Two Worlds - Dois Mundos escrita por HuannaSmith


Capítulo 18
O Julgamento - Parte 2




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10:30 am - Supremo Tribunal Real de Auradon

Eu cheguei acompanhada de Ben e, por mais que eu tenha odiado a ideia, nós tivemos que ir na limusine real. Por algum motivo, em eventos desse porte nós temos que aceitar o carro e o motorista. Segundo a Fada Madrinha, eu deveria usar um vestido que ia até os meus tornozelos! Mas não importa, nem morta iria usar uma coisa dessas. Então optei por um "terno feminino", como o chamam. A única coisa que segui das regras, foi a minha tiara, que eu amo, então não me importei de usa-la.

Lembro-me que depois de pronta, fique me olhando por um bom tempo no espelho e me perguntando: Depois que me casar, será assim? Que vou me vestir todos os dias? Todas as manhãs sairei para compromissos reais e dificilmente verei meus amigos? Dificilmente terei tempo para ser eu mesma? Desenhar sem me preocupar com nada ou simplesmente ficar de pijama o dia todo?

Foi nesse momento que olhei para um porta retrato em cima da minha penteadeira, uma foto minha e do Ben estava nele, quando tínhamos apenas começado a namorar. E simplesmente todos os questionamentos desapareceram, isso sempre acontece quando penso nele, porque o Benjamin me lembra o porque de eu aceitar essa vida. É porque eu o amo e se para ficar ao lado dele, terei que ser a "rainha de Auradon", é o que eu serei.

Ben, ao contrário de mim, seguiu as regras a risca, usando uma roupa brilhante e sua inseparável coroa dourada na cabeça, como um rei. Quer dizer, ele é um rei, mas nós passamos tanto tempo juntos e ele é sempre um doce com todos, sempre sorrindo e sendo gentil, que ás vezes me esqueço desse detalhe. Passei muito tempo vendo as autoridades como pessoas terríveis, acho que tá mudando, né? Afinal, eu vou me casar com ele.

Quando finalmente chegamos ao Supremo Tribunal Real de Auradon, que é onde será realizado o julgamento. Milhares de repórteres já nos esperavam na porta. Com câmeras e microfones, eles se empurravam para tentar ficar na frente, os seguranças até tentavam conte-los, mas eram muitos, bem mais do que o comum.

Segurei a mão do Ben por instinto, em quanto ainda olhava pelo vidro da janela, ele beijou a minha com delicadeza, bem próximo ao anel que ele me deu há um ano atrás. Eu sorri, mas meu coração estava inquieto, ansioso e receoso ao mesmo tempo, eu poderia vomitar ali mesmo, mas me mantinha forte porque, por mais ruim que eu esteja me sentindo agora, minha mãe deve estar bem pior.

O carro finalmente parou e mais alguns seguranças apareceram, tentando conter aquela multidão de pessoas, que gritavam e se empurravam, apontando câmeras e microfones na direção do carro.

— Não olhe para eles ok? - Ben disse, chamando minha atenção - Eu sei que a Fada Madrinha e a Jane sempre te pedem para ser gentil, mas hoje você não precisa

Apenas fiz positivo com a cabeça, eu já iria fazer isso mesmo, mas foi legal que ele tenha dito. O motorista desceu e empurrou alguns repórteres, para conseguir chegar até a porta, quando conseguiu, a abriu em seguida.

Ben ajeitou o paletó e desceu primeiro, estendendo a mão para que eu descesse em seguida. Não podia faze-lo esperar por muito tempo, mesmo com vários seguranças, aquelas pessoas sedentas por fotos e entrevistas iriam devora-lo a qualquer momento, então apenas respirei fundo e segurei sua mão estendida em minha direção, descendo do carro.

Andamos a passos rápidos no meio daquele corredor de pessoas, eu tentei ignorar, mas eles gritavam alto demais para que eu não os ouvisse e, por mais que eu não tenha respondido, aquelas perguntas ficaram grudadas na minha cabeça.

"Malévola será inocentada apenas por ser mãe de sua noiva?!"

"Como se sente tendo que acompanhar o julgamento de sua própria mãe?!"

"O casamento real ainda irá acontecer ou o casal está em crise?!"

"Se Malévola for sentenciada a morte, a senhorita vai estar presente na execução?!"

Quando as portas se abriram e nós entramos, deixando todos aqueles idiotas para trás, respirei aliviada. Ben deu um sorriso de lado e estendeu o braço para mim, o qual eu segurei. Depois seguimos para a sala onde seria realizado o julgamento.

Lá eu encontrei Evie, ela estava vestida da mesma forma que eu, mas sua roupa era preta e ela tinha um broche, com o símbolo de Auradon, o qual reconheci das intermináveis reuniões do conselho das quais já participei, é algo que todos eles usam. É difícil imaginar Evie como sendo um deles, eu mau consigo ficar meia hora no mesmo local que eles, imagina ter que atura-los quase todos os dias? E ela faz isso sem reclamar, é uma guerreira de verdade.

— Como você está? - Evie perguntou em um tom baixo, para que apenas eu escutasse

— Acho que seguindo um minuto de cada vez

— Doug foi atrás de um pouco de café, ele e o Jay vão assistir

— E o Carlos? - perguntei

— Segundo o Jay ele dormiu na casa da Jane, o que é bem estranho, já que dificilmente a Fada Madrinha permitira algo assim

— Será que ele está bem?

— Tenho certeza que sim, Carlos já é bem crescidinho, né? Hoje você tem que se focar no agora

Suspirei e fiz positivo com a cabeça. Ela tinha razão, Carlos é um grande amigo e com certeza tem um motivo sério para que ele não ter vindo. No momento eu tinha que me focar no que estava acontecendo, me focar no plano para ajudar Malévola.

— Nós temos que entrar - Doug disse se aproximando - peguei um café para você Mal, achei que fosse precisar

— Obrigada Doug, eu realmente não comi nada desde que acordei - agradeci - mas achei que fossemos assistir

— É só protocolo - Evie explicou - quando for a hora certa você vai poder entrar

— Mas... eu queria ver ela, sabe... antes que começar tudo

— Você vai vê-la, mas agora não, ok?

Balancei a cabeça positivamente, não que aquilo me agradasse ou me deixasse tranquila, mas o que mais eu poderia fazer? Tinha que confiar que Evie faria um bom trabalho. Me despedi dela e fui com Doug em direção a porta a direita, que dava para uma pequena sala repleta de poltronas. Jay também estava lá dentro, eu o abracei e nós sentamos, aguardando a hora que seriamos chamados e assistindo tudo por uma pequena televisão presa na parede.

O julgamento será difícil, primeiramente o Ben falará sobre o processo, em seguida a defesa será ouvida e depois o ataque. No final o júri e o Ben se reunirão em um local separado para deliberar. Nada se comparava a como meu coração estava naquele momento.

Meu celular vibrou e eu o chequei, era uma mensagem de Diaval.

"Deus sabe o quanto eu queria estar contigo agora minha pequena, mas lembre-se: seja na terra sobre duas pernas ou voando no mais alto dos céus, sempre estarei ao seu lado."

Sorri com aquele carinho, Diaval é realmente demais, só ele mesmo para conseguir me tranquilizar um pouco em um momento como aquele.

** Pensamentos de Evie **

Deixei minha maleta sobre a mesa de madeira escura, que dispunha de duas cadeiras, e respirei fundo, lembrando a mim mesma de toda a responsabilidade que estava sobre os meus ombros naquele momento. Mal estava depositando literalmente tudo em minhas mão, eu não podia desaponta-la, não iria desaponta-la. 

Ben subiu para sentar-se em sua posição, que é como um trono, uma posição mais elevada em relação a todos. Até ali tudo bem, o problema foi quando os outros do conselho, que iriam compor o júri, apareceram. Entre eles estava Scarlett e, até onde eu havia sido informada, ela iria ser a advogada de ataque, mas ela estava se sentando junto com todos os outros, no espaço destinado ao júri. 

Franzi a testa e olhei para o Ben, mas ele apenas desviou o olhar, estava imparcial, por mais que ele quisesse me dizer alguma coisa, naquele momento, não podia. Quando olhei para a mesa ao lado da minha, também disposta de duas cadeiras, encontrei ninguém menos que Philip Williams. Depois de mim, ele é o membro do conselho mais jovem. Até onde eu sei, ele era o filho mais velho de um antigo membro, que morreu de um infarto há uns bons anos atrás, então ele assumiu o lugar do pai. 

Isso mesmo, acredite se quiser, o conselho ainda segue um regime monárquico, onde o poder passa de pai para filho. Em um reino que se diz tão evoluído, isso já deveria ter sido mudado, mas fazer o que? Infelizmente, não cabe a mim modificar as regras. É por conta desse mesmo regime que o Ben se tornou rei e, mesmo ele sendo bom nisso, ainda acredito que deveria existir uma votação. 

Ele lançou um olhar sério para mim e depois voltou-se para o Ben, ainda de trás da mesa, assim como eu. Benjamin levantou o malhete e o bateu, dando inicio ao julgamento. Meu coração batia a mil por hora e eu tentava me lembrar de todas as coisas que aprendi ao longo da minha formação para conselheira e das que aprendi em menos de uma semana com Doug. 

— Declaro essa sessão oficialmente aberta - ele disse com uma voz firme, bem diferente de como ele é normalmente 

Duas portas de madeira fina, que estavam a esquerda, forma abertas e de lá saíram dois guardas  e entre eles, Malévola. Meu coração apertou ao vê-la naquela situação. Suas mãos estavam presas em algemas escuras, diferente das comuns, acredito que essas a impeçam de usar magia. 

Eles a colocaram sentada em uma cadeira no centro, de costas para todos e de frente para o Ben, mas não tiraram as algemas. Um dos guardas permaneceu um pouco atrás de nós e o outro se retirou, ficando perto da porta que os trouxe até aqui. Eu a olhei e esperei que ela fosse retribuir, mas seu olhar estava direcionado para o Ben, não era superioridade e muito menos inferioridade, ela estava neutra, com sua postura perfeitamente reta. 

Deve ser muito difícil para ela, estar no meio de todas aquelas pessoas. A rainha Leah assistia tudo da segunda fileira, ela sim estava com um olhar de superioridade. Malévola não falou nada, mas eu sei que era por conta do momento, então também me mantive olhando para frente. 

— Hoje pleiteáremos o caso de Malévola - Ben deu início - o réu está sendo acusado de uso ilegal de magia negra e traição á coroa e devido a esta última se encontra sobre pena de morte  - ele lia um papel a sua frente - começaremos com a defesa, que será feita por Evie, membro do Conselho Real 

Respirei fundo e fui para o meu lugar ao centro da sala, um discurso já preparado na cabeça. 

— Quero iniciar com uma frase de um autor desconhecido, "a verdade só é verdade até que se prove que a inverdade é, de fato, a verdade" - meu coração estava a mil, mas acho que por conta de todo o treino, meu espírito estava tranquilo e confiante - Agora gostaria de lembrar de uma lei ainda vigente no código que rege este reino - senti o olhar de Philip cair sobre mim, era bom que ele soubesse que eu estava a um passo a frente - o artigo 12 da Lei 1.234 de Outubro de   1993, implica que ninguém, sobre hipótese alguma, deve ser condenado sem uma votação popular prévia 

Algumas pessoas que assistiam o julgamento levantaram e começaram a reclamar e até a gritar, Philip me olhava com um olhar de puro ódio, mas eu nem sequer o olhei, estava orgulhosa de mim mesma, de Dou e de Mal, por termos estudado o suficiente para que naquele momento, eu estivesse um passo a frente. 

— Ordem! - Ben disse com firmeza, batendo o malhete

Todos se calaram e foram sentando-se aos poucos. Aquele tipo de reação já era esperada, visando que a grande maioria dos que ali estavam, eram pessoas que odeiam Malévola e esperavam apenas assistir a confirmação de sua executarão, mas, enquanto eu estiver a frente da defesa, isso não irá acontecer. 

— Dado o exposto, há alguma objeção senhor Philip? - Ben perguntou após todos se silenciarem 

— Não, Majestade 

Eu quase sorri, mas mantive minha compostura. Afinal, eu era uma advogada de defesa no momento. 

— Antes de uma votação popular, o acusado tem direito a um discurso de defesa - Ben completou 

— Nas verdade, Vossa Majestade - eu disse - eu também quero abrir uma nova acusação 

Mais murmúrios invadiram o tribunal, mas dessa vez não foi preciso de Ben usasse o malhete, as conversas paralelas foram diminuindo aos poucos. 

— Vossa excelência, neste caso eu teria que exigir um recesso de pelo menos... 

— Iremos primeiro escutar a acusação - Ben o interrompeu - prossiga, quem está de fato abrindo essa acusação? 

Respirei fundo, aquele era o momento, podia sentir que todos os olhos estavam sobre mim, eu só precisava dizer as palavras certas, como em todos aqueles ensaios com Doug. 

— A futura rainha de Auradon, Mal,  acusa o ex-rei de GoldLand, Stephan - fiz uma pausa, dando um tempo para que todos digerissem aquilo - de assédio sexual, assassinato, traição a coroa e uso de magia negra 

Pronto, a bomba havia sido solta, agora as pessoas já não mediam mais suas palavras, o tribunal parecia mais uma feira. Mas mantive o meu lugar e minha postura, rezando para que o que estava fazendo, estivesse certo. 

— Ordem! - bem gritou, usando do malhete - Ordem no tribunal! 

As pessoas param ao ouvir o som das marteladas e sentaram-se, suas expressões eram as mais diversas possíveis, mas uma se destacava entre as outras: raiva. Leah, principalmente, parecia que iria me engolir com os olhos, eu poderia até rir, mas não o fiz. 

— Baseado em que se dá essa nova acusação? - Ben perguntou 

— Tenho testemunhas que podem comprovar - expliquei 

— Objeção, Vossa Majestade - Philip se pronunciou - se isso for acatado precisaremos de um recesso e um novo julgamento. E como amigo íntimo de Stefan, posso assegurar que ele não tem condições de se apresentar para algo assim, sua saúde está muito debilitada

— Neste caso, você poderia fazer a defesa dele? 

Philip demorou para responder, ele parecia estar pensando, olhou para mim uma vez antes de voltar-se novamente para o Ben e falar alguma coisa. 

— Sim, eu serei a defesa de Stefan 

— Dado os acontecimentos, decreto fechada esta sessão, além de um recesso de seis horas  - Ben disse, os olhos de Philip quase saltaram para fora - voltaremos as quatro e meia da tarde para a sessão que cuidará da nova acusação contra o ex-rei Stefan. A votação popular, que decidirá se Malévola será ou não sentenciada a morte, acontecerá um dia depois disso 

E o som do malhete pode ser ouvido por todo o tribunal, estava feito. Respirei aliviada. As pessoas começaram a sair e conversavam entre si, indignadas, mas eu sabia que tinha feito meu papel. Agora só me restava continua com o plano, pois Philip agora também iria tramar o seu. Ele quase derrubou a cadeira enquanto corria até a ex-rainha Leah, que fingia estar nervosa apenas para ganhar a atenção das pessoas em volta. 

6 HORAS DEPOIS

Eu estava uma pilha de nervos, Doug havia me dito diversas coisas que poderiam ser apontadas por Philip e eu só tentava lembrar de cada uma delas. Ter ido bem na primeira parte do plano não significava que eu me sairia bem na segunda, mesmo que eu precisasse. Respirei fundo, ignorando todos os pensamentos ruins e tentando de focar nos bons, além de claro, no próprio julgamento. 

Philip finalmente voltou de seu recesso pessoal, dessa vez ele voltou acompanhado de outra pessoa, um homem que parecia ter a mesma idade que ele. Antes que eu pudesse ir perguntar o que estava acontecendo, Doug e Mal apareceram ao meu lado. 

— Eles contrataram outro advogado - Doug disse 

— O que?

— Eu sei que isso não estava previsto, mas é permitido - ele disse - então teremos que seguir com o plano 

— Tá... - disse por fim, já que eu não tinha opção 

— Tenho que voltar lá pra dentro - Doug me deu um beijo rápido antes de voltar para a sala das testemunhas 

Mal deu um sorriso leve, mas eu pude notar o quão abalada ela estava com tudo aquilo, então apenas a abracei. Em seguida, Ben entrou no tribunal, fazendo com que todos ficassem de pé e fizessem uma reverência e, obviamente, eu e Mal não ficamos de fora. Só quando ele já estava sentada, foi que a "plateia" também pode se sentar. 

— Declaro oficialmente aberta essa sessão - o malhete pode ser ouvido - Pleiteáremos o caso do ex-rei de GoldLand, acusado de uso ilegal de magia negra, assédio, assassinato e traição a coroa, por... - Ben parou no meio da leitura e ficou alguns segundos olhando para o papel antes de continuar - por Mal Bertha. Começaremos com o ataque. 

Aquela era minha deixa, deixei Mal na mesa e fui para o centro do tribunal. O show iria começar. 

— Eu chamo ao banco, a ex-rainha de GoldLand, Leah - eu disse 

Leah fez o juramento com a mão sobre o Livro de Princípios do Cidadão de Auradon, antes de se sentar no banco para depor. É claro que eu estava um pouco nervosa, mas vê-la ali, com aquela postura autoritária, só me fez ter mais vontade de desmascara-la. 

— Senhora Leah - iniciei. Eu não sou obrigada a chama-la de rainha, já que ela não é mais uma - poderia nos contar como você e o ex-rei Stefan se conheceram? 

— Isso já é uma história conhecida, mas não tenho problema em fazer sobre - ela disse - minha mão foi dada a Stefan por meu pai, depois que o mesmo defendeu nosso antigo reino de uma invasão estrangeira. Naquela época não podíamos nos casar por amor, os casamentos eram vistos como acordos políticos 

— Se tivesse tido a oportunidade de se casar por amor, teria escolhido outra pessoa? 

— Objeção! - Philip gritou da cadeira - Isso não remete ao caso, além de deixar minha cliente em uma posição desconfortável 

— Aceito - Ben disse 

Mas eu já esperava por aquilo, só que nada supera a sensação deixa-la "desconfortável" na frente do país inteiro, já que aquela audiência também estava sendo transmitida em todos os reinos pelo serviço de televisão real. 

— E quando o seu pai ofereceu sua mão como agradecimento, como ele sabia que Stefan era de fato rei? 

Leah sorriu com aquela pergunta, deixando a entender de que a achava completamente sem sentido. Mau sabia ela onde eu ainda iria chegar. 

— Stefan era filho único e herdou seu antigo reino de seu pai - Leah parecia estar fazendo um discurso - era uma porção de poucas terras, mas ele foi um homem de bravura ao enviar suas tropas para nos salvar e bem, além da enorme coroa que ele usava, era reconhecido por todo o seu povo como rei 

— É uma bela história de amor, não? - alfinetei - Mas, segundo este documento - desenrolei o pergaminho - Stefan na verdade nunca foi da família real, usando de magia negra para assumir tal posto - Leah arregalou os olhos em minha direção, como se fosse me engolir - Poderia ler para nós, senhora Leah? 

Leah demorou um pouco, mas acabou pegando o contrato de minhas mãos. Ela demorou mais alguns segundos antes de começar a ler em voz alta, milhares de pessoas a olhavam com total atenção. 

— Eu, Stefan Gulliver, através dessa contrato autorizo que Rumpelstiltskin, o Senhor das Trevas, leve a vida de meus pais, o açougueiro James Gulliver e a lavadeira Rebecca Gulliver, em troca de ser conhecido como filho único e legítimo do Rei Luís, além de trinta anos a mais de juventude, dando a liberdade ao Senhor das Trevas a tirar qualquer coisa de mim por esses anos a mais de vida - Leah começou a chorar no meio da leitura, mas não importava, ela já tinha lido o que de mais importante havia naquele contrato, o restante eram apenas clausulas - Qual a veracidade deste documento? 

— Fada Madrinha? - me virei para ela, que estava sentada próxima a Ben, porém em um local mais baixo

— Eu mesma testei a veracidade do documento, até de real ele é banhado em uma grande quantidade de... magia negra - ela disse ao microfone

— Eu não consigo mais - Leah disse secando as lágrimas falsas - não posso continuar com isso 

— Tudo bem, eu já terminei 

Leah se levantou com a ajuda de um guarda e se retirou do tribunal. Eu me mantive na mesma posição, com a postura reta e a sensação de dever cumprido, mas ainda não havia acabado, ainda faltava muita coisa pela frente. 

— Agora eu chamo minha primeira testemunha - eu iniciei novamente o meu discurso - o universitário Doug Lancaster, ao banco 

Doug apareceu escoltado por um guarda, ele fez o juramento e em seguida sentou-se no banco mesmo banco onde antes Leah estava. Philip nos olhava com fogo nos olhos, eu não podia estar mais confiante em saber que eu estava fazendo a coisa certa. 

— Doug, é verdade que você e a senhorita Mal são amigos próximos? - perguntei 

— Sim - ele respondeu - eu e Mal nos conhecemos há mais de três anos e sempre mantemos contato 

— Também é verdade que nossa futura rainha lhe mostrou uma memória de sua mãe, Malévola, através de seus poderes? 

— Sim 

— E o que exatamente você viu? 

— Na lembrança, Malévola era jovem e ainda não apresentava envolvimento com qualquer magia, seja de luz ou das trevas, ela levava uma vida simples e honesta em um pequeno vilarejo, onde era casada com um homem e tinha um filho chamado Joseph 

— Objeção! - Philip gritou novamente de sua cadeira - Devemos apenas escutar o que ele tem a dizer e acreditar? 

— Negado - Ben disse de forma autoritária - visando que a testemunha jurou perante o Livro de Princípios do Cidadão de Auradon e estará sobre risco de pena caso diga alguma inverdade, tudo o que ele disser deve e será tratado como verdade 

Philip bufou baixo e voltou a sentar-se. 

— Continuei Doug - Ben o encorajou 

— Pouco depois de uma visão feliz, somo levados para outra em que estão apenas Stefan e Malévola, ele tenta toca-la e ela então reage, o empurrando e fazendo-o cair no chão, Stefan fica com raiva e revida, batendo no rosto de Malévola 

— Prossiga - eu disse 

— Em seguida somos teletransportados para pouco tempo depois, Stefan vai até o celeiro e da família de Malévola e atira a queima roupa em seu marido, Antonie, e em seu filho, Joseph, os matando na hora. Malévola chega poucos segundos depois e ainda consegue presenciar o filho caindo no chão sem vida - Doug contava tudo com riqueza de detalhes, sendo profundamente formal em suas palavras - é sem dúvida uma lembrança terrível para se ver e não imagino como é tê-la fazendo parte de sua vida 

Todos no tribunal olhavam perplexos para Doug, surpresos com sua revelação sobre aquele que até pouco tempo atrás, era considerado o "senhor da bondade" por todos os cidadão de Auradon. 

— E como última pergunta - prossegui - você acredita que o que a futura rainha lhe mostrou, tenha sido verdade? 

— Sim, eu acredito 

— Muito obrigada Doug, você pode se retirar agora 

Doug desceu do banco de testemunhas e foi acompanhado por um guarda novamente até a sala de testemunhas, ele havia feito um excelente trabalho dando seu depoimento na frente de todas aquelas pessoas. Eu sei o quão tímido ele é, então aquilo deve ter sido muito difícil para ele, mas mesmo assim não deixou de fazer. 

— A defesa tem mais alguma testemunha? - Bem perguntou 

— Apenas mais uma, Vossa Majestade - disse - eu chamo ao banco, a futura rainha de Auradon, Mal 

Murmúrios ecoaram por todo o tribunal, mas depois de uma único ordem do Ben, elas se calaram automaticamente. Pude observar que a Mal respirou fundo antes de se levantar e caminhar até o banco das testemunhas, ela fez o juramento - igual todos os outros - e em seguida se sentou. 

— Senhorita Mal - iniciei - como é sua relação com Malévola? 

Mal levou alguns segundos, mas acabou respondendo. Eu sei que esse tipo de coisa mexe com ela, mas não posso negar o fato de que isso vai acabar mexendo com o povo, que é exatamente o que precisamos. 

— Nossa relação é bem forte, intensa... - ela finalmente começou a falar - minha mãe nunca foi de passar a mão na minha cabeça ou satisfazer algum capricho meu, a verdade é que as crianças que nascem na Ilha são diferentes das que nascem desse lado da barreira. Quem nasce na Ilha aprende, desde cedo, a sobreviver com o pouco que tem, muitos não chegam a idade adulta e, os que chegam, acabam tendendo ao mundo do crime - aquelas palavras me fizeram lembrar da minha infância também - Minha mãe sempre foi boa em improvisar, ela pegava o pouco que tínhamos e transformava no inimaginável, ela sempre tentou fazer com que eu tivesse tudo para crescer feliz e saudável, mesmo que antes de eu nascer, já tenha sido sentenciada a viver em uma prisão - Mal deu uma pausa - ela sempre culpou Auradon e todos que aqui vivem, não por ela ter vivido na Ilha, mas por mim. Malévola simplesmente nunca suportou o fato de que eu tenha tido que pagar pelas ações dela, mesmo tendo a consciência de que ela também havia sido profundamente injustiçada. Minha mãe tentou me moldar para que eu parecesse mais com ela, não o lado ruim e dominado pela magia negra, mas o lado forte e determinado. Quando era menor eu não entendia, mas agora que cresci... nunca esteve tão claro, Malévola sempre quis o melhor pra mim e em função disso, tentou me moldar para que eu fosse forte e nunca passasse pelo o que ela passou. O único erro dela, foi não ter me contado - os olhos de Mal ficaram marejados, mas ela não chegou a chorar, se manteve firme. O melhor de tudo é que todo seu depoimento estava sendo transmitido na televisão, suas palavras iriam tocar o povo, assim como estava tocando todo o tribunal - Mas agora que sei do passado dela, decidi que iria fazer justiça. Justiça por ela, por Antonie e... pelo irmão, que mesmo tão pequeno e inocente, teve o destino quebrado por um ato inconsequente e doentio de uma pessoa igualmente inconsequente e doentia. - ela fez outra pausa - Joseph tinha apenas dez anos e uma vida inteira pela frente, mas, graças ao Stefan, eu nunca poderei ouvir um conselho dele ou saber como era seu cheiro. Joseph não pôde me levar para a escola, me ensinar a dirigir ou me dar conselho sobre o primeiro namorado. E sabe porque? Porque o Joseph nunca teve a oportunidade de terminar a escola, de conseguir o primeiro emprego ou de beijar uma garota. Ele nunca teve a oportunidade de me segurar em seus braços e eu nunca poderei sentir o seu toque. Malévola nunca poderá ficar orgulhosa por vê-lo montar uma família e eu nunca poderei abraçar os meus sobrinhos. É por isso que estou aqui hoje, não só por Malévola, mas por Antonie e acima de tudo, por Joseph, o irmão que foi tirado de mim antes mesmo que tivesse a oportunidade de nascer. 

Isso, Mal tinha conseguido, por mais difícil que eu saiba que é pra ela, ela fez tudo certo. Agora estamos um passo a frente de conseguir que a votação popular seja a favor de Malévola e que a mesma não seja sentenciada a morte, além de também estarmos um passo a frente de conseguir justiça, depois de tantos anos. 

— Muito obrigada senhorita Mal, você pode descer agora 

Mal levantou e se dirigiu novamente para a mesa, afinal, além de testemunha ela era a própria acusadora. Ela tinha feito um trabalho excelente e eu estava orgulhosa dela. 

— Encerro as acusações - concluí 

Eu saí do centro do tribunal e voltei a sentar ao lado de Mal. Philip levantou, ajeitando seu paletó e em seguida se posicionou no mesmo lugar em que estava antes e eu já me preparava psicologicamente para o que viria a seguir. 

— A defesa pode começar - Ben autorizou 

— Caros membros do conselho, o que falar do que acabamos de ver aqui? A que ponto chegamos? Desconfiando de nossos próprios líderes? Isso não acontecia até pouco atrás, antes de começarem a vir pessoas da Ilha para cá 

— Objeção! - interferi - O conselheiro Philip está sendo desprimoroso para com as pessoas que moravam na Ilha e que agora vivem na capital 

— Aceito 

— Tudo bem, eu reformulo minha frase - Philip disse - Esse tipo de coisa realmente não acontecia até um tempo atrás. O que será que está acontecendo? Devemos acreditar em alguém que é filha de uma das maiores vilãs que nosso povo já viu? 

— Objeção! - interferi novamente - O fato de quem Mal é ou não filha não implica em quem ela é 

— Reformulo! - Philip revidou, nem sequer esperando Ben se pronunciar - Devemos realmente acreditar em alguém que assumiu, diante de todos vocês hoje, que ainda pratica magia? Mesmo sendo ilegal em nosso reino? Além do mais que ela já havia entregado o livro de feitiços para a Fada Madrinha, uma representação clara de que não praticaria mais a magia, mas mesmo assim o fez 

Daquela vez ele tinha feito direito, não consegui o pegar em nenhum deslize de palavras, acho até que já tinha feito isso demais. Eles definitivamente não haviam se preparado o suficiente. 

— Eu chamo ao banco, a futura rainha de GoldLand, princesa Audrey 

Fiquei surpresa ao ver Audrey e percebi que Mal também havia ficado, mas isso já era esperado, afinal, ela é neta de Stefan. O que eu não sabia era que ela continuava na capital mesmo depois do término das aulas, já que é bem improvável que ela tenha viajo apenas para o julgamento. 

Audrey fez o juramento e depois foi sentar no banco de testemunhas. O olhar dela estava cravado em Mal e ela não fazia muita questão de disfarçar, só se voltou para Philip quando o mesmo começou a falar. 

— Princesa Audrey - ele iniciou - desde que seu avô deixou de ser rei, como tem sido sua relação com ele? 

Não acredito, ele vai mesmo usar a mesma tática que eu? Apelando para o emocional que foi encravado goela a baixo ao longo de muitas gerações? Isso chega a ser patético. 

— Desde que deixou o cargo de rei ele passou a ser mais dedicado a família, ficando bem mais presente na minha vida. A minha mãe já é adulta e como rainha tem muitos compromissos, então ele deposita o lado paterno dele em mim, ele costumava me chamar de "princesinha" - pa-té-ti-co - mas no último ano ele ficou muito fonte, os médicos ainda não tem uma explicação para o caso dele, mas acreditam que isso se deve aos anos que eles trabalhou a serviço de GoldLand e de Auradon - Mal olhou para mim preocupada, mas eu a tranquilizei com o olhar - por isso que ele não pode estar aqui hoje, já que mau consegue levantar da cama 

— E como neta dele Audrey, acredita que Stefan seria capaz de fazer o que foi aqui apresentando pelo ataque? 

— Não - Audrey disse com superioridade na voz - meu avô é uma pessoa muito bondosa e carinhosa, que encanta todos a sua volta e é realmente muito triste que, mesmo doente, ele ainda tenha que passar por uma acusação como essas 

— Muito obrigado Audrey, você pode descer agora 

— Para finalizar, venho novamente a questionar não só os conselheiros aqui presentes, mas também toda a população de Auradon que nos assisti ao vivo de suas casas. Já sofremos tanto com magia, muitas pessoas perderam amigos e até parentes próximos por conta de feitiços irreversíveis, será que devemos confiar em algo que tem sua provas embalçadas justamente em magia? Acredito que vocês farão a escolha certa - Philip terminou com toda a atenção que ele ama - Encerro a defesa 

Ben bateu o malhete, indicando que a sessão havia terminado e que agora ele iria se retirar por duas horas com os conselheiros - exceto eu e Philip - e a Fada Madrinha, para entrarem em um consenso. Depois disso eles irão retornar com a decisão final. 

Após a saída deles, todos que estavam no tribunal levantaram-se e começaram a conversar. As câmeras pararam de gravar e Doug e Jay finalmente foram liberados da sala de testemunhas. 

— Acha que fomos bem? - Mal perguntou 

— Mais do que bem - eu disse - nós seguimos o plano a risca e tudo saiu como esperado, quer dizer, quase tudo. Não tem com o que se preocupar 

— Ela ainda tá aqui? - Mal perguntou, referindo-se a mãe

— Eu não sei, se está não a deixaram vê-la 

— Mas e se nós perdermos amanhã? Não deixaram que eu a veja? 

— Nós não vamos perder, tá? Seja positiva - a confortei 

— Certo, mas e se... 

— Você vai poder ficar com ela por algumas horas - a interrompi, dando logo a resposta que ela queria 

Mal fez positivo com cabeça, ela parecia bem tensa então a encorajei a irmos conversar com o Doug e com o Jay, afinal, não havia mais nada que pudesse ser feito naquele momento, além de aguardar a palavra final do rei que, mesmo do nosso lado, tem que seguir a lei e prezar pelo bem maior. 

DUAS HORAS DEPOIS 

** Pensamentos da Mal **

Minha respiração com certeza não estava no ritmo certo e o meu coração batia de forma acelerada. Eu queria poder correr e gritar o mais alto que minha garganta me permitisse, mas ao mesmo tempo tinha que me manter o mais calam possível ou pelo menos aparentar que estava calma. 

Eu esperei tanto tempo por aquele julgamento e agora ele já tinha acontecido, não conseguia sequer acreditar. Evie havia me trago um pouco de água com açúcar, mas não adiantou de muita coisa, minha mãos estavam até geladas, que estava suando frio. 

Quanto mais eu me focava no presente, mais lembrava de coisas do passado, como quando quebrei meu braço e minha mãe passou a noite inteira acordada ao meu lado ou quando consegui ler sozinha pela primeira vez, eu também estava com ela. Os natais que passei ao seu lado, junto com Evie, a tia Regina, o Carlos, o Jay, o tio Jafar e a tia Cruella, enfim, toda nossa família, mesmo tendo muito pouco, nós éramos muito felizes. 

Foi quando o Ben finalmente entrou no tribunal e foi para o seu lugar, o mais alto de todos. Atrás dele vieram os conselheiros reais e a Fada Madrinha, eu gelei, mas me mantive de pé. A ansiedade percorrendo minhas veias e as queimando aos poucos. Mas, antes que qualquer coisa fosse dita, outra pessoa também entrou. 

Malévola entrou acompanhada por dois guardas, ela estava algema e olhou diretamente para mim. Eu fiquei sem reação, mas eu sabia que em seu olhar, ela dizia "oi, querida", como ela sempre faz. Eles a colocaram sentada em uma cadeira ao centro do tribunal. 

Ben bateu o martelo, fazendo todos se calarem e olharem para ele. Havia chegado a hora. 

— Dado o exposto e tendo em vista as provas apresentadas - Ben iniciou - além dos discursos de defesa e de ataque. Eu, a Fada Madrinha e os membros do conselho que não participaram como advogados, chegamos a um consenso 

Meu coração batia cada vez mais rápido que eu podia até ouvi-lo, minha respiração chegava a falhar vez ou outra. Cruzei os dedos e respirei fundo, mantendo os ouvidos bem abertos. Evie até segurou minha mão, tentando me passar um pouco mais de conforto. 

— Declaro Stefan Gulliver, ex-rei de GoldLand - Ben continuo 

Respirei fundo e fechei os olhos. 

— Culpado pelos crimes de assassinato, uso ilegal de magia negra e traição a coroa

Não consegui me segurar, foi muita emoção. Me sentei na cadeira que estava atrás de mim e me derramei em lágrimas. Evie passou a mão pelos meus ombros e me abraçou apertado, enquanto  comemorava: "Nós vencemos, Mal! Nós vencemos querida!". Eu retribui seu abraço, ainda em lágrimas. 

Jay veio correndo até nós e me deu um abraço, me rodopiando no ar. Eu ri de seu gesto, pensando em como eu era sortuda de ter amigos tão incríveis. Dou também apareceu e deu um beijo em Evie, em seguida me abraçou com um solene: "Parabéns Mal, você merece". 

Eu olhei para Ben e, mesmo que não pudéssemos nos falar ainda, ele estava olhando de volta e me presenteou com um sorriso enorme, como se dissesse: "Parabéns, você merece". Eu retribuiu com outro sorriso, mesmo que coberto por lágrimas. 

Algumas pessoas do tribunal tão comemoraram, enquanto outras saíram com cara de poucos amigos. Mas aquilo já bastava, nós havíamos conseguido justiça para Malévola, Antonie e Joseph, meu coração já estava mais tranqüilo. É claro que teremos a votação e isso ainda é algo que me assusta, mas se vencemos hoje? O que nos impede de vencer amanhã? 


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Notas finais do capítulo

Capítulo enoooorme! E então, o que acharam? Eu não faço direito e não tenho NENHUMA experiência na área, apenas dei o meu melhor para que a leitura fosse agradável e divertida. Não levem a serio nada do que foi escrito, não é um processo de verdade, é apenas uma fanfic. Espero que tenham gostado e não esqueçam de comentar, beijos!



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