“Arthur, olha para frente caramba!”

Trevor gritou comigo puxando o volante, na terceira vez em que me distrai  dirigindo.

“Como você conseguiu tirar carteira? Subornou o avaliador ou algo assim?”

Eu estava empolgado quando entrei no carro, mas naquela hora meu ânimo já tinha se arrefecido. Manter a concentração no trânsito exigia demais de mim.

“Nem foi preciso, o teste prático é facinho. Que tal pararmos para um sorvete?”

Sugeri assim que vi a sorveteria.

“Nossa! Topo demais. Será que eles tem de chiclete?”

“Devem ter.”

Estacionei, fomos até o local e nos servimos. Tinha de chiclete. Enquanto comíamos  (ou tomávamos, nunca entendi qual é o certo) vimos uma garota passar com a mochila preta e amarela da mesma empresa que tinha feito a nossa viagem de formatura.

“Porto todo dia.”

Ele falou baixinho.

“Axé, cachaça e put…”

Eu falei alto chamando atenção de várias das pessoas em volta, mas fui impedido de continuar pela mão dele em minha boca. Dei uma lambida e ele tirou reclamando que fazia cócegas.

“Fala baixo Art, tá todo mundo encarando.”

“Tão fofo se importando com a opinião alheia, só cuida para não se importar demais.”

Levantei, baguncei seu cabelo e fui pagar nossa conta.