Two Worlds - Dois Mundos escrita por HuannaSmith


Capítulo 8
Cheiro de Magia


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, eu cabri ficando doente e não conseguia nem levantar da cama, mas já estou melhor agora. Espero que gostem do capítulo e boa leitura!



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** Pensamentos da Mal **

Acordei logo cedo, estava animada e confiante em descobrir novas coisas que pudessem ajudar minha mãe no julgamento. Tomei um banho rápido e vesti uma roupa, nem sequer esperei que o despertador tocasse, antes disso eu já estava do lado de fora do quarto, descendo as escadas rumo ao refeitório. 

O que eu não esperava era que, logo que chegasse lá, uma avalanche de alunos novos com semblantes curiosos estariam a minha espera. Passei a mão pelo cabelo e dei o meu melhor sorriso, espero que não tenha saído forçado. Ben estava logo adiante, com aquele enorme e sincero sorriso de sempre, ele esticou a mão em minha direção e eu me aproximei. 

— Eu tinha esquecido completamente, achei que as aulas só começassem daqui há dois meses - sussurrei para Ben

— Esses são apenas alguns, vieram para a nossa colônia de férias, a idéia de juntar os alunos que estão saindo com os que estão entrando, lembra? Os mais velhos ajudam os mais novos 

— Ah sim... a idéia 

Ben fez um discurso lindo e inspirador sobre as opções diárias de café da manhã, almoço e jantar, além dos milhares de combos para lanches da tarde. Eu apenas o acompanhei nos sorrisos, soltando uma piada aqui e ali para quebrar um pouco o gelo.

Mas não pude evitar de reparar em como algumas pessoas me olhavam, uns pareciam assustados, outros curiosos e alguns até pareciam com raiva. Quando as "boas vindas" acabaram, puxei Ben para o lado e perguntei: 

— É impressão minha ou todo mundo aqui tá me olhando esquisito? 

— Queria que fosse só sua impressão - ele disse com um semblante desapontado, em seguida retirou uma pequena folha de dentro do paletó e me entregou 

Desdobrei a mesma e acabei percebendo que se tratava de uma capa de revista, aquelas de fofoca, sabe? E sabe o que estava estampado, nela? Uma foto - nada amigável - da minha mãe com seu cajado, logo abaixo havia um círculo com uma foto minha assustada e logo mais, o enorme título sensacionalista: "Malévola está de volta a Auradon!"

Agora eu entendi o porque de me olharem daquela forma, aquela notícia já devia ter percorrido o país inteiro, todos só deveriam estar comentando sobre aquilo. Respirei fundo e entreguei o papel para o Ben, em seguida caminhei em direção a saída, mas ele segurou meu braço, fazendo com que eu parasse. 

— Ei, aonde vai? - Ben perguntou 

— Eu ia atrás da Evie e... - parei para pensar melhor - na realidade, preciso de uma ajuda sua 

— As visitas a Malévola são restritas Mal, não posso simplesmente... 

— Não é isso! - estalei os dedos próximo ao seu rosto, o fazendo prestar atenção em mim - Preciso que me consiga um contato 

— Um contato? - ele me olhou com curiosidade 

— Preciso falar com a avó da Audrey 

— Que? Quer falar com a Rainha Leah? Detesto ter que lhe lembrar, mas vocês duas não tem um relacionamento muito amigável e com tudo o que está acontecendo agora...

— É exatamente por isso Ben - o interrompi - Doug disse que eu tenho que saber ambos os lados da história, tenho que estar preparada para tudo o que o representante do ataque possa fazer 

Ben apenas ouviu, mas seu olhar continuava relutante. 

— O julgamento é daqui há alguns dias Ben - fiz uma carinha triste - eu preciso ajudar minha mãe 

Meu noivo pensou por mais alguns segundos, mas a carinha triste acabou amolecendo o coração de manteiga que ele tem e eu logo consegui o que eu queria. 

— Fale com Jane, ela dará tudo que precisa - ele disse por fim - mas Mal... cuidado 

O agradeci com um beijo estalado e em seguida fui correndo procurar Jane, que deveria estar auxiliando os novos alunos em alguma coisa chata de colônia de férias. 

ALGUMAS HORAS DEPOIS 

Um homem de bigode engraçado e paletó altamente engomado, que presumi ser o mordomo, abriu a porta para mim e indicou um corredor com a mão. Eu fui andando devagar, observando cada vaso enorme - alguns eram até maiores do que eu! - e todas aquelas pinturas tão perfeitas que pareciam fotos. 

Uma delas estava em uma posição de destaque, em uma moldura de ouro branco. Era Aurora ou mais conhecida: "Bela Adormecida". Senti meu estômago embrulhar, aquela mulher de cabelos loiros e olhos de uma cor esquisita, quase violeta, com toda aquela pose de rainha autoritária, parecia estar olhando direto pra mim.  

Eu sabia que não deveria estar ali, sabia que, de todos os lugares do mundo, aquele era o último que eu deveria querer visitar, a casa da maior inimiga da minha mãe. Mas eu também sabia que, se quisesse ajuda-la, teria de engolir o orgulho e falar com a tal rainha. Afinal, o que poderia acontecer? 

— Senhorita Mal? - o mordomo me tirou de meus pensamentos 

— O-oi? 

— A rainha Leah, de Goldland* , está a sua espera no salão principal 

— Ah é, eu já tô indo 

Como o mordomo ficou me olhando com uma cara de poucos amigos, tive que me apressar e chegar logo nesse tal "salão principal". Quando cheguei, se tratava de uma grande sala lotada de  mais vasos e coisas de ouro, no canto havia um lindo - e enorme - piano e no centro haviam dois sofás e quatro poltronas azuis escuras. 

O mordomo passou por mim e indicou uma delas com a mão, eu hesitei no início, mas acabei  sentando. A rainha Leah - com a qual o tempo não havia sido nem um pouco bondoso - entrou por uma grande porta, usando um terninho beje e brincos de pérola. E, por mais que eu odeie, tive de levantar e fazer uma reverência. 

Por mais que ela não seja mais rainha de Goldland, é educado se fazer essa referência, o próprio Ben já a fez inúmeras vezes. Segundo as entediantes aulas de etiqueta com a Fada Madrinha, aa reverência demostra, para com a outra pessoa, respeito, consideração e humildade. E, por mais que eu não tenha os dois primeiros, tenho que ser uma boa futura rainha e preservar ao menos o terceiro. 

Rainha Leah não retribui a reverência, até porque se o fizesse acredito que cairia dura no chão, e outra que não ligo para essas coisas, ainda não sou rainha e, segundo as normas de etiqueta, ela não me deve nenhum gesto como esse. Leah sentou-se a minha frente em um dos enormes sofás, cruzou a perna e deu um sorriso. Digamos que ela conseguiu ser mais falsa do que a própria neta, Audrey. 

— Olá senhorita Mal - ela disse - a que devo a honra de uma visita da futura rainha de Auradon? 

Aham, "honra", vou fingir que acredito. Mas é claro que, ao contrário disso, eu apenas respondi: 

— Como vai a senhora? Como anda de saúde? 

Ai, essa doeu.Ponto pra Mal! 

— Acredito que meu estado de saúde não tenha sido o motivo de sua visita, estou errada? - retrucou

— Não, pelo contrário, está completamente certa - a saúde da senhora pouco me importa— vim atrás de... informações 

— Informações? Mas que tipo de informações? 

Respirei fundo antes de responder, criando coragem para entrar um assunto tão... antigo? Ah, seja o Deus quiser. 

— A senhora é uma das poucas pessoas que conheceu minha mãe naquela época que ainda está...

— Viva? - ela terminou minha pergunta - Sim, de fato a magia de Malévola fez muito além do que todos imaginávamos, preservou sua idade e aparência de uma forma nunca antes vista 

— Então, eu pensei que talvez você pudesse me contar, o por que de não a terem convidado para o batizado da Aurora 

— Malévola usa o batizado como uma desculpa até hoje, mas a verdade é que ela já praticava magia muito antes, aterrorizando vilas inteiras, obrigando várias pessoas a fazerem tudo exatamente como ela queria. Agora me diga querida, que obrigação tínhamos eu e Stefan de convidar uma bruxa para o batizado de nossa filha? - e ela ergueu a sobrancelha com essa última frase 

Eu me segurei para não dizer umas poucas e boas para aquela velha imunda, mas tive que respirar fundo e mantar a calma, pois ainda precisava que ela me contasse o que tinha acontecido. 

— Então está me dizendo, que o único motivo pelo qual Malévola, lançou aquele feitiço, foi o fato de não ter sido convidada? Espera mesmo que eu acredite nisso? 

— A verdade nem sempre é agradável minha cara, mas é o que é - Leah disse com um tom de deboche - admiro muito sua escolha pelo bem e tudo mais, mesmo acreditando que a maça nunca cai muito longe da árvore... Sua mãe foi e sempre será uma vilã, a história não muda só porque Benjamin resolveu se casar com a filha dela. Até porque, se depender do conselho, talvez você não use essa tiara por muito tempo 

Senti meus olhos ficarem verdes, minha vontade era de apertar seus pescoço e enforca-la até a morte, mas eu vou fazer com que ela pague por suas palavras depois, no momento aquilo tudo só estava me fazendo perder uma coisa da qual eu não dispunha, tempo. 

— Achei que viria até aqui para ter uma conversa madura com a ex-rainha de Goldland, mas parece que me enganei - levantei da poltrona - talvez tenha sido por isso que a senhora não foi coroada rainha de Auradon, não é mesmo?

Sai daquela sala deixando uma velha enrugada de boca aberta, andei o mais rápido que pude sem correr, aquela casa toda exalava uma energia muito negativa. Quando já estava do lado de fora e pronta para montar na minha lambreta - que Ben me deu há alguns anos atrás - senti uma mão em meu ombro. 

Tomei um susto e quase acertei a pessoa com um soco, mas me contive. Se tratava de um homem alto, de mais ou menos uns trinta anos, cabelos e olhos escuros como a noite, usando roupas esquisitas, como se tivesse saído de outra época. Com um sorriso de bobo no rosto que me lembrou meu noivo. 

— Você é a Mal mesmo? - ele perguntou animado 

— Tô sem tempo pra autógrafos - tentei colocar o capacete, mas ele segurou meu pulso, me impedindo 

— Não quero autógrafo - disse - digamos que eu tenha escutado um pouco da sua conversa com aquela chata da Leah

— Espera - interrompi - é um intruso? Sabe que posso mandar te prender por isso, não sabe? 

— Sim, eu sei e não, não acredito que fará isso, por que eu sei que compartilha do mesmo pensamento 

Eu não podia mentir, acho muito mais daquela mulher do que a palavra "chata" pode abranger. 

— Quem é você? - perguntei 

— Um amigo - ele tirou algo do bolço de sua jaqueta - quer saber mais sobre Malévola? Vá até esse lugar - ele me entregou um pequeno cartão - mas lembre-se: para a porta abrir e o passado  descobrir. Sozinha, minha rainha, você deve ir 

Levei os lhos até o cartão, de cor marrom e um pouco velho, cheirava a magia. Mas quando eu levantei o olhar novamente, para perguntar do que aquilo se tratava, o homem já não estava mais ali, havia sumido, como se sequer tivesse existido algum dia. 

Engoli em seco e guardei o cartão, coloquei o capacete e dei a partida, pilotando para fora dali. Ao longe, apenas um estranho canto de pássaro pode ser ouvido. 

 


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Notas finais do capítulo

Quem será esse cara? E para onde esse cartão levará a Mal?
Não esqueçam de comentar e até o próximo capítulo! Beijos.



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