Do trono ao cadafalso escrita por Evil Queen 42


Capítulo 36
Capítulo XXXVI


Notas iniciais do capítulo

Eis o início do fim...
Boa leitura.



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De fato, Sakura cometera um erro fatal.

Seria acusada pela mesma coisa que havia atraído Sasuke por tanto tempo, e o mantido em suas mãos. 

O apelo sexual das paqueras de Sakura certamente foram a chave de seu sucesso, mantiveram Sasuke interessado nela durante anos, esperando para finalmente tê-la. 

A corte de Sasuke era um viveiro de tensão sexual. Os cortesãos provocavam uns aos outros em um jogo de flerte organizado, conhecido como amor cortês. Supostamente era uma brincadeira inocente, mas a ambiguidade do jogo o tornava verdadeiramente emocionante... Sakura Haruno era uma excelente jogadora.

Como consorte, Sakura não poderia simplesmente parar de jogar o excitante e arriscado jogo do amor cortês. Ela nunca deixou de ser alvo do desejo masculino, principalmente quando estava isolada em seu castelo, acompanhada por seus amigos e admiradores; Ela deveria receber os elogios sem desonrar o Rei. 

No geral, o amor cortês consistia em atitudes que enalteciam o amor de um homem por uma mulher, um conceito que inspirou a criação de diversos gêneros da literatura, inclusive o próprio romance. 

Era tido também como uma forma de restringir relações de gênero dentro da Corte, baseando-se num ideal que depôs homens para estarem à serviço do Rei. Um cortesão deveria ser o cavalheiro perfeito, e isso supostamente elevaria suas relações com as damas da Corte, então ele poderia escolher uma dama e servi-la  fiel e exclusivamente. O cavalheiro faria então parte de seu círculo, poderia cortejar a dama com poemas, canções e presentes, participar inclusive de torneios em sua honra caso ela fosse gentil o suficiente para reconhecer tal vínculo. Mesmo que ele tivesse uma esposa, essa seria uma vida separada. A dama cortejada não deveria olhar para nada além da bondade do cavalheiro, compreendendo a relação como uma amizade platônica.   

De fato, era uma linha tênue para andar, correndo o risco de jogar o jogo e escorregar.

Os flertes de Sakura foram extremamente controversos em sua época. 

Mesmo que muitas de suas palavras fossem somente brincadeiras de flerte, a consorte de Sasuke havia ido longe demais. Falou em voz alta com Suigetsu sobre ele estar apaixonado por ela, e, pior, sugeriu a morte do Rei; Isso significava que Sakura havia imaginado Sasuke morrendo... Imaginar a morte do Rei e falar sobre isso era alta traição. 

A Rainha certamente percebeu seu erro, mas as palavras já não poderiam ser retiradas. Sentia-se segura por sua posição. 

A Corte também era repleta de fofocas, e línguas maliciosas logo começaram a falar. 

Sakura havia dominado este mundo, trilhando sozinha seu caminho até o trono, mas seu poder fizera muitos inimigos. 

Não demorou muito para que o escândalo saísse dos limites do castelo da Rainha e chegasse à Corte do Rei. 

[...] 

O casal conversava descontraidamente enquanto a barcaça real flutuava sobre o rio que cortava a cidade. Era a primeira vez que Sarada aparecia em público depois de casada, exibindo seu Rei. 

Às margens do rio, súdios emocionados acenavam para a Rainha, e aumentavam o sorriso em seus rostos quando ela acenava de volta. Sacudiam pequenas bandeiras com os brasões da família Uchiha e jogavam pétalas de rosas sobre a barcaça, principalmente quando ela passava por baixo de alguma ponte.

O governante era quase uma figura divina diante dos olhos de seus súdios. 

– Nunca uma Rainha foi tão amada.  - Boruto comentou, olhando ao redor os súdios que saudavam a regente.

– Os mesmos súdios que não me queriam no trono. - Ela falou baixinho, rindo da situação. 

A primeira Rainha regente do país foi muito subestimada por ser mulher. Todavia, quando Sarada mostrou que podia governar tão bem quanto um homem, se mostrou destemida inclusive em momentos hostis, e enfrentou uma batalha de frente, garantindo vitória, seus súdios mudaram a visão sobre ela. 

– Você foi a defensora desse país... - Disse o loiro, ainda encantado com a devoção dos súdios - É Rainha de direito. Eles a amam.

– E vão amá-lo também. - Sarada segurou na mão do marido, e suas bochechas coraram levemente.

– É estranho. - Falou meio sem jeito - Minha vida nunca foi tão... pública. 

Sarada riu. Para ela, a vida sempre foi pública. Antes era a herdeira de Sasuke, única na linha de sucessão; Agora, regente do país, responsável pela continuidade da Dinastia. 

– Sabe, Boruto. - Falou, com os olhos fixos nas margens do rio, onde os súditos acenavam - Eu costumo imaginar que há paredes de vidro ao redor de mim. As pessoas podem me ver, mas não podem me tocar. - Ela encarou o marido, então sorriu - Deveria experimentar.

– Não é estranho? - Indagou o loiro. 

– Você acostuma. 

A barcaça Real parou à margem do rio após outra, de onde saíram as aias da Rainha e alguns guardas responsáveis por sua segurança. 

Sarada andava pela cidade ao lado do marido e com suas damas de companhia alguns passos atrás de si; Os guardas reais estavam ao redor, impedindo que a multidão se aproximasse muito da soberana, e também para impedir qualquer atentado contra a vida dela.

As pessoas esticavam seus braços na direção de Sarada, implorando por um único toque de suas mãos, e recebendo isso mais do que como uma honra, mas como uma bênção. Mães com bebês nos braços eram permitidas de se aproximar, implorando para que a Rainha apenas tocasse em suas crianças, a fim de abençoá-las. 

E sempre era assim quando um monarca saía em meio aos súditos. Eles imploravam por um toque, ou um olhar que fosse, como se estar na presença de um Rei ou Rainha regente fosse o mesmo que estar na presença de uma divindade. 

Boruto estava impressionado. Sarada realmente era amada pelo povo, e esse amor agora também era direcionado a ele, o novo Rei. 

Quando o casal retornou à barcaça para retornarem ao castelo, Sarada se mostrou sorridente. Boruto olhou confuso para ela, e arqueou uma sobrancelha, como um questionamento mudo para que ela lhe dissesse o motivo de tamanha felicidade. 

– Viu, Boruto? Aquelas mães com as crianças nos braços, implorando para que eu as tocasse... - Suspirou, olhando para o céu - É como se eu estivesse a cima de todos. 

– Você está. É a Rainha, soberana desse país. 

– Eu gostaria de esperar mais tempo, para ter total certeza, mas ver aquelas mães com suas crianças me deixou animada. 

– Animada? - Boruto uniu as sobrancelhas. 

Sarada encarou o marido, seu sorriso era largo e suas bochechas estavam num tom avermelhado. 

– Acho que posso estar grávida. 

O loiro arregalou seus grandes olhos azuis, ainda incrédulo após as palavras de sua esposa. 

Ele seria pai? Assim, tão rápido? 

– Sarada, estamos casados há...

– Dois meses. - Ela completou, interrompendo a fala de Boruto - Não acha que foi tempo o suficiente? Você vai aos meus aposentos com frequência, não creio que esteja surpreso. - Brincou. 

– Eu não estava esperando. - Admitiu, mas contente - Acho que é necessário um tempo maior para haver uma certeza, mas, se de fato você estiver esperando uma criança, serei o homem mais feliz deste mundo.

– Você é o primeiro a saber de minha desconfiança. - Contou a Uchiha - Se de fato eu estiver grávida, esperarei para tornar a notícia pública. Na verdade, eu prefiro manter tudo no escuro até que a criança nasça. 

Era uma decisão considerada sensata. A produção de um herdeiro saudável era de suma importância para a sucessão, mas Sarada devia considerar a realidade de sua época. Tornar a notícia pública certamente aumentaria a carga sobre seus ombros, e, caso a criança não conseguisse sobreviver, seria algo muito embaraçoso para a imagem da Rainha.  Ela não precisava de comentários dos cortesãos, dos súditos e nem de monarcas estrangeiros sobre a sucessão de Konoha estar vulnerável. 

Um herdeiro era mais do que uma necessidade. 

– Eu apóio essa decisão. - Boruto falou - Mas, fiquemos tranquilos. - Sorriu com ternura - Nossos filhos nascerão saudáveis. 

– Eu estou tranquila quanto a sessão. - Sarada pousou sua mão sobre o ventre - Graças a nova lei de sucessão institucionalizada em meu reinado, a sucessão do trono será de acordo com a ordem de nascimento, independente do sexo. A prioridade não será dada apenas aos herdeiros homens. 

– É uma decisão bem radical, mas creio que no futuro irão admirá-la por isso.

Sarada sorriu.

– Eu tenho fé de que no futuro homens e mulheres serão vistos como iguais por todos... com os mesmos direitos. Sem superioridade ou privilégios, apenas iguais. 

– É um sonho muito bonito, mas claramente distante. 

– Investirei na educação feminina, Boruto. O começo de tudo está na educação, e as meninas deste país terão os mesmos ensinamentos que os meninos. - Afirmou - É costumeiro afirmar que as mulheres são intelectualmente inferiores aos homens, mas é crueldade dizer isso diante da realidade. Se a educação é inferior, o intelecto será prejudicado. 

– Isso refletirá muito no futuro, Sarada.

– É minha intenção. - Observou - As mulheres são deixadas de lado nesse mundo, Boruto. Eu, como Rainha, devo fazer algo por elas. 

– As gerações futuras certamente se lembrarão disso.

– Sim. - Assentiu - Quando houver igualdade entre homens e mulheres. 

Era uma idéia absurda na época, de fato. Uma mulher independente era vista como algo monstruoso, que vai contra a ordem natural das coisas, uma anormalidade. 

Naquele mundo, uma mulher nascia com um dono, que era seu pai, e ele lhe guiaria os passos até o momento do matrimônio, a partir de então o marido era o responsável por guiar os passos da mulher. 

O primeiro passo fora dado, pois a Rainha estava disposta a investir na educação feminina. Claro, era necessário também que houvesse uma mudança no pensamento das pessoas, pois uma menina já compreendia sua posição inferior desde a tenra idade. Mas, embora fosse difícil, não era algo impossível de se mudar a longo prazo. 

Mas Sarada tinha fé de que num futuro talvez não tão distante aquela realidade fosse modificada, e ela estava disposta a ter participação nisso.

[...]

As fofocas rapidamente alcançaram os ouvidos que não deveriam. Kabuto caminhava a passos firmes rumo ao escritório do Rei, a mando de Orochimaru, para anunciar sobre as notícias mais recentes sobre o comportamento da Rainha.

Dada a relação nada amigável entre Sakura e Orochimaru, o secretário do Rei preferiu que Kabuto conversasse com o monarca. 

Assim como Kabuto, Orochimaru acreditava fielmente na culpa da "concubina" de Sasuke. Estava procurando sujeira, e achou.

O rapaz foi anunciado, então fez uma reverência ao se encontrar na presença do Rei. 

Sasuke estava sentado em sua grande poltrona de veludo púrpura com detalhes em arminho, atrás da grande mesa de madeira presente em seu escritório, concentrado em papéis enviados por embaixadores estrangeiros. 

– Majestade...

– Diga o que quer. - Sasuke foi direto, falando de forma ríspida - Espero que seja um assunto relevante. 

O Rei sequer desviava seus olhos dos papéis para encarar Kabuto. 

– Algumas notícias que correm pela Corte chegaram aos meus ouvidos e eu creio que sejam de interesse do Rei... - Disse sugestivamente, mas Sasuke pareceu não lhe dar atenção - É sobre a Rainha.

Sasuke finalmente olhou para Kabuto, sério, parecendo interessado no assunto. 

– Seja breve. - Ordenou.

– Infelizmente, Majestade, a Rainha possui um comportamento lascivo em sua Corte. - Explicou, então Sasuke arqueou uma sobrancelha - Ela profere juras de amor para outros homens, e eles para ela.

Os olhos de Sasuke se arregalaram. Sakura estava distante, não havia como ter controle sobre as ações dela.

– Algo mais? - O nervosismo de Sasuke era quase palpável. Conhecia o amor cortês, e inicialmente  imaginou que aquelas notícias poderiam ser nada além de fofocas exageradas. 

– Há relatos que sugerem que a Rainha não ficou apenas nas juras de amor. - O tom sugestivo e ao mesmo tempo malicioso de Kabuto sugeriu claramente que Sakura cometia adultério - Ela espera que... - Kabuto ponderou, visto que poderia ser acusado de traição caso usasse as palavras erradas. Suspirou - Espera estar livre de seu marido para desposar outro... um amante, provavelmente. 

O sangue de Sasuke ferveu em suas veias. Se aquilo realmente fosse verdade, Sakura não somente havia sugerido sua morte, como esperava por ela para se beneficiar. Além de estar cometendo adultério. 

– Tais acusações são muito graves, Kabuto. - Disse firmemente o Rei.

– Estou ciente disso. - Assentiu. 

– Vá. - Sasuke ordenou - Mas antes, quero que saiba que, caso essas acusações sejam falsas, você receberá a pena no lugar dos acusados. 

O sangue do rapaz gelou em suas veias. Sasuke não podia admitir infidelidade por parte da esposa, mas não aceitaria acusações falsas contra ela.  Caso tudo aquilo fosse mentira, alguém precisaria pagar pelo constrangimento. 

Quando Kabuto saiu da presença do Rei, ele mandou que seus homens de confiança fossem reunidos, inclusive Orochimaru. Gaara, Kizashi e Naruto não ficaram sabendo de absolutamente nada, uma vez que o primeiro era primo da Rainha, o segundo era seu pai, e o terceiro um amigo próximo; Sasuke decidiu que a afeição poderia atrapalhar no processo.

Cinco homens estavam diante do Rei, confusos sobre a urgência solicitada, tal como o sigilo. 

– Vocês estarão numa investigação em torno da Rainha, o sigilo é absoluto. - Disse firmemente o monarca - Devem interrogar as aias da Rainha, criados, guardas, e todos aqueles que frequentam sua Corte. Todos os depoimentos devem ser minuciosamente registrados. 

– Sim, Majestade. - Os homens disseram em uníssono. 

Orochimaru já havia compreendido tudo. Sasuke ouviu as acusações de Kabuto, mas era evidente que queria provas, testemunhas, pois não iria condenar sua esposa sem elas.

– Sakura não pode saber de nada. - Disse pausadamente o Rei.

– Perdão, Majestade. - Orochimaru se manifestou - O que exatamente pretende descobrir com isso? 

Sasuke ficou em silêncio por uns segundos. Seu orgulho jamais lhe permitiria admitir em voz alta que Sakura era suspeita de adultério. 

– Qualquer coisa que possa parecer suspeita ou simplesmente imprópria. - Limitou-se a dizer apenas isso, o que logo fez seus homens concluírem que Sakura poderia não ser totalmente fiel - Sakura está longe da Corte há meses. - Completou. 

Mesmo que a fala de Sasuke desse a entender que ele só estava interessado em saber sobre o comportamento de sua esposa - que nunca foi dos mais aceitáveis -, aqueles homens conseguiram captar muito bem a mensagem, principalmente Orochimaru. 

Ou Sasuke estava desconfiando de sua esposa, ou queria somente um pretexto para se livrar dela. 

De qualquer forma, toda e qualquer suspeita deveria ser eliminada, e, para Orochimaru, talvez seria a única chance para tirar Sakura do caminho.


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Notas finais do capítulo

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