Quando que a porta se abre, não é Rael que ela vê do outro lado.

É sua irmã.

Mas apenas por um segundo, nada mais que isso.

Porque, antes que possa se controlar, está de volta a algum momento entre 2011 e 2012.

A última vez que as duas estiveram sozinhas.

Sua irmã está usando o uniforme de escola.

E Lavínia está usando um vestido. Da irmã.

— Você... Você está usando as minhas roupas – ela balbucia.

Lavínia até sopesa a situação, mas não entende o porquê dessa reação.

Não é a primeira vez que ela usa as roupas da irmã. Não é a primeira vez que a irmã a vê as usando. Mas, certamente, é a primeira vez que esse ar de estranheza está presente entre elas.

Sua irmã tinha a prometido que nunca, nunca, nunca ia olhá-la dessa maneira. Não como os psicólogos, como os meninos maiores ou como até mesmo como sua própria mãe olhava para ela.

Mas sua irmã estava mentindo.

Sempre esteve, afinal.

E é isso que ela continua fazendo.

Porque é assim que ela está olhando para Lavínia agora, tantos anos depois.

Como se não a reconhecesse.

E ambas sabem que é essa a verdade.