Two Worlds - Dois Mundos escrita por HuannaSmith


Capítulo 35
Final - parte 2




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** Pensamentos da Mal **

Nem preciso dizer o que acontece logo após o casamento, né? Quando a cerimônia terminou - e isso já foi na madrugada do outro dia - Ben e eu estávamos exaustos de tanto dançar, comer bolo e nos divertir com nossos amigos, então Bernice nos ofereceu carona em um dos Jeep's até o castelo. 

Só tinha um pequeno problema: para todos - exceto nossos amigos - nós já estávamos na lua de mel, então não podíamos entrar pela porta da frente como se nada tivesse acontecido. Foi quando Benjamin pediu para Bernice nos levar até a enseada, um ponto específico da praia. E quando perguntei o porque, ele apenas respondeu que se tratava de uma: "surpresa". 

Antes de irmos de fato embora, Ben foi se despedir dos convidados que ainda restavam enquanto eu fui conversar com minha mãe, que também já estava de saída junto com Diaval. Me aproximei dos dois e eles se viraram para mim. 

— Você não vai sumir de novo, vai? - perguntei 

— E você acha que eu não vou conhecer meu neto? - Malévola retrucou com um sorriso de canto

— Você sabia antes de todo mundo, antes mesmo de mim - disse - como? 

— Da mesma forma que você o sente - ela respondeu - a magia dele é realmente muito forte, consigo senti-la assim que me aproximo de você 

— Deles - retruquei 

— Como?

— Eu fiz uma ultrassom depois da guerra e acabei descobrindo que são dois menino e não só um - revelei 

Malévola fez um expressão de surpresa, arqueando as sobrancelhas, e em seguida direcionou o olhar para minha barriga - essa já um pouco maior do que quando eu descobri a gravidez. Ela colocou a mão na minha barriga e fechou os olhos, se concentrando, e por um momento pude identificar um sorriso leve em seus lábios. Depois ela recolheu a mão e se afastou novamente. 

— Podem até serem dois meninos, mas apenas um tem magia 

Franzi a testa com aquela informação e logo em seguida coloquei minhas mãos sobre minha barriga, tentando analisar por mim mesma. Eu conseguia sentir perfeitamente a fonte de magia pulsando no meu ventre, mas não conseguia distinguir se eram uma ou duas. Nesse quesito minha mãe é mais experiente do que eu, então estaria ela certa e apenas um dos bebês tem o dom da magia? 

— Espera, dois meninos?! - Diaval perguntou com um sorriso de orelha a orelha - Isso é ainda melhor! A alegria é em dobro e as bolas de futebol também 

— Inclua nessa lista o dobro de fraudas e noites mau dormidas - disse revirando os olhos e suspirando, o que fez com que nós três ríssemos 

— Nós precisamos ir agora - Malévola disse me abraçando - mas voltaremos para conhecer os meninos 

— E traremos presentes - Diaval disse me abraçando - até logo minha pequena 

Depois de me despedir dos meus pais... espera, eu disse "pais"? Bem, acho que nessa altura do campeonato não tem mais problema, né? Diaval é como um pai para mim e eu aprendi a ama-lo imensamente. Me encontrei com Benjamin e nós nos despedimos de Evie, Doug, Carlos, Jay, Agui, Isabel e Nina, os nossos amigos que tinham ficado até o final da festa, depois fomos para o carro. 

Bernice me deu a honra de abrir a barreira invisível que protege o esconderijo e com pouco tempo de viagem nós já estávamos sentindo a brisa fria do mar pela janela. Quando chegamos em determinado ponto do calção, Ben pediu para que ela parasse pois já havíamos chegado, eu só não sabia ao certo onde. 

Ele foi o primeiro a descer, estendendo a mão para mim logo em seguida. Quando já estávamos os dois do lado de fora, Bernice abriu o bagageiro e tirou lá de dentro três malas, sendo duas de empurrar e uma de mão. 

— Pra que isso? Também faz parte da surpresa? - indaguei 

— Sim - Ben respondeu - Evie arrumou as suas malas, então tem tudo que vai precisar, não se preocupe 

— Espera - me virei para Bernice - você não nos ofereceu carona, né? Já sabia de tudo! 

— Mas é claro que eu sabia de tudo - ela respondeu com um sorriso - agora vão antes que algum fotógrafo apareça e tire uma foto de vocês, o único motivo de eles não terem aparecido ainda é porque acreditam que os dois já estão na lua de mel 

— Você tem razão - Ben respondeu - obrigado por tudo Bernice, nem sei como lhe agradecer, você tem sido realmente uma ótima amiga nos ajudando em tudo e quero que saiba... 

— Pode parando por ai - ela disse fazendo um gesto com a mão, o interrompendo no meio das palavras - se quer mesmo ser meu amigo é bom saber logo que eu odeio sentimentalismo, além do mas que eu fiz tudo isso mais pela Mal do que por você. Então se você magoar ela, garanto que será a última coisa que vai fazer na sua vida 

Benjamin ficou parado na mesma posição, praticamente anestesiado diante das palavras de Bernice. Eu também fiquei surpresa, mas já estava mais acostumada com o jeito dela de ser, a princípio é bem amedrontador, mas lá no fundo você encontra um coração tão grande que nem dá pra medir. 

— Ok... - Ben finalmente disse alguma coisa - agradeço a honestidade que... 

Antes que pudesse terminar a frase, Ben foi interrompido novamente por Bernice, só que dessa vez ela o abraçou, o que deixou nós dois surpresos novamente, mas eu não pude evitar de sorrir com a cena, nem Benjamin, que retribuiu o abraço amigavelmente. 

— Enquanto a você - ela disse soltando ele de uma vez, não prolongando muito aquele momento porque, como ela mesma disse, odeia sentimentalismo - não aceite  tudo que ele disser sem pensar duas vezes, vivemos em um mundo moderno e se ele quiser comer que vá ele mesmo pro fogão, ok? Se bem que vocês vão ter muitos empregados para cuidar nessa parte... olha, não interessa, você é uma mulher forte e independente, que não precisa se submeter a nada por ninguém, entendeu? - Bernice disse colocando as mãos nos meus ombros - Nunca se esqueça de quem você é Mal, não deixe que eles mudem você, porque eu te garanto que não vão cansar até conseguir. E se a barra pesar muito, saiba que sempre pode contar comigo e com toda a galera da OPAM, porque a gente te ama muito, ok? 

 

Sentimentalismo? Já sabemos que ela odeia, mas tinha alguém exalando hormônios de uma gravidez de gêmeos e que mesmo tentando ser bem durona não conseguiu segurar o choro, quando vi eu já estava com os olhos marejados. Abracei Bernice apertado para me despedir e então segurei a mão de Benjamin, que me guiou pela areia da praia até um pequeno cais construído entre as águas. Enquanto ela voltou para o carro, deu a partida e então foi embora. 

Eu e Bernice nos conhecemos a muito pouco tempo, mas que já foi o suficiente para nos conectarmos de uma maneira extremamente forte e diferente. Nós aprendemos muito uma com a outra, amadurecemos juntas e fizemos uma amizade aparentemente improvável virar algo único. 

Ela me ensinou coisas sobre a vida e me mostrou o quão forte e independente eu posso ser, me ensinou a acreditar em mim mesma, no meu potencial, e não me diminuir na frente de ninguém, mas saber reconhecer os meus talentos e os dos outros também. Por isso, não importa para onde eu for, Bernice sempre terá um lugar especial reservado no meu coração. 

— Nada de carro ou avião - Benjamin disse, quebrando meus pensamentos e me fazendo olhar para ele - nós viajaremos nele esta noite 

Franzi a testa, sem entender direito do que Ben estava falando, foi quando resolvi olhar para onde ele estava olhando e, quando vi do que se tratava, quase tive um ataque do coração. 

Preso ao cais e bem na minha frente, estava um barco de dois andares enorme e todo chique enfeitado com balões vermelhos em formato de coração, que flutuavam de um lado para outro, sem se desprenderem. Olhei para Ben e ele estava sorrindo e fazendo um gesto com os ombros como se dissesse: "vai lá ver de perto", e foi o que eu fiz, sem pensar duas vezes. 

O "veículo" era ainda mais lindo de perto, todo branco com detalhes em marrom escuro. Benjamin segurou minha mão e me guiou até uma parte específica, depois apontou para um local onde haviam letras gravadas. 

— B.M - ele disse - são de Benjamin e Mal 

Não conseguia nem sequer expressar em palavras o que estava sentindo, então apenas agarrei ele pela gola da camisa e dei um beijo intenso e relativamente demorado, antes de ir até a escadinha lateral e entrar no iate.

— É incrível Ben! - exclamei depois de finalmente subir no barco - Olha pra isso, tem até piscina! 

— Também temos o nosso próprio bar - ele disse depois de subir atrás de mim, se encostando em um balcão de granito preto - temos um grade sofá, tv a cabo, videogame e algumas mesas e cadeiras - a medida que ele ia falando eu acompanhava tudo, indo até o local e vendo por mim mesma - O nosso quarto fica no andar de baixo, junto com o banheiro, a cozinha e academia. E lá em cima... bem, tem uma surpresa

Olhei para ele com as sobrancelhas erguidas, como assim tinha mais uma surpresa? Aquilo tudo não já havia sido suficiente?! Mas pra falar a verdade, eu estava adorando. Segurei a barra do vestido e me esgueirei na pequena escada, subindo a mesma com rapidez e agilidade, não conseguia esconder a ansiedade para ver a tal surpresa. Ben estava logo atrás de mim, acompanhando cada passo. 

Quando cheguei no andar de cima, após subir a estreita escada, me deparei com uma vista de tirar o fôlego, definitivamente uma das coisas mais bonitas que eu já vi na vida. O céu estava uma mistura de azul e laranja, as nuvens eram poucas e pareciam diluídas, o sol nascia logo atrás de uma porção de montanhas que Ben disse ser Motunui. 

— Meu Deus, isso é lindo Ben - disse a medida que andava mais, me aproximando da sacada

— É pra lá que vamos - ele disse, se pondo logo atrás de mim, colocando suas mãos em minha cintura 

— Motu Nui? 

— Sim - ele respondeu - passaremos apenas dois dias lá, o restante vai ser neste barco, em qualquer lugar de tudo o que seus olhos enxergam 

— Qualquer lugar? - indaguei, me virando para ele e apoiando meus braços em seus ombros, enquanto passava minhas unhas por sua nuca, sentindo-o arrepiar-se 

— Bem... - ele disse curvando de leve o pescoço e formando um sorriso nos lábios - qualquer um que seja seguro

Benjamin ficava ainda mais bonito naquela luz, seus cabelos clareavam e ele parecia quase loiro, os olhos refletiam os raios do sol e ficavam ainda mais brilhantes, o sorriso então, nem se fala... E como não beija-lo naquele momento era praticamente impossível, puxei seu corpo para mais perto do meu e encostei meus lábios nos seus, iniciando o que seria um selinho, mas intensificando-o gradativamente. 

Ben respondeu ao ato segurando em minha nuca, por baixo do meu cabelo, e inclinando a cabeça para tornar o momento mais confortável. Só que isso não durou muito, ele logo mudou a mão de minha nuca para minha cintura, interrompendo o beijo. 

— O que foi? - indaguei quando ele me afastou - Nós podemos fazer isso, eu perguntei ao médico 

— Não, não é isso - ele respondeu ainda sorrindo - é que você ainda não viu a surpresa 

Franzi a testa e olhei para onde ele estava apontando, como não percebi aquilo antes? Uma mesa redonda estava posicionada bem próximo da gente, a mesma estava recheada de comida. Pães, queijo, manteiga, suco, chocolate quente, bolo e muitos morangos compunham um belo café da manhã. 

— Você quem fez? - perguntei, já me aproximando da mesa 

— Sim - ele respondeu balançando a cabeça - esse será o nosso primeiro café da manhã como casados 

Olhei para ele e dei um sorriso, Ben consegue ser muito meloso ás vezes e eu ainda estou decidindo se amo ou odeio isso nele. 

Nós nos sentamos e desfrutamos de toda aquela comida daquele café da manhã incrível - e eu dos morangos - enquanto conversávamos sobre diversos assuntos, desde coisas bobas como a diferença entre manteiga e margarina, até coisas bem sérias, como a criação dos meninos no mundo da realeza. 

Benjamin me explicou que como são dois meninos, o que nascer primeiro terá o primeiro lugar na sucessão do trono, enquanto o que nascer depois ficará com o segundo lugar. Ele também explicou que, independente das ordem de nascimento, os dois serão príncipes de Auradon e precisarão ter uma educação diferenciada das outras crianças, com aulas particulares e obrigações diárias, sendo preparados para um dia assumir o trono. E essa é a parte que mais me preocupa. 

Eu não quero que eles tenham lembranças ruins da infância como Benjamin e eu temos, repetir esse erro, para mim, seria como fracassar no papel de mãe. Quero que eles sejam apenas crianças, que possam correr, brincar com os amigos e ralar os joelhos de vez em quando. Mas eu também preciso entender que além disso eles também são príncipes de Auradon e que um dia um deles se tornará rei, isso faz parte do sangue e da linhagem deles, é quem eles são. 

Benjamin me contou que as coisas mudaram muito ao longo dos anos, ou seja, já não são mais como quando ele era pequeno. Ele me disse que será inevitável algumas coisas, mas que outras podemos amenizar ou quem sabe até retirar, para assim tornar tudo o mais agradável para os dois, o que me tranquilizou mais em relação a isso. 

Ben também disse que é uma alegria em todo o reino quando a esposa do rei lhe dá como primogênito, um menino, e eu daria luz á dois. Segundo ele até a Fada Madrinha seria mais amigável comigo depois disso. Não é que eu ache certo priorizar o nascimento de um menino em detrimento do de uma menina, mas é que nós dois já passamos por tantas coisas para ficarmos juntos que, fazer algo "certo", pelo menos uma vez, é muito reconfortante. 

Mas, de qualquer forma eu teria que esperar até o nascimento das crianças, isso porque uma das regras da realeza é que o sexo do bebê não pode ser descoberto até o dia do parto, então vou ter que fingir não saber de nada até lá, tudo para evitar ainda mais problemas. 

O restante daquele dia foi maravilhoso, Ben dirigiu o barco para longe da costa, onde ninguém pudesse nos atrapalhar, e atracou lá. Nós namoramos no sofá, na cama e até na piscina. Desfrutamos de cada uma daquelas mordomias, inclusive tomamos banho de mar, com Ben me segurando quase que o tempo todo, mas valeu. 

Depois de dois dias, finalmente chegamos em Motu Nui, não que a viagem demorasse tudo isso - nem de longe - é que nós ficávamos parando para... bem, você sabe o que. E depois disso Motu Nui foi incrível, conhecer a população e a rainha Moana, mãe de Nina, foi muito legal. Como foi a minha primeira vez, diferente de Benjamin, as pessoas fizeram questão de me mostrar tudo nos mínimos detalhes, desde as comidas típicas até suas mais valiosas tradições, eu também ganhei muito presentes, tantos que quase não couberam no barco. 

     

Uma das partes mais incríveis de quando estávamos lá foi definitivamente a barreira de corais, Benjamin já tinha ido até lá diversas vezes e disse que eu não podia ir embora sem vê-la também, então aceitei a proposta. A barreira de corais é o que separa a lagoa da Ilha do oceano propriamente dito, a divisão é realmente uma coisa linda de ser ver, o encontro do azul claro, quase verde, da água que envolve Motu Nui com o azul escuro do mar é de tirar o fôlego. A divisão de corais das mais vivas e variadas cores que se possa imaginar e os peixes nadando e dando um "oi" pra gente completam todo o cenário.

     

Moana ofereceu seu próprio castelo, mas nós preferimos ficar hospedados em um hotel escolhido por Benjamin, cujo cada quarto era formado por um pequeno chalé que ficava em cima do próprio lago, preso por algumas colunas. Nós ficamos lá por dois dias e fomos embora na noite do último dia. Eu já estava mais experiente em relação a como me portar em encontros desse tipo e - graças a Deus - não passei por nenhum vexame. Mas confesso que isso só aconteceu pois as coisas na Ilha são bem diferentes dos outros reinos que já visitei, lá eles não são tão cismados com as "regras da realeza", eles dão mais atenção a hospitalidade do que qualquer coisa, a preocupação deles foi única e exclusivamente em fazer com que nós nos sentíssemos á vontade.

Benjamin revelou que esse foi um dos motivos pelo o qual ele escolheu Motu Nui, pois ele queria que tivéssemos alguns dias de paz e sossego, longe de toda a pressão da realeza, já que teríamos uma boa dose dela assim que colocássemos os pés em Auradon novamente. Para se ter uma ideia, quando fomos até a lagoa, foi a própria Moana quem nos acompanhou e tomou banho junto com a gente e seu marido, o que não aconteceria nem em um milhão de anos em qualquer outro reino. Acabei chegando a conclusão de que por isso Nina era tão alegre e cheia de vida, diferente das outras princesas da idade dela. 

E falando na praia, eu e Ben parecíamos mais dois peixes recém nascidos, afoitos e ansiosos pela água. Também, não havia como ser diferente, aquilo tudo era definitivamente um paraíso. Quando chegamos a primeira vez lá - e garanto que fomos varias - a primeira coisa que fiz foi jogar as sandálias bem longe, queria sentir a areia fina entre meus dedos do pé, Ben se sentiu influenciado e fez o mesmo, tirando sua blusa branca e lisa no processo, deixando seu tronco nu e á mostra, o peito musculoso e o abdômen levemente delineado, refletindo com a luz do sol, o que me fez dar um sorriso quase que instantaneamente. É, eu tenho muita sorte.  

 

Depois dele fui eu, tirei o vestido que estava usando e o joguei bem longe, ficando apenas com um biquíni azul marinho. Ben correu até mim, me pegando por trás e me levantando no ar, enquanto dava uma volta, o que me fez gargalhar e balançar os pés, espalhando areia.

Quando me pôs no chão, segurou minha mão e me puxou até a água, que estava em uma temperatura agradável. Mas ele queria ir mais para o fundo, enquanto eu queria ficar mais da beirada, o que obviamente se transformou em uma pequena briga com ele me puxando para dentro d'água e eu gritando e dando vários tapas nele, enquanto o mesmo ria descaradamente.

Moana assistia tudo ao longe com um sorriso singelo ao lado do marido, só depois se juntaram a nós dois, mas sem invadir muito o nosso espaço. Ben me colocava no colo dentro d'água, ele me levantava o máximo que conseguia e depois de soltava, e eu jogava água em seu rosto em troca. Nós riamos á toa, como duas crianças pequenas. Naquele momento nós estávamos tão felizes, éramos só nós dois, sem problemas e sem preocupações, sem conselho, sem regras, sem leis ou proclamações, só a Mal e o Ben, brincando na praia de Motu Nui.

     

Ao conviver com a rainha durante esse tempo, acabei me tocando que ela só tem uma filha, Nina, e que também era filha única de seus pais, e que ser mulher não a impediu de ir ao trono, da mesma forma que Elza também é rainha de Arendelle. Quando questionei Benjamin em relação a isso, ele me explicou que cada reino, apesar se fazer parte de um todo, tem suas próprias leis e seus próprios governantes. Então, no caso de Motu Nui, Arendelle e DunBroch, é permitido que mulheres descendentes diretas da realeza cheguem ao poder. 

Mas, novamente, cada reino tem suas leis, então no caso de DunBroch, por exemplo, inicialmente Merida - que é a mãe do Ian - só podia ir ao trono se casando com um herdeiro do sexo masculino de um dos três clãs associados, foi graças a muita persistência e luta por parte dela que isso foi modificado. Se a mesma tivesse nascido no reino da Cinderela, por exemplo, os seus três irmãos mais novos passariam na sua frente e ela ficaria para trás, sem direito ao trono, o que é muito injusto. 

Se eu pudesse escolher um lugar para morar com Benjamin e os meninos, esse lugar seria o reino de Motu Nui, só que infelizmente eu não tenho poder de fazer isso acontecer, mas com certeza vou trazer-los muitas vezes.

Quando chegou a hora de voltarmos para casa, a rainha ofereceu uma de suas embarcações, a qual Ben rejeitou educadamente, pois nós já tínhamos a nossa. E essa volta, bem, digamos que foi muito... quente.  A verdade é que a nossa lua de mel já estava chegando ao fim e tudo o que menos queríamos era que ela chegasse ao fim. 

Então, para prolongar um pouco mais as nossas férias, Ben interrompeu a viagem uma última vez antes na costa de Auradon, dessa vez para tomar banho nas águas calmas do oceano, escorregando através do escorregador que ficava preso no próprio iate, nem preciso dizer o quanto nos divertimos, né? Mas a melhor parte foi quando ficamos abraçadinhos dentro d'água, sentindo as respirações um do outro. 

Apoiei uma das mãos no ombro do Bennjamin, me segurando nele, enquanto passava a outra por seu cabelo e admirava seu rosto na claridade fraca do pôr do sol. Ele segurava na minha cintura, sorrindo e me observando com um bobo. Nós poderíamos ficar daquele jeito por horas inteiras, mas infelizmente não tínhamos todo esse tempo. Então Benjamin interrompeu os olhares e tocou meus lábios com os seus, iniciando um beijo intenso e demorado. Depois disse ao meu ouvido: 

— Quero fazer uma coisa - falou em um tom baixo, me fazendo arrepiar - mas você vai ter que ficar quietinha 

Aquilo era, no mínimo, arriscado, mas eu confiava em Benjamin, sabia que poderia prometer á ele qualquer coisa. Então apenas fiz positivo com a cabeça. 

Ben tirou as mãos de minha cintura, o que me fez colocas ambas as minhas em seus ombros, para poder me apoiar, já que não sou uma nadadora muito boa. Em seguida ele as levou para trás do meu pescoço, entre meu cabelo e minha nuca, o que me provocou pequenos arrepios nessa área. 

Devagar e delicadamente, Benjamin desatou o nó da parte de cima do meu biquini, fazendo o mesmo com o outro nó nas minhas costas, e em seguida tirando a peça e a deixando flutuar na água do mar. Ele voltou as mãos para minha cintura e ficou observando meus seios, depois disse:

— Você é perfeita 

E então me beijou, colando meu peito ao seu, passando a mão de minha nuca para meu cabelo, me fazendo ansiar por mais e já deixando minha respiração mais pesada. Segurei seu rosto com uma das mãos e intensifiquei o beijo, parando para respirar apenas quando mudava a posição do rosto. 

Prendi minhas pernas na cintura dele, o que o fez levar as mão até o meu quadril, para manter meu corpo junto ao seu. Depois Ben começou a descer o beijo para o meu queixo, depois para o meu pescoço - me fazendo arrepiar - e então para o meu ombro e em seguida para o meu peito, fazendo uma linha entre meus seios. 

Abaixei minhas mão na água e puxei a bermuda dele para baixo, o que fez com que nós dois ríssemos. Aquilo já não podia continuar no meio do mar, então nos apressamos e voltamos para o iate, terminando tudo no primeiro sofá que encontramos pela frente. Acabei perdendo a parte de cima do meu biquini no mar, e ele a bermuda, mas nada que fizesse falta. 

Essa viagem para Moto Nui de barco foi mágica em todos os sentidos, sem acrescentar ou retirar, foi simplesmente perfeita, na dose certa. E Benjamin e eu não poderíamos estar mais felizes. 

 

15 ANOS DEPOIS 

Já faz um bom tempo que eu não faço isso, até onde me lembro da última vez estava na lua de mel com Benjamin na ilha de Motu Nui, aqueles dias foram realmente mágicos e vivemos altos e baixos depois disso, não foi tudo um "conto de fadas" como a maioria dos casais imaginam, mas sempre estávamos lá um para o outro. 

Uma das primeiras coisas que nos atingiu, aconteceu logo quando chegamos em Auradon. Fomos notificados da morte de um amigo muito importante para nós dois - mais para Ben do que para mim -, Lumiére. Ele havia falecido depois de ter um ataque cardíaco quando ainda estávamos na viagem e só ficamos sabendo quando retornamos. 

A notícia pegou Benjamin em cheio e eu o vi chorar algumas vezes. Também fiquei muito triste com toda a situação, mas consegui me controlar melhor do que ele. O reino fez um velório digno e nós dois fomos até o cemitério prestar nossas condolências. E nem preciso dizer a quantidade de fotógrafos que nos perseguiram até lá, mesmo em um momento tão delicado. 

Depois do luto - mas não muito, já que não tínhamos tanto tempo - contamos a gravidez "recém descoberta" para os pais de Ben e logo depois para todo o reino, em uma grande apresentação, que foi transmitida para todo o reino. Mas como uma das regras reais não permite que o sexo do bebê - ou a quantidade - seja descoberta antes do parto, omitimos a parte de que seriam dois... meninos. 

Assim que a notícia foi dada, o reino inteiro entrou em festa, parecia até que cada uma das famílias é que estavam esperando um bebê, uma loucura que eu nunca vi na vida. Uma batalha de nomes logo começou, as pessoas disputavam e até apostavam dinheiro em bolões que tentavam adivinhar o sexo e o nome do bebê. A aposta mais famosa era a de que seria um menino e que se chamaria "Adam", uma homenagem ao ex-rei e pai de Benjamin. 

Tudo isso me fazia rir na mesma proporção que também me deixava preocupada, se toda aquela euforia e assédio acontecia antes mesmo deles nascerem, como seria quando já estivessem do lado de fora? Confesso que um sentimento de "mãe urso" me perseguiu bastante nos primeiros anos e persegue até hoje, só que um pouco menos. 

Mas que cabeça a minha, é lógico que vocês querem saber o que aconteceu depois da guerra, o que aconteceu com a Uma logo depois de cair nas águas congelantes do oceano, isso foi algo que lembro não ter contado. Pois bem, após cair na água nós acreditamos que ela estivesse morta, mas não estava, havia apenas desmaiado após ser atingida pelo feitiço que eu havia feito com a ajuda dos gêmeos, que na época eu acreditava serem apenas um. 

Depois de tirarmos ela da água, fui informada do que acontecera com Benjamin, do mostro enorme que havia caído em cima dele e de outros guardas. Por conta do nervosismo e a preocupação que me abateu na época, acabei deixando Uma sobre os "cuidados" de Bernice e fui direto para onde Ben estava. 

Uma foi levada para a prisão e depois aconteceu um julgamento - do qual Ben e eu não participamos pois ainda estávamos no hospital -  e uma sentença de morte. Mas essa sentença não foi cumprida, isso porque desde o julgamento da minha mãe, a pena de morte havia sido retirada da capital. 

Uma então foi sentenciada a vários anos de prisão - tantos que nem consigo contar - e serviços realizados dentro da própria penitenciaria, que recebeu uma nova ala especial para adeptos de magia, que conta com uma barreira mágica criada por mim, Bernice e algumas fadas e bruxas experientes da OPAM, que impede qualquer um que a atravesse, de usar magia. Só que dessa vez sem as falhas que haviam na primeira versão, aquela que um dia já fora usada na Ilha dos Perdidos. 

Todos os membros do exército inimigo que não morreram também foram sentenciados e colocados na prisão. Aqueles que se arrependeram do atos cometidos receberam penalidades mais leves e permissão de visitas dos familiares na penitenciária, mas ainda assim pagaram por seus crimes. 

E, por mais incrível que possa parecer, muitas pessoas ainda estavam na Ilha, em sua maioria crianças, que haviam se negado a participar da guerra. Essas famílias foram acolhidas na capital e receberam ajuda da coroa com recursos para se estabelecerem e começarem uma nova vida. As crianças que perderam seus pais na guerra foram levadas aos orfanatos e, pode acreditar, adotadas quase que instantaneamente. 

A verdade é que todos os reinos, principalmente os habitantes da capital, sentiram o impacto da guerra e do quão desumano era toda aquela situação. As pessoas estavam todas abaladas e só queriam dar amor e carinho as crianças e as famílias que chegavam da Ilha. Os adeptos também passaram a serem vistos de maneira diferente, como verdadeiros heróis e salvadores do reino, ficaram famosos e ganharam até fã clube. Mas, acima de tudo, ganharam o respeito e a liberdade que tanto mereciam. 

Não posso mentir e dizer que foi tudo como um conto de fadas, afinal, inicie dizendo que as coisas não foram nada como em um. Nem todas as pessoas acolheram os habitantes da Ilha e nem aceitaram os adeptos, rebeliões e greves aconteceram em toda a capital e até em outros reinos, passeatas contra a magia e contra os novos habitantes, algumas até contra a "nova forma de reinado", coisas realmente absurdas. 

Ben e eu seguramos as rédeas da situação e não voltamos atrás em nossas decisões, criando leis e punindo aqueles que demostrassem qualquer tipo de preconceito. Hoje em dia as coisas são bem mais calmas em relação a isso e, apesar de ainda existirem, esses episódios são cada vez mais raros. Atualmente a grande maioria é completamente a favor do reinado de Benjamin, o que só me enche de orgulho. 

A barreira mágica da Ilha foi quebrada com a ajuda dos adeptos  e hoje em dia ninguém mora mais lá, está completamente inabitada, apesar de algumas construções ainda estarem de pé, ninguém mais foi lá depois da guerra. 

Bom, acho que depois de explicar tudo isso, finalmente posso falar daquilo que temos de mais precioso em nossas vidas: nossos filhos. Parecia até que eles estavam esperando só nós contarmos a notícia para todos, pois logo depois disso minha barriga começou a crescer sem parar, ficou tão grande que parecia que ia explodir a qualquer momento. E quando o médico da realeza nos disse que se tratava de dois bebês, tivemos que fingir surpresa novamente. 

Com mais essa novidade, o reino inteiro ficou ainda mais feliz e ansioso, mesmo que não pudéssemos revelar o sexo dos bebês - já que tecnicamente nem nós sabíamos - apostas era o que não faltavam. Enquanto eu só comia e vomitava. 

O dia do parto foi uma loucura, isso porque mesmo grávida eu não deixei de cumprir todos os compromissos de rainha, mesmo quando a barriga ficou tão grande que doía até para andar. Benjamin reclamava, dizia que eu tinha que ficar de repouso, mas eu não ligava muito, queria mostrar para a Fada Madrinha e para o Conselho que eu era sim uma boa duquesa. 

Tudo começou quando os bebês decidiram nascer antes da data prevista - bem antes na verdade - e pegar todo mundo de surpresa. Naquele dia Ben estava em Costa Luna para uma reunião, enquanto eu havia ficado em Auradon, sobre os cuidados incrivelmente irritantes da Fada Madrinha e de Jane. 

Quando as contrações começaram, eu nem sabia direito do que se tratava, acreditava que a dor era apenas porque havia dormido de mau jeito na noite anterior, e preferi não dizer nada, pois sabia que se o fizesse, as duas iriam colar em mim mais do que já eram coladas. 

Acontece que as dores foram aumentando e aumentando, chegando a um ponto que eu não podia mais ficar calada, e então pedi para que chamassem o médico que estava me acompanhando. A dor era tanta que não me lembro com exatidão de tudo que aconteceu, mas lembro das empregadas comentando umas com as outras que o médico estava preso no trânsito e, como eu havia demorado para falar, provavelmente as crianças nasceriam antes dele chegar. 

Lembro também que eu gritava por Benjamin, pois era muito importante que ele estivesse lá, mas parecia que ninguém me escutava, mesmo que eu gritasse e chorasse por ele, era como se ninguém me ouvisse. Foi quando resolveram chamar Evie, que trouxe junto uma outra médica para realizar o parto. 

Evie sentou do meu lado e segurou minha mão, disse que Benjamin já havia sido avisado e já estava em um avião a caminho, mas que eu precisava me acalmar e me concentrar em trazer aqueles bebês ao mundo. A companhia dela me deixou mais tranquila - mesmo que a Fada Madrinha estivesse lá olhando tudo - e eu parei de chorar e comecei a me concentrar no que estava acontecendo. 

Eu estava deitada na enorme cama de dorsel do quarto que divido com Ben e sentia uma vontade enorme de fazer força, a médica então dobrou meus joelhos com a ajuda das empregadas e colocou toalhas forrando tudo. Foi quando ela disse que já estava vendo a cabeça de um deles e que eu precisava empurrar o mais forte que pudesse. 

Aqueles foram os minutos mais horríveis e maravilhosos que já passei em toda minha vida, já que depois de empurrar - o que para mim pareceram horas - e quase amputar a mão da Evie no processo, finalmente pode ser ouvido um grito que não fosse o meu no quarto, um dos bebês havia nascido.  

A médica foi ágil e enrolou a coisinha rosada em um pano e colocou-a nos meus braços, que soltava um choro estridente pela boca e mexia os bracinhos com certa força. Naquele momento foi como se o mundo todo parasse e só existissem eu e aquele bebê chorão. O segurei em meus braços e o fiquei admirando, passando de leve o dedo por seu rosto, até a ponta de seu narizinho, chorando e sorrindo como uma idiota. 

Foi quando ele abriu os olhos e olhou pra mim, grandes olhos verdes exatamente como os meus, foi quando ouvi a médica dizer: "Parabéns vossa majestade, é uma menina". Como assim uma menina? Você era para ser um menino não? Enganou todo mundo esse tempo, espertinha? Eu te amo tanto...

— Uma menina? -  indaguei entre soluços

— Parece que ela enganou todos nós não é mesmo? - Evie disse em um tom que só eu escutasse, enquanto beijava o topo da cabecinha dela

Trouxe a pequenina para mais perto, tocando meu nariz eu sua bochecha, sentindo seu cheirinho e seu calor, o que a afez trocar o choro por um leve resmungar quase que automaticamente. "Bem vinda ao mundo minha filha", eu disse em um sussurro. 

— E então, qual vai ser o nome? - a Fada Madrinha indagou

— Evelyn - respondi quase que automaticamente, nem parecia que eu havia demorado tanto para escolher um quando acreditava ser um menino - o nome dela é Evelyn 

Evie começou a chorar na mesma hora, me agradecendo pela homenagem. Mas que outro nome poderia ser, afinal? Ela ficou do meu lado quando Ben não pode e muito além disso, foi ela quem esteve ao meu lado durante toda a vida, tinha que ser ela. 

Toda aquela explosão de amor quase nos fez esquecer que ainda havia outro bebê para ser trago ao mundo, mas a dor logo me lembrou disso, como se dissesse: "Ei! Eu ainda estou aqui!". A segunda vez foi um pouco mais fácil, talvez a prática? Não tive que fazer tanta força e nem senti tanta dor. Evie ficou com Evelyn e quando menos esperei, o outro bebê já estava em meus braços, dessa vez... um menino. 

Todo aquele sentimento duplicou e eu não consegui não chorar ao ver aquela coisinha rosada no meu colo, que também chorava, só que bem menos do que sua irmã. Antes mesmo que a Fada Madrinha perguntasse o nome dele, eu já havia dito: "Meu vindo ao mundo Joseph, eu sou sua mãe". Benjamin chegou pouquíssimo tempo depois, escancarando a porta do quarto e correndo até mim, se ajoelhando ao lado da cama. 

Nós conectamos de tal forma naquele momento que nem ouvimos as reclamações da Fada Madrinha sobre Ben estar ali. Ele arregalou os olhos ao ver a coisinha pequena e rosada no meu colo, aproximando o rosto e beijando sua pequena cabecinha, estava encantado. Levantei o bebê e coloquei em seu colo, que o segurou imediatamente, mesmo que de forma desengonçada no início. 

— Oi papai, eu sou o Joseph - disse, fazendo uma voz aleatória de bebê, o que fez primeiramente rir e depois chorar feito uma criança, beijando o bebê diversas vezes 

Enquanto Ben estava com ele, virei para Evie e fiz um gesto para que me entregasse ela, que o fez prontamente. 

— E essa é a Evelyn - disse com a voz fraca - nossa filha 

Benjamin me olhou espantado e podia imaginar exatamente o que se passava em sua cabeça: "Como assim filha?". Mas ele não disse nada, apenas abriu um sorriso de orelha a orelha e depois beijou o alto da cabecinha dela, dizendo: "Bem vinda ao mundo minha princesa, eu sou o seu papai". 

Aquele momento foi mágico, nós podíamos passar horas ali admirando nossos filhos, sem nunca nos cansar, afinal, estávamos finalmente juntos. 

Depois dali foi só alegria, graças a regra de que não poderíamos saber o sexo antes do parto, a Fada Madrinha e Jane haviam providenciado roupas tanto de menino quanto de menina. A médica os examinou e disse que eles estavam muito bem e saudáveis, eles foram levados para o banho - o qual Ben fez questão de observar cada segundo - e eu também, e em seguida para um novo quarto. 

Quando Ben retornou, os bebês já estava vestidos com suas "roupas reais" e eram simplesmente a coisa mais linda dessa mundo, nós dois não conseguíamos desgrudar nem por um segundo deles e a Fada Madrinha que não fosse idiota de se intrometer nisso também, e ela não foi. 

Como uma das regras era de que os bebês tivessem mais de um nome e que pelo menos um desses homenageasse alguém da realeza, o nome dos pequenos logo aumentou de tamanho, mesmo que eu só os chamasse pelo primeiro. 

A pequena Ealy— como eu e Ben a apelidamos - se tornou: Sua Alteza Real Princesa Evelyn Isabel Bertha. Enquanto que o outro teve escrito em seu documento: Sua Alteza Real Príncipe Joseph Lumiére Florian. 

 

 

Evelyn tem os olhos verdes como os meus e os cabelos dourados como o céu, enquanto os olhos de Joseph são um pouco mais escuros, puxados para o castanho - porém ainda verdes - e o cabelo loiro escuro, como os de Benjamin. Ambos com bochechas gordinhas e sorrisos tão lindos capazes de derreter o coração de cada um. 

Mesmo ainda bem pequenos, já era possível notar a personalidade forte de Evelyn, chorando para conseguir aquilo que quer - e conseguindo - enquanto Joseph mais calmo e sereno, chorando pouquíssimas vezes, quase nunca na realidade. 

Uma foto dos dois foi tirada para que fossem apresentados ao povo, a mesma foi publicada em todas as revistas e jornais que se possa imaginar, aparecendo também em noticiários e programas de tv. O reino inteiro estava em festa. 

Uma grande aglomeração de pessoas se formou em frente ao castelo para o dia da "Apresentação a sociedade" dos dois. Ben e eu saímos na varanda com eles, eu com Ealy e ele com Joseph, vestidos em roupas chiques e bufantes - escolhidas por Jane é claro - e foram recebidos com gritos e palmas e logo em seguida com uma reverência. 

Uma coisa surreal de se ver, todas aquelas pessoas fazendo reverência para duas coisinhas tão pequenas. Foi naquele momento que percebi que eles eram muito mais do que bebês, eram os herdeiros de toda Auradon e futuros governantes, o que na época me orgulhou e também me deixou apreensiva. 

Em homenagem ao nascimento deles, Ben e eu jogamos uma lanterna de papel no céu, que foi acompanhada por milhares de outras soltas pelo povo, assim como havia sido feito no nascimento da Rapunzel e depois no de Isabel, seguindo uma tradição linda. 

Segundo a lei, mesmo nascendo depois, Joseph passaria o lugar da irmã na sucessão do trono apenas por ser homem. Mas Ben mudou isso pouco depois que os dois nasceram, mudando a lei e permitindo que toda criança nascida na realeza, independente do gênero, tenha o direito a coroa, guardando assim o verdadeiro direito de Evelyn como primogênita, vindo Joseph logo em segundo lugar. 

A medida que os gêmeos foram crescendo, pudemos perceber a imensidão do poder de Ealy, sua magia era muito forte e imprescindível, o que deixava Ben e eu apreensivos quanto a sua segurança. Enquanto que Joseph não havia uma gota de magia, ele não era um adepto. Mesmo com suas diferenças, ambos foram criados conhecendo a OPAM, que me ajudou muito a lhe dar com Ealy e com todo o seu poder. 

Joseph apresentou dificuldades na fala, enquanto a irmã não parava de falar nem por um segundo, ele não dizia uma palavra sequer. Ele passou por diversos exames e foi visto por vários médicos, mas foi constatado que nada o impedia de falar, pelo menos nada físico, ele simplesmente... não falava.  

Mesmo não revelando para ninguém, Ben e eu sabíamos exatamente porque isso estava acontecendo com ele, nós culpávamos a magia negra, o acordo que há muito havíamos feito com Rumplestilskin. Mas, felizmente, isso não foi motivo para tristeza, pois mesmo sem dizer uma palavra, Joseph enchia o castelo de luz e alegria, na mesma proporção que Evelyn conseguia quebrar todos os vasos e cair de todas as escadas. Eles são a dupla perfeita. 

O quarto, antes para dois meninos, foi modificado e ganhou uma pintura especial na parede, que foi eu mesma quem fez, logo quando já havia me recuperado do parto. Deixando o quartinho deles pronto para recebe-los, por mais que eu e Ben dormíssemos mais lá do que eles nos primeiros meses. 

Uma babá sempre me foi ofertada, mas eu só recorria a ela em últimas circunstâncias, isso pois queria ser a mãe deles e estar com eles em todos os momento de suas vidas. Benjamin também se mostrou um pai incrível, me ajudando em tudo sempre que podia, mesmo com a Fada Madrinha dizendo que isso não era "trabalho para um rei", mas nós nem ligávamos. 

     

Só que eu não podia fingir que não ligava sempre e ignorar o que, de fato, eles dois eram, Príncipe e Princesa de Auradon. E como tal eles tiveram de ter uma educação diferenciada e seguir algumas regras, mas Ben e eu sempre dosamos tudo isso, fazendo de tudo para que eles sentissem o menor impacto disso tudo. 

Apenas de serem irmãos, a pressão maior sempre se deu em cima de Evelyn, pois era ela quem se tornaria rainha um dia, e a primeira mulher a ficar no comando da capital e de toda Auradon. Por isso eu e Ben sempre fizemos suas vontades, mas também sempre a ensinamos aquilo que realmente importa: sua família. Minha mãe e Diaval aparecem de vez em quando para vê-los e eles adoram, amam muito a "vovó Malévola" e o "vovô Diaval" deles. 

Joseph aprendeu a língua dos sinais - eu, Ben e Ealy também - e passou e passou a se comunicar muito melhor, o que aos poucos se tornou uma coisa natural pra gente, como se eu ele falasse igualmente a Evelyn, sem nenhuma diferença. Eles dois eram definitivamente as duas pessoas mais importantes de nossas vidas. 

Enquanto Joseph era um poço de amor e carinho, Evelyn era a palhacinha do castelo, sempre fazendo brincadeiras, assustando os empregados e se pendurando nos lugares mais improváveis - e caindo deles também. Mas ela também sempre foi muito geniosa, querendo as coisas do jeito dele e tendo uma fascinação fora do comum por suas tiaras. 

 

Quando os dois se juntavam então, faziam os piores pesadelos dos empregados virarem realidade e, pra falar a verdade, eu nem ligava muito, pois pra mim o quanto mais eles pudessem ser crianças, melhor. Já que passavam muito tempo estudando e em compromissos reais. Mas claro que tudo moderadamente, Ben e eu sempre prezamos pela boa educação de ambos, principalmente para com o povo, que os amava tanto. 

Sempre os ensinamos a serem educados e tratarem as outras pessoas bem, independente se faziam parte da realeza ou não, e isso pode ter certeza de que eles aprenderam direitinho. Evelyn sempre pareceu ter essa coisa de rainha encrostado dentro dela, sempre se portando bem nos eventos reais e mostrando uma tendência de liderança. Enquanto Joseph sempre fora muito cuidadoso e amoroso com as outras pessoas, levando alegria até a pessoa mais triste e amarga. 

Quando os dois fizeram cinco anos, um fotógrafo profissional foi até o castelo tirar novas fotos deles para a revista oficial da coroa e Ben estava um pouco indeciso sobre qual foto de Eadlyn escolher, afinal, ela seria a futura rainha do povo. Ele estava tão encucado com isso que decidi ver as fotos por mim mesma e, apesar de serem fotos muito bonitas, havia algo de estranho nelas, não parecia ela nas fotos, estavam muito robóticas, não me admira a dificuldade dele em escolher. 

Então eu fui até o nosso quarto e tirei uma foto do porta-retrato que estava no criado-mudo do meu lado da cama e entreguei a ele, sugerindo que aquela deveria ser a foto escolhida. 

— Mas essa foto não é profissional - ele disse com um sorrindo, admirando a mesma - na realidade fui eu que tirei, naquele dia que fizemos um pique-nique 

— Pode até ser - respondi - mas essa é sua filha - apontei para a foto em sua mão - não aquela - disse, me referindo a foto "profissional"

     

Ao ouvir meu conselho, Ben escolheu a foto do meu porta-retrato e enviou uma cópia a revista, que a publicou no dia seguinte, mesmo a Fada Madrinha quase arrancando os cabelos, nós sabíamos que aquele era o certo a ser feito. 

CONTINUA


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado pessoal! Ainda teremos um parte 3. Não esqueçam de comentar e favoritar a história, beijos!



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