Recomeçar escrita por Flower


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Olá meus dengos! Parece estranho estar aqui em tão pouco tempo, não é? Mas estou aproveitando esse tempinho livre do famoso feriado para escrever um pouquinho.

E aí, todas enlouquecidas com o episódio de ontem não é? O QUE FOI AQUILO MEU DEUS?

Mas enfim, trago a vocês mais um capítulo e se tudo der certo o próximo ainda será postado esse final de semana, mas não posso prometer nada. Ok?

Então, espero que gostem e tenham uma boa leitura!



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Felicity Smoak

Estamos morando juntos.

Estamos?

Não, não estamos.

Na primeira noite em que dormimos juntos oficialmente, Oliver fez questão de desalojar parte de seu closet para mim. Ele não disse uma só palavra, apenas me mostrou o imenso espaço livre ao lado de suas roupas metodicamente separadas por cor. E será que precisava realmente dizer algo? Aquele simples ato significava muito mais do que meras palavras.

Para completar, ao amanhecer assim que entrei no banheiro de sua suíte encontrei ao lado de um kit higiênico com um laço vermelho ao redor uma escova de dente também com um laço ao lado da sua, como se fosse um presente. Mas novamente não havia nada escrito, na verdade, tudo parecia fazer parte de um pedido indireto de Oliver para que eu entrasse de vez em sua vida.

Mas em minha defesa, ainda não estamos morando juntos. Morar juntos é muito complicado de se pensar, isso acaba me assustando um pouco, visto que está acontecendo tudo tão rápido que por vezes parece escapar de minhas mãos.

Nesses dias em que passamos grande parte do tempo um ao lado do outro, pude conhecer melhor o interior de Oliver, um interior que eu não poderia imaginar existir. Ele adora assistir comédias românticas durante a madrugada, e em algumas delas consigo até mesmo perceber que está segurando suas lágrimas tentando manter sua carcaça de machão irredutível. Porém, isso não é tudo, não é nem um terço do que Oliver é, ele não é apenas um rostinho bonito de olhos azuis e um peitoral exuberante que me arranca suspiros quase todas as noites – mentira, são todas as noites sim e por mim seria a todo instante... Não, eu não sou uma ninfomaníaca –, ele é um pai que luta para ser presente na rotina de William, mesmo que o tempo seja pouco Oliver o torna o suficiente. É simplesmente linda a cumplicidade que um tem com o outro.

Mas repito, não estamos morando juntos, não definitivamente, ainda tenho meu apartamento e meu espaço para onde fujo algumas vezes para pensar no rumo em que estou dando em minha vida, e claro, no quanto o meu relacionamento com Oliver está crescendo cada vez mais.

Medo? Eu tinha há um tempo. E agora? O único medo que tenho é não ser presente para Oliver, ainda mais depois de tantas preocupações que estão acontecendo a William. No entanto, não vou deixar que isso se torne um fator limitante, uma barreira. Prometi a Oliver que iria sempre estar ao seu lado, e vou lutar com unhas e dentes para que nada e ninguém possa nos quebrar.

            — Felicity! — a voz gritante de Curtis me arranca de meus devaneios.

            Coloco a mão em meu peito pressionando as pálpebras. — Você me assustou!

            Ele acerta seus óculos de graus dando um pequeno sorriso envergonhado. — Você tem uma reunião com todos os acionistas das Indústrias Queen para certa votação... Fui apenas avisado. Para que serve essa reunião?

            Levanto de minha poltrona, aproximando-me de Curtis. — Vou esclarecer tudo durante a reunião, você também foi chamado, certo?

            — Sim... — assente Curtis desconfiado.

            — Mas alguma pergunta?

            — Não uma pergunta... Uma preocupação! Ando achando você um pouco estranha.

Eu? Estranha?

Meu Deus será que deixei algo transparecer sobre William? A família Queen deixou bem claro durante uma longa conversa na noite passada que a doença de William seria guardada em segredo até essa bendita reunião.

                — Não estou estranha não!

Desvio meu olhar de Curtis.

            — Claro que está! Nas últimas semanas tive que remarcar duas conferências importantíssimas com empresas aliadas por conta de seu humor que estava péssimo. Eu sempre imaginei que mulheres fossem incertas, mas não tão incertas como você!

            — Meu humor fica péssimo quando estou mal do estômago. Como queria que eu comandasse conferências de tamanha importância colocando minhas vísceras para fora?

            Curtis franze o cenho. — Talvez seja gastrite.

            — É, talvez seja.

            — Você tem que melhorar sua alimentação. Trouxe um chá de gengibre, dizem que é saudável!

Ao aproximar a xícara, somente o cheiro forte de gengibre me faz revirar todas as vísceras de meu estômago, não deixando com que eu impeça o vômito, pondo tudo para fora.

            — Cheguei à conclusão que odeio gengibre!

            — Felicity, você acaba de sujar meu Thom Browne de vômito! — ele mexe seus pés enojado avaliando o que foi expelido em seus pares de sapato. — Espere aí... Você comeu comida japonesa?

            Reviro meus olhos, limpando minha boca que está com um forte gosto amargo. — Só tire esse chá de perto de mim, por favor.

Eu não estou conseguindo entender o que está acontecendo com meu organismo. Nos últimos dias venho andando com uma súbita vontade de colocar tudo para fora, a sensação é tão estranha que não consigo descrever o que realmente é. Meu humor também não é dos melhores em algumas vezes, principalmente em ocasiões em que tenho que lidar com pessoas que não estou muito a fim de conviver, como acontece nessas reuniões exaustivas.

            — Você não costumava ser assim, agora seu humor costuma ser péssimo pela manhã. — Curtis dá de ombros.

Que filho da mãe.

Sempre fui um amor de pessoa. Quero dizer, eu sou um amor de pessoa!

Ou será que realmente estou sendo um pouco chata nesses últimos dias? Que ódio, não suporto ter que me autocriticar.

            — Pare de me julgar.

            — Então estou mentindo? Outro dia mesmo encontrei você brigando com a máquina de refrigerantes do andar de baixo porque ela leu seu pedido errado. Você até mesmo chorou!

            — Aquele dia eu estava sensível demais, ok? Não conta.

            — Ah, e aquele dia em que brigou comigo porque te passei a caneta azul ao invés da vermelha? Seus hormônios estão à flor da pele!

            Meneio a cabeça tentando formular algum argumento. — Deve ser... A menopausa!

Menopausa? Que porcaria estou dizendo? Eu tenho apenas 26 anos!

            — Não pode ser menopausa, você é muito nova para isso. A verdade é que somando seu humor bipolar, a série de enjoos que anda tendo... Eu poderia apostar que esteja grávida. — ele volta a dar de ombros.

Grávida?

Não, eu não estou grávida.

Oh meu Deus! Estou grávida?

            — Claro que não estou grávida, não ouse dizer besteiras!

Para me defender um pouquinho por aqui, meu humor pode não estar assim pela menopausa, mas sim por conta de como ando sensível nos últimos dias por tudo que tenho vivido com Oliver e por minha mãe estar por perto novamente, conseguir coloca-la em um avião de volta para Mississipi não foi fácil, então são muitas emoções em pouco período de tempo. E prevejo que isso vai piorar ainda mais para frente com todos os problemas que William tem enfrentado. Ontem mesmo me vi chorando porque derrubei a caixinha de clipes de Robert, e quando percebi Oliver estava abaixado me ajudando com toda a paciência dizendo que tudo iria ficar bem com o pequeno.

Estão vendo? Era puramente por conta de William. Não se tem como ser forte o tempo todo.

            — Você está em dia?

            — Como assim em dia?

            — Com toda aquela coisa de menstruação.

A MALDITA MENSTRUAÇÃO. 

Não acredito que me esqueci desse pequeno grande detalhe.

Calma, Felicity você precisa respirar fundo e pausadamente, não há nenhum Oliverzinho no seu ventre, porque afinal minha menstruação nunca foi tão regular assim para servir de parâmetro.

            — Ela está atrasada alguns dias sim. — balbucio. — Mas eu tomo anticoncepcional fielmente, não tem como eu estar grávida. Então, retire o que falou!

            — Segundo a bula, mesmo que se tome regularmente o anticoncepcional, as mulheres têm 2% de chances de engravidar.

Que diabos está acontecendo aqui?

Eu não estou grávida, eu e Oliver confiamos no anticoncepcional com louvor, tanto que não nos importamos com outros métodos preventivos.

INFERNO, eu não posso fazer parte desses 2% de risco. Na verdade, quem é a pessoa que faz parte desses 2%? Os laboratórios só utilizam essa margem de erro para não deixar que as pessoas deixem de usar preservativo para evitar outros tipos de doenças que não é o meu caso e de Oliver.

Ou eu sou uma grande fudida.

Minha cabeça está girando feito uma roda gigante de um parque cheio de lâmpadas coloridas, meus olhos chegam a arder.

            — Eu não posso estar grávida, entendeu? Não agora. Bebês precisam ser planejados, eles precisam ser quistos primeiro e não aparecer de um dia para o outro dizendo “Olá mamãe estou aqui dentro” na sua barriga!

            Curtis ao notar meu descontrole, não consegue segurar sua risada. — Só há uma forma de solucionarmos isso!

            — E qual seria?

            — Simples, fazendo um teste de gravidez.

            — Eu não vou fazer um teste desses! Parecer uma adolescente que teve sua primeira vez e acha que está grávida desde o dedão do pé até os últimos fios de cabelo chega a ser patético. É definitivo Curtis, isso é apenas um mal estar!

            Volto a me sentar na poltrona em que estava, mas meu estado de nervos é tão grande que meus pés não param de bater o chão.

            — Se você utiliza apenas o anticoncepcional como método preventivo você pode estar grávida sim. Mesmo que isso te coloque dentro das estatísticas mais improváveis.

            — Eu confio no anticoncepcional, tomo há anos e nunca engravidei de Billy!

            — Oliver é um bonitão e exala sua masculinidade por onde passa, ele deve ser um garanhão cheio de esperma!

            Seu tom de voz é sensual, poderia imaginar que se arrepiou somente em imaginar Oliver andando pelos corredores das Indústrias Queen.

            — Curtis! — reajo incrédula.

            — Foi com todo o respeito, claro. Sou casado há anos com Paul, nenhum outro homem me faria mais feliz que ele... Oliver é meu chefe, mesmo tendo um peitoral largo, um maxilar forte...

            — Curtis, eu entendi. Chega!

Interrompo-o.

            — Enfim, não está mais aqui quem falou. Eu te espero na reunião! — ele se prepara para sair quando o seguro pelo braço.

            — Você acha que esses testes são confiáveis?

            — Eu sou homem, não tive a oportunidade de testa-los. Mas quem sabe em outra vida?

            Reviro meus olhos. — Será que podemos falar um pouco sério por aqui? É a minha sanidade que está em risco!

            — Tudo bem, tudo bem. Dizem que esses testes de gravidez são bem confiáveis, uns dizem até quantos meses está a gestação.

Então essa é a minha sina? Eu nunca poderia me imaginar fazendo uns testes desses na minha vida, eu tenho vergonha até mesmo de comprar absorventes em uma farmácia! Preservativos mesmo eu quase nunca comprei, só de passa-los pelo caixa minhas bochechas coravam de imediato. Parecia que as atendentes me lançavam um olhar comprometedor que dizia “Que safadinha, então é hoje que você vai abrir essas pernas, não é?”

Mas no momento, não vejo outra saída. Se Curtis não me colocasse contra a parede, nunca que eu iria perceber tudo o que disse, porque para mim eram atitudes de uma pessoa normal, não uma pessoa com um ser em seu ventre! Na verdade, o que é ter alguém dentro de você?

No bom sentido, é claro.

Eu pensei que só teria algo dentro de mim se alimentando de mim e dependendo de mim apenas aqueles vermes nojentos, NÃO UM BEBÊ.

            — Você vai à farmácia da esquina e vai comprar quatro desses testes! E não deixe que ninguém, absolutamente ninguém, o veja.

Se alguém vir Curtis comprando testes de gravidez, aí sim será o meu fim.

Estarei frita.

            — Quatro deles? Para que tudo isso? — Curtis pergunta assustado.

            — Não te interessa, apenas vá comprar. Me encontre no banheiro feminino, eu vou estar te esperando.

Curtis não procura muito bem me entender, mas é por isso que gosto tanto dele. Além de ter um QI tão potente quanto o meu, mas não mais potente, ele é um bom amigo que sempre estar disposto a me tirar de enrascadas.

Tipo essa.

Estou no banheiro feminino há alguns pavorosos minutos. Eu poderia estar pensando em como isso vai afetar minha vida nos próximos meses... Meses? Nos próximos dias da minha vida! Mas não, a única problemática que passa pela minha cabeça é a reação de Oliver. Eu não sei se ele aceitaria isso bem, ele é um bom pai e até poderia dizer que é o melhor pai que conheço! Porém, com tudo o que está acontecendo a William, é claro que ele não teria cabeça para pensar em mais um membro na família.

Que diabos estou fazendo? Me conformando que estou grávida?

Eu não estou grávida.

            — Felicity! — um sussurro de Curtis surge do lado de fora da cabine do banheiro feminino.

            Abro a porta rapidamente. — Conseguiu?

            — É claro que consegui. — ele me entrega a sacola com os quatro tipos de teste.

            — Alguém te viu?

            — Não que eu tenha percebido... A mulher do caixa me lançou um olhar de “Parabéns papai”, mas eu a ignorei!

            — Odeio essas atendentes.

            — Eu vou esperar você lá fora.

            Seguro-o pela gravata. — Você não vai a lugar nenhum.

            — Estamos em um banheiro feminino! Por mais que eu tenha a alma feminina isso é errado!  

            Saio da pequena cabine me dirigindo até o tranco de dentro do banheiro feminino, nos trancando dentro dele. — As pessoas não precisam ir ao banheiro agora!

            — Quando digo que seu humor está descompensado... — ele diz incrédulo com minha reação.

            — Me deseje sorte? — peço aflita.

            — Boa sorte.

Entro novamente em minha cabine com os quatro tipos de teste parecendo um quebra-cabeças de mil peças para ser montado em poucos segundos. Estou um pouco trêmula, além de o local estar um pouco mal iluminado não permitindo que eu consiga ler as malditas informações.

Aqui diz que se deve fazer com o primeiro xixi do dia, mas o que isso pode acrescentar em minha vida? Se eu não fizer esse teste ainda hoje, bem capaz que amanhã apareça no jornal de Starling City uma manchete de minha morte por ansiedade.

Então eu tenho que colocar o meu xixi aqui? Inferno, como uma pessoa em sã consciência cria um teste nojento desses?

Sigo as instruções dadas pelo encarte do teste e cada segundo que passa pela simples fitinha a minha frente que no momento está branca, morre uma fada. À medida que os poucos minutos passam, minha cabeça não para de dar rasteiras em meus próprios pensamentos. Eu não sei se tento aceitar a possibilidade de estar grávida e fico feliz diante disso, porque afinal, é uma vida que irá ser gerada dentro de mim, existem milhares de pessoas que desejariam estar no meu lugar. Em contrapartida, me vem à cabeça tudo o que minha mãe passou com meu pai, a forma que foi deixada para trás me gerou um grande trauma, por isso que não tinha em mente um dia ser mãe, eu posso amar crianças em minha vida, mas gerar uma dentro de mim nunca passou pela minha cabeça.

E então, uma risca vermelha aparece no grande espaço em branco na fitinha, o que chama minha atenção.

            — CURTIS! Uma risca vermelha acaba de aparecer aqui!

Minha voz é gritante, eu não sei o que está acontecendo, mas realmente meus hormônios estão tomando conta de mim.

            — Uma só?

Ele pergunta desconfiado.

            Antes que eu possa confirmar, outra risca começa a aparecer também. Agora são duas riscas vermelhas. — Não, são duas!!!!

            Um silêncio toma conta de todo o local até que Curtis se manifesta. — FELICITY VOCÊ VAI SER MAMÃE!

Oh meu Deus.

Oh meu Deus.

OH MEU DEUS!

Não, isso não pode estar certo! Eu devo ter feito algo errado.

Duas riscas vermelhas não podem ser responsáveis por mudar toda a minha vida. Eu não posso estar grávida justamente agora.

            Eu preciso fazer os outros três testes! É a única coisa que consigo pensar no momento.

Não estou conseguindo organizar meu raciocínio da forma correta, tudo o que consigo fazer é abrir os outros três testes de diferentes marcas e faze-los. Claro, os minutos continuam passando com verdadeira lentidão, e eu só consigo pensar no maldito ciclo que envolve eu grávida e Oliver cheio de problemas com William.

Não é justo que eu atrapalhe tudo com essa história de gravidez. Na verdade, o primeiro teste pode estar errado, mas não quer dizer que os outros...

Resultado 2° teste: Positivo.

Resultado 3° teste: Positivo.

Resultado 4° teste: Positivo.

            — Eu DESISTO! — abro a porta da cabine transtornada.

            — Parabéns mamãe! — Curtis me envolve em um abraço apertado.

Seus olhos brilham como duas bilhas negras.

Estou apática em seus braços.

Paralisada, e o motivo é que acabo de descobrir que estou grávida. Tem um ser dentro de mim há algum tempo, o último teste que fiz é tão evoluído que conseguiu me dizer os dias exatos em que estou grávida, há praticamente vinte e cinco dias.

            — Isso é estranho demais... — afasto-me de Curtis colocando as duas mãos em meu ventre ainda liso.

            — Oliver precisa saber disso!

Oliver? Não, ele não precisa saber disso agora. Eu não sei nem como começar a contar uma coisa dessas em um momento como esses. Isso seria egoísmo demais de minha parte, poderia parecer que estou concorrendo com William pela atenção de Oliver e isso não é verdade, eu não estava preparada para uma notícia dessas, eu não sei como ser mãe.

Conviver com William pode estar me deixando por dentro desse mundo colorido de crianças, mas isso não quer dizer que esteja pronta para criar uma criança minha, literalmente.

            — Não diga besteiras. Não vou contar nada disso a Oliver!

            — Como não? — Curtis me pergunta confuso.

            — Oliver não está em um momento bom para receber esse tipo de notícia... Eu não vou contar nada a ele Curtis!

Eu não sei se isso é resultado dos hormônios, mas saber que estou com um pacotinho dentro de meu ventre faz com que lágrimas escorram pelo meu rosto sem minha permissão, e agora estou chorando como uma verdadeira idiota.

Não sei como irei agir daqui em frente, preciso organizar meus pensamentos para não cometer nenhuma besteira.

Será que estou errando em omitir algo tão importante de Oliver? A verdade é que não posso negar que estou com medo, um grande medo de ferrar com tudo! Ter um bebê é algo grandioso demais, minha mãe foi deixada para trás pelo homem que acreditava amar pelo fato de estar grávida... Será que Oliver seria capaz de errar comigo da mesma forma?

Não, claro que não, Oliver e eu nos amamos de uma forma que não se tem como mensurar, ele não seria capaz de negar esse filho, de coloca-lo em dúvida.

Em contrapartida, seria  uma notícia confusa demais para ser dada agora. O melhor que tenho a fazer é guardar isso comigo até que os mares se acalmem e que tudo volte ao seu devido lugar. Eu acredito que William vá se recuperar o mais rápido possível e quando isso estiver para acontecer, eu me abrirei e compartilharei tudo com Oliver.

Prometo a mim mesma.

            — Mentiras não costumam dar certo, são como uma avalanche!

            Limpo as lágrimas em meu rosto, suspirando. — Isso não é uma mentira, estou apenas omitindo.

            Curtis meneia a cabeça, franzindo o cenho. — Acho que você vai precisar de ajuda com pré-natal e todas essas coisas de grávida. Será que Oliver irá te perdoar por você ter privado ele de participar disso em sua vida?

            — Eu não vou esconder por muito tempo. Só preciso que tudo possa voltar para o seu devido lugar...

            O relógio no pulso de Curtis apita exasperadamente. — A reunião começará em alguns minutos.

            — Eu já estou indo, não precise me esperar!

            Curtis abri o trinco interno destrancando a porta. — Você pode contar comigo com todas essas coisas de bebê, tudo bem? — ele deposita um rápido beijo a base de minha cabeça.

Assinto com a cabeça para Curtis com um sorriso de soslaio e então ele se retira rapidamente do banheiro com cautela para que ninguém o veja.

E agora estou sozinha, olhando meu reflexo no grande espelho a minha frente, e aos poucos vou tentando me acostumar com a nova Felicity Smoak que serei a partir de agora. Levar alguém consigo dentro de seu ventre é uma responsabilidade única, é amedrontador. Porém, nesse mesmo reflexo sou capaz de sorrir, porque esse pacotinho que carrego dentro de mim fará parte de minha vida e da vida de Oliver para sempre, pelo menos para o nosso para sempre, e comigo agora haverá sempre um pedacinho seu, seria uma menininha com meus óculos de grau ou um garotinho com os belos lábios de Oliver? Não importa, estou com um pedaço do homem que amo dentro de mim, e eu poderia imaginar seu imenso sorriso ao receber essa notícia, ao descobrir que agora existe algo que nunca mais irá nos separar, que agora há uma ligação entre nós que se tornou a personificação de nosso amor.

O celular em meu bolso vibra algumas vezes, chamando-me de volta para a realidade. Ao olhar o visor, observo ser uma mensagem de Oliver.

            “A sessão de quimioterapia de William foi antecipada para mais cedo!”

Saio do banheiro desatenta iniciando uma resposta a sua mensagem quando sou travada por um corpo um pouco maior do que o meu, fazendo-me olhar rapidamente em seu rosto assustada.

            — Felicity minha querida, estão todos atrás de você! O seu secretário disse que estava aqui no banheiro. — a voz de Robert Queen é calma.

            — Robert, não poderei participar dessa reunião!

            — Como não?

            — Oliver acaba de me dizer que a sessão de quimioterapia de William foi antecipada para mais cedo, eu preciso ir até ele.

            — Não precise se preocupar com isso, eu soube que a sessão iria ser antecipada, o problema estar resolvido. Moira está indo ao hospital de Starling com Oliver, o pequeno William estará bem assistido!

Claro que estará bem assistindo, não tenho dúvidas, mas a primeira sessão de quimioterapia é muito importante para Oliver e eu disse a ele que estaria ao seu lado o tempo todo assim que precisasse. Nesse momento, sinto que ele estará precisando de mim mais do que nunca. Porém ao mesmo tempo, sei que Robert não deixará que eu falte essa reunião por nada.

            — Eu disse a Oliver que estaria com ele na primeira quimioterapia de William...

            — A entendo perfeitamente bem, querida. Mas não tem como os acionistas votarem em uma nova diretora executiva sem a própria CEO por aqui.

Infelizmente sou obrigada a concordar com Robert, faltar a essa reunião não teria fundamentos, afinal todos os acionistas precisam ter confiança em mim assim como tem em Oliver, substitui-lo não vai ser algo fácil. Então, preciso ter tudo sob meu controle.

Mas que merda, eu não vou estar inteira nessa reunião. Parte de mim estará segurando a mão de William e Oliver, porque eu só vou estar aqui de corpo.

            — Não sei se vou conseguir me concentrar sabendo que estou longe de algo tão importante para Oliver!

            — Volto a dizer que não precisa se preocupar, eu avisei a Oliver o motivo de você não comparecer, ele entendeu.

            — Então eu preciso falar com ele rapidamente e aí poderemos começar a reunião!

            Pego o celular para discar o número de Oliver quando sou interrompida por Robert.

            — Não há mais tempo querida, a reunião irá começar!

A mão suave de Robert volta a alcançar minhas costas e com um leve carinho vai me guiando até o elevador, aonde iremos nos encaminhar para a sala de reunião onde estão todos esperando por nós.

E novamente repito, não estarei inteira nessa reunião, parte de mim estará juntamente a Oliver e William, porque mesmo longe a sua doer é a minha.

~~~

A luz de toda a casa está apagada, o silêncio predomina e só consigo escutar os meus próprios passos nos pisos de cerâmica. Abaixo lentamente, tentando manter o silêncio retirando meus saltos altos, colocando-os em um dos cantos da casa. Caminho até o quarto de Oliver que está com sua porta entreaberta, mas não consigo enxerga-lo. Encosto novamente a porta com todo o cuidado, encaminhando-me desta vez até o quarto de William, que tem sua iluminação um pouco mais clara que o restante da casa.

A entrar com cuidado, observo Oliver sentado em uma cadeira acolchoada de balanço ao lado da pequena cama em que William está parecendo em um sono pesado. Aproximo-me com cautela podendo enxergar melhor o belo menininho coberto com seu edredom de super heróis, e não posso impedir que um imenso sorriso escape de meus lábios, é incrível a sensação que tenho que esse garotinho não está em minha vida por acaso, sei que nada acontece por acaso, mas com toda certeza William parece fazer parte de um plano muito maior.

Faço um demorado carinho em seus cabelos dourados desalinhados, depositando um casto beijo em sua testa. E de repente sinto a mão de Oliver alcançar minha cintura a puxando com leveza para seu colo quente pelo edredom que está envolvendo seu corpo.

            — Senti tanto a sua falta mais cedo!

            Oliver sussurra em meu ouvido com sua voz sonolenta, encostando sua boca na curvatura de meu pescoço.

            — Eu não parei de pensar em vocês um só minuto durante toda a reunião. — Entrelaço meus braços ao redor de seu pescoço, deixando com que Oliver afogue ainda mais seu rosto em mim, arrepiando-me com sua barba mal feita em minha pele.

            — Meu pai disse que era muito importante sua presença, eu dei total apoio. Como foram as coisas por lá?

    — Todos se compadeceram pela sua situação... Caitlin principalmente, ela ficou arrasada e disse que irá aparecer por aqui para ver como William está!

            Oliver solta seu ar quente contra minha pele. — Eu deveria ter falado diretamente com ela, mas que bom que aparecerá por aqui.

Um sorriso tímido surge em seus lábios após afastar seu rosto de meu pescoço, passando a olhar para mim com atenção.

            — Mas... Como nosso pequeno está?

            — Laurel disse que ele foi um campeão, que geralmente as crianças da idade dele sentem muito com a primeira sessão.

Oliver abaixa a cabeça, dessa vez, sua voz está mais baixa e triste o que acaba de quebrar meu coração.

Levanto sua cabeça com meu dedo indicador, voltando a procurar pelos seus olhos encobertos pela má iluminação do quarto. — Ele é forte, não se esqueça um só minuto disso!

            — Eu sou uma mentira, não há nada de forte aqui.

            — Hey, não ouse falar dessa forma. Você ouviu, nosso garotinho vai ser forte a cada sessão, isso não vai nos quebrar.

            — Eu só preciso de você lá comigo nas próximas vezes... Nós precisamos de você!

            — Meu amor... Nada vai impedir que eu esteja com você na próxima. — acaricio a base de sua maxila com o dorso de minha mão. — Mas essa ruguinha ainda está aqui por quê? — aponto para seu cenho.

            — Minha mãe mais cedo durante a sessão de quimioterapia disse a William que iria fazer a maior festa de aniversário que ele poderia imaginar!

            — E isso é um problema?

            — Tenho medo que William esteja debilitado demais por conta dessas sessões... O ideal é que fosse uma reunião com poucos convidados, somente a família. — Oliver suspira.

            — Então você vai desfazer essa ruguinha, porque eu tenho toda a certeza do mundo que irá correr tudo bem! Só teremos que lidar com crianças correndo para todos os lados, inclusive William que vai estar perfeitamente bem.

Deito minha cabeça em seu peitoral podendo escutar as batidas rasteiras de seu coração, eu poderia adormecer em seus braços a minha vida inteira.

            — Como consegue ter certeza sempre? — ele encosta seu nariz em meus cabelos sentindo seu aroma.

            — Porque tudo depende de nós, William precisa se divertir um pouco com outras crianças. Oliver, ele é apenas uma criança como as outras, você precisa mostrar isso a ele, que não há diferenças!

            Oliver volta a soltar o ar dos pulmões. — Você será a melhor mãe de todo o universo!

            A palavra mãe faz meu coração dar leves descompassadas. — Por que diz isso?

            — Eu não sei... A verdade é que tudo poderia ser confuso demais, William ainda é uma criança, mas teria muito o que processar. Porém, todos os dias, há um novo desafio, e então eu vejo você com ele e fico 100% seguro de que a vida dele é melhor com você nela, assim como a minha é também.

Volto a levantar minha cabeça para poder olhá-lo melhor, meu sorriso está reluzente em meus lábios, eu não consigo reunir as palavras certas para serem ditas nesse momento. Será que eu deveria aproveitar esse momento para dizer que estou esperando um filho seu?

            — Não sei o que dizer... Eu não sei se estaria preparada.

            Oliver sorri. — Eu também não estaria preparado, não agora! Mas sei que na hora certa, estaremos preparados.

E então, tenho a resposta para minha genial pergunta, Oliver não está preparado para ser pai novamente, contar que estou grávida poderá arremessar tudo pela janela. Preciso que isso seja guardado com toda cautela até que o momento seja adequado.

Não estou sendo egoísta, estou?

Apenas tenho medo de dizer que estamos esperando um bebê e receber em troca algo que eu não conseguiria aceitar! Posso estar traumatizada pelo o que minha mãe passou ao ser deixada para trás pelo meu próprio pai, não estou o comparando com Oliver, isso nunca irá acontecer, mas o medo que tenho é real e ele me sucumbe cada vez que imagino acontecendo comigo o mesmo que aconteceu com minha mãe. Logo, o melhor que posso fazer é esperar que toda essa tempestade passe para que eu possa confiar a Oliver o que mais importará para nós, o nosso bebê.

            Oliver continua. — Por onde passeiam esses pensamentos? Te perdi por alguns segundos...

            — Desculpe, não foi nada.

            — Tem certeza que não há nada que queira dividir comigo?

            — A única certeza que tenho agora é que preciso de um longo banho relaxante... E você precisa estar nele!

            Levanto de seu colo, puxando-o pelas laterais de seu pescoço trazendo-o para mim.

            — Acho que também preciso relaxar um pouco depois do dia de hoje.

Arrepio com a boca de Oliver mordiscando a pele arrepiada de meu pescoço enquanto entrelaça minha cintura com seus braços fortes encostando a base de minhas costas em sei peito rígido, nos encaminhando até seu quarto como se estivesse todo o trajeto caminho pregado em sua cabeça.

            Solto uma risada abafada à medida que entramos em sua suíte. — Temos que conversar sobre o aniversário de William...

            — Isso ficará para amanhã.

Sua voz é languida em minha pele ouriçada, suas mãos sorrateiramente aproveitando que estou de costas para si procuram pelos pequenos botões de minha blusa de seda, abrindo cada um com toda a calma, depositando seus lábios em um beijo a cada botão desfeito, arrancando de mim arrepios em cada um deles.

            — Tem certeza?

            — Você está sentindo o tamanho da certeza aqui em baixo?

Oliver empurra a porta com seu pé nos trancando em seu quarto.

Agora somos apenas eu e ele.


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Notas finais do capítulo

AAAAAH PRIMEIRAMENTE, peço desculpas, depois do episódio de ontem acho que vocês mereciam uma sex scene DAQUELAS, mas relaxem eu vou trazer essas ceninhas no próximo capítulo!

Ah, eu adorei escrever esse capítulo porque me diverti demais com Felicity e Curtis!

E será que ela está fazendo certo escondendo essa história de gravidez de Oliver? Concordo com Curtis, uma mentira é como uma avalanche.

Xoxo minhas flores, as espero nos comentários ♥.♥



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