gostaria de saber se você não gostaria de jantar comigo hoje à noite – Quase engasguei, o encarei atônita, podia ser impressão, mas Oliver parecia inseguro, soltei uma risada.

— Está brincando, não é?

— Por que estaria? – Eu não tive resposta, meu cérebro agora literalmente havia travado – Sério Felicity, eu venho pensando em uma maneira de agradecer você por tudo o que tem feito por William.

— Você me paga toda sexta-feira, então, acho que esse é um excelente agradecimento.

— Isso é dever, não agradecimento – Ele respirou fundo e se aproximou – Ontem foi realmente bom, queria poder repetir, mas dessa vez, quero focar em conhecer você melhor.

Eu estava começando a ficar nervosa, meu minúsculo apartamento parecia ainda menor e mais sufocante – O que me lembro de ontem é de um lugar abafado, barulhento e também do gosto da bebida, que tenho sérias dúvidas que algum dia vai sair da minha boca.

Oliver meneou a cabeça e sorriu – Não estou falando da boate, apesar de ter achado divertida a sua versão bêbada e sem limitações – Senti meu rosto esquentar – Mas estou falando do shopping, com as crianças, eu realmente gostei do tempo que passamos juntos, a muito tempo não me sentia tão bem, acredito que você tenha boa parte nessa sensação.

— William não odiar você tem sua parcela.

— Isso não seria possível, sem você – Oliver ficou em silêncio apenas me encarando por alguns minutos – Então, o que me diz, vamos jantar hoje?

Tomei uma longa respiração – Me desculpe Oliver, mas Amy deve voltar no final da tarde e pode parecer meio idiota, mas estou com saudades da minha filha e sair assim que ela chegar, não me parece uma ideia atraente – Oliver murchou, para minha surpresa, ele realmente havia ficado decepcionado.

— Tudo bem, não será hoje, mas outro dia?

Era uma pergunta séria, eu sabia. Oliver parecia realmente disposto a sair comigo, eu só não conseguia entender bem o porquê. Eu não queria ser apenas mais uma em sua infinita lista de mulheres. Seria muita hipocrisia negar que Oliver é um homem lindo, seria ainda mais hipócrita dizer que nunca me senti atraída por ele. Nessas últimas semanas, tem sido uma montanha russa de coisas, nós fomos de dois estranhos a então chefe e empregada, para algo parecido com amigos e então ele estava me chamando para irmos jantar.

Eu poderia estar sendo um pouco presunçosa, talvez ele apenas quisesse realmente me agradecer por tudo que aconteceu com ele e William e isso não tem nada com algo romântico. Resolvi me apegar a essa ideia.

— Sim, outro dia – E então Oliver sorriu. Ontem ele havia sorrido da mesma forma, e minha reação foi a mesma. Meu coração voltou a falhar uma batida e eu sentia que isso seria apenas o começo.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que as NOTAS INICIAIS estão longas, mas é de suma importância que leiam!
Beijos
Yume