Hogwarts, abril de 1975

Marlene McKinnon

Fazia uma semana desde o dia que Sirius e eu conversamos no corredor mas parece que agora eu encontro ele em qualquer lugar. Não que eu já não encontrasse porque como somos da mesma casa e temos basicamente as mesmas aulas, nós nós víamos bastante, mas agora parece que em TODO lugar que eu vou, ele está lá. O encontrei até na entrada no banheiro da murta-que-geme!

—Aaaaaaa! - Gemi de exasperação me jogando ao lado de Dorcas no sofá.

—O que foi, Lene? - Ela disse me olhando por cima da revista “Acasos da magia”.

—Não aguento mais! - Eu disse pegando uma almofada no colo. - Sirius Black está em todo canto! Não aguento mais encontrar com ele!

Dorcas começou a rir e deixou a revista de fofocas de lado, aliás não sei porque ela lê aquele lixo, todo mundo sabe que a Josie Skeeter só escreve mentiras.

—Bem que o Remus disse… - Ela falou mexendo nos cabelos loiros que estavam com fitas coloridas. Todo dia um penteado legal e diferente estreando Dorcas Meadowes.

—O que o Remus disse? - Eu perguntei suspeitando. O que o Sirius estava aprontando?

—Bom, o Sirius pode ter mencionado na semana passada que teve uma conversa com você que não conseguia tirar da cabeça…

—Uma conversa comigo? Ele mencionou o teor da coisa? - Será que ele viu que eu estava gostando dele e contou pros amigos?

—Rem não me disse. - Ela disse encolhendo os ombros. - Só disse que vocês tinham conversado e ele não conseguia tirar aquilo da cabeça. Os meninos acham que ele está gostando de você.

—Doe não se iluda, a única pessoa que Sirius Black gosta é ele mesmo! - Eu disse e me levantei. Eu sabia que o que eu disse era mentira já que vi como Sirius amava os amigos e os Potter, mas Sirius era um galinha e ele não ia mudar só porque conversamos por algumas semanas. Atravessei a sala comunal e vi os marotos descendo as escadas. Assim que o meu olhar encontrou com o do Sirius senti meu corpo formigar e fugi rapidamente indo em direção ao jardim.

Enquanto atravessava o castelo ouvi passos atrás de mim e já sabia exatamente quem era, mas não parei nem olhei pra ter certeza. Só parei de andar quando cheguei à cerejeira que ficava do lado esquerdo do lado, que por acaso era minha árvore preferida e eu sempre sentava embaixo dela para estudar ou pensar na vida. Mas agora parece que não vou ter paz.

—O que você quer, Sirius? - Perguntei e fiquei surpresa por notar como eu parecia cansada. Me senti no chão e ele sentou do meu lado.

—Não consigo pensar numa resposta boa pra sua pergunta. - Ele disse e parecia tão cansado quanto eu.

—Então quer dizer que você pensou em uma resposta ruim? - Eu perguntei e finalmente parei para olhar pra ele.  Os cabelos longos e negros, os olhos que pareciam ser cinza estavam cheios de olheiras e a barba por fazer. Sirius estava charmoso como sempre, mas parecia extremamente cansado.

—Porque você parece tão cansado? - Eu perguntei e vi que ele deu um sorrisinho e ajeitou as vestes caras que ele usava.

—O Remus está doente e digamos que ele não consegue dormir então passamos a noite acordados com ele.

—Nossa, o que ele tem? Que tristeza adoecer bem em cima do NOMs! - Eu disse pensando em como a Lily estava enlouquecendo no quarto de tanto estudar, e pelo que eu sabia do Remus ele era do mesmo jeito, devia estar uma pilha.

—Ah ele tem um probleminha peludo. - O Sirius riu e mudou de assunto antes que eu pudesse pedir pra ele explicar direito. - Mas eu tenho sim uma resposta ruim.

—E qual seria? - Eu sentia meu coração disparar. Ele me olhou e eu finalmente encontrei o olhar dele. Porque ele tinha que ser tão lindo?

—Eu… Bem…. Digamos que eu esteja pensando bastante em você ultimamente… E talvez… Talvez isso tenha me assustado… - Eu nunca tinha visto o Sirius nervoso. NUNCA. Já o vi com raiva, triste, feliz, mas nunca havia visto ele demonstrar um pingo de insegurança.

—Pensar em mim te assustou? - Eu perguntei tentando encontrar o olhar dele mas ele olhou firmemente pro lago.

—Nunca pensei tanto em alguém na minha vida. - Ele disse sério e meu estômago se agitou. Ah meu Deus, será que isso significava o que eu achava que significava?

—E o que você pretende fazer sobre isso? - E ele finalmente me olhou e quando eu o encarei, ele sorriu e me beijou. E meu Merlin, que beijo!

Hogwarts, abril de 1975

Marlene McKinnon

Era a última semana de abril e Sirius e eu estávamos ficando a uma semana mas que parecia uma vida. Passávamos o dia inteiro juntos já que estávamos sentando juntos nas aulas e passávamos a maior parte do tempo fora delas em salas vazia e armários de vassoura. Estávamos sentados no sofá no fundo da sala e ele estava me contando de como a mãe dele queimou o nome dele na tapeçaria da família até que fomos interrompidos por uma Dorcas saltitante.

—Gente tenho um presente pra vocês! - Ela disse sentando no pufe na nossa frente. Ela saltitava o tempo todo agora e as trancinhas balançavam com ela. Sério, de onde será que ela tira todos esses penteados?

—O que foi, Doe? - Perguntei enquanto o Sirius se deitava no meu colo.

A Dorcas tirou dois papéis do bolso e quando nós entregou percebi que eram fotos. Nossas. De agorinha. Na foto eu estava olhando fixamente pro Sirius e assentia com a cabeça enquanto ele falava algo e eu sabia que foi no momento que ele disse que a mãe dele mandou a foto da tapeçaria com o nome queimado. Então notei que o olhar dele também estava fixo em mim. Sorri e vi que ele também sorria olhando pra foto.

—Não sabia que era fotógrafa, Dorcas. - O Sirius disse olhando pra ela. - Ficaram muito boas.

—Essa é a primeira vez que você fala sério perto de mim Sirius. - Ela disse rindo. - Será que eu devia tirar foto desse momento?

—Não tente, querida, o momento já passou e se eu não me engano alguém que você realmente quer conversar acabou de descer as escadas.

Nos viramos e vimos Remus descer as escadas com vários livros empilhados no colo. Ele estava pálido e bem magro, mas parecia melhor que semana passada.

—Ah bem, eu vou ver se ele precisa de ajuda com os livros - Ela disse enquanto levantava.

—Dorcas, espera! - Eu disse e Sirius reclamou que gritei no ouvido dele. - Será que você poderia me emprestar sua câmera?

—Claro, só um instante! - Ela disse e foi buscar na mochila.

—Pra que você quer a câmera dela? - Sirius disse me olhando. Ele brincava com meus cabelos, que, de acordo com ele, eram os cabelos mais lindos que ele já viu.

—Nunca se sabe quando você vai precisar registrar algo memorável. - Ele riu e disse:

—Posso fazer umas coisas bem memoráveis com você. - E me beijou. Por Merlin, esse garoto ainda me enlouquece.

Hogwarts, maio de 1975

Marlene McKinnon

Era o 1º dia de maio e tomo o quinto ano do castelo estava desesperado já que os NOMs começariam na próxima semana. Lily estava se descabelando e passava cada segundo do dia estudando, tentámos fazer com que ela tomasse um banho de banheira pra relaxar mas ela acabou levando uns livros e estudou durante o banho. A Dorcas estava do mesmo jeito, ela e o Remus passavam o dia todo nos jardins estudando. Os únicos que estavam relaxados eram, não surpreendentemente, Sirius, James e eu.

Eu estava no jardim rindo da cara de desespero dos alunos que tentavam aprender o conteúdo de anos em uma semana quando um bilhete veio flutuando até mim. Olhei ao redor mas não havia nem sinal do remetente.

—Mas que diabos… - Eu disse enquanto abria o bilhete e sorri quando reconheci a letra.

“Marlene McKinnon, você está sendo intimada a comparecer à sala do lado da de história da magia hoje às 21 horas. Sem desculpas. Venha preparada para algo memorável.

Do incrível dos incríveis, Sirius Orion Black”

Sorri e me levantei preparada. O que o Sirius estava aprontando?

Eram 20:45 quando eu desci a escada da sala comunal, que graças a maratona de estudos, estava bastante cheia, mas felizmente estavam todos muito ocupados para reparar na minha saída. Entrei na sala indicada  assim que o relógio bateu 21 horas e quase tive um infarto. Estava toda escura mas no meio da sala estava um sofá rodeado de velas com um Sirius Black sentado.

—Achei que não vinha mais. - Ele disse enquanto eu me aproximava. Vi que a gravata dele estava no chão e que havia uma garrafa de whisky de fogo do lado.

—Cheguei exatamente às 21. - Eu disse tirando meus sapatos e me sentando do seu lado.

—Estou aqui te esperando a tanto tempo que parece uma eternidade. - Ele disse enquanto se aproximava e eu sorri com o pensamento.

—Parece que você não estava acostumado a esperar. - Ele só sorriu e se aproximou mais.

—Por você vale a pena. - E me beijou.

Hogwarts, maio de 1975

Marlene McKinnon

Os NOMs haviam começado e até eu estava apreensiva. Era mais difíceis do que eu imaginava. Mas nem meu nervosismo com as provas conseguia me abalar tanto porque agora tudo andava nas nuvens com o Sirius. Ele não havia me pedido em namoro mas era basicamente o que tínhamos agora. Estavamos sempre juntos e não ficávamos com mais ninguém.

Certo, de fato tivemos uma pequena briga no salão comunal na semana passada porque o idiota do Samuel Collins veio dar em cima de mim e o Sirius ficou furioso, o que causou uma mega briga onde eu o chamei de idiota prepotente e ele se enfezou e foi embora, o que deu assunto pra todo mundo falar o fim de semana inteiro, mas como sou uma pessoa madura, fui falar com ele pra resolver a situação e acabei descobrindo algo que eu nunca imaginaria. Sirius Black é muito ciumento!

Ele confessou que inclusive parou de falar comigo por ciúme do Samuel e tudo aquilo. Ri bastante da cara dele, o que fez com que ele ficasse um pouco mais chateado, mas depois o enchi de beijos e só mandei na lata:

—Sirius eu nunca olharia pra ele. Não sei como não percebeu ainda.

—Não percebi o que? - Ele disse enquanto fazia birra fingindo que ainda estava chateado.

—Não percebeu que eu estou apaixonada por você. - Nem eu esperava dizer isso mas quando eu vi, a merda já tava feita. Mas pra minha felicidade ele só sorriu e me beijou. Eu sei que ele sente o mesmo por mim mas não consegue falar e eu estou disposta a esperar.

Então depois disso estamos cada vez melhor e eu não podia estar mais feliz. Estava sentada no dormitório olhando pra minha foto preferida. Tinha sido tirada no dia da minha primeira vez, uma semana atrás. Eu e o Sirius estávamos sem roupas e com os cabelos bagunçados e entrelaçados, mas parecíamos em êxtase. Era incrível. Depois dos NOMs vamos pra casa e felizmente ele mora com o James que é meu vizinho, então vamos passar as férias juntos. Acabei escrevendo uma carta me declarando pra ele e a guardei junto com as fotos no meu caderno. Vi que era hora do jantar e guardei o caderno pra descer. Eu estava feliz, estava tudo como eu queria. 

Casa da Marlene, verão de 1975

Lily Evans

—Então foi isso. - Lene concluiu a história suspirando. - Parece que eu não devia ter deduzido que estávamos em algo mais sério quando na verdade não era nada demais.

Me senti horrível. Como aquilo tudo podia ter acontecido bem debaixo do meu nariz? Mas não era hora pra me arrepender dos erros, era hora de dar uma jeito nessa situação toda.

—Lene, ele te deu toda a abertura do mundo pra achar isso. Eu me lembro da briga de vocês na Sala comunal e se aquilo foi ciúme, foi um grito de "EU GOSTO DE VOCÊ!". Mas se ele tem medo de admitir os sentimentos complica... 

—Eu não sei o que fazer, Lils, nunca estive nessa situação... - Ela enxugou as lágrimas e se levantou. - Vou tomar um banho e me afogar na banheira por um tempo. 

Depois que ela subiu continuei sentada na escada pensando. O que eu poderia fazer pra que o Sirius perdesse o medo de relacionamentos? Estava tão perdida em pensamentos que não vi o James se aproximar, só notei a existência dele quando ele sentou ao meu lado. 

—Você estava a par da história toda? - Eu perguntei me escorando no corrimão.

—Sim, inclusive sei que a Lene já disse ao Sirius que é apaixonada por ele mas ele não disse de volta.

O encarei com censura.

—E porque não contou a ele que ele não estava apaixonado por ela? Achei que fossem amigos. 

—Ele está! Só não consegue admitir! - Ele disse se escorando na parede e continuamos nos encarando.

—Não sei o que fazer, James, venho sido uma péssima amiga e quero mudar isso, mas como fazer alguém parar de negar o que sente? 

Ficamos em silêncio por um momento até que o James levantou num pulo. 

—Já sei exatamente o que temos que fazer. - Ele disse me oferecendo a mão.

—E o que seria, James? - Aceitei sua ajuda pra levantar e ficamos de mãos dadas por um segundo. Tirei minha mão antes de pensar no que não devia.

—Vamos buscar o Rem e a Dorcas. Eu tenho um plano.