Al Limite Del Proibito escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem apareceu!
Sinto muito pela demora, eu tive alguns problemas com criatividade e acabei ficando chateada demais com minha escrita para gostar de qualquer coisa que escrevesse. Obrigada a todos que tiveram a paciência de não desistir da fic!
Bom, esse capítulo é especial para a Luena, que me deixou lindas recomendações e me deu força para voltar a escrever, inclusive para terminar esse capítulo. Muito obrigada por suas palavras, Sweet!
Ademais, espero que gostem!
Boa leitura!

Recapitulando:

Durante Os Heróis do Olimpo, as Portas da Morte estavam abertas, então vários monstros e Titãs conseguiram fugir antes que fossem fechadas em A Casa de Hades. Um dos fugitivos era justamente Leto, a mãe de Apolo e Ártemis;
Na fanfiction, Thalia foi mandada para o Acampamento Meio-Sangue com as outras caçadoras enquanto Ártemis e Apolo procuravam a mãe;
No último capítulo, os semideuses criaram um cemitério cheio de flores para todos os heróis mortos em batalhas recentes e Nico e Thalia decidiram não ser mais inimigos;
No tempo que Thalia está no Acampamento, Nico mal aparece pois estava em missão;
A fanfiction se passa em dois tempo diferentes: um acontece em uma sexta-feira treze em que Thalia havia fugido para encontrar Nico nas ruínas de um teatro; No outro, escrito em itálico, Thalia conta como foi que eles começaram a se relacionar. Estejam atentos ao itálico e as palavras pra conseguir entender, ok? Dúvidas, entre em contato comigo por MP, Facebook ou Whatsapp.



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— O que você tanto pensa? — Nico questionou, trazendo-me de volta para aquela sexta-feira treze em que eu havia achado uma forma de escapar temporariamente da caçada e ir me encontrar com ele nas ruínas de um antigo teatro. Agora estávamos deitados sobre um sofá vermelho velho, nossos corpos enrolados um no outro e apenas o contato da minha pele contra a sua era suficiente para fazer todo o risco valer a pena.

— Em nós. — Suspirei, apertando meu corpo contra o seu, tentando me sentir segura dentro do abraço. — Na noite que plantamos o cemitério de flores.

— Ah, os tempos de paz. — Nico murmurou, seus dedos enroscando-se nos meus cabelos e seus lábios em meu pescoço. — Sinto falta deles!

— Tempos de paz? Você me disse que vivia em missões naquela época. — questionei, afastando-me o suficiente para olhar em seus olhos esperando um sorriso debochado, mas estava claro que ele não havia sido sarcástico. Aqueles foram os dias mais calmos de sua vida, pensei.

Nico havia nascido em plena Segunda Guerra Mundial, saíra do Cassino Lótus durante a guerra com Cronos e sequer descansara antes da guerra com Gaia. Aqueles dois anos pós Gaia, em que passava a maior parte do tempo procurando novos meio-sangues e fugindo de monstros, havia sido a maior calma que Nico havia tido até o início da terceira guerra consecutiva, tão dolorosa — ou, no meu caso, até mais — do que as outras.

— Eram dias melhores. — Sussurrei, pensando em tudo e em todos que eu havia perdido desde então. Nico não concordou ou discordou, apenas subiu sua mão por minhas costas, alcançando meus cabelos e os afagando, um gesto calmo que me fazia pressionar o rosto contra seu peito e aspirar fundo o cheiro que um dia eu havia relacionado a morte, porém, agora me trazia sono e a sensação de proteção.

— Mas eu não tinha você na época. — Nico murmurou por fim, e um arrepio desconfortável tomou meu corpo.

— Você também não me tem agora. — Por mais doloroso que fosse, eu precisei lembrá-lo em um tom baixo. Era apenas uma verdade dita da maneira mais suave possível. Nós precisávamos mantê-la em mente.

— Eu tenho o seu coração. — A voz de Nico não poderia ser mais melancólica do que naquela simples constatação. Eu nunca havia dito aquilo, nunca havia dito que o amava, não com palavras porque, afinal, não havia sido necessário. Sim, ele tinha meu coração e era esse o grande problema.

— Por onde andou? — Perguntei, tentando mudar o rumo de nossa conversa. — Depois da cerimônia com as flores? Eu não te vi pelo resto do mês.

— Eu estava em missão. — Nico deixou que trocássemos de assunto, afastando nossos corpos o suficiente para que eu pudesse olhar em seus olhos. — Eu e Will fomos atrás de informações para Apolo, sobre as mortes de meio-sangues que estavam acontecendo no Texas.

Assenti, pensando em como era irônico o fato de Ártemis ter mandando nós, suas fortes e destemidas caçadoras, ficarem trancadas nas barreiras do Acampamento enquanto seu gêmeo pedia para o filho se arriscar em missões perigosas.

— Acha que Apolo sabia que as mortes tinham a ver com a mãe dele?  — Perguntei, pensando em como Ártemis e o gêmeo havia passado meses tentando localizar a Titã Leto.

— Eu não duvido. — Nico retorquiu. — Era óbvio que estava acontecendo uma resistência. Com todos os monstros e titãs que haviam fugido do Tártaro, nós não teríamos paz tão cedo. Quando eu e Will fomos pro Texas…

Nico fez uma pequena pausa e seus olhos pareciam mais opacos que o comum, como sempre acontecia quando ele falava das guerras. Deslizei meu dedo por sua bochecha tentando lhe dar forças, mas a dor em meio ao negro de seus olhos era predominante.

— Não eram só semideuses mortos, Thalia. — Ele murmurou. — Ninfas, dríades, sátiros e até mortais que podiam ver sob a névoa… Nem Cronos ou Gaia haviam sido tão cruéis. E foi apenas o começo.

Eu assenti, apertando-o nos meus braços em busca de apagar, pelo menos por algumas horas, toda aquela dor que preenchia Nico de uma forma assustadora. Mesmo como filho de Hades, mesmo que soubesse que boa parte das almas de heróis estavam no Elíseo, eu sabia que ele também sentia as cicatrizes das guerras, que em sua mente às vezes também surgia a pergunta se valia realmente a pena lutar ou, ainda, viver como um meio-sangue.

Dei-lhe um beijo na testa e seus olhos se fecharam por alguns segundos, talvez tentando memorizar a sensação. Ele sabia que seria um dos meus últimos beijos.

— Então, estavam só você e Will? — alfinetei, tentando trazer um pouco de riso ao ambiente. Nico abriu os olhos, estreitando-os em cautela, mas sorrindo zombeteiro. — Só os dois em missão? Não aconteceu nada?

Minha voz estava propositalmente mais fina, dando ênfase em quão óbvio era a resposta para aquelas perguntas. Sim, eu sabia sobre Nico: Sobre como havia sido atraído por Percy, como havia sofrido por negar seus próprios sentimentos e como havia sido libertador descobrir que havia outros como ele. Eu também sabia que Will havia sido mais do que um simples amigo.

— Nós ficamos na casa da mãe do Will. — Nico disse com um sorriso, afastando alguns fios de cabelo do meu rosto.

Soltei um muxoxo: — Estava esperando uma história picante e pecaminosa!

— Não, não… — Nico sorriu, seus lábios repuxando para a direita. — Mas… foi naquela missão que ele me beijou pela primeira vez.

Ownt, que bonitinho! — Repliquei, apertando a bochecha de Nico o suficiente para ele reclamar. — Já estava virando um homenzinho!

— Ah, cale a boca. — O filho de Hades resmungou, forçando sua cara mau-humorada tão familiar, mas não me importei: continuei com as brincadeiras e comecei a lhe fazer cócegas, começando a enchê-lo de perguntas sobre se ele havia gostado e escrito em seu diário.

Não me afetava Nico ter tido relacionamentos. Não completamente. Afinal, eu precisava admitir que eu sentia um pouco de inveja de Will Solace. Não ciúmes, mas a mais simples inveja porque Will pode beijar Nico, mas eu nunca poderia. Will pode o abraçar em meio a todos os amigos e eu nunca poderia. Will pode ter a chance de ter Nico para si em todos os sentidos e eu nunca poderia.

Eu podia ter seu coração, podia ter sua admiração, respeito, devoção e amor. Mas eu nunca poderia sequer beijá-lo. E, ter seu amor naquele momento, só significava fazê-lo sofrer e colocá-lo em risco. Se os deuses soubessem quão no limite dos meus votos eu estava, não importava quantas vezes havíamos lutado pelo Olimpo: seríamos castigados sem pensar duas vezes.

— Nico e Will, debaixo da árvore, se bei-jan-do! — Cantarolei, empurrando meus pensamentos para longe e ainda fazendo cócegas em Nico. — Primeiro vem o amor, depois o casamento…

— Pelos deuses,  Thalia. — Nico suplicava, com sua cara de filho-de-Hades-mau-humorado. — Essa sua música tem um erro muito grande.

— Qual? — questionei, deixando de lado as cócegas e deitando sobre o peito de Nico em um ângulo que eu podia ver seu rosto.

— Eu não amo Will. — Nico declarou e senti meu coração se apertar, o pânico brotando em meu estômago. Por favor, por favor, não diga isso! — Eu amo você.

Não, não, não!, minha mente gritava, eu sei que você me ama, mas você não pode dizer isso! Não torne tudo mais difícil.

— Você pode aprender a amar ele. — repliquei sorrindo e implicando, controlando minha mente desesperada. — Se nós começamos como inimigos, será ainda mais fácil para vocês que são melhores amigos!

— Thalia… — Nico começou, mas apenas coloquei meu dedo indicador sobre seus lábios.

— É só uma ideia. — Dei de ombros, aproximando meu rosto da curva do seu pescoço. — Não vamos levar isso à diante…

Meus lábios tocaram a pele de Nico e pude senti-lo se arrepiar sob meu toque. Minhas mãos passearam por seu tórax em um carinho suave e eu senti as mãos do italiano em minha cintura, encaixando meu corpo contra o seu, aproveitando cada toque que ainda poderíamos ter.

Eu queria tanto, tanto, tanto beijar seus lábios, mas não podia porque a regra sobre não beijar garotos era explícita. E há tempos eu havia aprendido a ignorar apenas as regras implícitas, como a regra de não manter um relacionamento amoroso com um garoto, mesmo que fosse algo praticamente platônico.

Houve um tempo em que eu não ignorava nenhuma regra da caçada. Eu agia tão firme quanto se esperaria da tenente. E essa época ainda acontecia quando Nico havia voltado da missão no Texas com Will, durante o natal do Acampamento Meio-Sangue, no mesmo ano em que plantamos o cemitério de flores.

Dezembro sempre foi um mês que me provoca um misto de sentimentos. Havia meu aniversário e, claro, o natal onde todos falavam sobre como você precisava ser grato pelo o que você tinha. Sem falar no ano novo, onde praticamente havia a regra de que você deveria repensar sua vida e fazer novos planos para o futuro.

No entanto, como caçadora, não fazia diferença ter nascido em vinte dois de dezembro ou trinta de fevereiro: de qualquer forma, eu jamais envelheceria. Assim como não fazia sentido ter planos para o futuro: minha vida era uma rotina de caça, meus únicos planos era matar mais monstros e sobreviver. E sobre o natal, na caçada estávamos mais preocupadas em recrutar novas caçadoras do que enfeitar pinheiros a espera do Papai Noel. Aliás, se tem uma coisa que sempre me deu raiva eram pinheiro enfeitados.

Contudo, ainda havia outras datas em dezembro que me faziam refletir. Afinal, em dezembro eu sempre completava um ano a mais como tenente das caçadoras, assim como eu havia reencontrado Jason em um dia de dezembro também. E, por último, em dezembro se completava mais um ano das mortes de Zoe e Bianca.

Eu fiquei feliz de não ter reencontrado Nico em dezembro, principalmente quando o aniversário de morte de Bianca passou. Não sabia muito bem como encarar o rancoroso filho de Hades, principalmente por saber do seu histórico de raiva com o tema e pelo fato de que Bianca havia morrido para me salvar também.

Entretanto, Nico di Angelo regressou ao Acampamento Meio-Sangue nas vésperas do natal. Parte de mim dizia que eu deveria perguntar se ele estava bem — eu duvidava que mais alguém lembrasse do aniversário de morte da irmã dele —, mas a outra parte dizia que não éramos amigos, mesmo depois do nosso momento de paz um mês antes. E foi essa parte que eu decidi acatar, mantendo-me o mais distante possível, até que ele mesmo tenha vindo me procurar, para minha surpresa.

— Eu posso falar com você? — Quando os lábios do filho de Hades pronunciaram aquelas palavras, as caçadoras ao meu lado deram um passo a frente, prestes a decapitá-lo. Se fosse qualquer outro garoto, provavelmente teria recuado, porém ele apenas ergueu mais o rosto, encarando-me nos olhos ao acrescentar: — A sós.

Seu tom era áspero e seus olhos deixavam claro que ele não aceitaria um não como resposta, não importasse quantas caçadoras estivessem à minha volta. Ao mesmo tempo, sua postura me passava confiança, Nico sabia tão bem quanto eu que não éramos amigos e, se ele estava me dirigindo a palavra, não devia ser porque queria.

— Tudo bem. — Respondi por fim. Lancei um olhar as caçadoras à minha volta e não precisei de palavras: Elas assentiram e se retiraram, mas sabia que estavam à espreita, esperando qualquer problema.

Nico olhou em volta, tão ciente quanto eu que estávamos sendo vigiados.

— Talvez possamos dar uma volta. — Ele sugeriu, seu olhos apertados em ceticismo.

— Eu estou ótima aqui. — Retruquei, olhando em volta dos campos de morango. Não éramos inimigos, contudo, isso não significava que eu confiava nele.

— Certo. — Nico assentiu, colocando as mãos no bolso da calça e abaixando o tom de voz. — Eu fui no Acampamento Júpiter essa semana, eu nem ia voltar antes do natal, mas decidi vir aqui falar com você.

— Comigo? — estranhei, a sensação de que algo ruim estava para acontecer me deixando um pouco atordoada. — Sobre o que?

— Jason. — Nico declarou, abaixando mais o tom de voz. — Agora podemos conversar realmente em particular?


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Notas finais do capítulo

Conseguiram se manter atentos ao itálico e aos tempo da fanfiction? Se houver dúvidas, por favor, me avise!
Alguém tem ideia do que pode ser essa tal conversa? Ficaram surpresos sobre o Will e o Nico terem tido um relacionamento? Gostaram disso?
Adoraria saber as opiniões.
Por fim, agradeço pela paciência de esperarem e lerem e deixo uma frase linda de Sense8:
"Rótulos são o oposto da compreensão".