Two Worlds - Dois Mundos escrita por HuannaSmith


Capítulo 17
O Julgamento - Parte 1 (OPAM)


Notas iniciais do capítulo

Sim, teremos duas partes 0/



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** Pensamentos da Princesa Isabel **

Agui puxava minha mão com entusiasmo, me arrastando pelo gramado leste do campus. Nós já estávamos bem longe da escola e estava de noite, a lua já começava a aparecer no céu estrelado, então tive que inventar uma desculpa para fugir dali e salvar minha vida.

— Olha Agui... já tá bem tarde e minha mãe disse que ia ligar para o telefone do dormitório, então eu acho que vou indo. Boa...

— Isabel - ele finalmente parou de andar - nós já chegamos

Olhei ao redor e não havia nada além de grama e uma enorme árvore - que parecia ser bem antiga - nenhum banheiro ou quadra, não tinha certeza sequer se aquilo ainda fazia parte da escola. Eu sabia que devia ter seguido as normas de segurança e não ter aceito ir até ali com um completo desconhecido.

— Que legal - fingi entusiasmo - agora que conheci seus amigos, acho melhor voltar para o dormitório

Me virei para sair correndo dali, mas Agui segurou meu cotovelo, me fazendo virar e encarar seus grandes olhos azuis, que me olhavam confusos. Droga, ele realmente acreditava que aquilo é real, era pior do que o que eu tinha pensado. 

— Espera - ele pediu - não acha que eu tô mentindo pra você, né?

— Não... é claro que não - soltei um riso abafado - mas o que, exatamente, eu deveria estar vendo?

Comecei a desejar que ele não dissesse dragões ou coisa do tipo. Por que o único garoto que resolveu ser meu amigo tinha que ser lunático? Minha mãe tinha razão, a capital é um lugar esquisito e, definitivamente, não é só pelo fato de terem banido a magia, a população daqui também não é muito... normal. 

— Bem, nada - ele respondeu e eu respirei aliviada, por ele não ser louco - pelo menos não ainda

— Ainda?

Agui deu um passo para frente e contemplou a enorme árvore, até aquele momento as coisas continuavam esquisitas e eu me mantinha a uma distância de dois passos. Foi quando ele estendeu as mãos, com as palmas para cima, e fechou os olhos. 

Eu dei um pequeno passo para frente, apenas o suficiente para enxergar o que ele estava fazendo, meus olhos brilhavam de curiosidade. Além de minha mãe, nunca vi nenhuma outra pessoa fazer magia, pelo menos não assim tão de perto. 

As mãos de Agui começaram a ficar mais brancas do que o normal, criando pequenas rachaduras em sua pele, como se ele estivesse... congelando. E acredito que era isso mesmo que estava acontecendo. Até que ele bateu uma palma na outra e, do choque, surgiu uma pequena fumaça azul, tão brilhante que me prendeu no momento que a vi. Era lindo. 

Agui olhou para mim e deu um sorriso, orgulhoso de si. Em seguida ele direcionou a fumaça para frente, atingindo a árvore e banhando-a de magia. E bem ali, onde antes eu acreditava não existir nada, a magia de Agui fez com que as raízes pesadas saíssem do solo, espalhando terra e rasgando a grama. 

Eu dei um passo para trás, perplexa com o que estava acontecendo bem na minha frente. Agui recolheu as mãos, que não estavam mais congeladas, e virou-se para mim com um sorriso. Eu definitivamente não conseguia acreditar naquilo. De baixo das raízes - que continuavam a sair da terra, sem parar - surgiu uma pequena casa, com janelas baixas, que parecia ser feita da própria árvore. 

— Quer entrar? - ele perguntou - E conhecer os meus amigos? 

Fiz positivo com a cabeça, quase que instantaneamente, aquele lugar cheirava a magia, exalava magia em todas as direções, uma das coisas mais linda que eu já vi em toda a minha vida. Só de estar ali perto, já me sentia mais forte, vitalizada e confiante. Sentia meu poder percorrer meu corpo com mais rapidez, me sentia profundamente... viva. Segurei na mão de Agui e ele me levou para a porta. 

Quando finalmente entrei, foi outro choque. O lugar era enorme! Mas como? Parecia tão pequeno do lado de fora... Várias pessoas caminhavam de um lado para o outro, conversavam e riam, outros pareciam sérios e pensativos. Haviam mesas e pequenas poltronas, todos tinham seus lugares e usavam seus poderes sem medo algum. 

Um menino, que estava em pé com alguns amigos, fez surgir uma rosa de seus dedos, primeiro as pétalas e depois o caule, como se ele fosse a própria terra! Depois entregou para uma menina de cabelos incrivelmente pretos, que sorriu com o gesto. Um outro, que estava mais a esquerda, estralou os dedos e fez surgir uma pequena chama de fogo, depois bateu as mãos e fez a mesma desaparecer. 

Até que uma menina, com postura reta, exalando superioridade, se aproximou e brigou com eles. 

— Luccas! - ela gritou - Se quer colocar fogo nas coisas, faça isso lá fora 

O menino, que agora sabia que se chamava Luccas, sorriu sem graça e pediu desculpas, abaixando a cabeça e saindo de fininho junto com os outros amigos. A menina, que tinha botado "ordem na bagunça", começou a conversar com um outro garoto de pele negra e cabelos escuros, ele tinha uma prancheta nas mãos. Posso até estar equivocada, mas acredito que seja ela quem manda por aqui. 

Outra menina, de cabelos cacheados e pele negra, com um sorriso brilhante, se aproximou de Agui e segurou em seu braço. Que ótimo, ele tinha namorada, estava bom demais para ser verdade. 

— Oi Nina - Agui a cumprimentou 

— Acho que encontrei um jeito de concertar o seu staff* - "Nina" disse empolgada - também posso dar uma melhorada, se você quiser é claro 

*Nome americano para o cajado 

— Quero sim, obrigada Nina

Agui entregou a ela aquela coisa de madeira que ele estava carregando desde que começamos a conversar. Então aquilo se chamava "staff", mas ainda não tinha a menor ideia do que fazia, para mim era apenas um pedaço de madeira encurvado na ponta, mas para eles parecia ser algo bem importante. 

— Quem é ela? - Nina perguntou, me olhando com curiosidade 

— Meu nome é Isabel - respondi - muito prazer 

— Ela é nova - Agui informou 

— Então é melhor você ir apresenta-la logo, sabe como a  faísca fica estressada quando quebramos as regras 

— Se ela te pegar a chamando assim, não vai sobrar nem o pó pra contar a história - Agui disse rindo, por mais que eu achasse que existia um fundo de verdade naquilo 

Nós nos despedimos de Nina e Agui segurou minha mão, ele adora me arrastar para os cantos. Cada passo que dávamos, aquele lugar parecia ainda maior, como isso é possível? Depois de me fazer esbarrar em umas cinco pessoas, Agui finalmente parou e soltou meu braço, passei as mãos por minha roupa, verificando se tudo estava no lugar. 

Quando levantei a cabeça, tirando minha franja do rosto, dei de cara com a menina que tinha feito quatro garotos baixarem a cabeça e sairem, sendo que um deles conseguia fazer fogo com as mãos. O cabelo dela era ruivo e seus olhos eram uma mistura de verde e mel, seu olhar era profundo e intimidador, ela quase me fez baixar a cabeça sem dizer ao menos uma palavra. 

Ela usava uma jaqueta de couro preta e uma calça jeans colada, estava de braços cruzados e me olhava dos pés a cabeça, sem fazer questão alguma de disfarçar. Agui tinha razão, eles realmente não ensinam isso na Auradon Prep. 

— Bernice, essa é a princesa Isabel - Agui me apresentou 

— Princesa? - ela indagou, pegando uma prancheta em cima da mesa e lendo - Não tem nenhuma princesa na lista 

— Pois é... ela meio que... esqueceu de se inscrever 

Bernice deixou a prancheta sobre a mesa novamente e levantou o olhar em nossa direção, parecia até que iria nos bater. Mas Agui não parecia intimidado, ele continuava com o sorriso idiota no rosto. Será que ele não tem medo de morrer? 

— Você conhece muito bem as regras, se não se inscreveu, não deveria nem sequer estar aqui - ela disse 

Eu estava para dizer "tchau" e sair correndo pela porta, o problema era que eu não tinha muita certeza do caminho de volta para a escola, mas tanto faz, se ela continuasse me olhando daquela maneira, eu sairia correndo mesmo assim. 

— Pois é - Agui disse - mas ela é filha da Rapunzel, é um dos clássicos 

Bernice me olhou novamente, como se estivesse me analisando de novo, pensando se deveria ser piedosa e me deixar viva ou se arrancaria minhas vísceras ali mesmo, na frente de todos. 

— Então tá, ela pode ficar - ela foi piedosa, fazendo Agui ficar animado e abrir mais um sorriso - só que uma condição, você vai ficar responsável por ela 

— Mas é claro, eu já ia fazer isso, você não terá que se preocupar com nada - Agui disse 

— É o que eu espero - Bernice disse, se retirando 

Quando ela já estava a uma distância segura e sabia que não iria escutar nada que eu dissesse, segurei Agui pelo braço, como ele tinha feito desde que chegamos ali, e falei o que queria dizer, mas que não tinha feito pois tenho amor a minha vida. 

— Quem é ela?! - perguntei 

— Quem? 

— A menina que quase me matou com os olhos!

— Ah sim... a Bernice, é ela quem cuida de tudo por aqui - ele explicou - o pessoal chama ela de faísca, mas ela não gosta nada desse apelido, então jamais a chame assim, pelo menos não na frente dela 

— Faísca? Por que? - perguntei confusa 

— Ah é, você não conhece nada por aqui, né? Bernice é filha do semi Deus Hercules e da Mégara, ela acabou herdando uma parte dos poderes do avô e sabe como é né... não é nada legal quando ela se irrita 

Fiquei perplexa ao ouvir aquilo, ela era mesmo a neta do rei dos deuses? A cada minuto que passava eu me sentia mais confusa, empolgada e enjoada. Aquele lugar era incrível, todas aquelas pessoas usavam de suas magia ali sem precisar se esconder ou se sentirem mau por isso. Essa tal de OPAM é maravilhosa. 

— Vamos lá - Agui disse, segurando meu braço de novo 

— Pra onde agora? Por acaso você vai me levar para Hogwarts? 

— Não seja boba - Agui riu - esse lugar não existe 

Eu ri e apenas deixei que ele me levasse, todos estavam indo para o mesmo ponto, então acho que era seguro. No fundo daquele enorme... esconderijo? Havia uma porta de madeira, nós passamos por ela e encontramos um pequeno gramado logo atrás, com arbustos e em baixo de um enorme céu estrelado. Aquilo era real? 

— Ainda estamos em Auradon? - perguntei 

— Quem é que sabe? - Agui disse, com um sorriso 

Haviam várias bancos  dispostos de um jeito que formavam um circulo. Agui estendeu a mão para mim e eu a segurei, nós sentamos juntos, um ao lado do outro. Ele estava visivelmente animado com aquilo. 

As outras pessoas começaram a ocupar os outros lugares, até que não sobrou mais nenhum, as poucas pessoas que sobraram ficaram de pé ou sentaram-se na grama. Bernice, que até então não estava entre nós, surgiu com um banco nas mãos, ela posicionou o mesmo em um dos cantos do enorme circulo, em uma posição de destaque, e se sentou. 

Agora eu entendia porque ela era a líder, não poderia ser ninguém mais. A postura incrível, a voz autoritária, o olhar intimidador e a incrível genética que a precedia, a faziam ser uma das pessoas mais poderosas que eu já conheci em toda minha vida. Ela também me dá um pouquinho de medo. 

— Fique olhando - Agui disse com entusiasmo - logo vai entender o que fazemos aqui 

— Mas eu achava que você era novato, como sabe tanto? - indaguei 

— Eu sou novato na escola Isabel, não na OPAM 

Depois de responder minha pergunta, Agui voltou o olhar para Bernice, eu fiz o mesmo. 

— Hoje será a reunião de apresentação dos novos membros - Bernice iniciou o que me parecia um discurso 

O pessoal começou a bater palmas e assobiar, Agui me empurrou de leve, tentando me fazer entrar no clima. Eu ri e também bati palmas, por incrível que parecesse, eu estava feliz. 

— Para os recém chegados, inscritos ou não - ela direcionou o olhar para mim, me fazendo encolher os ombros 

Agui, pelo contrário, deu uma risada escandalosa, fazendo alguns próximos a nós rirem também, mas não do que Bernice disse e sim do próprio Agui. Nunca pensei muito na definição da palavra felicidade, mas se alguém me perguntasse hoje, eu definiria simplesmente como: Agui.

— Nós somos apenas uma, das trinta e quatro sedes da OPAM, espalhadas por toda Auradon - Bernice continuou

— Trinta e quatro? - sussurrei para Agui, supresa com um número tão grande, ele apenas fez positivo com a cabeça, confirmando 

OPAM é a nossa sigla para Organização de Proteção aos Adeptos de Magia - ela disse com um sorriso, finalmente a vi sorrir - meu nome é Bernice e sou a responsável por essa sede, instalada literalmente no subsolo da Auradon Prep, existem outras ainda dentro da capital, as quais visitamos ás vezes, mas em geral, nos encontramos aqui - Bernice tinha uma dicção perfeita e também gesticulava com as mãos enquanto falava - Nós também temos várias regras que regem nosso sistema, mas isso vocês irão aprender com os veteranos, não se preocupem. O mais importante agora, é que vocês sintam-se acolhidos e não tenham medo de perguntarem nada, apesar de ser uma semi Deusa, eu não mordo. Bem... não sempre 

Todos começaram a rir, inclusive Bernice. Eu também ri, mas prefiro não testar se quilo era apenas uma brincadeira ou não, por via das duvidas é melhor só ficar no meu canto, né? 

— A OPAM foi criada pouco depois da primeira lei que proibia o uso de magia, por pessoas que, assim como nós, simplesmente não podiam viver sem seus poderes. Não importa se você faz uma folha desaparecer ou se consegue destruir um reino inteiro com um só sopro, todos são igualmente importantes, pois todos nós nascemos da forma mais pura forma de magia que existe, o amor - aquilo fez eu me arrepiar - todos nós sabemos como as pessoas lá fora nos olham, como nos julgam quando estamos em algum lugar. Muitos de nós nasceram aqui na capital e simplesmente não podem usar seus poderes lá fora, outros que nasceram em reinos adeptos de magia, que ainda podem usar seus poderes sem serem presos ou sentenciados a morte, mas não o fazem pois sabem que a população iria massacra-los - Bernice falava com tanta intonação, tanto poder na voz, que me fez acreditar que ela já tenha passado por alguma situação difícil com seus poderes - o meu trabalho é fazer que aqui vocês não se sintam excluídos, que, pelo contrário, sintam-se acolhidos e amados. Pois ninguém aqui tem vergonha de mostrar seus poderes, não é mesmo?

Todos começaram a gritar e assobiar, alguns bateram palmas. As palavras de Bernice os atingia da mesma forma que atingia a mim, os dava confiança e os deixava mais forte. Uma líder incrível.

— É isso mesmo - ela disse com um sorriso - a única coisa que peço em troca é a mesma confiança que deposito em vocês todos os dias, pois somos uma grande família, bem diferente do tradicional chato, mas uma família. E lembrem-se sempre: nós lutamos hoje aqui em baixo, para que um dia possamos lutar lá em cima!

Me arrepiei novamente, com aquele discurso maravilhoso. As pessoas gritaram e esbravejaram, levantando-se dos bancos e abraçando umas as outras. Não pude evitar de rir de tudo aquilo. Agui também ficou de pé e cumprimentou algumas pessoas, depois me puxou pela mão, fazendo com que eu levantasse e quase caísse no chão, e me abraçou apertado.

Todos continuaram rindo e conversando, não pareciam ter a menor intenção de voltar a sentar. A própria Bernice também não estava mais sentada, ela conversava com um garoto de pele negra e beijava seus lábios vez ou outra, ele parecia faze-la feliz.

— E agora? - perguntei para Agui

— Agora é a melhor parte - ele respondeu com um sorriso - a festa pós-reunião, com direito ao melhor show de mágica de todos os tempos

Eu tentei segurar, mas a piada tinha sido muito boa, me fazendo rir e ele também é claro, isso não é difícil para ele. Naquele momento uma música começou a tocar, olhei para o local de onde vinha o som e Nina havia posto um CD em uma enorme caixa de som.

Algumas pessoas já começaram a dançar, eles tinham uma energia contagiante, pois estavam todos felizes de estarem ali, radiantes e não se importavam em esconder nada. Uma coisa muito linda de se ver.

Agui começou a fazer uns passinhos na minha frente, mas mais parecia que ele estava tendo uma convulsão. Eu ri de sua tentativa de dança e ele me lançou um olhar, como se dissesse: "faz melhor".

Aceitei o desafio e comecei a balançar o quadril, acompanhando a melodia com os braços. Eu acho que fui bem, pois Agui ficou me olhando com cara de bobo e depois bateu palmas. Eu espero que Nina não fique chateada por eu estar dançando com o namorado dela, mas na verdade ela não pareceu se importar muito, enquanto dançava com o garoto do fogo.

— Agui - Bernice se aproximou ao lado do garoto de pele negra, que acreditei ser o namorado dela - todo mundo tá me importunando, então... por favor, faça a magia

Não entendi o que ela quis dizer com "faça magia", mas Agui parecia ter entendido, pois soltou um sorriso e fez positivo com a cabeça. Se bem que ele sorri pra tudo mesmo....

Agui deu passo para trás e eu vi suas mãos congelarem de novo, mas dessa vez o gelo cobria seus pulsos e um pouco de seus braços. O pessoal parou de dançar apenas para observa-lo. Será que o show havia começado?

Agui bateu as palmas e a fumaça azul surgiu novamente, só que dessa vez mais forte.

— Estenda sua mão - ele disse

Eu fiquei relutante se deveria fazer ou não, mas ele me transmite segurança, então o fiz. Agui colocou a mão dele, que estava mantendo a fumaça azul, sobre a minha e em seguida começou começou a erguer-la, o mais alto que conseguiu, e eu o acompanhei. Agui direcionou a magia para céu e, até onde eu consegui ver, ela continuou subindo até desaparecer. Eu olhei com a festa franzida, confusa se o feitiço havia dado certo ou não.

— Agora vem a melhor parte - Agui disse

Mas, antes que eu perguntasse o que era, um estrondo ecoou no céu, como a explosão que precede os fogos de artifícios. Em segundos pequenos flocos de neve começaram a aparecer e cobrir a grama verde. Eu peguei um em minhas mãos e estava perplexa, com o quão perfeito era tudo aquilo.

— Você fez nevar! - eu exclamei perplexa, enquanto segurava um floco de neve nas mãos

— E você derreteu meu floquinho - Agui fez um bico, referindo-se ao gelo que já tinha virado e água e escorria pela minha mão - mas tudo bem, eu perdoou você - ele riu

— Isso é incrível... - comentei, ainda incrédula com o que acontecia ao meu redor

A neve foi aumentando cada vez mais de volume e já começava a cobrir a grama quase por completo. As pessoas brincavam de jogar bolas de neve e riam bastante, ainda dançando ao som da musica escolhida por Mila.

E bem ali, naquele momento de felicidade e contemplação, uma bola de neve enorme voou em minha direção, eu protegi meu rosto com as mãos, mas ela acertou em cheio o meu ombro. Quando olhei para ver quem era o culpado, encontrei Agui assobiando e olhando para o céu.

É claro que eu revidei, nós brincamos disso por um bom tempo, depois o garoto do fogo descongelou tudo com um sopro e de quebra ainda acendeu uma fogueira. Alguns se despediram e foram embora, os outros que ficaram - incluindo eu e o Agui - sentaram em volta do fogo e se aqueceram, enquanto escutavam histórias uns dos outros.

— Nós estamos ansiosos para saber qual é o seu poder Isabel - o menino de pele negra, que aparentemente é o namorado de Bernice, disse 

— Não precisa de pressa Amin, Isabel ainda vai nos surpreender um dia - Berenice disse 

Fiquei um pouco envergonhada e dei apenas um sorriso, confirmando. Então o nome dele era Amin? É um nome diferente, mas muito bonito. 

— E qual o seu poder Amin? - perguntei, tentando tirar toda aquela atenção que estava sobre mim 

— Não tenho poder - ele disse sem ressentimentos - sou apenas... comum 

— Pra mim você não é nada como - Bernice comentou, o beijando em seguida

— Desculpe se fui indelicada, é que achei que todos da OPAM usassem magia 

— E usam - Amin disse - é que desde que eu e Bernice começamos a namorar, há dois anos atrás, ela me apresentou a organização e eu passei a ajudar, mas se não fosse por ela, eu continuaria sem saber da existência da OPAM

— Entendi - disse com um sorriso 

Amin e Bernice começaram a conversar um com outro e a se beijarem no meio das palavras, se é que me entendem. Agui segurava um graveto com um marshmallow na ponta, colocando-o no fogo. É incrível como mesmo me conhecendo há tão pouco tempo - pouquíssimo mesmo! - ele sabe exatamente o que se passa na minha cabeça. 

— Quer saber de quem ele é filho, não é? - Agui sussurrou para mim 

— Que? Não... - menti 

— Tudo bem, é um questionamento normal - ele disse tirando o marshmallow do fogo e testando a temperatura nos dedos - Amin é de um reino bem distante, Agrabah

— Eu já ouvi falar, é um reino bem rico e famoso 

— Pode até não parecer, por que é bem simples e não demonstra tudo isso, mas você está de frente para o herdeiro da rainha Jasmine e do rei Aladdin - Agui disse - ou é sultão Aladdin? Nunca sei a diferença  

— Mentira! Sério? 

— Uhum - Agui confirmou, devorando o marshmallow

— Meu Deus, que legal... 

Aquilo tudo era tão bom que quando eu e Agui voltamos para a escola, já estava quase amanhecendo. Nós nos despedimos com um abraço e depois cada um foi para o seu dormitório. Eu não podia estar mais feliz.

** Pensamentos da Mal **

Acordei com o toque incrivelmente irritante do despertador, o celular do Ben estava no criado-mudo e, do jeito que berrava, parecia querer acordar o mundo inteiro. Estiquei o braço e o desliguei.

Quase não dormi na noite passada, além da preocupação com o julgamento, não conseguia parar de pensar no que Rumplestiltskin havia dito sobre um acordo que ele fez no passado com minha mãe, no que ela havia dado em troca de... bem, da minha vida.

Cocei o olho e bocejei, quando olhei direito para onde eu estava, me dei conta de que era o quarto do Ben. O enorme lustre pendurado no teto e a cama de cordel, banhada a ouro, só comprovavam isso. Quando olhei para o lado, vi meu noivo com a cabeça deitada em um dos travesseiros, desfrutando de um sono tranquilo, ele estava sem camisa e o lençol cobria pouco mais que sua cintura.

A mão dele estava sobre minha barriga, ele ama fazer isso. Eu dei um pequeno sorriso, o observando dormir. Mas, por mais que eu quisesse ficar ali para sempre, o despertador havia tocado por um motivo, logo seria o julgamento.

Passei minhas unhas por sua nuca de levinho, depois passei para os cabelos, fazendo um cafuné em sua cabeça. Benjamin começou a formar um sorriso nos lábios, ainda de olhos fechado ele tateou minha barriga, apenas verificando seu eu ainda estava ali.

— Bom dia - eu disse, ainda acariciando seu cabelo castanho

— Bom dia, amor - ele disse, finalmente abrindo os olhos e me dando o que faltava para deixar aquele momento ainda melhor, um sorriso

— Temos que nos arrumar - disse, nada empolgada - vou ligar para Evie e para o Doug, apenas para confirmar se está tudo certo

— O julgamento... - Ben disse se sentando na cama e passando as mãos pelo rosto - Tá certo, acho que é melhor irmos nos arrumar logo

Dei um último beijo no meu noivo, antes de me levantar e sair pela porta. Eu juro que andei o mais silencioso possível pelo corredor, mas um velhinho, que conhece aquele castelo como a palma de sua mão, acabou de pegando.

— Aham - Lumière roçou a garganta, chamando minha atenção

Virei devagar e dei o meu melhor sorriso, mas ele já estava de braços cruzados e eu já me preparava para ouvir um sermão daqueles.

— Bom dia Lumière... ainda tá cedo, não é? Mas eu preciso me arrumar logo, o julgamento é hoje e...

— Você não me engana - ele me interrompeu - eu vi você saindo do quarto do Benjamin

— Ah viu?

— Sim, mas não se preocupe pois não contarei a ninguém - ele piscou um olho, me fazendo rir - vocês são jovens, tem mais é que aproveitar a vida

— Concordo plenamente com o senhor - disse com um sorriso

Mas, antes de você ir se arrumar, quero desejar boa sorte para você. Eu vou estar lá assistindo tudo e torcendo por você - Lumière disse com sinceridade no olhar - não me culpe por não achar sua mãe muito... confiável, mas eu acredito em você e se está lutando com tanta garra por isso, é por que tem um motivo

— E tem mesmo Lumière - disse - muito obrigada

Me despedi do senhorzinho mais querido da minha vida e segui para o quarto. Graças a Deus não encontrei mais ninguém. Quando entrei no meu closet, senti um pequeno arrepio, eu sabia exatamente o que deveria vestir, o terninho já estava preparado há dias, mas ao mesmo tempo eu não fazia ideia do que estava fazendo. Eu estava me arrumando para o julgamento ou para o velório da minha mãe? E aquela insegurança só aumentava o medo que existia dentro de mim, mas, ao mesmo tempo, me dava mais força para lutar. Não importa como, vou trazer justiça para Malévola.

 

CONTINUA

 

# APRESENTAÇÃO DE PERSONAGENS #

* Bernice— Filha mais velha de Hércules e Mégara, neta do rei dos Deuses: Zeus. Ela também é a líder de uma das sedes da OPAM

* Príncipe Aguidar (Agui)  - Filho mais velho da rainha Elsa e do Jack Frost. Futuro rei de Arendelle e definido pela princesa Isabel como a própria definição da palavra "felicidade". Ele controla o gelo como a mãe e ultima também um cajado (staff) como o pai. 

* Princesa Isabel— Filha unica da rainha Rapunzel e do rei Flynn Rider. Herdou a magia da mãe e está se preparando para ser a futura rainha de seu reino. Apesar de tímida, Isabel tem um grande coração e sempre procura ajudar as pessoas a sua volta. 

* Príncipe Amin — Filho do rei Aladdin e da rainha Jasmine, ele é o herdeiro único de toda Agrabah e será rei um dia. Diferente de sua namorada, Bernice, Amin não tem poderes, mas a ajuda na sede da OPAM escondida no subsolo da Auradon Prep. 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Vou fazer de tudo para postar a parte dois ainda hoje, acredito que sairá pela noite. Tenho uma perguntinha pra vocês: vocês conseguem ver as imagens direitinho? As que eu coloco nos links das palavras? Porque elas são muito importante. Beijos e até mais tarde.



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