Do trono ao cadafalso escrita por Evil Queen 42


Capítulo 20
Capítulo XX




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"Me encontro grávida novamente. O Rei está deslumbrante, cheio de esperanças de que dessa vez eu lhe dê o herdeiro do trono. Me encontro triste por Sarada, pois se a criança que carrego for mesmo um menino, ele tomará o lugar da irmã na linha de sucessão. De qualquer forma, minha filha irá gozar de uma boa vida, me certificarei de que ela tenha a mesma educação que teria caso fosse o tão sonhado filho homem de seu pai. Saberá cantar, tocar instrumentos, bordar, e dançar graciosamente; Mas também falará diversos idiomas, dominará a arte da retórica, entenderá sobre política e filosofia... Sarada não será inferior a homem algum, pois não permitirei. 

A maledicência da Corte fez chegar aos meus ouvidos que meu marido dorme não somente com damas, mas também com as mais baixas prostitutas quando vai visitar a cidade. Sasuke nega, e sempre se irrita quando toco no assunto, diz que estou ficando louca. 

Não sei ao certo se falam da infidelidade do Rei por ser de fato verdade, ou se apenas porque são pessoas cruéis e querem me ver mal. Pretendem me entristecer tanto a ponto de envenenar a criança dentro de mim, mas não devo descartar  a possibilidade. 

Sasuke já me traiu uma vez. É verdade, ele admitiu quando foi questionado por mim, e dessa vez nega até a morte, mas não confio cegamente em meu marido. Ele pode mentir para não colocar em risco a criança que carrego. E, mesmo que haja a possibilidade de ele realmente não estar me traindo, esse assunto martela dia e noite na minha cabeça (...)." 

Logo que Sakura anunciou publicamente a gravidez, rumores de casos extraconjugais por parte de Sasuke começaram a percorrer pela Corte até chegarem aos ouvidos da Rainha. Dessa  vez não comentavam apenas que o Rei dormia com damas - muitas delas nobres - da Corte, mas que frequentava bordéis constantemente, tendo casos com diversas prostitutas. 

Sasuke negou, mas Sakura temia que fosse verdade. A Rainha também tinha medo de que seu marido pudesse trazer doenças para seu leito, então resolveu que visitaria uma velha senhora cuja fama era de conhecer diversos remédios, e que suas habilidades eram inclusive melhores que as do boticário do Rei. 

Ela se levantou bem cedo e tratou de se vestir modestamente. Sem dizer uma palavra sobre onde pretendia ir, mandou que chamassem a carruagem mais simples que tinha, para que fosse conduzida pelo seu habitual cocheiro. 

Como companheiro de viagem, Sakura levou Pakkun. Ela se apegou muito ao cachorrinho, presente dado pelo marido, e todos o achavam o cão mais formoso do Reino. O animal era adorável, sempre se instalava no colo de sua dona e lhe permitia acariciar seu pêlo marrom aveludado. Constantemente a seguia pela Corte, mostrando-se um súdito doce e engraçado, que amava sua dona incondicionalmente. 

O sol brilhava quando a mulher passou pelos portões do palácio. Várias pessoas olharam para a Rainha, mas ninguém falou diretamente com ela, apenas a cumprimentaram como forma de respeito por sua figura. Sakura sabia que falavam de sua pessoa pelas costas, mas em sua presença mostravam respeito e devoção. 

"Todos falsos", pensou.

Quando sua carruagem chegou, Sakura notou que seu bom e amigável cocheiro havia sido substituído por um desconhecido. Ficou frustrada, claro, pois confiava em Shino, mas não sabia nem de onde era aquele novo homem que disse se chamar Konohamaru. Era alto, mais novo do que seu habitual cocheiro, novo demais na opinião de Sakura. 

Quando ajudou a rosada a subir, lançou um sorriso um tanto quanto atrevido, mas ainda assim Sakura teve esperanças de que ele fosse um bom rapaz e que não diria nada sobre o lugar para onde iria levá-la. Todavia, ela resolveu tomar algumas precauções para que ele não visse a senhora que Sakura pretendia visitar, pois se ele falasse mais do que o necessário, a Rainha poderia ser facilmente acusada de conspirar com uma bruxa. Ela sabia muito bem que era assim que começavam os rumores. 

Partiram os três naquela manhã, Konohamaru, Sakura e Pakkun.  Percorreram primeiro ruas bastante empedradas, posteriormente caminhos mais estreitos, até que finalmente chegaram a uma pequena casa que claramente precisava de reparações. 

Com Pakkun debaixo do braço, Sakura se assegurou de que seu novo cocheiro não visse a senhora que abriu a decrépita porta. 

Uma velha sem boa aparência, vivendo numa estranha casa isolada, que sabia tudo sobre remédios e poções. Não passava de uma curandeira, que aos olhos de muitos - principalmente dos homens - não passava de uma maldita bruxa. 

– Bem vida. - Disse a velha, fazendo Sakura entrar. 

O interior da casa não era o lugar escuro e mórbido que Sakura imaginava, e que demonstrava pelo seu exterior. O sol penetrava pela porta do jardim, as janelas lançavam tanto luz quanto sombra sobre os móveis. Nas mesas  empilhavam-se flores e ervas a secar, havia inclusive asquerosos insetos vivos fechados em frascos. Das vigas do teto pendiam-se diversas plantas que lançavam pela casa seu perfume. Numa espécie de caldeirão na lareira fervia um líquido de aroma adocicado. Próximo a janela, sem uma gaiola ou qualquer outro objeto de contenção, estava uma pequena ave cinza  com cauda escarlate e bico negro. 

Pakkun, o doce cãozinho da Rainha, estava a tremer de medo nos braços de sua dona por causa do pássaro que praticamente ladrou quando o viu. 

A velha desconhecia a identidade de Sakura, pois, mesmo que lhe parecesse uma senhora bondosa, não se inclinou ou ajoelhou diante da Rainha. A rosada ficou mais do que satisfeita por conseguir se manter no anonimato, pois todas as pessoas mudavam sua conduta ao saberem quem ela era. 

– Lady Sakura. - Apresentou-se, vendo posteriormente a velha esboçar um singelo sorriso. 

– Deixe o pobre cãozinho no chão, minha criança, para que ele possa ficar à vontade. - A mais velha sugeriu amigavelmente - Então, por que veio até minha casa? 

Sakura colocou Pakkun no chão como a senhora havia dito, mas o pequenino não saiu de perto dela. 

– Bem... - Ela comentou um pouco insegura, e logo se concentrou na velha que esmagava sementes num almofariz de madeira.

– Alguma coisa para a gravidez? - Indagou a velha.

Sakura riu. Embora ainda não fosse perceptível que estava grávida, já havia mandado folgar seus vestidos na cintura e também já não usava mais espartilhos ou corpetes apertados. 

– Não, não é nada para a gravidez. Mas, poderia me dizer se é menino ou menina? 

–  Não. Me pede algo além da minha capacidade. Posso ter diversos conhecimentos medicinais, minha criança, mas não sou vidente. - Respondeu. 

Sakura assentiu um pouco cabisbaixa. Teria que esperar a hora do nascimento da criança, pois nem Sasuke estava confiando totalmente nos astrólogos após o nascimento de Sarada. 

A Rainha tomou a liberdade de observar de perto os frascos que enchiam as prateleiras. Alguns dos conteúdos lhe eram familiares. Tudo ali despertou a curiosidade da Rainha. Via as flores amarelas que Sasuke tomava destiladas em água quando sentia dores no estômago; Algumas flores lilás que eram usadas para fazer remédios que aliviavam a febre; Ervas que ao serem fervidas com água faziam passar dores no corpo... Várias flores e ervas ali também eram usadas pelo  boticário do Rei. 

– Meu marido anda com outras mulheres e receio que me infecte. - Contou a rosada - Esses prostíbulos da cidade são tão imundos que devem infectar até quem passa por perto. 

– Oh, faz bem em se preocupar. - Assentiu a velha - E ele, apresenta algum sinal de doença? 

– Sinal de doença?  - Questionou confusa. 

– Erupções avermelhadas no corpo, na palma das mãos ou na planta dos pés, ou feridas no membro. - Explicou - Queda de cabelo, talvez... 

– Não. - Negou com a cabeça - Ele não apresenta nada disso. 

A velha senhora olhou fixo para o rosto de Sakura por longos segundos, quase deixando a Rainha amedrontada. 

– Já não é mais tão jovem, mas ainda se mostra extremamente bonita. - Sorriu - Por que acha que seu marido procura por outras? 

 Sakura riu amargamente. 

– É uma história triste e longa.  Talvez caia bem para uma fria noite de inverno.

A velha lhe sorriu, mostrando os dentes pequenos e brancos.

– Talvez um dia me conte, criança, então lhe contarei outra história. Já vivi muito, conheço muitas histórias. 

Sakura olhou pela janela, tendo a visão do jardim. Enquanto isso a velha lhe olhava por inteiro, parecendo analisar-lhe os cabelos, unhas, pele e olhos. 

– O que foi?  - Sakura questionou desconcertada. 

– Encontra-se boa de saúde. - Disse por fim - Em seu corpo correm humores saudáveis, mas em contrapartida está melancólica. Tenho algo para dar-lhe. - Dirigiu-se à uma prateleira, observando-a com atenção, então pegou um pequeno frasco. 

– O que é isso? - Sakura olhou curiosa o pó verde escuro dentro do pote.

– É um simples tônico para beber com água. Asseguro que não há nada melhor para expulsar do coração os vapores melancólicos. Creio que será novamente feliz e radiante como uma vez foi. 

– Tem certeza de que um dia já fui feliz? - Sakura pegou das mãos da velha o frasco. 

– Absoluta.

– Como assim? Como pode afirmar tal coisa dessa forma?

– Ainda há uma leve faísca em seus olhos tristes.

Pakkun se escondeu em baixo das saias de sua dona quando novamente se assustou com a ave acinzentada. Então Sakura o pegou nos braços assim que devolveu o frasco para a velha, para que esta então colocasse um pouco do pó verde num pergaminho que foi selado com cera. 

– Volte caso veja sinais em seu marido, ou em seu próprio corpo. - A velha aconselhou ao mesmo tempo que entregava o pergaminho para Sakura. 

Sakura agradeceu, pagou pelo remédio e então a velha senhora lhe abriu a porta para que pudesse partir, desejando boa viagem. 

Era muito estranho, mas Sakura se sentiu mais confortável na companhia daquela humilde mulher do que em volta dos ricos ornamentos da Corte. 

Ao ver a Rainha, Konohamaru  desceu de seu acento para lhe ajudar a subir. A cortesia lhe proibia de perguntar o que Sakura foi fazer ali, mas a curiosidade no olhar do rapaz era quase palpável. 

Konohamaru voltou para seu lugar, todavia, antes de picar os cavalos, a idosa mulher abriu a porta novamente e saiu sorrindo, correndo até a  carruagem quase sem fôlego. 

– Criança! - Chamou. Sakura inclinou-se  da janela, então a velha lhe deu outro pergaminho selado - Um remédio para sua gravidez. É a melhor poção que eu tenho. 

Sakura sorriu agradecida, embora estivesse amedrontada por Konohamaru ter visto a mulher tão semelhante a uma bruxa, e que ainda por cima disse a palavra "poção".

– Obrigada. - Sakura esboçou um singelo sorriso, então procurou por sua bolsa para pegar um pouco de dinheiro, mas a senhora lhe  segurou o braço. 

– É um presente... para a Rainha. - Dito isso, a velha voltou para dentro da casa.

Os cavalos, sentindo o chicote do cocheiro, avançaram.

 As lágrimas fizeram-se presentes na face de Sakura, não por causa de dor ou raiva, simplesmente pelo carinho e simpatia da idosa mulher.  Ela puxou Pakkun para junto de si, mesmo que ele fosse um fraco substituto para a pequenina que a Rainha mais desejava abraçar. 

– Vê, Pakkun, não são todas as pessoas deste país que me odeiam. - Comentou satisfeita, emocionada - Além de você, meu fiel cãozinho, tenho súditos amorosos. 

[...]

Sakura foi inconsequente, Sarada pensou. 

A Rainha fechou o diário após marcar a página onde havia parado. Passou as pontas dos dedos pela capa de couro, sorrindo minimamente ao pensar que aquele objeto um dia já esteve nas mãos de sua mãe. 

Sakura estava tão amedrontada por rumores, tão desesperada, que não conseguia confiar nem no boticário contratado por Sasuke. Ela procurou por uma curandeira, correndo alto risco de ser associada a uma bruxa. 

As peças começavam a se encaixar. A cada página lida, embora novas dúvidas surgissem, muitas eram sanadas.

Sua mãe não foi uma bruxa, ela jamais praticou feitiçaria para prender o Rei, estava apenas desesperada. 

E os outros rumores em torno de Sakura, de que forma surgiram? 

Ela só saberia quando lesse o diário completo. 

Notou que faltavam poucas páginas para acabá-lo, o que lhe deixava com um aperto no coração. Pelos fatos narrados pelas mãos de sua mãe, era notável que o destino dela estava começando a ser traçado. 

...

"Ouvi minhas aias comentando que a Rainha mãe disse que Sasuke vai falir o país por minha causa. Ora, um comentário totalmente maldoso, pois a fortuna do Rei é incalculável! 

Meus vestidos novos chegaram hoje da bordadeira, junto com os que encomendei para a minha pequena filha que cresce a cada dia. Sasuke mima a mim e a nossa filha, ele é um pai muito carinhoso, e constantemente envia brinquedos novos para ela. Quanto a mim, ganho cada vez mais jóias e tecidos novos para fazer mais vestidos. Nosso filho que cresce em meu ventre também já ganha mimos, e Sasuke já encomendou um formoso berço para ele. 

Quero que Mikoto engula os comentários maldosos que faz, e que morra o mais breve possível engasgada com eles. Eu sou a Rainha, Sasuke afirma com todas as letras que me ama, portanto é justo que prove seu amor por mim, que me cubra de jóias e dos mais valiosos presentes. 

Se o amor que sinto pelo Rei não é como um dia foi, mereço ao menos desfrutar de todos os prazeres proporcionados pela posição que tanto lutei para conseguir. Mereço aproveitar do amor que Sasuke diz sentir por mim.

Oh, Diário, não o odeio. Mesmo tenhamos passado por uma fase difícil em nosso casamento, Sasuke diz me amar e eu lhe sou grata por muita coisa. Mas já me decepcionei bastante com ele, e, mesmo lhe desejando todo o bem deste mundo, não o amo como um dia já amei. É como se o encanto tivesse se quebrado. 

Mas mantenho em segredo a verdade em meu coração. Não posso confiar cegamente nas pessoas, pois sei que muitos desejam minha queda, desejam que meu filho morra, e certamente me fariam mal caso houvesse uma oportunidade (...)."

A câmara da Rainha encontrava-se em total silêncio. Suas aias dormiam tranquilamente naquela noite fria, tal como sua soberana. O único barulho que ainda se podia escutar era o da madeira queimando dentro das lareiras, de modo que cada cômodo ficasse aquecido. 

Sakura dormia sozinha na sua grande cama. Desde que foi descoberta sua gravidez, a Rainha já não recebia tantas visitas noturnas do marido - tampouco o procurava em seus aposentos -, apenas quando ele queria fazer companhia para a esposa durante a noite. 

O calor do quarto aumentou consideravelmente, então Sakura despertou, incomodada com a temperatura dentro do cômodo. 

Ainda sonolenta, não se deu conta imediatamente do que se tratava, mas logo percebeu que as cortinas da sua cama de dossel pegavam fogo. 

Assustada, ela gritou o mais alto que podia, acordando suas aias que se mobilizaram imediatamente para tirar a Rainha de perto das chamas e apagá-las com água. 

Houve tumulto no palácio. Os guardas que vigiavam a entrada para a câmara da Rainha chamaram o Rei, que acordou desesperado e correu até o quarto da esposa. 

Sakura estava sentada numa poltrona, ainda em choque, com uma taça prateada na mão. As chamas haviam sido apagadas, e rosada não havia se ferido.

– Sakura! - Sasuke correu para abraçá-la, ela estava trêmula - Me perdoe, se eu estivesse aqui isso não teria acontecido. Por favor, me perdoe.

Muitos curiosos se juntaram em frente à câmara, mas os guardas conteram a grande maioria dos nobres. Dentre os poucos cuja entrada foi permitida, estavam Naruto e Orochimaru. 

– Já passou... - Sakura dizia com a voz fraca. 

– O médico está chegando para examiná-la. - Orochimaru falou, para o alívio de Sasuke. 

Naruto se mostrava preocupado, afinal Sakura poderia ter morrido por causa do fogo que por pouco não se alastrou por todo o cômodo. Em contrapartida, Orochimaru se mostrava indiferente... claro, ele era sempre frio e não demonstrava emoções, mas era impressionante ver como nem uma situação preocupante como aquela o abalou. 

– Eu estou bem, e meu filho também. - Disse a Rainha - Não sinto nada. Meu filho é forte. 

– Como isso aconteceu? - Sasuke questionou furioso, olhando para as damas de companhia presentes no quarto - Vocês acham que são meros enfeites da Rainha? Que a função de vocês é só desfilar atrás de sua senhora, chamando a atenção dos nobres da Corte? - Vociferou o monarca, fazendo as aias abaixarem suas cabeças, todas amedrontadas - A Rainha Sakura poderia ter morrido, ou poderia ter perdido meu filho após tal incidente! São inúteis, todas vocês! 

– Majestade... - Naruto se manifestou após o ataque de fúria do Rei - Parece que foi uma vela que caiu... O fogo acabou incendiando as cortinas da cama. 

Sasuke suspirou, então se aproximou da cama e levou sua mão até o fino tecido bordado com pedras, que agora havia sido estragado pelo fogo.

– Era uma bela peça... - Disse Orochimaru. 

Sakura olhou indigna para o homem. Ela poderia ter morrido, mas Orochimaru se lamentou pelas cortinas.

– Dobrarei a quantidade de guardas na câmara. - Disse o Rei - A partir de hoje, vocês irão revezar durante a noite... - Sasuke falou para as aias de Sakura - quero que pelo menos duas de vocês passem a noite com a Rainha, vigiando seu sono. Não quero velas próximas a cama dela, próximas as cortinas ou a qualquer outra peça de tapeçaria, fui claro? 

– Sim, Majestade. - As oito aias disseram em uníssono. 

– Agora saiam. - Ordenou - Eu passarei o resto dessa noite com ela.

As mulheres se curvaram para o soberano, e então se retiraram do quarto. 

– Quero um guarda na porta de cada cômodo da câmara da Rainha. - Sasuke ordenou, então Naruto assentiu. 

– Vou providenciar imediatamente, Majestade. - Respondeu o loiro. 

– Pode ter sido um acidente, mas pode não ter sido... - O Rei disse desconfiado - E o médico, vai demorar metade da noite para chegar? - Indagou irritado. 

– Mandamos chamá-lo assim que soubemos do incêndio no quarto da Rainha. - Naruto respondeu - Ele certamente não deve demorar, Majestade. 

– Diga que a Rainha está no meu quarto. - Sasuke ordenou antes de se virar para a esposa - Vamos, Sakura, venha comigo. 

– Querido, não precisa. - Ela forçou um sorriso - Foi só um susto, não... não precisa disso tudo. 

Sakura ainda estava em choque. Sasuke jamais a deixaria passar o resto da noite sozinha após o ocorrido, ainda mais por causa da culpa que sentia naquele momento. Se ele estivesse com ela, poderia ter evitado, não? Talvez. 

– Sim, precisa. - O moreno respondeu - Venha comigo. 

Sasuke a pegou nos braços para levá-la consigo. Sakura não protestou, tampouco reagiu; Ela estava convencida de que aquilo não havia sido um mero acidente, e que sua vida podia correr perigo. 

Orochimaru e Naruto ficaram sozinhos no quarto da Rainha. O mais velho andou pelo cômodo, observando cada mínimo detalhe dele, procurando por qualquer coisa que pudesse ser comprometedora. 

– Acha que foi um acidente? - Naruto indagou preocupado. O loiro escutou as aias de Sakura comentarem que uma vela causou o incêndio, mas isso foi comprovado ou foi apenas dedução? 

– Talvez... - Orochimaru deu de ombros - Como uma vela cairia assim, do nada, sendo que as janelas estavam todas fechadas? 

Como Sakura estava grávida, Sasuke ordenou que o vento não entrasse constantemente dentro da câmara da Rainha. A noite era fria, o vento podia adoecer a mulher, portanto as portas e janelas estavam fechadas. Não havia circulação de ar no momento. 

– Os guardas disseram que não houve movimentação de pessoas estranhas aqui. Se alguém incendiou o quarto da Rainha de propósito, só pode ter sido uma de suas aias.

– Os guardas são humanos, e humanos podem ser comprados. - Orochimaru comentou num tom maldoso - Talvez isso seja a prova de que Sakura recebe visitas.

– Visitas? - Naruto uniu as sobrancelhas - Sim, a Rainha recebe visitas todos os dias.

– Visitas noturnas. - Corrigiu - E provavelmente não com fins incendiários. 

– O que quer dizer com isso, Orochimaru? 

– Com a vela perto da cama, se alguém saísse apressado, poderia facilmente derrubá-la sem querer. - Supôs - Sakura não tem uma conduta louvável, não duvido que receba homens em seu quarto só para se vingar do marido infiel. 

– Se Sasuke mantém casos fora do casamento, então os esconde muito bem! - Naruto disse um pouco irritado - Esses comentários maldosos que chegaram aos ouvidos da Rainha certamente foram inventados para irritá-la, para que ela se aborreça com o Rei, prejudicando seu casamento. Não passam de fofocas!

– Ora, Naruto, você sabe que Sasuke não é um santo. Vez ou outra ele dá algumas escapadas às escondidas. 

– Mesmo que isso seja verdade, os rumores vão muito além. - Brigou - Ora, dizer que o Rei vai até a cidade para frequentar aqueles bordéis fétidos, cujas prostitutas certamente são infectadas com diversos tipos de doenças, é no mínimo cômico. Sasuke não faria isso nem que elas fossem as últimas mulheres do mundo! 

– Ainda assim, ele certamente dá um jeito de manter seus casos longe das vistas de Sakura. - Afirmou o mais velho - E ela é do tipo inconsequente, que faria o mesmo apenas por vingança. 

– Acha que Sakura é uma adúltera? - Naruto indagou abismado, pois Orochimaru parecia bastante certo do que estava dizendo.

– É provável, Naruto... É provável. 

Alheia a tudo que falavam sobre sua pessoa, Sakura foi levada por Sasuke até a câmara do Rei. O moreno deitou sua esposa na espaçosa cama, então ficou ao lado dela e a abraçou. 

Sakura estava trêmula, ainda em choque. Jamais em sua vida sentiu o perigo tão perto de si. 

O Rei também temia que o estado de Sakura afetasse a criança. Precisava acalmá-la enquanto o médico não chegava.

– Sasuke... - Sakura quebrou o silêncio que havia se instalada entre ela e o marido, então se desprendeu dos braços dele e o olhou nos olhos - Sasuke, a Sarada...

Ela estava em pânico, seus olhos marejados. Naquele momento, só pensava na filha.

– Sarada está bem, meu amor. - Ele depositou um beijo na testa dela - Fique tranquila. 

– Não, Sasuke... Se aquilo não foi um acidente, Sarada também pode correr perigo. 

– Por que diz isso? - Questionou preocupado. 

– Se alguém incendiou meu quarto, foi algum dos guardas ou uma de minhas aias... pessoas que deveriam zelar por mim. - Disse soluçando - Então, Sasuke, Sarada também não está segura. 

– A Corte de Sarada foi escolhida por você. Pessoas de sua confiança, Sakura. Não há o que temer. - Sasuke delicadamente passou o dedão pela face de sua esposa - Fique calma. Nossa Sarada está bem, e nosso pequeno Príncipe também precisa ficar bem. - Ele levou uma de suas mãos até o ventre de Sakura, acariciando-o - Acalme-se. Já passou. 

– Quero que Sarada seja trazida para a Corte amanhã. Quero que passe alguns dias aqui, comigo. 

Sasuke suspirou pesadamente. Não concordava com a idéia de Sarada passar muito tempo na Corte, mas não queria que de alguma forma a tristeza de Sakura afetasse o bebê. Se a presença de e Sarada fizesse de Sakura mais feliz, então ele deixaria a filha passar alguns dias com a mãe na Corte. 

O moreno se levantou, caminhou até um móvel de madeira perto da janela e tirou um papel de uma das gavetas. Sentou na cadeira de frente para o móvel, pegou uma pena e molhou sua ponta na tinta preta, pondo-se a escrever. 

Sakura o encarou com curiosidade, mas resolveu não perguntar de que se tratava aquela carta. Apenas observava seu marido de costas para si enquanto escrevia lentamente, com a caligrafia perfeita, uma carta. 

Com a carta finalmente selada, Sasuke se levantou e olhou para Sakura. 

– Sarada passará uma semana conosco. - Disse ele - Mandarei que entreguem esta correspondência nas mãos de Mebuki imediatamente. Amanhã, quando você acordar e for fazer sua primeira refeição, nossa filha já estará aqui. 

Sakura sorriu satisfeita, chorando de emoção. Há três dias visitara sua filha pela última vez, mas a saudade já lhe corroía por dentro. 

– Muito obrigada, Majestade. 


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Notas finais do capítulo

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Bjs♡



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