Ele nunca mais voltou.

A criança que carregava comigo jamais veria o pai.

Pensei em muitas coisas. Sobre minha doença. Sobre o buraco negro onde deveria haver um coração. Sobre a criança que seria criada por uma mãe que jamais a reconheceria ou poderia lhe dar amor.

Pensei em tirar minha vida junto à dela. Ainda penso.

— Conversamos sobre isso, Srta. Mörgenstern. Concordou não fugir.

A voz da Dra. Grayson interrompe-me feito uma habena, ríspida. Sim, doutora, estou narrando sua voz para você mesma.

O trato que fizemos foi simples. Ela levaria minha criança de mim. Jamais contaria a meus pais ou Tristan. A criaria como se fosse dela. Em troca, me tornaria seu objeto de estudo.

— É um modo austero, porém preciso, de explicar o acordo.

Eu gostaria de finalizar meu relato, mas a doutora gosta de me interromper.

— Perdão. Hoje é... O 31º dia? Foi uma história longa para quem nem chegou aos trinta.

Torno-me o objeto de estudo da doutora, presa num sanatório. Meu caso peculiar rende a ela o grau de phD. E eu... Deixo para trás Miss Murder. Enterrada talvez no mesmo lugar onde um dia, sem notar, enterrei meu coração de porcelana, eternamente intocável.