4 anos para o fim

Seu celular vibra e já sabia quem tinha mandado a mensagem.

De: Sasuke

Você vai?

De: Naruto        

Tenho opção?

De: Sasuke

Não

O terno chique reside sobre sua cama para seu total desgosto. Já tinha seu terno, mas seu namorado insistiu e comprou um novo sem motivo nenhum. Uma única coisa que odeia nele é a mania de gastos, mesmo a situação sendo especial... É revoltante aquela roupa na cama. Sem ajuda de si no apartamento, pois ainda está arrumando um emprego desde a volta para Konoha, o Uchiha está pagando as contas e ainda gasta com essas coisas.

Dentre as várias posses da família do Sasuke, aquele apartamento é o único “pequeno” e aceito por si para ser o lar dos dois. Com a insistência do moreno para continuarem morando juntos com a fachada de que o moreno prefere algo localizado na cidade e de que estão acostumados com a presença um do outro para ainda continuarem dividindo apartamento.  Ainda se questiona acerca da opinião de Fugaku disso tudo.

— Naruto, quero você vestido — Ouve a voz da sua melhor amiga atrás de si, aquela voz sinistra digna de seus piores pesadelos — Agora.

— Estou indo, Sakura. Nem sei por que estou indo nessa festa idiota.

— É justamente esse que é o anúncio do novo presidente da empresa Uchiha — A rosada cruza os braços em descontentamento e coloca o dedo no queixo “pensando” em algo — Oh, o Sasuke é o novo presidente. Seu namorado lindo e gostoso está esperando sua pessoa.

— Sakura, é uma das poucas vezes que fala sobre isso... — Pouco se importa com sua aparência seminua na frente da sua amiga, anos de amizade estão aí para isso — Eu deveria tê-la contado.

— Eu estou bem, Naruto. Eu amo o Sasuke e muito — Haruno coloca os dedos sobre a boca dele, pedindo para não ser interrompida pelo loiro — Mas vocês estão felizes juntos e eu jamais faria um mal a vocês, meus melhores amigos. Se vocês estão bem com esse relacionamento, trazendo a felicidade um para o outro, então... Eu posso ser feliz com isso.

— Você encontrará alguém que a faça feliz — Tenta desajeitadamente arrumar a gravata e é interrompido pelas mãos habilidosas da amiga que deixa essa parte da veste impecavelmente no lugar — Gratidão.

— Até lá, tenho vocês, imbecis, na minha vida depois de anos separados — Ela vira-se de costas para si e Naruto fecha o zíper do vestido longo com facilidade — Ainda não perdoei vocês por terem partido.

— Larga de drama, Sakura, moramos em cidades muito próximas e vivíamos nos vendo — Ajeita o cabelo no espelho do quarto e olha pela última vez sua veste, realmente aquele terno ficou ótimo nele — Vamos?

— Eu via vocês todos os dias e, depois da faculdade, male má uma vez por mês — Havia um biquinho em seus lábios por birra que o loiro fez questão de ignorar, é comum essa atitude da amiga, ainda mais na TPM — Vamos. Seus pais vão?

— Fugaku não os colocou na lista de convidados e Sasuke anda tão ocupado com a empresa que nem comentei com ele — Obviamente que os esforços de Minato nem chegam ao interesse de Fugaku — Fugaku e seus problemas.

— Seu sogro, raposinha, namorado complicado sempre vem com família complicada. Eu troco se quiser — Ambos riem da piada da Haruno enquanto entram no carro — Pronto para essa festa?

— Definitivamente não.

E com essa frase dita, ele dá partida no carro.

~*~

Aquele lugar é grotescamente gigante, na opinião do loiro. A maioria dos convidados são, com toda certeza, estranhos para Sasuke e, provavelmente, amigos do pai dele. Prefere dormir a estar ali.

Encostado em uma pilastra qualquer do salão, olha desanimado pelo celular... Uma hora tinha se passado e nada do Uchiha. Conhece alguns rostos ali, graças à escola de alto nível que estudou, porém nada de interessante para um início de conversa. Tédio define-o.

— Naruto. Você por aqui! — Uma mulher loira aproxima-se acompanhada de um homem e a reconhece, Tsunade, sua avó adotiva — Conhecendo bem você, esse tipo de evento não faz seu estilo.

— Vovó, eu deveria ter imaginado sua presença por aqui — Incrivelmente, aquela mulher exaltada, uma renomada ex-cirurgiã geral, tinha sido eleita para prefeita da cidade — Quem é esse ao seu lado?

— Ah, esse é meu noivo, Jiraya— Olha para aquela cabeleireira branca ao lado de sua avó e apertam as mãos num cumprimento formal — Você não o conhece, mas namoro com ele faz um bom tempo.

— Papai disse que você está namorando mesmo — Dá de ombros  sem se importar com sua informalidade — Mas já noivos?

— Aproveitar, sabe — Jiraya olha indiscretamente para os seios da noiva e recebe um soco dela — Complicada e perfeita.

— Menos, deixa seus papos assim dentro do quarto — Tampa os ouvidos com as mãos, não querendo ouvir o papo deles — Vocês são nojentos, cara.

— Cadê seu namorado? Seu pai me contou que está com um novo — Sasuke já tinha sido apresentado para sua família, Minato e Kushina são bem tranquilos quanto à sexualidade do filho, diferentemente de Fugaku — Ele é bonito?

— Nesse momento, ele não está presente — Observa o salão, tentando inutilmente achar o moreno no meio daquelas pessoas — Ele está meio ocupado.

A conversa é interrompida por uma voz tão conhecida por si, sempre reconheceria a dele em qualquer lugar ou momento. Quando seus olharem encontraram-se, todas as reclamações internas do loiro... São compensadas pela aparência maravilhosa de Sasuke. Impecável com aquele terno de grife e seus cabelos perfeitamente alinhados, deixando um ar mais sério.

— Estava procurando sua pessoa.

— Prometi minha presença, não? — Cumprimenta o moreno de modo formal, sabia que é necessário tudo isso naquele momento — Essa é minha avó, Tsunade.

— Você nem me disse que é neto de uma renomada médica e, agora, prefeita — Ele pega as mãos da mais velha e as beija com um cavalheiro — É um prazer, Tsunade.

— Meu jovem, sem excessos de cortesias, por favor — Olha para ela ironicamente, conhece muito bem sua avó e sabe de seu amor por elogios — Esse é meu noivo, Jiraya. E eu sou avó adotiva dele, conheço a família dele há muito tempo.

— Eu sei que já deve me conhecer... Jiraya, o grande escritor — Sabe que o moreno pensou o mesmo e não faziam a mínima ideia do que ele estava falando — Depois autografo os livros se quiserem.

— Jiraya, menos, por favor — A noiva dele dá um soco na sua cabeça e todos os homens ali presentes sentem a dor junto a ele — Já vamos.

— Você está muito bonito, Naruto. Retirarei cada peça sua para meu prazer — Ele comenta baixo enquanto os dois observam o casal mais velho se afastando aos poucos — Eles são meio peculiares.

— Quer saber algo mais estranho? — É óbvio o interesse do Sasuke para a fofoca do Naruto quando ele aproxima seu ouvido da boca do Uzumaki — Minha avó é bem adepta a relacionamentos a três e eu tenho certeza que ela está namorando outra pessoa e essa pessoa é aquela que eles estão falando com nesse momento.

— Quem? — Sasuke olha em direção ao casal e percebe eles bem íntimos com uma pessoa bem conhecida sua, seu conselheiro, Orochimaru — Oh! Isso é novidade. E esse Jiraya é dono de uma editora, um trio de pessoas poderosas na cidade.

Eles são interrompidos por uma voz de uma pessoa desconhecida pelo loiro, que chama pelo seu namorado. Sasuke lança um olhar de “mais tarde conversamos” e se afasta do loiro. Novamente está sozinho naquela festa.

— Naruto Uzumaki — De todas as vozes possíveis naquele lugar, aquela é a mais perturbadora de todas por um motivo bem simples... — Vejo que meu filho o convidou para a festa dele.

— Senhor Uchiha, prazer em vê-lo novamente — Tem uma pequena ironia em sua frase, mas Fugaku não percebe e ele oferece uma taça de vinho para si — Sasuke convidou eu e a Sakura para o evento.

— Igualmente, senhor Uzumaki. Meu filho ainda mantém seu gosto peculiar pelas amizades — Sente os olhos dele percorrerem cada parte do seu corpo de cima a baixo com ar de superioridade — Seus pais não vieram? Eles sempre são boas companhias. Tenho certeza que coloquei os nomes deles na lista de convidados.

— Aparentemente houve um erro de envio dos convites — Claramente aquele homem está mentindo e prefere uma conversa mais tranquila, sem discussões — Uma pena.

— Eu procurarei mais informações sobre isso, Naruto — Sente nojo devido à falsa simpatia de Fugaku. Conhece a podridão dessa pessoa e a proximidade dos dois durante essa conversa o incomoda demais — Você está incomodado com algo?

A tensão entre os dois aumenta e aos poucos se afastam do salão. Há uma área aberta com vista de um grande jardim.

— Por que, Fugaku? Você sabe minha sexualidade, sabe a situação financeira da minha família — Já é a milésima troca de farpas entre eles, sempre escondidos do Sasuke — Como que o grande Fugaku permite que seu filho more com um homossexual pobre?

— Senhor Uzumaki, você tem uma opinião totalmente errônea sobre mim — Aquele Uchiha segura a taça, oferecendo um brinde para Naruto e mantendo as aparências de uma conversa normal — Meu filho é livre e as escolhas deles irão o tornar um homem diferente de mim. Isso é muito interessante.

— Então você é um homem hipócrita, vive propagando discursos de ódio gratuito e permite seu filho ter amizade comigo? — É complicado olhar para aquele homem e não sentir raiva, mas mantém sua voz para não prejudicar seu pai — Fugaku Uchiha é capaz disso?

— Sabe, Naruto, existe algo nos negócios que você nunca irá saber — Ele apoia-se de costas na sacada, cruzando os braços e mantendo o olhar firma sobre si — As pessoas mudam por causa do poder.

— Sasuke jamais mudaria por causa disso.

— Você tem plena convicção no que diz? — Até tenta uma contra-argumentação, mas aquele Uchiha continua sua fala — Independentemente da sua resposta, não acho que você compreenda, pois nunca teve o verdadeiro poder na sua mão, essa origem pobre não o permitiria.

— Sasuke tem pessoas ao redor dele com uma mentalidade bem diferente da sua, eu sou uma delas — Aproxima-se sem temer as consequências do seu ato e enfrenta corajosamente aquele olhar perturbador — E minha origem sendo pobre ou não, meus pais são dignos do seu respeito e peço que essa conversa não retorne para a situação financeira minha ou deles.

— Meu filho ainda é muito jovem para uma preocupação quanto a sua imagem no mundo midiático. Ele será alguém criado para ser majestoso e sem influências negativas — Ele aponta para si e sabe perfeitamente o que ele está se referindo, sua homossexualidade — A mídia destroça qualquer influência negativa de uma pessoa conhecida e eu destruirei qualquer chance disso, mesmo que mostrando o caminho e as consequências para isso.

— E se as influências afetarem ele?

— Eu irei cortar o mal pela raiz, mas digo que até lá... Sasuke estará bem longe delas por vontade própria — Fugaku coloca a mão nos ombros do Naruto e se afasta da sacada e de si — Tenha uma boa noite, senhor Uzumaki.

— Boa noite, senhor Uchiha.

Finalmente respira aliviado após toda a conversa. Ainda sente seu estômago ruim por causa de todo o nervosismo causado pelo patriarca Uchiha. É estressante esse convívio com a família de seu namorado e jamais incomodaria ele com seus problemas de ideologia com o pai dele.

— Simpático, não? — Ouve alguém atrás de si e encontra Jiraya encostado em uma pilastra, fumando um cigarro — Ouvi a conversa, minha culpa.

— Sempre uma simpatia única — Nega o cigarro oferecido pelo mais velho e se aproxima, encostando-se à pilastra ao lado da dele — Uma família única.

— A família do seu namorado, no entanto — Até tenta um fingimento, mas a cara do homem de cabelos brancos diz que ele nunca cairia num papo fiado — Garoto, eu reconheço um casal e vocês são um.

— É mais complicado do que você imagina — Responde em tom de desistência, decide ser verdadeiro com aquele homem — Algumas vezes penso se compensa todo esse desgaste por amor.

— Eu tenho um conselho para você. Gostaria de ouvir? — Há uma pausa para a reposta do loiro que pede uma continuação — Por amor, cometemos as maiores loucuras. Seu envolvimento com ele é uma loucura, pois um sogro como esse é desanimador, mas se aquele jovem compensa...

— Ele compensa demais, Jiraya, ele é o amor da minha vida — Há sinceridade em suas palavras e o outro homem percebe isso — Só é cansativo, sabe?

— E quem disse que amor é fácil? Olha para mim e para sua avó, eu abri mão de várias mulheres por causa de uma... E sinceramente? Eu sou feliz por minha decisão.

— Espero que sejam felizes juntos.

O homem de cabelos brancos joga o cigarro no lixo próximo e se afasta da pilastra. Sente a sensação de conforto pelo olhar que ele o lança, foi uma boa conversa. Independentemente do relacionamento que sua avó tinha com ele, está feliz por ela tê-lo em sua vida.

— Sua avó disse-me que você fez faculdade de publicidade e propaganda — Vê o homem entregando um cartão para si e o pega na mão, continha os dados da empresa do Jiraya — Se estiver interessado, abriu uma vaga nessa área na minha empresa. Uma ligação para minha empresa que marcamos uma entrevista.

— Gratidão, Jiraya.

Com um aceno, ele afasta-se e entra no salão.