Sempre ao seu Lado escrita por Aquela Trouxa


Capítulo 33
26 e 27 de Julho ➶


Notas iniciais do capítulo

Glorifiquem de pé e comentem por essa benção meus amados leitores!



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Sempre ao Seu Lado 

Capítulo 29 

 

 

 Após o meu agradecimento, Cole tornou a me embalar com seus braços quentes, se curvando a mim, seu rosto prendendo-se aos meus cabelos curtos. Me permiti aproveitar o contato sentindo seu cheiro. Era muito mais do que a fragrância da possível colônia que ele deve usar, é uma essência vinda do seu interior que gerava fascínio gigantesco dentro de mim, de modo que eu me sentia inabalável mesmo estando vulnerável. Eu não queria me desgrudar de todo o calor e acolhimento que sentia no abraço de Cole, me parecia errôneo fazer isso e doía dentro de mim; ao menos ele parecia compactuar a altura com os meus ímpetos, a todo o momento ele esteve disposto a corresponder às minhas necessidades sem que eu precisasse esclarecer exatamente o que era, pois eu sentia meus pensamentos e sentimentos bem bagunçados, seria de uma benção imensa se eu já não precisasse do auxílio da psicoterapia outra vez. Apesar de não negar a necessidade do tratamento. 

Senti um desconforto no pé da minha barriga, um incômodo pesado, como se houvesse algo sendo repuxado dentro de mim, fez com que meus braços se afrouxassem em volta do corpo quente e masculino, assim consegui perceber que o bebê começara a se mexer de maneira rápida e inusitada, parecia estar mudando de posição. Em reflexo ao extenso movimento, eu afastei de vez meu corpo do calor de Cole pressionando minha mão sobre a camada de tecido que cobria minha pele endurecida que estava sendo esticada, tentando em vão impedir a manobra. Meu corpo expressou o incômodo através de um reclame mudo e urgente; apesar da dor ter me pegado de surpresa, eu lembrei muito bem a quê isso me direcionava. Não era a primeira vez que eu sentia um encaixe pélvico, mesmo que este esteja acontecendo tão rápido. 

 

— O que foi, Lee? — Cole se preocupou; estendeu suas mãos na minha direção, mas as recolheu antes que pudessem me tocar.  

Desejei que tivesse tocado. 

  

— Está mudando de posição... — respondi entre uma curta respiração procurando a cadeira atrás de mim para que eu pudesse voltar a me sentar — ... Para se encaixar... 

 

Me posicionei da maneira mais confortável que eu consegui, com as pernas um pouco mais abertas, apenas sentindo os movimentos constantes que iniciou dentro de mim de uma hora pra outra, a pele da minha barriga pulsava um pouco de dor. Cole arrastou sua cadeira para mais perto, suas pernas fortes e longas quase podiam tocar-me. A feição de Cole mostrava claramente o quão desconfortável e sem ação ele estava por não saber exatamente o que fazer, a questão era que realmente, para nós dois não havia muito o que ser feito. Me esforcei em aguardar pacientemente, mantendo um ritmo estável da respiração até que tudo aparentemente se acalmasse em meu corpo. 

 

— Está cada vez mais perto... — comentei ao suspirar. Senti minha pele seca e grudenta nas áreas em que as lágrimas haviam escorrido. Olhei para minha mão esquerda, que acariciava a enorme barriga que eu já estava. Cada minuto me parecia um pouquinho maior. Era intimidante. 

 

— Deve estar com medo do parto. — Cole comentou. Elevei meus olhos para ele, que encarava o movimento da minha mão sobre a protuberância, bem pensativo. 

 

 — Para mim, agora, o parto é o de menos. —  parei o movimento da minha mão, sentindo a calmaria dentro daquele espaço outra vez — Eu me preocupo mais com o que irei viver após isso. Eu me preocupo... — voltei atrás com minhas palavras — Apenas não me deixo saber dessa preocupação. 

 

— E mesmo assim não teme pelo momento em que essa criança precisar nascer? — insistiu. Suas sobrancelhas pesaram sobre suas pálpebras puxadas, de uma maneira entristecida. 

 

— Será por indução. —  estendi meu braço esquerdo sobre a madeira da mesa, tocando a caixa azul de veludo com a ponta dos dedos — Acredito que não é uma boa ideia esperar a vontade do bebê estar preparado para sair. Rose disse que as alternativas que o bebê pode realizar são fatais. — evitei seu olhar. Soltei um quase riso sem humor enquanto olhava para os meus dedos, que sentiam a textura dos elos dourados da pulseira gravada com meu nome.  — Eu ainda preciso do meu corpo em bom estado, agora tenho mais uma boquinha para alimentar. — ditei de maneira cômica apenas para amenizar o ambiente. 

 

— Sim, uma boquinha que precisa de um nome primeiro. — me fez o favor de relembrar. 

 

— Sim!... — movi meus olhos para a sua direção — Eu não tenho nenhum nome em mente até agora... — lamentei voltando a acariciar minha barriga. — Tem alguma solução que possa me ajudar? — recorri a ele. Seus olhos analisaram o ambiente iluminado pelo sol enquanto pensava.  

 

— Acho que você pode separar alguns nomes e fazer um sorteio. — sugeriu. 

 

 — Um sorteio? — minha sobrancelha se arqueou em estranheza. 

 

— Sim. — confirmou — É por isso que você tem que escolher uma diversidade de nomes que te agradam. Você pode colher sugestões nossas, juntá-las com as suas e descobrir no que pode dar. 

 

 — Olha, até que é uma boa ideia. — ponderei surpresa — Eu deveria ter pensado nisso quando estava grávida da Angie, me pouparia das dores de cabeça... — apesar do humor descontraído, não me permiti a terminar de falar.  

 

 — É que eu não estava lá para te ajudar. — brincou. 

 

— Deve ser exatamente por isso que a minha filha teve aquele nome ridículo. — revirei meus olhos ao sorrir — Se bem que, se tivéssemos nos conhecido naquela época, você não teria o mesmo significado para mim, como está passando a ter hoje. — deixei que soubesse — Prefiro manter inalterado as coisas do passado, sejam quais forem. Escolhas já foram feitas e definidas, hoje estou aqui e todos os dias eu sinto que é exatamente onde deveria estar. — me recostei sobre a cadeira pressionando meus lábios um no outro sentindo meu emocional um pouco conturbado. Era uma dorzinha mental que me convencia de que eu precisava me abrir para alguém, antes que eu explodisse por mantê-los tão bem guardados. 

Eu fiquei muito boa em guardá-los até de mim. 

 

— Lee. — Cole pediu por minha atenção ao aspirar uma boa quantidade de oxigênio para seus pulmões — Ei... — sua mão febril descansou acima do meu joelho direito, afagando o local por cima do tecido; eu não precisei ouvir de seus lábios a afirmação que estava clara na maneira que ele me olhava. Havia segurança o suficiente no seu gesto para que eu sentisse o quanto ele está disposto a não me deixar. Assenti, deslizando minha mão na minha coxa até que estivesse sobre a sua e me dispus a abrir minha boca e falar. 

 

— Eu não suportava olhar na cara do meu ex-marido. — senti um peso sair dos meus lábios junto com as palavras. Cole se atentou ao que eu dizia mantendo seus olhos esverdeados nos meus — Dos sete dias da semana, cinco eu vivia ressentida. Olhá-lo fazia me lembrar da maneira esquisita que ele era preso a sua mãe, e ao mesmo tempo me fazia lembrar da minha filha. De como ela era muito parecida com eles, e de que eu não a veria mais, pois estava morta. Era como se estivessem raspando a ponta de uma faca sobre a minha ferida.   

Discutíamos bastante durante nosso luto, fiquei bem inflexível durante esse tempo e sei que não foi fácil para ele também, pois mal havíamos perdido a nossa primeira filha e minha mãe se foi também, então eu me sentia solitária; pois eu nunca tive Augustus por inteiro... Ele estava ali como meu marido, vivia seu luto pela nossa filha, mas ele tinha mais pessoas para reanimar sua vida, um emprego que aclamava suas conquistas; a conexão excessiva com a sua mãe era sufocante no nosso relacionamento, pois eu tinha a certeza de que ela apenas esperava; apenas esperava pelo dia em que ele iria me deixar. Ele sempre me pedia para esquecer a existência de seus pais, mas se eu fizesse isso, eu teria que me esquecer dele também. — parei um pouco para respirar e reordenar meus pensamentos, relembrando daqueles dias em minha mente. 

 Me silenciei totalmente. Recobrei meu raciocínio com as coisas a minha volta, sentindo um peso estranho na minha mão, nem havia percebido o momento em que deixei Cole esperando, enquanto havia uma taça cheia d’água em minha mão direita. Eu nem vi o momento em que estava tomando água. 

— Hãn... — deixei a taça sobre a mesa e sem graça, puxei na memória onde eu havia parado — Bem, os agouros dela quase eram atendidos com frequência, mas se estenderam por mais de dois anos, até que em uma das milhares discussões, Augustus me sugeriu o divórcio. Claro que aquilo foi da boca para fora, mas eu pesei algumas coisas na balança e passados alguns meses decidi que essa era a única maneira de superar. Augustus nunca quis aceitar, mas ele é ambicioso, e sua ambição era maior que o desejo de nos manter casados. —  tornei a pegar a taça com água ingerindo mais da metade do líquido de uma só vez, e colocando-a de volta na mesa. — Eu decidi esquecê-lo, e não volto atrás nas minhas decisões. Eu não contava com a presença silenciosa da Hilary desde aquele período, mas ela foi meu pontapé inicial para seguir em frente de vez e superar. Eles não precisam saber sobre isso...— parei meu monólogo para encher meus pulmões de ar e relaxar minha postura sobre o assento. A mão quente de Cole continuava no mesmo lugar, seu afago causando um leve formigamento na minha pele — E eu acho que é isso... — divaguei passando meus olhos pelas coisas a minha volta, sem realmente vê-las — Aqui é exatamente onde eu tenho que estar. — afirmei com calma voltando a deslizar minha mão esquerda sobre a barriga. 

 

— Aqui é exatamente o lugar onde temos que estar... — Cole concordou, estendendo sua mão direita na direção da pequena caixa de veludo. Sua mão esquerda continuou o movimento despretensioso sobre minha pele — Eu fiquei cinco anos longe da minha família. — seus olhos esverdeados estavam mais escuros quando olhou para mim — Meu pai foi assassinado por um vampiro dentro das terras de La Push — senti minhas costas se arrepiarem e meus olhos se alarmaram de pavor ao ouvi-lo. Eu já entendia perfeitamente que eles tinham consciência da natureza dos Cullen, mas não imaginei que eles pudessem estar envolvidos mesmo — E eu o culpei por estar na floresta, o culpei por uma circunstância que... — um riso amargurado saiu de seus lábios, Cole foi incapaz de completar aquilo que passava por sua mente. 

 — Eu já me envolvia com a pesca, tinha interesse em lucrar com a venda, então eu fui atrás de me especializar na pesca de Albacoras e frutos do mar; foi o momento perfeito para que eu pudesse evitar qualquer influência quileute. Eu me esqueci totalmente de que não era só eu que estava sofrendo, Arthur não era apenas meu pai, ele era filho, irmão, tio e marido, eu não era o único a sofrer com a perca..., mas isso teve consequências irreversíveis dentro da minha família; perdi os cinco primeiros anos da minha afilhada. — ele anuiu sua cabeça em negação — Kay me trata apenas como o tio Cole, que vive navegando pelo mar, — soltamos um riso anasalado — no mínimo eu deveria ser uma referência maior para ela, um segundo pai, o seu preferido, qualquer coisa assim!... Essa é uma das coisas que mais me arrependo, sabe? Disso e de ter evitado a minha família propositalmente, minha mãe.. Eu fui um... — hesitou — ...Um insensível, com meus avós. 

 

— E mesmo assim, tudo que vivemos, foi o destino que preparou para nós. — repeti suas palavras de ontem. 

 

— Mesmo assim. — concordou afastando sua mão quente de mim. Seus dedos brincaram com os elos dourados da pulseira, desatando-a da almofadinha — Gosto de pensar que o destino vai além da coincidência transcrita pelo tempo. — num gesto silencioso, pediu por minha mão. Num modo aleatório eu lhe estendi a esquerda. — Nas histórias do meu povo, existe a espera de uma união que nos proporciona o melhor de nós mesmo; — lentamente passou a corrente ao redor do meu pulso, a ponta dos teus dedos roçava minha pele. Senti meu coração bater mais rápido — Nos últimos dias eu tenho percebido que essa história e todos os seus relatos não podem se comparar com a intensidade de se vivê-la. 

 

— Parece uma história bonita. — ponderei não entendendo a finalidade de suas palavras, apesar de sentir como elas eram intensas. 

 

— Ficaria ainda mais encantada se ouvisse pelos anciãos. — seus olhos deixaram de olhar para a pulseira, agora atada junto ao meu antebraço, mirando-me com a feição fervorosa. Parecia disposto a falar mais coisas. 

 

— A mamãe!... — pude ouvir a vozinha da minha filha soar. 

 

 Olhei rapidamente para a única direção possível dela aparecer, vendo-a ser direcionada por Renesmee. Senti meus lábios se moverem num sorriso. Haviam trocado suas roupas, agora ela estava com um vestido lilás estampado, sapatilhas nos pés e uma faixa larga de laço na cabeça, sua mãozinha direita segurava com firmeza na mão dela enquanto desciam a passagem sobre as lascas de pedras. Não demorou muito para que elas estivessem diante de nós, Hilary estava feliz com a caminhada que fez e Renesmee correspondia sua animação. 

 

— Dá pra acreditar que ela pediu para a titia Nessie, achar a mamãe?! — comentou rindo — Nós estamos evoluindo! — soltou sua mão da pequenina da minha filha, deixando-a prosseguir livre até a mim. 

 

— Oi mamãe! — agarrou-se nas minhas pernas. Envolvi suas mãozinhas nas minhas percebendo imediatamente que suas pequenas unhas estavam pintadas de cor-de-rosa. Minha sobrancelha se arqueou ao perceber que isso só poderia ser obra de Alice. Afaguei seu rostinho redondo e delicado, me atentando ao vestido que usava — Oi!... — tentou falar o nome de Cole, mas pareceu um embaralho de língua. Nós rimos, e Cole a cumprimentou de volta mesmo assim. Continuei com meus olhos atentos ao vestido que estava em seu corpinho. 

 

— Oh!... — senti meus olhos começarem a se aguar mais uma vez nesta tarde, quando reconheci a peça — Esse vestido... — resfoleguei. Passei minha mão pelo tecido lilás estampado com florezinhas sentindo um aperto saudoso no coração — Eu pensei que você demoraria tanto para usá-lo, mas está tão linda nele, meu bebê... Foi a vovó Anna quem deu.  

 

 A bebê da mamãe, quer a mamãe! — pediu por colo. A puxei para que sentasse no espaço que ainda havia nas minhas pernas — Presente? — Hilary me perguntou. 

 

— Sim, foi um presente meu amor... — comentei emocionada sentindo vontade de tagarelar sobre isso. 

 

— Presente! — dessa vez ela estendeu ambas as mãos de maneira impaciente na direção da mesa, ofuscando todo o encanto e emoção que eu estava sentindo. Hilary não estava falando sobre o tecido que a cobria, talvez nem tenha percebido; ela apontava para a caixa de veludo quietinha sobre a madeira da mesa. 

 

— Ah... — meus olhos piscaram rápidos devido a situação embaraçada — É um presente também! — me recompus, abraçando seu corpo macio — Você não vai acreditar em quem deu esse presente! Para nós duas! — a instiguei a saber. 

 

— Ah, eu também quero saber! — Renesmee se inclinou na direção da minha filha, animada e realmente curiosa — O que você acha que é, Hilary? 

 

Sob os olhos atentos de Renesmee, Cole adiantou-se em pegar a pequena almofada de dentro da caixa, desatando a corrente dali. A gravura do nome de Hilary reluzia no possível ouro da joia. Respirei fundo contendo minhas expressões físicas, pois tamanha é a intensidade que sinto estrondar em meu coração; Hilary ainda não tinha vivência o suficiente para entender o que de fato significa receber um presente, entretanto, este presente em si, significava muito mais do que as milhares de palavras que surgiam em meus pensamentos, nenhuma delas chegavam perto daquilo que eu estava sentindo. Respirei fundo percebendo que meus olhos estavam humedecidos e segurei o bracinho direito da minha filha estendendo para Cole, seus olhos claros continham um tom mais escurecido e eu tinha a absoluta certeza, eu podia superficialmente sentir, que ele estava feliz por estar aqui com a gente. 

 

 — É uma carinhosa lembrança, para que vocês sempre se lembrem do “pertencer”. —  Cole envolveu a corrente infantil no pulso da minha filha e tocou nas mechas do seu cabelo — Antes de qualquer local; de qualquer cidade, vocês se pertencem. Nunca permitam que alguém tente destruir aquilo que já nasceu com vocês, pois esteve sendo gerado antes mesmo de qualquer um conhecer. 

 

— Bem bonito, filosófico... — ponderou Renesmee num pensamento mais limpo e direto, diferente do meu, que comparava suas palavras com nossa conversa anterior à sua aparição com minha filha. Ao contrário de tudo que borbulhava no meu cérebro, eu não consegui respondê-lo, meu coração tornou a bater forte dentro do meu peito ocasionando minha falta de palavras. Encabulada, apenas pude encará-lo com intensidade direcionando um sorriso fechado.Ela direcionou a atenção de Hilary para o seu próprio bracinho, dedilhando sobre os elos dourados da pulseira — Olha bebê, que linda essa pulseira! Tem o seu nome! 

 

— Linda! — sua mãozinha esquerda grudou na corrente com força. Enfiei meu dedo no vão da palma da sua mão para que ela soltasse a pulseira antes que pudesse realmente danificá-la. 

 

— Assim não Hilary! — a repreendi — Tem que fazer carinho, é delicado. Agora seja uma menina educada e agradeça ao Cole pelo presente lindo que ele te deu meu amorzinho. Temos que cuidar muito bem de presentes especiais. — senti minha face se aquecer apenas pela presença de Renesmee em ouvir-me — Obri... — estimulei minha filha a agradecer. 

 

— Obrigada...! — agradeceu embolando suas palavras finais quando, para ela, pareceu dizer o nome dele. Sorrimos para ela. 

 

— Eu e a Hilary sentimos muito em atrapalhar o casal, — Renesmee se pôs em pé — mas, Amberli, está na hora das suas consultas especiais com meu avô. Você sabe, aqueles fios grudados por todo o lado, a dieta... Enfim, — suas mãos ágeis tiraram Hilary do meu colo, que não se opôs — viemos buscá-la para tudo isso e mais um pouco. 

 

 

 

 

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Retornamos aos meus passos curtos e espaçados, o andar semelhante à uma pata. Haja paciência para isso. A sala comportava todos os integrantes da família como eu nunca havia visto, pareciam dispostos a realizarem uma confraternização a qualquer momento. Agradeci pelo momento em que Carlisle gentilmente me pediu para descansar em algum dos assentos ainda livres, para que depois pudéssemos ir até seu escritório realizar as checagens que eu já pressentia serem das últimas semanas pois havia muitas coisas para discutirmos sobre o avanço da gestação. Esme me abordou também, amorosa como sempre é, fez questão de saber a minha opinião sobre os petiscos oferecidos a nós. Comentei com um sorriso no rosto de que nada foi desperdiçado e até brinquei com a proporção da minha barriga, lhe dizendo que metade do volume era por causa da quantidade de alimento que estive comendo. Esme riu junto comigo, e abraçou-me pelos ombros, me prometendo de que nas próximas semanas ela e Franchesca dividiriam uma tarde comigo. Aprovei a ideia com entusiasmo, açorada em poder conhecê-la. Cole acompanhou meus passos após trocar palavras amistosas com Carlisle e Jasper, sentando no estofado livre ao meu lado. Jacob estava ali também, seus pés descansavam sobre a quina da mesa de centro, enquanto seus olhos permaneciam atentos ao conteúdo exibido no display do celular no momento em que resmungou com Cole em uma língua estrangeira e foi correspondido na mesma fluência. Ambos trocaram um riso anasalado decorrente ao que estavam particularmente falando e ficaram em silêncio. 

 Observei a dinâmica íntima entre a família observando-os com curiosidade, sabendo que também estava sendo observada em diferentes aspectos, tanto por Carlisle quanto por Jasper. Rosalie e Emmett estavam concentrados no panorama oferecido pela extensão gigante das paredes de vidro, da onde eu estava, era possível ver partes de seus corpos reluzindo pela luz solar em contato com a pele exposta; quando notaram que eu os observava, simultaneamente ambos olharam para mim, cumprimentando cordialmente. Rosalie estendeu o contato visual, seus olhos de ouro desviaram para Cole e inesperadamente também o cumprimentou. Ninguém se surpreendeu tanto quanto eu. 

 Nessie devolveu minha filha aos meus braços pouco tempo depois, nas mãos dela haviam canetas e um pacote de bloco de notas, que ficou com Hilary assim que ela ficou em meu colo. Durante nossa volta para a mansão, Cole compartilhou com Renesmee sua ideia inusitada de sortear os nomes para o bebê, não precisou de muitas explicações para que ela também aprovasse. Através de seu olhar consegui entender que estávamos em boa hora para fazermos a seleção de nomes; assenti, permitindo que ela fizesse o que tinha em mente, expondo a ideia para os demais presentes.  

    

— Então agora vocês estão até escolhendo os nomes juntos?! — nem precisaria me virar para saber que a feição estonteante de Rosalie estava desgostosa. 

 

— Na verdade, Cole apenas facilitou meu modo de escolher algum. — movi meus olhos para olhar para ela — pensei que gostaria de me ajudar também... — acanhei encolhendo meus ombros. 

 

 — É claro que eu quero! — foi carinhosa ao responder. Instantaneamente ela já estava a minha frente olhando-me com expectativas, porém não foi muito difícil captar seu olhar vacilante em desgosto para o homem que estava bem confortável ao meu lado esquerdo no sofá — Nomes sorteados, certo? — sorriu. Apesar do lindo sorriso, ele não alcançava seus olhos. 

 

— Sim! — tomei a frente com um entusiasmo contido — Quero que todos aqui sugiram nomes e apresente-os nos papéis que a Hilary já se apossou... — me referi a embalagem de um bloco de anotações que ela já queria mordiscar — Filha, isso não é de comer. — afastei o bloquinho de suas mãos ignorando seus reclames — E aos poucos eu vou eliminando as sugestões. 

 

— Serão dois sorteios. — acrescentou Cole. 

 

— Sim, — consenti — para nomes compostos de ambos os sexos, por favor! — soltei um breve riso. Renesmee sinalizou suas mãos, amostrando as canetas — Sim Nessie, já podemos começar; gente, eu preciso que todos participem, até mesmo você, Jacob. — pontuei ajeitando Hilary em meu colo. Renesmee passou por mim pegando os papéis. 

 

— Eu?! — suas sobrancelhas se arquearam. Renesmee lhe estendeu uma caneta para sua mão estendida — Não me responsabilizo por nada, se, de repente esse nome for o finalista. 

 

— Apenas seja bonzinho. — pedi — A criança precisa de um nome, preciso chamá-lo de uma maneira decente. — Jacob riu das minhas palavras. 

 

 — Claro que sim... — debruçou sobre o papel, ainda risonho. 

 

— Ness, está faltando canetas. — Alice analisou aceitando o instrumento. Renesmee interrompeu seus passos pela sala olhando para as poucas unidades que ainda estavam em suas mãos. 

 

— O que? É claro que não, tia! — Renesmee contestou. 

 

— Mas irá faltar se não for buscar. — rebateu — Ande, pare de enrolar, Amberli quer que todos participem, seus pais resolveram voltar num momento perfeito. — Alice anunciou ao sorrir. A família toda recebeu a notícia com carinho, pareciam estar superficialmente cientes desse fato. 

 

— Finalmente! — suas sobrancelhas se arquearam ao sorrir — Isso significa que teremos mais nomes para serem sorteados! — se alegrou, para logo em seguida sumir das minhas vistas e voltar como se nunca realmente tivesse saído — Agora sim, a família está reunida. — comentou com um sorriso largo em seus lábios — Espero que minha mãe tenha algumas ideias criativas sobrando. Meu nome não pode ter sido o suficiente... — seu comentário soou docemente, cobrindo parcialmente o escárnio. Jacob e Emmett gargalharam estrondosamente fazendo meu corpo dar um pulinho de susto, e até mesmo Rosalie se permitiu rir abertamente.  

 

— Nem sei porque certas pessoas riem, se foi quem mais apoiou a decisão dela... — Alice provocou, olhando para suas pequenas mãos nos ombros do marido. 

 

O sorriso descontraído de Rosalie desapareceu no mesmo instante. Não que isso tenha prejudicado sua beleza irreal, é claro. 

 

— É melhor pararmos por aqui. — Esme interveio antes que mais alguém pudesse falar. Apreciei seu ato. 

 

— Vocês sabem que a Bella se chateia com isso ainda, mesmo que ela também brinque com a escolha do nome. —  Carlisle justificou em apoio a esposa — Não vamos envergonhá-la na presença da Amberli. Até por que, elas não se conhecem. 

 

Todos consentiram às palavras de Carlisle, tornando o ambiente tranquilo outra vez. Passados alguns minutos nesse silêncio, Jasper anunciou que eles estavam próximos da mansão.  

Hilary estendeu seus bracinhos na direção de Cole no mesmo momento em que a equilibrei sobre o espaço ainda disponível nas minhas coxas, pedindo por colo em sua própria linguagem. Ele não tardou a segurar e tomá-la para si, a mantendo entre nossos corpos; voltei a olhar de maneira ansiosa para a escadaria onde o casal apareceria. Eu nunca havia visto Isabella além de fotografias, e saber que ela é a mãe biológica da Renesmee e que já esteve na mesma situação que eu estou vivendo, fazia com que minhas mãos ficassem grudentas de suor. Sem saber com o que ocupar minhas mãos, me vi obrigada a secar a transpiração no tecido excelente, inspirado exclusivamente para Elena Goldwyn. Disfarcei a respiração longa que traguei, ouvindo meu coração bater rápido dentro de mim, era capaz de todos estarem ouvindo-o tanto quanto eu. Senti-me mais nervosa ainda, de modo que passei a apertar o tecido que me vestia entre meus dedos.  

 

 — Lee... — o sussurro quente soprou em minha orelha, arrepiando meu corpo. Senti o momento em que o corpinho delicado da minha filha foi afastado de mim, passada inteiramente para o sustento do seu braço esquerdo, agora seu corpo febril estava tocando toda a minha lateral esquerda. Desde a coxa, até meus ombros, que foram envolvidos por seu braço longo. Meu corpo voltou a relaxar no mesmo instante. Desviei minha atenção da escadaria, encarando a enorme barriga pontuda que praticamente descansava sobre minhas coxas. Um suspiro bem baixinho escapou pelos meus lábios; era de alívio.  

 

— Eu sei. — sussurrei de volta, compreendendo perfeitamente que sua chamada era pra ratificar sua permanência.  

 

Num gesto corajoso, me vi levar minha mão direita em direção a sua que descansava sobre a lateral do meu ombro, num toque tímido eu envolvi meus dedos entre os seus encaixando-os num entrelaço. Se antes eu já achava que meu coração estava acelerado, agora ele poderia facilmente irromper a caixa torácica de tão forte que batia. Mantive minha expressão facial relaxada mesmo sentindo a pele do meu rosto esquentar. 

 Não esperamos muito até que o casal estivesse dentro da residência, Cole movimentava a ponta dos seus dedos quentes contra o nó dos meus dedos e nem quando o casal surgiu de mãos dadas pela escada sua carícia parou. Edward era o mesmo jovem homem lindo que eu já havia visto e conversado no hospital, cabelo acobreado liso num penteado revolto, pele tipicamente pálida, e olheiras como a maioria da família. Meus olhos ansiaram em ver sua esposa pela primeira vez. Isabella é claramente mais nova do que eu; magrinha e baixa, não tanto como Alice, mas era menor que Rosalie, Esme e eu. De cabelo castanho escuro bem liso e longo, muito mais pálida que todos da família, de modo que sua pele parecia até mesmo um pouco perolada, apesar desse detalhe ela era tão linda quanto Esme e até mesmo Alice. Nem parecia a mesma das fotografias, principalmente pelos olhos. Seus olhos dourados e as olheiras são as características mais semelhantes aos demais vampiros. Meus olhos foram dela, para Rosalie, e minha autoestima pareceu despencar um pouco mais por estar rodeada de mulheres tão deslumbrantes como elas. Senti-me incomodada em estar perto delas. Cole apertou sutilmente seus dedos contra os meus. 

 Renesmee foi a primeira a recepcioná-los com um abraço apertado e silencioso, quando os dois pares de mãos a envolveram, suas mãos tocaram ambos os rostos com carinho e permaneceram assim por alguns instantes. Quando desfizeram o abraço em família, o casal pôde se aproximar dos sofás e poltronas concentrados no meio do cômodo para cumprimentar a todos, ninguém estendeu os cumprimentos, apenas os direcionaram diretamente para mim. Cole afastou-se um pouco de mim para que houvesse certa comodidade entre esse novo fluxo de pessoas perto de nós. Edward foi breve e sem formalidades apresentou sua esposa deixando que ela frisasse sua preferência em chamá-la apenas de Bella, seus olhos grandes me encaravam de baixo à cima com curiosidade, sua mão estava firme sobre as do marido, um ofego escapou de seus lábios antes que proferisse mais alguma palavra para mim. 

 

— Tão corajosa. — sorriu ao dizer. Foi a única coisa que ela me disse por um tempo até soltar-se do enlaço com o marido e se curvar sobre mim, num abraço gelado que fiz questão de corresponder. Seu cabelo castanho cobriu meu rosto, inundando meu nariz com o perfume delicioso que exalava dos fios longos. Senti quando sua mão tocou minha barriga — Confesso que nunca pensei em encontrar outra mulher que decidisse viver a mesma escolha que a minha. —  seu corpo se afastou de mim, mas manteve-se abaixada a minha frente — Fico feliz por você ter encontrado nossa família para não lutar apenas com a sua vida, se dando a chance de ambos viverem. — seus olhos começaram a brilhar lagrimosos, apesar do sorriso ainda estar moldurando seus lábios — Acredite, foi muito difícil mantê-la a salvo... — seu olhar encontrou Renesmee; havia aquele amor puro que eu conhecia bem — Você está com muitas vantagens, Amberli e a maior delas é garantirmos sua vida. 

 

— Vocês têm me garantido isso desde o primeiro dia, e já nem posso mais agradecer. — comentei. 

 

— E realmente não precisa. — Isabella reforçou. 

 

Renesmee tornou a abraçar a mãe, que mais deveria ser considerada como sua irmã, passando os papéis e canetas  

— Agora que todos estão aqui, podemos começar! Eu vou usar o Murano para guardar os papeis. — estendeu suas mãos sobre o centro de mesa estapeando a perna de Jacob, para que ele retirasse seus pés dali. 

 

— Cole teve a ideia de me ajudar a escolher os nomes... — atraí a atenção do casal para explicar do que a filha estava falando. 

 

— Já contei para eles. — Renesmee interceptou minhas palavras 

 

— Mas quando? — quis saber franzindo minhas sobrancelhas em confusão.  

— Não quando, mas como... — sua mãe deu lugar para que ela ficasse a minha frente — Tem uma coisa que eu faço que preciso te mostrar, você confia em mim? — seus olhos castanhos expressivos me encararam bem de perto. Ao meu lado esquerdo, senti o calor de Cole grudar em mim, Hilary estava com Emmett agora. 

 

— Acho que sim. — respondi incerta, apesar de estar curiosa — O que é? 

 

Em meu consentimento e respondendo minha pergunta, ela estendeu sua mão esquerda para tocar em meu rosto. Ainda nos encarando, no exato momento em que sua mão quente demais, tocou-me, surgiu uma recordação muito intensa na minha mente, mas de forma alguma foi vivida por mim. Eu ainda podia ver Renesmee com sua expressão amena a me encarar, ao mesmo tempo que a vivacidade da recordação parecia muito mais nítida que minhas próprias lembranças e visão: a pessoa subia os degraus da mansão com uma percepção absurda, antes mesmo de me ver, ela já sabia que eu estava lá, podia me sentir e ouvir, nos mínimos detalhes! Não demorou muito para que eu fosse vista de um ângulo invertido, com meias cobrindo meus pés, parada no meio da sala, segurando com força na barra do suporte da bolsa de sangue, que cheirava como algo atrativo, porém, fácil de ser ignorado. Meus olhos estavam um pouco arregalados, a sonda colada ao meu nariz chamava mais a atenção do que eu imaginava e a barriga levemente protuberante encoberta pelo moletom evidenciava a razão da minha presença ali. Um pensamento rondou aquele momento: surpresa. Ela se perguntava como eu estava tão bem, pois sua expectativa se baseava no estado em que sua mãe se encontrava durante a sua gestação. Aos seus olhos, eu estava imensamente bem, havia esperanças. Naquele momento ela definitivamente afeiçoou-se a mim. 

 

 A mão de Renesmee afastou-se do meu rosto. Meus olhos arregalados piscaram devagar, filtrando tudo aquilo que eu havia acabado de “ver?!”. Franzi minhas sobrancelhas me sentindo um pouco deslumbrada e muito perturbada, buscando alguma lógica incabível. Ela havia compartilhado sua memória comigo? Passado seus pensamentos e sentimentos para dentro dos meus, usando suas mãos?! 

 Minha mão se ergueu, tocando o mesmo local onde a mão dela esteve, e uma vaga lembrança, que dessa vez era minha mesmo, surgiu como um estalo; o doutor Anderson havia me aconselhado a não pensar em nada que entregasse meus planos desde o início, principalmente se alguém da família estivesse com Carlisle... Seria esse um dos motivos?... 

 

— É assim que eu contei para eles... — Renesmee falou acanhada. Sua testa começou a se avermelhar. 

 

— Bem útil... — foi a única coisa que eu consegui responder — Isso é meio demais para a minha cabeça querer entender agora. — me desculpei esfregando a ponta dos meus dedos contra minha testa. Senti Cole se aproximar de mim outra vez. Aceitei sua aproximação de maneira automática e de bom grado, procurando por sua mão, assim que ele passou seu braço pelos meus ombros. Encaixei nossos dedos num entrelaço novamente — Acho melhor começarmos com isso... — gesticulei vagamente com a mão livre. 

 

— Nessie, era melhor você ter explicado apenas em palavras!... — Cole a censurou, dando um leve aperto no enlace dos nossos dedos.  

 

  Renesmee pareceu não o ouvir, e com o apoio de Alice, deu seguimento à seleção dos nomes, aos poucos a família foi reagindo e passaram a rasurar os papéis; Renesmee passeava pela sala recolhendo as opções masculinas para dentro da peça de cristal que estava em suas mãos. Observei o andamento, me concentrando nas ideias decisivas de terceiros na minha vida, vendo com uma nova curiosidade, cada papel que era recolhido. 

 

— Aqui dentro têm vinte nomes. — suas unhas tilintaram contra a peça — Amberli irá retirar de modo aleatório, até que sobrem dois papéis aqui dentro. Se ela gostar da junção, o nome do bebê é confirmado. 

 

— Cada nome retirado, será lido em voz alta para que todos saibam qual foi, aí a pessoa que o sugeriu se manifestará. — Alice adicionou. 

 

— Tudo bem! Vamos começar! — Renesmee balançou a peça de cristal nas mãos chacoalhando os papéis dentro dele, foi rápido, logo ela o estendeu para mim, a fim de que eu descartasse o primeiro nome. 

 

Estendi minha mão, não perdendo tempo, abri o papel e li em voz alta 

— Dean. 

 

— O que?! — Renesmee se chateou pela sua sugestão ter sido a primeira — Vamos continuar... — balançou o Murano mais uma vez. Deixei o papel dobrado ao meu lado e estendi minha mão para pegar outro. 

 

A letra não era tão bonita e fácil de ler como a de Renesmee 

— Ashton? — li sem ter certeza do que estava escrito. 

 

— Isso; fui eu. — Isabella se manifestou — Desculpe, minha letra não é a das melhores. 

 

Dei continuidade, dessa vez afundei minhas mãos entre os papéis para pegar bem ao fundo 

— Spencer. 

 

— É um nome versátil. — Jasper se manifestou sucinto. 

 

Dei continuidade a seletividade dos nomes, recolhendo papel por papel tendo a colaboração de um nome ou mais de cada um. Isabella havia apresentado mais um nome: Charlie, que foi o nome do seu pai. Alice participou com duas sugestões até agora: Wyatt e Jonathan. O nome de origem francesa, Antoine também foi descartado; era uma sugestão de Rosalie. Dominic e Oliver foram dois nomes apresentados por Esme; nomes que ela guardava com carinho para os filhos que ela nunca poderá ter... Jacob já havia aberto a boca sobre dois nomes incríveis que ele havia escolhido para a criança, se fosse menino; um deles, Terrence, já estava fora, estou torcendo para que o segundo nome não ficasse entre os finalistas sortudos, vai saber que nome era! Dustin e Austin foi a dupla de nomes que eu me identifiquei, mas não me chateei por eles terem sido recolhidos, Carlisle havia os apresentado na sugestão. Brayden e Cael também estavam fora das possibilidades, ambos foram escolhas de Cole.  

 

— Não é possível pai! Nada de algum nome dado por você sair? O meu é o primeiro, mas até agora nenhum descarte do meu pai?! — Renesmee reclamou chacoalhando o Murano pela segunda vez, antes de estendê-lo para mim. 

 

— Eles não se combinam, logo esses serão recolhidos. — sua voz bonita respondeu à filha. 

 

Retirei mais um, faltavam apenas mais cinco dentro da peça. Precisaria tirar mais três 

— Adrian. 

 

— Droga! — Rosalie bufou. 

 

— Não vai ter jeito! — Jacob se balançou em animação no sofá — a minha escolha nomeará a criança! — esfregou suas mãos em contentamento. Em pensamento torci para que isso não pudesse acontecer, independente do nome. Ouvi Edward soltar um breve riso. 

 

Não fiz questão de respondê-lo, esperei que Renesmee espalhasse os remanescentes no fundo e agarrei mais um 

— Theron. — não era um nome feio, mas torcia para que este fosse a escolha de Jacob. 

 

— Viu, Nessie; uma das minhas escolhas já foram. — ao invés disso, foi Edward quem se manifestou. 

 

Comecei a ficar preocupada, agora só me restavam duas opções de descarte. Fechei os olhos e agarrei o primeiro que toquei 

— Aspen! 

 

— E o outro, em seguida. — Edward falou — Fiquei entre os finalistas. — ironizou. 

 

— Jacob será o próximo. — falei quase rindo de nervoso. Esperei Renesmee chacoalhar bem o Murano antes de pegar o último papel. Quando eu iria retirá-lo, me deu um leve receio. Soltei-o e peguei o que estava do lado. 

 

— Ei! — Jacob exclamou — Isso tá valendo?! 

 

— Jacob! — exclamei o nome com alívio — Espera aí! Jacob? 

 

— Você queria um nome digno e decente, nada melhor que: Jacob. — respondeu simplesmente. 

 

— Dessa vez o cachorro se superou... — ouvi Rosalie falar. Emmett, que estava ao seu lado com minha filha em seus braços, concordou com sua típica gargalhada estrondosa que encobria qualquer riso do ambiente. Hilary sempre se divertia com suas risadas. 

 

— Os dois finalistas já podem comemorar! — Alice tomou os papeis em suas mãos — Vamos ver se os nomes combinam juntos. —  desdobrou as folhinhas lendo rapidamente. Seu rosto enérgico não me deu pistas do que esperar dos nomes — Quem foram os finalistas? Vocês deveriam entregar os papéis para a mamãe aqui. 

 

Emmett dançou com Hilary, tremendo-a em seus braços fazendo com que sua gargalhada infantil soasse alta por todo o cômodo, todos nós observávamos com um sorriso no rosto. Esme também se aproximou, o que me surpreendeu, já que anteriormente dois nomes de sua preferência haviam sido dispensados. Alice, que já tinha desdobrado os papéis para ler entregou-os aos correspondentes comentando alguma coisa que eu não consegui ouvir. 

Esme se aproximou de Emmett para poder ler o nome escrito, mostrou sua sugestão e discutiram sobre algo. Emmett sorriu com os lábios fechados, suas covinhas se acentuaram nas bochechas, concordando com algo que haviam partilhado. 

 

— Veja querida, temos os finalistas. — Esme sorriu aproximando-se junto com Emmett — A princípio, eu não colocaria esse nome entre tantos outros, mas, ele também merecia uma chance. Pertenceu a alguém muito especial na minha vida, e, se a sua criança for um menino, sabemos que será muito especial também. 

 

— Hãn... — Emmett olhou de Esme, para mim. Parecia se sentir induzido a justificar sua escolha também — Esse é o nome do armador que revolucionou a história do Seattle Mariners conquistando pela primeira vez, a Liga Nacional e logo depois garantindo títulos no World Series. Claro que o Yankees lidera o meu coração e o mundo, mas os Mariners são novatos ainda, vão longe. — terminou com entusiasmado. 

 

— Tem certeza que, Jacob, não era uma escolha melhor?! — o próprio riu atrás do corpo enorme de Emmett. 

 

— Tenho! — o respondi, estendendo minhas mãos aos dois vampiros a minha frente, esperando receber os papéis — Qual devo saber primeiro? 

 

— O meu, querida. — Esme me respondeu — Assim os nomes combinam. 

 

Esperei estar com os papéis em mãos. Ofereci o segundo para que Cole abrisse ao mesmo tempo que eu; desdobrei com calma lendo o primeiro nome, ao meu lado, Cole já esperava por isso 

 — Logan... Fletcher. — anunciei — Logan Fletcher. — repeti o nome, testando-o, apreciando a fonética. 

 

— Parece mesmo um nome de jogador... — a voz de Alice surgiu, ela passeava atrás do encosto do sofá entre mim e Cole — Ou de um ator, qualquer coisa assim. Achei bonito, é um nome de quem sabe como se vestir. 

 

— A combinação ficou melhor do que eu havia imaginado. — Isabella apresentou sua opinião. Ao fundo de suas palavras, alguns mais discretos concordaram com ela — Nenhum pouco abstrato; mas você tinha que colocar a moda no meio... — torceu o nariz para Alice. 

 

— A moda faz a pessoa! — a menor pontou movimentando seus lábios numa careta para a outra — Também não posso negar, apreciei muito o nome. Mas, o que você achou, Amberli? — todos os pares de olhos me encararam em expectativas. 

 

— Gostei também. Muito, na verdade. — assenti tornando a olhar para os papéis, imaginando a silhueta de um menininho se apresentando com o nome. Senti um frio na barriga — É um nome lindo, Esme; — olhei para eles, amassando o papel, passando a memorizar o nome — ornou muito bem com o de Emmett. Me surpreendeu! —  sorri — Obrigada. 

 

— Agora vamos para o nome feminino! — Alice tomou o Murano das mãos de Renesmee com entusiasmo — Agora é a minha vez! — cantarolou. 

 

A família repetiu o mesmo processo: escreveram suas sugestões, Alice foi recolhendo, chacoalhou muito bem o Murano e agora estava diante de mim para começarmos a retirada. 

 

— O meu não pode ser o primeiro! — seus olhos se estreitaram olhando para a peça em suas mãos — Nessie já teve essa falta de sorte. —  pude ouvir ela reclamação em concordância da mesma ao fundo — Pode recolher. — Alice estendeu para mim. 

 

Enfiei minha mão, selecionando o primeiro nome 

— Sadie. 

 

— Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, não é mesmo?! — Emmett se manifestou. 

 

Seguimos como anteriormente, para a minha sorte o segundo nome retirado era sugestão de Jacob, apesar do nome Roxie ser legal, eu ficava mais aliviada de nenhuma sugestão dele estar entre os finalistas. Diana foi uma bela sugestão desclassificada, foi dado Carlisle. Rosalie havia ficado extremamente aborrecida pelo descarte de suas três sugestões, Maia, Elouise e Maisie; nomes lindos realmente, mas eu tinha que seguir a ideia original do sorteio. O nome Thelma, sugerido por Jasper também foi retirado, assim como Margot, dado por Edward; e Adhara e Ayla, dado por Cole. Confesso que quase joguei o papel de volta ao Murano quando soube que era mais uma escolha sua. 

 

 — Significa: resplandecer da lua. — minhas sobrancelhas caíram sobre a pálpebra dos meus olhos quando me senti culpada de ter retirado o papel — Não fica assim... Se fosse para ser o escolhido, ele teria sido um dos últimos. — tentou me consolar — Alice está esperando pelo sorteio do próximo... — me incentivou a continuar.  

 

Apesar de inconformada, eu respirei fundo e dei continuidade. O nome Kylie, sugerido por Alice foi o próximo; logo depois foi Harriet, dado por Isabella; o nome Melinda, dado por Emmett; a sugestão de Esme, Leona, também foi retirada. 

 

Esperei mais um chacoalhar do Murano nas mãos de Alice, para retirar o próximo nome 

— Daisy! — anunciei — Ah, que pena! Esse nome é lindo. — lamentei. 

 

— É realmente uma pena a criança não florir ao mundo com esse nome. — Emmett respondeu, se esticando no assento do sofá. Minha filha estava nos braços de sua esposa agora — Mas é assim; não dá pra se ter mais de uma flor no meu jardim. — piscou galante para Rosalie. 

 

Apreciei sua piada com um breve riso, e retirei mais um papel 

— Fannie. — li o nome com desconfiança. Aguardei o manifestar do sugestor. 

 

— Não era justo que apenas uma criança hibrida nascesse com um nome bem legal, como eu. — Renesmee manifestou. — Bom, agora falta só mais dois nomes!... — pareceu comemorar. 

 

Alice não esperou que Renesmee terminasse de falar, mexeu os papéis restantes e ofereceu a peça para que eu recolhesse o próximo 

— Gloria. — anunciei. 

 

— Era minha última sugestão querida. — Esme sorriu para mim. 

 

— Agora vamos para o último!... — Renesmee se colocou ao lado de Alice. 

 

Olhei indecisa para os três últimos papéis bem dobrados dentro do Murano, troquei um longo olhar com Alice e contendo a ansiedade, eu fechei meus olhos e agarrei um deles. Desdobrei e anunciei 

— Summer. 

 

— Oh, droga!... — Renesmee exasperou — Agora eu quero muito ver quais foram os nomes sortudos! Posso anunciar?! — pediu para mim. 

 

— Vá em frente! — concedi. 

 

— Obrigada! Quem foram os finalistas?! — ela perguntou. 

 

— Eu!! — Alice cantou em comemoração, um sorriso enorme brilhava em seu rosto. 

 

— E, eu. — Isabella se manifestou caminhando até nós — Estou mais surpresa que vocês. — ela riu. Uma risada bonita de se ouvir. Mas se tratando da família, era difícil saber o que não era bonito vindo deles. 

 

— Tudo bem, vamos ver os nomes! — Renesmee recolheu-os do Murano, afastando-se delas para que pudesse lê-los primeiro. Observamos com curiosidade suas expressões. De extrema felicidade, ela passou para confusa e chocada — Não é possível! — exasperou em choque. 

 

— O que houve? — perguntei preocupada junto com os demais. Edward riu. 

 

— Helena e Elena?!! — anunciou em confusão — Apenas uma letra, ou a falta dela, diferem o nome! — virou o papel para que pudéssemos ler — Qual foi o seu, mãe? 

 

— Helena, com a letra H. — respondeu para a filha

 

— E eu, com a falta dele. — Alice mordeu a ponta de sua unha, sem de fato danificar — O que vamos fazer?! 

 

— Continuar com o sorteio. — Cole tomou a frente antes que outro se manifestasse. Nos interessamos pelo que tinha a falar — Coloque-os de volta nesse negócio aí, a Lee vai retirar um, e o que ficar, será o definitivo. 

 

— Legal. — Renesmee fez o que ele sugeriu — E como será a escolha do segundo nome?  

 

— É só pegar todos os outros e fazer um único sorteio. O que estiver nas mãos, ganha. — apresentou a solução. Confesso que me impressionei com sua rápida resolução.  

 

— É perfeito! — aprovei contendo meu sorriso, assim que percebi estar sorrindo — Já podemos começar então. 

 

 Renesmee ajuntou todos os papéis dobrados que haviam formado uma pilha ao meu lado. Alice chacoalhou os dois papéis dentro da peça e o estendeu a mim. Recolhi um, sem cerimônia alguma, li o nome escrito com cuidado, pensando numa forma de anunciá-lo 

— Apenas uma letra pode nos dar o veredito final. Nesse caso, é a letra E. — virei a folha. 

 

— Pelo menos a Bella leva créditos apenas pela letra H. — Alice empinou o nariz, tirando a outra folha de dentro da peça. Renesmee jogou os outros para dentro, deixamos que Alice remexesse os papéis pelo tempo que quisesse — Vamos lá!... — inclinou o Murano para mim. 

 

Mexi minha mão entre os papéis, pinçando o último escolhido entre meus dedos. 

 

— Já pensou se isso virasse tradição em uma família? Seria muito interessante... — Emmett matutou. 

 

— Realmente interessante, tem tantas coisas esquisitas que se tornam tradição em família, isso não seria tão absurdo e vergonhoso, é quase genial. — concordei com ele enquanto desdobrava o papel, tomando cuidado para que apenas eu pudesse lê-lo. Me surpreendi. Analisei o nome, e a letra escrita — Eu não poderia ter sorteado um nome melhor. — felicitei passando a língua entre meus lábios. 

 

— Daisy ganhou?! — Emmett quis saber. 

 

— Kylie?! — Alice disse no mesmo momento. 

 

— Se for assim, Thelma foi a sortuda da vez. — Jasper sorriu de lado. 

 

— Todos foram especiais, mas não é nenhum desses. — neguei virando o papel para que Cole pudesse ver — É Adhara! — anunciei. 

 

— A nossa estrela. — Cole tomou minha mão que segurava a folha, roçando seus lábios quentes sobre minha pele. Dei um sorriso fechado assentindo. 

 

— O nome da estrela! — Rosalie chegou mais perto. 

 

— Ah, o nome que Cole deu! — Renesmee comentou. 

 

— É claro que sim. — Rosalie falou com seu jeito altivo — Então vai ficar Helena Adhara? 

 

— Até que ficou bonito, não acham? — perguntei querendo saber as demais opiniões. 

 

 — É perfeito. — Cole concordou. Logo depois dele os demais apresentaram suas opiniões positivas sobre a concordância dos nomes. 

 

— Eu deveria ter posto o meu segundo nome também. — Renesmee dizia para Jacob — Carlie daria um bom nome também, ou até mesmo Edward! 

 

— Sim, ficaria lindo ela ter o Edward Jacob que sua mãe não teve. — Jacob a cutucou rindo. 

 

— Vire essa boca para lá! — brigou com ele, mas riu em seguida. 

 

 

 

 

 

 

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— Achei que seria bem mais trabalhoso e incômodo para você cooperar nesse exame manual. É um manuseio antigo e pouco recomendado, mas que por décadas foi realizado. — Carlisle admitiu trocando o par de luvas, descartando-as junto com alguns instrumentos que ele havia utilizado. Depois de higienizar suas mãos e antebraço novamente, ele tornou a enluvar as mãos para realizar mais algum exame de toque. Sua mão congelante tornou a examinar o canal da minha vagina até tocar o colo uterino — O encaixe está perfeito, apesar de não sabermos em qual posição o bebê se encontra. 

 

— Só saberemos na hora? — engoli seco, esperando o procedimento acabar. 

 

— Infelizmente sim, você precisará já estar em trabalho de parto, após a indução. Saberemos depois de alguns centímetros de dilatação. — garantiu — Pelo histórico hospitalar que Anderson esteve enviando para mim, seu útero progride rapidamente, vamos aguardar para que continue assim.   

 

Assenti de acordo com Carlisle, desvencilhando minhas mãos dos fios receptores em contato com minha pele. Eu estava num intenso monitoramento havia onze horas e o único jantar que esteve disponível para mim foi a bolsa de sangue. Hilary já havia sido posta para dormir fazia horas, Cole havia partido antes mesmo de eu ser levada para essa consulta; como das outras vezes, eu o enrolei o máximo que pude para que pudéssemos ficar mais alguns míseros instantes juntos, e não poderia me esquecer que ele é responsável por gerenciar dois lugares de pescaria ao mesmo tempo, havia maiores prioridades na sua vida. Perceber a ausência dele me causa uma inquietação tão intensa que posso facilmente comparar como algo doloroso; há diferentes tipos de dores, e a falta dele com certeza, de maneira inevitável se tornou uma delas para mim. Eu mal via a hora dele estar perto de mim mais uma vez, estou contando com isso desde o momento em que ele partiu com Jacob. 

 Renesmee por algum milagre havia ficado na mansão e desde então estava empenhada em apostar sua eficiência em jogos com Emmett. Sua mãe, Bella, se dispôs a contar brevemente sobre a sua experiência com a gestação, que foi muito mais desesperançada e catastrófica. Por muitas vezes, durante o tempo em que conversamos, Edward quis amenizar algumas coisas, porém ela sempre o continha para que eu ficasse ciente de cada costela fraturada, seus medos em geral e a insuficiência cardíaca que ela tinha a todo o momento. Era de dar medo! Realmente minha gestação estava entre as melhores que eu poderia sonhar em ter, depois de ouvir todo o seu relato. O casal se despediu de mim assim que Carlisle avisou que já era uma boa hora para que eu pudesse ir para o escritório. Fiquei surpresa em saber que eles não residiam na mansão, mas que moram numa choupana centenária restaurada em algum lugar pela floresta. Deve ser para lá que Renesmee estava indo dormir então. 

Rosalie me ofereceu um celular para que eu o usasse tranquilamente por quanto tempo eu precisar, nem fiz questão de recusar sua oferta; apenas agradeci e com sua ajuda, me loguei em aplicativos necessários e de interesse pessoal. Além dos aplicativos, Rosalie me induziu a usar as câmeras do celular. Capturas com o rostinho redondo da inha filha grudadinho ao meu não teve problema nenhum, o sorriso da Hilary em frente a câmera ganhava todos os holofotes. O que foi extremamente desconfortável, era me ver a frente de um espelho, no closet após o segundo banho, com uma câmera apontada para ele, deixando à mostra toda a circunferência da minha barriga manchada de hematomas, apenas para uma simples recordação. Eu tentei excluir aquilo, mas ela possivelmente havia previsto minha ação, já que a função de lançar arquivos para a lixeira estava temporariamente bloqueada.  

Carlisle pediu por minha atenção mais uma vez após findar mais um procedimento. Continuamos a conversar sobre o acordo que fizemos. Nós daríamos início a indução para a chegada do bebê daqui há algumas horas, então quanto mais esclarecido sobre as melhores posições e ações, tanto físicas e clínicas daqui por diante para um parto mais estável possível, melhor. Pois não era novidade nenhuma para mim, que eu não teria um trabalho de parto cem por cento perfeito como eu obtive nas minhas gestações anteriores, até por que, elas eram de bebês inteiramente humanas, mas até agora nada tão grave havia acontecido para que apenas a cesárea se apresentasse como nossa única solução de trazer a criança ao mundo. O ambiente já estava sendo preparado entre a família para que tudo fluísse num tempo adequado e tranquilo, não queremos nenhuma Amberli preocupada e histérica, pois isso acrescentaria mais riscos ao bebê e Carlisle tinha receios, como, não conseguir registrar sintomas de sofrimento fetal. Independente de todos os riscos, eu tinha uma convicção muito forte dentro de mim de que Carlisle não precisaria se preocupar muito com isso, nada prejudicial aconteceria à criança durante o parto, e torcia para que após ele também.  

 Durante toda a nossa discussão, Carlisle foi dando continuidade nos milhares de exames; um desses era a coleta de sangue. Carlisle encheu dez tubos, colocando-os numa máquina pequena que normalmente eu só veria em um laboratório especializado em análises sanguíneas. O mais bizarro era eu nunca ter visto aquilo dentro desta sala antes. Simplesmente surgiu ali. 

 

— Eu já exigi sua disposição por tempo demais. — Carlisle tomou em meu ombro com carinho — Preciso que durma. Durma bem, Hilary passará um tempo com você antes de iniciarmos a indução. Você precisará de energia. — moveu seus lábios num sorriso fechado — Daqui a algumas semanas seu sono estará regulado, não se preocupe.  

 

— Dá até medo, — franzi o nariz — Você se refere a quantas semanas? Setenta? — dramatizei. 

 

— Nós ainda estaremos aqui para te ajudar, não se preocupe com isso. Agora durma. Eu voltarei aqui para mais algumas checagens, — se referiu as máquinas apitando por todo o lugar — E espero que esteja dormindo em todas as minhas visitas. 

 

— Vou tentar. — acomodei minha cabeça no travesseiro — Não se espante se eu acordar gritando por ajuda. — olhei para os fios — Será porque eu estarei enganchada em tudo isso aqui. — apontei para eles. 

 

— Você costuma dormir quieta no leito, isso não vai acontecer, mas é bom que eu já esteja sabendo. — riu — Bom descanso, Amberli. 

 

— Obrigada. Até mais tarde. — me despedi quando ele se virou para sair. 

 

— Até. — me respondeu diminuindo a iluminação do ambiente e saindo. 

 

Encarei o teto escurecido acima de mim sentindo um frio na barriga. Estava cada vez mais perto... Senti o bebê se movimentar dentro de mim, no momento seguinte, uma das máquinas emitiu um ruído mais estridente, registrando a interação da criança. 

 

— Eu deveria ter pedido um abafador de som. — murmurei incomodada pelos apitos que as máquinas faziam a minha volta. 

 

 

 

 

 

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Quando eu acordei, o escritório estava iluminado pela claridade diurna oferecida pelas habituais nuvens cinzentas. Não teríamos mais nenhum resquício dos raios de sol até algum dia do ano que vem. Olhei para a enorme vidraça, algumas gotas da chuva tranquila caiam sobre os vidros. Observei ao redor procurando por alguma presença, até achar; Esme acompanhava os passos do marido por todo o escritório, em silêncio os dois reordenavam alguns aparelhos dispostos ao local separado para ser a minha UTI particular, havia aparelhos diferentes amontoados naquele espaço, eu não sabia diferir a finalidades deles ali, apenas tinha a certeza de que eram benéficos. 

 Esme foi a primeira a se aproximar de mim, sua mão gelada se aproximou da maca, mas não me tocou. Um sorriso tranquilo desenhava seus lábios quando me cumprimentou com um bom dia, mas logo preocupou-se por me ver acordada logo cedo. Eu confirmei a ela de que já estava sem sono, e então tornou a sorrir, convidou-me a descer até a cozinha para o desjejum matinal. Vindo atrás dela, Carlisle me cumprimentou e reforçou o convite da esposa, acrescentando sua analise médica de que minha caminhada até lá beneficiaria o encaixe do bebê, contando que eu seguisse meu próprio ritmo e conforto.  

Minutos depois, eu estava livre de todos os fios conectados no meu corpo, rosto lavado, dentes escovados, caminhando entre os corredores da mansão, andando com as pernas espaçadas e demorando uma eternidade para descer um insignificante degrau. Me espantei com a adaptação drástica que meu corpo teve em poucas horas, me fazendo acreditar que a qualquer momento eu começaria a sentir contrações e ativa num trabalho de parto sem nem precisar dos medicamentos. Parei em frente a porta do quarto em que eu e Hilary dormimos, vendo através da fresta, que ela ainda estava dormindo dentro do berço. 

 

— Que horas são? — perguntei a Esme, que me seguia em silêncio. Assim que a pergunta saiu, eu me lembrei que o celular estava num dos bolsos do moletom de zíper que eu estou usando. 

 

— Ah querida, ainda falta poucos minutos para dar sete horas da manhã. — me respondeu aproximando seu corpo para enlaçar seu braço congelante ao meu. Gentilmente ela fez voltar a caminhar — O que você quer para o desjejum? 

 

— Cereal com leite e..., qualquer outra coisa doce. — fui direta. 

 

— Que bom que ainda temos algumas fatias do bolo de morango.  — me ajudou a descer mais um degrau sem esforço algum. 

 

— Se elas existirem até eu chegar lá!... — tentei descer outro degrau. Esme riu baixinho. 

 

 

 

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Empurrei meu prato sobre o mármore do balcão, balançando minhas pernas pendentes entre o material da banqueta, encerrando por completo meu café-da-manhã, até porquê, três fatias de bolo, uma tigela cheia de cereal com leite e uma fatia enorme de melancia amarela já estava mais que suficiente, minha sorte era que apenas Esme estava ali para me ver devorando tudo, mas se dependesse da mesma também, eu acabaria comendo muito mais. No momento em que ela recolheu seus utensílios de porcelana e os talhares, Emmett chegou todo brincalhão com minha filha desperta sustentada por seus músculos, ele cantava uma música infantil chamada “Chuva, chuva vá embora” e apontava para cada parede de vidro mostrando a ela as nuvens cinzentas que descarregavam a chuva contínua que caía. Hilary mal pronunciava três palavras do que ele cantava, mas isso não a impedia de acompanhá-lo no entusiasmo musical.  

 

— Mamãe! Mamãe! — ela curvou-se na minha direção assim que Emmett se aproximou de onde eu e Esme o observávamos. 

 

— Bom dia, Amberli! — ele a colocou de pé sobre a pedra do balcão, incentivando-a a andar ali — Parece que hoje você desceu as escadas rolando. Você não acha mocinha? A barriga da mamãe está tão grande que ela nem precisou andar, apenas rolou!... — deu uma gargalhada alta. 

 

— Bom dia, Emmett. — segurei meus lábios entre os dentes para não rir da piada direcionada a mim. Estendi minha mão na direção da minha filha assim que ela estava próxima, permitindo que ela percorresse mais alguns centímetros da bancada até a mim — Bom dia, minha alegria! — direcionei seus passos para mais perto — O que a Hilary está fazendo acordada a essa hora, hein? 

 

Fiz com que Hilary cumprimentasse Esme, para então sentá-la no balcão. Hilary logo começou a cantar a música infantil que ela havia aprendido na televisão junto com Emmett, enquanto eu mantinha um diálogo saudável com Esme, que andava de um lado para o outro preparando o cardápio da manhã da minha filha; eu demorei algum tempo para perceber que Carlisle teve a diligência de elaborar uma rotina alimentícia para ela. O que eu achava impressionante era como Hilary não recusava nenhum dos alimentos oferecidos nas refeições. E claro, isso me deixava extremamente aliviada. Ficamos por uns quarenta minutos ali, papeando e alimentando Hilary; quando eu senti falta da presença de Rosalie, Emmett me informou de que ela estava no quarto, ondulando a ponta dos seus cabelos, disse também que Renesmee, a responsável por retirar minha filha do berço assim que ela despertou, estava no quarto com Rosalie. Alice e Jasper não estavam na mansão, a baixinha saiu logo no início da manhã para aproveitar o dia com o marido em Seattle para comprar algumas peças indispensáveis para o bebê. Quando soube disso, insisti em saber se ela havia pelo menos levado a quantia que eu havia ganhado do doutor Anderson, mas Esme deixou bem claro de que não tinham necessidade alguma de incluir meus benefícios a algo que eles estão me dando. Acrescentou o veredito de que Alice é bem compulsiva por compras, e que eu não poderia me escandalizar ao ver peças com numerações até aos quatro anos de idade. Eu só pude torcer os lábios e aceitar as regalias que a família tem condições para doar. 

 Nos momentos seguintes, Rosalie desceu acompanhada de Renesmee. O comprimento de seus cabelos loiros estava muito bem modelado em cachos grossos e bem feitos, ao contrário de Renesmee, que apesar de sempre estar naturalmente muito linda, continha seus cachos mal arrumados sobre o topo da cabeça, os pés descalços e de pijama. Sequer quis fazer o desjejum, estava animada para zerar um jogo num dos videogames dele, e Emmett logo acompanhou o andar saltitante da sobrinha.  

 

— Amberli! — chamou por mim parando de saltitar, suas mãos seguravam o corrimão da escada — Você também precisa vir, eu nunca vi uma humana jogar tão bem pessoalmente. 

 

— Ela tem uma ótima coordenação nas mãos e reflexos incríveis — Emmett comentou com ela — Isso deve compensar os passos de tartaruga; acho que amanhã ela chega na sala. 

 

— Ha-há! Estou rolando de rir. — desdenhei sem realmente me ofender. 

 

— Wow! É verdade Nessie, agora ela nem precisa mais andar, é só se inclinar mais um pouco e sair rolando! — seu corpo chegou a se chacoalhar pela sua gargalhada estrondosa. Revirei meus olhos vendo-os rir. 

 

Renesmee reforçou seu desejo de jogar algo comigo ainda hoje, e junto de Emmett sumiu escada abaixo. Continuei na cozinha, agora dando curtos passos de um lado para o outro enquanto continuava a conversar com Esme e Rosalie, discutindo a respeito do apadrinhamento da minha filha para elas, é muito importante para mim que elas soubessem que eu apoiava totalmente a abertura mais exclusiva na proteção de Hilary e a importância de elas serem consideradas tias para a minha filha. Ambas concordaram com meu segmento e agradeceram fervorosamente, cheias de emoção, pela confiança que eu depositei sobre elas.   

 

— Você gostou dos nomes mesmo? — Esme quis saber, quando a conversa nos remeteu ao dia anterior. 

 

— Claro que sim, eu realmente não tenho nenhum nome em mente e os conjuntos finais foram surpreendentes. — a respondi parando de caminhar. Minhas pernas já estavam pesando, se eu continuasse a andar, logo poderiam inchar. 

 

— Que bom que gostou, então. É uma pena que nenhuma das minhas escolhas francesas tenham sido escolhidas, — Rosalie lamentou — e devo concordar com você, os nomes compostos ficaram favoráveis. 

 

— Logan é um nome lindo, não acham? Eu realmente me encantei pela junção. Helena também, adorei o resultado. — sorri quando elas concordaram com meu comentário. 

 

Me aproximei delas, recebendo com todo o amor, a atenção da minha filha. Hilary continuava animada com algumas cantigas que ela mal conseguia falar, minha sorte era que ela balbuciava no ritmo certinho, o que me ajudava bastante a acompanhá-la da maneira certa. O momento tornou-se exclusivo a nós duas, Rosalie e Esme apenas expectavam nossa interação musical, momentos assim com a minha filha nunca eram vergonhosos, em cada pequeno acontecimento continha uma grande valia no meu coração. Se eu pudesse registrar cada segundinho ao lado dela, eu faria com o maior prazer do mundo. Minha maior satisfação de cada dia é alegrar meu pequeno raio de sol. 

 Apertei suas bochechas macias contra os meus dedos com carinho, seus lábios se apertaram num beicinho adorável, fazendo com que ela ficasse fofa e irresistível. Era um amor surreal e tão verdadeiro que parecia fazer meu coração doer e se derreter dentro de mim; em algumas horas ela estaria sendo muito bem cuidada por outras mãos... Livrei suas bochechas do meu sutil aperto, levando minha mão até os fios castanhos e macios que cobriam sua cabecinha. Penteei os fios para trás, logo outras mãos alinhariam os fios de maneira harmônica com sua escova. Seriam outras mãos a trocar suas roupas, a higienizá-la; a banhá-la, a dar o alimento... Mas seriam mãos tão competentes quanto as minhas, pois eu devia a minha vida e a dela por estarmos aqui. Suspirei levando minhas mãos aos seus ombros para acarinhar, sussurrando as partes finais da canção do trenzinho que ela cantava. 

 

— Hora da troca de fralda. — Rosalie anunciou gentilmente ao parar ao meu lado. 

 

— Pode levá-la. — dei espaço para que ela pegasse minha filha no colo — Eu vou para a sala, preciso saber que jogo eles estão disputando. — apontei para a escada do outro lado. 

 

— Eu te acompanho, querida. — Esme se ofereceu. 

 

Movi minhas pernas um pouco mais ligeiras até a escadaria, desci cada degrau com atenção e apoiada no corrimão; Esme só saiu do meu lado, quando eu já estava bem segura no assento do sofá, e despedindo-se de mim, partiu para o seu jardim. As duas crianças vidradas na tela, expressaram verbalmente a satisfação de me ver assistindo-os e me prometeram que liberariam os consoles assim que finalizassem todas as fases do jogo recém lançado que eles usufruíam. 

 E assim foi feito, depois de três horas, eu fui encarregada por entretê-los com as minhas habilidades, que como eles disseram, eram boas demais para um humano. Eu nunca havia percebido nada de extraordinário na minha maneira de jogar, eu só acho que era o manuseio constante que eu realizava em diferentes consoles durante minha infância e adolescência, mas já que eles insistiam pelo contrário... 

 No meio de uma das partidas que eu disputava com Renesmee, já passando da hora do almoço, Jasper e Alice chegaram acompanhados de Edward e Isabella, nenhum deles carregavam embalagens de compras, provavelmente deveriam estar no porta malas dos carros. Alice logo pulou sobre o assento ao meu lado, e um pouco impaciente, ela me assistiu como os demais. Ela estava tão inquieta, que temi que isso me desconcentrasse do jogo, então não vi mais alternativas além de perguntar o que ela queria. 

 

— Posso pintar suas unhas ainda hoje? — ela me pediu. 

 

— Pode sim, — concedi, atenta a tela — mas terá que esperar mais algum tempo para que minhas mãos estejam livres — continuei com meus olhos vidrados na televisão enquanto movia meus dedos pelos comandos. 

 

— Tudo bem! — suas voz aguda cantarolou — Podemos começar pelos pés! 

 

— Pés? — perguntei franzindo as sobrancelhas, tanto pela sua alternativa quanto pela manobra difícil que eu estava realizando e que exigia mais atenção. Me concentrei no jogo por um momento, fazendo Alice esperar pela minha resposta. Apenas quando ouvi Edward a repreender sobre sua impaciência, foi que me toquei de que havia a deixado esperando por tempo demais — Desculpe Alice, essa fase estava mais difícil. — me desculpei vagamente — Tudo bem, fiquei à vontade com meus pés, mas por favor não passe nada neon. — sequer desviei meu olhar. 

 

Alice já não parecia chateada com minhas prioridades no momento, num instante sua presença sumiu e retornou e focou totalmente na sua missão de deixar minhas unhas apresentáveis. 

 

— Posso pintar de vermelho? Aí escolho uma cor menos chamativa para as unhas das suas mãos. 

 

— Por mim tudo bem, fique à vontade! — respondi por cima da voz alta de Emmett comemorando minha vitória na etapa. 

 

— Cara! — a voz de Renesmee soou surpresa — Você manda muito bem, Amberli! 

 

— Tem mais! Tem mais! — Emmett exultava. 

 

Continuei a jogar sozinha, mal prestando a atenção aos assuntos que não mencionavam o jogo, tanto que eu devo ter realmente perdido a noção do horário. 

 

— ...Mas e o almoço? — ouvi a voz de Isabella perguntar. Me atentei ao que falavam, mas havia perdido todo o assunto. 

 

— Ah! É verdade. —Renesmee pareceu se lembrar de algo — Amberli, meu avô disse que você não irá almoçar comida de novo, ele quer te manter bem abastecida do sangue para as próximas horas. 

 

— Tudo bem, obrigada por me avisar. — agradeci. 

 

— De nada. Hãn... Você não quer dar uma pausa não? — me perguntou. 

 

— Seria uma boa ideia, pois eu já acabei de fazer suas unhas faz tempo. — Alice comunicou. 

 

Pausei o jogo retornando a minha realidade, fazendo com que o ambiente se tornasse extremamente silencioso, percebendo que Alice estava de volta ao meu lado, de braços cruzados, Jasper estava em pé atrás do seu encosto.  

 

— Acho que me empolguei demais? — olhei para cada rosto surreal presente no cômodo. 

 

— Está tudo bem se empolgar, só não tem que se esquecer do mundo. — Alice muxoxou — Agora nem sei se eu quero pintar suas unhas das mãos, mas veja como suas unhas dos pés ficaram perfeitas — gesticulou. Olhei para as unhas pintadas num tom gritante — Queria ter mais modelos tão bem dispostas assim como você; A cada dois dias eu mudaria a cor... — idealizou. Seus olhos dourados brilharam sobre a iluminação do ambiente. 

 

— Alice!... — a voz de Isabella soou como um sobreaviso.  

 

— Mas, Bella. — a baixinha exasperou — É a verdade! Humpf! — empinou o nariz — Amberli, acho que você está muito bem assim, apenas com as unhas dos pés bem pintadas, olha que vermelho perfeito, combinou super bem com o subtom da sua pele. 

 

— Você escolheu bem a cor. — apreciei a cor mais uma vez — É notável até de longe. 

 

— Que bom que gostou!... — ela sorriu para mim. Pela minha visão periférica vi Jasper mover minimamente seus lábios num rápido sorriso — Pois eu não removeria mesmo que tivesse detestado! 

 

 

 

 

 

 

➶ 

 

 

 

 

 

 

 

— Muitos picolés de arco-íris; Arco-íris, arco-íris... Muitos picolés de arco-íris, é o que iremos fazer!... — eu cantarolava para Hilary enquanto banhava seu corpo. 

 

— Picolés! — suas mãozinhas bateram contra a água empurrando os brinquedos de borracha. Seu movimento fez com que a espuma de bolhas que nos cercavam fosse reduzida, dando para ver a água — Água rosa, mamãe! 

 

— Sim, você viu que legal? — peguei um tanto da água tingida por um tipo de sal de banho nas mãos, pingando em seu braço.  

 

— Bolhas! — Hilary riu agarrando o primeiro brinquedinho que viu, batendo ainda mais suas mãos na superfície. 

 

— Você gosta de muitas bolhas... — sorri para ela — Mas veja, peguei suas mãozinhas — Seus dedinhos já estão enrugados, temos que sair. 

 

— Não. — teimou tirando suas mãozinhas da minha, tornando a brincar. 

 

— Sim. — insisti — Você já está cheirosa e limpinha, meu bebê. Tia Rose vai vir tirar você... — falei assim que vi a porta que ligava ao closet, se abrir. 

 

Rosalie retirou Hilary da água com cautela, envolvendo-a em uma das toalhas que estavam em seu ombro, cantarolando lindamente a mesma música eu estive cantando com Hilary, deixando-a entretida o suficiente para que não reclamasse sobre sua saída. Com Hilary bem equilibrada em seu braço direito, ela me estendeu sua mão livre para me ajudar a sair também. Apoiei todo o meu peso sobre ela, sabendo que ela tem total capacidade para me sustentar sem problema algum. Fomos direcionadas ao closet, para vestirmos as peças que ela havia separado; Hilary foi vestida com um conjunto de moletom e eu fui colocada apenas numa peça de pijama, que apesar de servir direitinho, não fazia parte das minhas próprias roupas. 

 Do banho fui levada diretamente para a parte intensiva do escritório de Carlisle. Ele não estaria indo trabalhar durante toda essa semana, então não fiquei surpresa em voltar ali e encontrá-lo entre seus registros e equipamentos.  

 Carlisle conversou comigo. Houve honestidade em todas as nossas palavras trocadas, me dando confiança e força de vontade para persistir até ao fim de todos os estágios. Ele me apresentou alguns métodos e medicamentos que poderiam ser usados durante as horas seguintes, me incluindo ativamente em cada decisão e dúvidas, deixando bem claro que meu corpo guiaria todo o seguimento natural de um parto até o momento que estivesse no limite esperado e saudável e concordei com ele.  

 Fiquei em repouso absoluto nas duas horas seguintes para a cardiotocografia e seguiríamos muito mais horas assim para as últimas checagens dos exames anteriores, para enfim induzirmos de vez o parto. Durante os costumeiros exames de registros eu me permiti a dormir, mesmo com o barulho das máquinas, que emitiam ruídos a todo o momento, a chuva que caía lá fora estava alta o suficiente para soar como um perfeito tranquilizante. Já nos outros momentos, Carlisle colocou duas bolsas de sangue no conector da sonda, pois esses seriam minhas últimas fontes de alimento por tempo indeterminado e me encheu de parafernália da cabeça aos pés para saber se algo em mim já estava fora do comum; ele explicou, mas o máximo que consegui extrair de todas as suas informações foram isso. Eu passei todo o resto do dia e o início da noite apenas na companhia do celular e dele, sem mais ninguém, era como se eu nem estivesse na mansão, já que nem sinal da minha filha eu tive durante esse período. 

 

— Quando eu vou poder ver minha filha? — perguntei a Carlisle quando cansei de esperar por mais alguma aparição. 

 

— Ela está jantando agora. — me informou sucinto — Depois Esme a trará aqui para você. — me prometeu.  

 

Aguardei com paciência pelo momento em que Esme entraria pela bela porta do cômodo. 

 E como me pareceu demorar uma eternidade para tê-la ali. 

 Quando finalmente elas apareceram, senti uma paz inundar meu coração. Minha filha estava bem, estava sendo bem tratada e amada por cada membro da família. Hilary veio caminhando, sua mãozinha esquerda segurava firme nos dedos de Esme e olhava ao redor com estranheza e curiosidade. Seus cabelos estavam bem penteados, um laço colorido segurava uma parte dos cabelos do topo da cabeça, apesar de alguns fios curtos estarem fora do lugar, ela já estava vestida com uma roupa mais simples, que já pertencia a ela pois logo a colocariam para dormir. Entre seu olhar infantil claramente interrogativo, Esme apontou para mim, mostrando-a onde eu estava. Os olhinhos tornaram-se alegres e imediatamente ouvi o chamado mais amoroso que eu poderia ouvir: 

 

— Mamãe! — ela ergueu seus bracinhos para mim, sem desprender seu aperto dos dedos de Esme.   

 

— Amberli, consentimos em deixá-la dormir com você mais uma vez, pois assim que Esme levá-la, eu aplicarei a Pitocina em você para que seu corpo seja estimulado a começar a dilatação. — Carlisle comunicou. Afastei meus olhos de sua esposa, que havia se curvado em direção ao corpinho da minha filha para tê-la em seus braços. 

 

— Assim que Hilary sair começaremos? — quis a confirmação exata do que eu havia ouvido. 

 

— Sim. — ele assentiu — Assim que ela adormecer aqui, você estará definitivamente internada para o pré-parto.

 

 


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Notas finais do capítulo

Estamos chegando no momento mais aguardado! Conte para mim sua expectativa!



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