POV Bella

Peguei meus livros me preparando para sair dali, já estava escuro, e precisava voltar logo. Uma breve brisa me atingiu, e minha testa, onde fora o ultimo beijo, ardeu, latejante. Não sabia mais sobre mim, estava definitivamente perdida, acabada...

Deixei pensamento de lado, e segui para minha casa. O caminho de volta foi silencioso, e estava muito escuro. Eu me sentia solitária, mas a única pessoa que poderia mudar isso, não estava ali e não estaria nunca mais... Lágrimas brotaram em meus olhos, mas algo interrompeu meus devaneios.

Vi algumas folhagens se mexendo e uma risada fraca que me fez tremer, um vento forte me atingiu e paralisei observando. Vi olhos vermelhos dentre as folhagens, e num impulso sai correndo, e consegui alcançar a frente de minha casa, correndo para dentro. Qualquer vampiro que estivesse lá, teria me pegado se realmente quisesse, mas não o fez. Quem seria? Talvez fosse só loucura da minha cabeça...

Entrei na cozinha ofegante, e vi Charlie lendo o jornal.

-O que aconteceu?- perguntou franzindo o cenho.

-Nada...é.. só..que... voltei correndo... para casa...exercícios..sabe?- disse mal conseguindo falar pela respiração afetada. Ele pareceu não perceber o tom de mentira na minha voz. Levantou-se, dobrou o jornal, e pegou um copo de água para mim.

-Descanse um pouco, e vá dormir. Já é tarde.- Puxou a cadeira para me sentar.

Sentei-me, esperando minha respiração se restabelecer e tomando a água que Charlie me dera. Ele esperou me observando.

-Pode ir dormir, pai. Vou só fazer um curativo, e ir dormir também.- estendi minha mão mostrando que o corte era pequeno. Ele revirou os olhos.

-Boa noite, Bells.- disse se virando em direção a seu quarto e dando um bocejo.

-Boa noite.- respondi baixo, mas alto o bastante para que ele ouvisse.

Peguei a caixa de primeiro-socorros, para limpar a ferida, que já estava seca. Por fim, coloquei um band-aid, e fui para o banheiro. Tomei um banho longo, esperando tirar a tensão. Vesti um pijama velho, e me deitei. Suspirei aliviada. E tirei minhas conclusões, tinha duas respostas para o que eu vi lá fora. Algum vampiro, que tinha assustadores olhos vermelhos, estava rondando Forks, e ele não havia me atacado, o que é muito estranho. E como Alice não vira? Ela não se preocupa mais comigo... Ou, eu estava realmente maluca, e aquilo fora só alucinação.

Gostaria que a segunda resposta fosse a correta, não que ficar maluca fosse algo bom, mas era melhor do que um vampiro rondando minha casa, e saber que eles realmente não ligavam mais para mim. A dor voltava aguda quando pensava nisso.

Rolei na cama a noite inteira não conseguindo dormir, e me assustando com cada barulho que ouvia. Consegui dormir finalmente, e sonhei. Em meu sonho eu voltava para casa, como depois do parque, e chegando perto de onde vi os olhos, paralisei. Os olhos brilharam luminosos e vermelhos. Vieram em minha direção, saindo das árvores. Os olhos estavam em uma sombra humana, que era só preta. Não conseguia distinguir quem era, só conseguia ver os olhos vermelhos, e eles estavam cada vez mais próximos. Sai correndo mas a estrada era agora uma longa e fechada fileira de árvores, corri o mais rápido que pude, mas tropecei em uma raiz, caindo de cara no chão. Senti o sangue em meu rosto, e as coisas começaram a rodopiar. Me virei rapidamente tentando localizar a coisa, e ela estava bem na minha frente agora com os dentes a mostra. O dente afiado faiscou, e o rosto estava cada vez mais próximo do meu. A coisa disse por fim, uma coisa que deixou o pesadelo mais terrível ainda:

-Edward se foi, e agora seu sangue é todo meu.- deu um riso maléfico, que ecoou por entre a floresta. Por fim me atacou, pulando com os dentes afiados em meu pescoço...

Acordei outra vez com meu grito, e Charlie estava lá.

-Calma, calma!- disse ele sentado na ponta da cama acariciando meus ombros, como sempre fazia quando eu tinha pesadelos, isso é, quase todas as noite.

Fechei os olhos com o pesadelo martelando minha cabeça, e as que não consegui controlar saindo. Após alguns minutos em silêncio, já estava mais calma. Abri os olhos e olhei para o relógio, vi que já era de manhã.

-Tudo bem agora, pai. Pode ir se arrumar pro trabalho. Eu também preciso me arrumar para a escola.- disse calmamente. Como de rotina, ele se virou com os olhos tristes e seguiu para o banheiro. A imagem da coisa, e a voz aguda, não saiam de minha cabeça. Me levantei, e fui me trocar.

Desci para arrumar o café-da-manhã, ovos e leite. Charlie desceu com a farda, tomou o café-da-manhã rapidamente.

-Tenha um bom dia, Bells.- disse saindo pro trabalho.

Sai logo em seguida, trancando a porta.

O dia na escola foi normal, entreguei o trabalho de inglês e ganhei o prêmio de laboratório, sozinha, já que não tinha mais parceiro.

Chegando em casa Charlie me ligou dizendo que tinha muito trabalho, disse algo sobre grandes ursos atacando a população, e que almoçaria por lá mesmo. Almocei sozinha, e fui fazer o dever de casa, depois li meu e-mail, e vi que havia um de Renée:

Oi, Bella!

Como vai? Espero que melhor. Gostaria tanto que viesse morar conosco, sinto uma tremenda falta sua.

Eu e Phil estamos praticando esportes radicais. Ah, é tão divertido, gostaria que estivesse aqui para praticar também.

Beijos e abraços, Mamãe.

Os outros, eram spans, ou promoções de produtos. Resolvi responder o e-mail de Renéé.

Oi, mãe.

Estou um pouco melhor. Também sinto sua falta, mas prefiro ficar por aqui mesmo.

Bella.

Ia mandar este e-mail, mas apaguei tudo, e resolvi ser um pouco mais empolgada.

Oi, mãe.

Também sinto sua falta, mas tenho muitas coisas para fazer aqui daqui. Eu estou bem melhor. Talvez vá praticar esportes radicais com você e Phil algum dia desses.

Beijos, Bella.

Mandei este, sabia que parte disso não era verdade, e que ela me conhecia bem para notar, mas deixaria Renée mais feliz. Ok, talvez não feliz, mas pelo menos, não muito triste.

Desliguei o computador, e fui para sala ver se tinha deixado o livro que estava lendo agora, lá. Não o encontrei, mas mesmo assim, fiquei sentada no sofá, olhando a neblina pela janela, não estava chovendo. O silêncio me confortava, e conseguia não pensar em nada. Não sei quanto tempo fiquei lá, mas quando Charlie chegou ainda não tinha arrumado o jantar. Então quando ouvi seu carro, corri para a cozinha preparar o jantar. Peguei uma lasanha na geladeira e pus no microondas.

-Bella?- perguntou como sempre fazia, entrando e batendo a porta enferrujada.

-Na cozinha.- respondi enquanto ouvia o zunido do microondas.

-Oi, como foi seu dia?- perguntou calmo, aparecendo na porta.

-Bem, e o seu?- dei um meio sorriso.

-Ah, ainda estamos investigando o caso dos ursos. Só vasculhando, mas até agora, nenhuma pista forte sobre o paradeiro deles. – o microondas apitou, e deu um pulo de susto. Peguei a lasanha e pus em cima da mesa com um prato e talheres pra Charlie.

-Não vai comer?- perguntou preocupado.

-Não, não estou com fome.- sai da cozinha, e fui para o quarto. Fiquei quieta em minha cama, pensando em nada. Só ouvindo o barulho da chuva, que agora começara, enquanto meu coração palpitava de saudades dele.