Sempre ao seu Lado escrita por Aquela Trouxa


Capítulo 25
23 de Julho ➶


Notas iniciais do capítulo

Por que consigo ouvir os sinos tocando ao fundo? E não é referente ao natal não kkkkkkkk Depois de tanto escrever e apagar, finalmente cá eu estou eu para mais um capítulo, eu tive que dividir este pois havia ficado imensamente longo; demais!


Como eu -infelizmente- não tenho previsão de postagem pela correria de final de ano/ pelo meu aniversário, já adianto o meu desejo sincero de "Feliz Natal" e de um possível "Feliz Ano Novo" para todos nós! Que haja muito de Deus em nós, que venhamos ter muita saúde de resistência, e que estejamos sempre com aqueles que prezamos! Que cada precioso leitor seja abençoado pela redenção de Cristo, independentemente da crença, obrigada por me acompanharem em mais um capítulo, por comentarem, isso me deixa imensamente feliz! Aguardo-lhes lá embaixo!



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Sempre ao Seu Lado 

Capítulo 24 

 

 

  Aproximei meu rosto de sua câmera um pouco desconfiada. A tela ainda espelhava em sua perfeita resolução meu rosto inchado, grudento de suor já seco e marcado com linhas fundas e bem vermelhas por conta do contínuo uso da máscara contra minha pele durante todo o dia. Enquanto a conexão de um aplicativo para o outro se estabelecia, nenhum nome era apresentado me fazendo pensar por um momento, apenas um breve e estúpido momento em que cheguei a estranhar que Rosalie realizaria justamente uma chamada por vídeo e sequer me falasse com quem eu estaria conversando...  

Olhando para meu rosto, ou o que era miseravelmente visível dele, meus pensamentos se direcionaram de maneira involuntária para apenas uma pessoa que estivesse disposta a olhar-me calorosamente, não se importando do quão deplorável eu pudesse estar. 

 Me vi franzir minhas sobrancelhas duvidosa pensando no quanto meus pensamentos tramavam de maneira tão incoerente. Reprimi a vontade de revirar meus olhos para mim mesma, era patético demais até para mim, mas eu não poderia mentir, eu realmente havia cogitado inocentemente que o receptor desta chamada seria Cole. Movi levemente minha cabeça desprezando de maneira confusa minhas vãs expectativas quando a minha imagem na tela foi trocada por outra interface, mostrando que a chamada estava sendo vinculada com seu marido. Só eu mesma para achar que haveria mesmo alguma chance de Rosalie, justo a Rosalie, ter o número de mais algum quileute além de Jacob gravado na sua agenda de contatos. Se é que ambos fazem questão disso, também. 

 O contato gravado de maneira íntima começou a piscar na tela assim que a conexão foi estabelecida e não demorou muito para que eu pudesse vê-lo. Assim como Rosalie havia me informado, ele estava na sala, não apenas ele, como as demais pessoas da sua família, não descartando a ausência de Renesmee,  e a minha família, a parte mais importante de mim que estava ali com lacinhos cor-de-rosa prendendo seus cabelos em cada lateral de sua cabeça, vestindo um vestido rendado rosa envelhecido de mangas compridas, seus pés gorduchos estavam descalços. Emmett provavelmente havia ajustado seu celular na mesa de centro que Esme havia providenciado para a decoração nova, para que todos eles pudessem ver minha cara horrenda e saberem que apesar dos pesares, eu estava bem. Hilary se encontrava no colo de Emmett no sofá, ele era o mais próximo da câmera, para que ela pudesse me ver na tela melhor do que qualquer um deles.  

 Senti Rosalie aproximar suas mãos de mim, afim de afastar a máscara do meu rosto e desta vez, eu pouco me importei; apenas olhava para a reprodução da imagem da minha filha disposta em tempo real na tela do seu celular. Hilary olhava para mim como se não estivesse entendendo do que se tratava, seus olhos alternavam entre olhar-me através do celular e Emmett. Eu estava mesmo horrível, talvez ela não estivesse me reconhecendo. 

 

 — Oi meu amor! — decidi chamá-la para que não tivesse dúvidas, no mesmo momento sua voz também soou no aparelho: 

 

— É a mamãe? — apontou para a câmera. Quando ouviu minha voz, seus olhinhos se abriram mais e seu corpo se agitou nos braços enormes de Emmett, que sequer relutou em deixá-la sair de seu colo. 

 

 — Oi gente, boa noite. — cumprimentei a todos que também participavam da chamada. Ao fundo suas vozes me responderam. 

 

 — Olha, é a mamãe, é a mamãe! — gritou levantando seus bracinhos ao bater palminhas — Oi mamãe! — o rostinho redondo da minha filha tampou a visão que eu tinha dos outros integrantes, agora eu tinha apenas a visão dela. Meu coração se aqueceu de amor e saudades, me parecia que faziam dias que eu não tinha nenhum contato com ela. 

 

 — Oi meu bebê, é a mamãe sim! — me aproximei mais do celular de Rosalie e cobri meus lábios trêmulos com a mão direita para que ela não se assustasse ao quase me ver chorar. Engoli a saliva com muita dificuldade, contendo a emoção e me foquei em dar toda a atenção possível para Hilary. 

 

 —  Mamãe! — continuava a me chamar — ...Onde está? — indagou com dificuldade, seu rostinho quase colado na tela do aparelho. Hilary mal me deixava falar — O bebê da mamãe quer a mamãe! — exigia minha presença com uma das poucas frases que ela mais repetia — Saudades mamãe! — falou devagar afastando um pouco seu rostinho lindo, assim eu consegui vê-la melhor novamente. Percebi que seus pequenos lábios pendiam num beicinho e temi que chorasse. 

 

 — Eu também quero o bebê da mamãe, amor, sinto muito, muito a sua falta também... 

 

 — Assim?! — se afastou do celular e ergueu seus bracinhos exemplificando puerilmente a quantidade — Assim não é mamãe? Muita saudade! 

 

 — Muito assim! — concordei, olhando cada detalhe possível dela, segurando todas as lágrimas saudosas que meus olhos possuem. Se Hilary não esteve chorando, era porque estava tudo bem, todos estavam cuidando dela. — Como você está meu bebê? Estão cuidando bem do bebê da mamãe? 

 

 — Bem! — balançou a cabeça consentindo — Onde está mamãe? — tornou a me perguntar colocando alguns de seus dedinhos na boca. 

 

 — Mamãe estava com dor na barriga, agora estou tomando remédio. — expliquei para ela, não evitei de tocar meu ventre em contínuo crescimento. 

 Quando eu tinha cólicas intensas ou mal estar, eu sempre dizia para ela que estava com dores na barriga, pois até pouco tempo, Hilary sentia cólicas e era uma boa comparação de dor, ela entendia melhor. 

 

— Com dor mamãe?  — afastou os dedos da boca. Suas sobrancelhas se curvaram para baixo, expressando infantilmente sua preocupação — O outro bebê da mamãe saiu da barriga? — disparou a perguntar aproximando seu rosto do celular. Ela estava tão perto que eu só conseguia vê-la a partir dos olhinhos — Mamãe tem dodói aqui ó! — exclamou apontando para baixo de seus olhos, me mostrando o local lesionado que havia em mim por conta das horas que a máscara havia ficado em meu rosto. 

 

— Calma Hilary, tem que falar devagar filha... 

 

 — Mamãe está com dor e dodói aqui! — virou para Emmett mostrando nela, cutucando sua bochecha com seu dedinho por diversas vezes.  

Por um momento pensei que ela havia se esquecido de que eu estava ali, já que engatou uma conversa com Emmett, que na maioria das vezes apenas ela entendia e não parava mais. 

 

 — Porque não conta para a mamãe também? Ela vai gostar de saber. — Emmett a posicionou de volta na frente do celular. 

 

— O que você tem para me contar hein? — a incentivei atraindo sua atenção para mim novamente, já que o assunto sobre meus machucados havia terminado. 

 

— Lice tirou fotos da bebê da mamãe! —me surpreendi ao ouvi-la quase acertar o nome da pequena Alice — Muita foto! — se animou ao me contar sobre a sessão de fotos que Alice se dispôs a realizar.  

 

As fotos não estavam programadas para hoje, mas com a inquietação de Hilary, foi uma boa escolha para que ela pudesse se entreter, minha filha estava se animando demais em ver uma câmera profissional apontada para ela. Era imensamente divertido olhar as tentativas da minha filha em recriar algumas poses das fotos, muitas deitadas, pernas cruzadas para cima, mãos fofas sobre suas bochechas macias, coroas de diversas formas e estilos, penteados, lacinhos, uma infinidade de roupas únicas que jamais caberiam em meu orçamento que foram usadas por ela uma única vez. Hilary foi a própria boneca exclusiva para Alice Cullen; Esme queixou-se de que nos momentos vagos que teve durante o dia foram mal aproveitados, pois sua filha a dispensava sempre que podia, ao meu lado, Rosalie concordou com ela: 

 

 — Alice é bem territorialista quando quer, ela está emocionada por ter em mãos uma criança que continua com a mesma fisionomia e os mesmos centímetros por muitos dias. 

 

Alice sequer negou as acusações, com um sorriso satisfeito moldurando seu rosto delicado ela apenas declarou que os temas para os ensaios futuros já estavam em formação. Agora Hilary mantinha mais uma joia sob suas pequenas mãos quentinhas, ela jamais se negou a oportunidade de ser o centro das atenções de cada um deles, mas o que me deixava preocupada era saber até quando ela seria a única criança a precisar de toda essa atenção? Não apenas de mim, que sou sua mãe, mas deles que se dispõem a agradá-la com tanto esmero, dedicando-a com prioridade que nem mesmo eu jamais pude proporcionar em todos os seus meses de vida. Qual seria a tática de cada um em administrar uma genuína atenção igualitária a duas crianças? Contrariada, tornei a movimentar minhas mãos sobre a textura firme que protegia a terceira parte de mim... 

Terei que arrumar um tempo com eles para discutirmos a respeito. 

 

— Aí mamãe, Lice colocou um... Um... — Hilary chamou minha atenção; procurava a palavra certa para mostrar uma das poses que ela fez. 

 

 — Era um banquinho, pequena Hilary! — a voz de Alice soou na chamada. 

 

 — ...De sentar! Colocou um de sentar assim, ó mamãe! — juntou suas mãozinhas e estendeu para frente tampando a tela. 

 

 — Alice colocou um banquinho pequenino para você sentar? — refiz sua pergunta com um entusiasmo artificial. 

 

 — Sim, bem assim! — apontou suas mãos para a câmera novamente — Mamãe? — chamou-me deixando seu rostinho lindo bem à mostra na tela — Vai dormir com a bebê sua hoje? 

 

 Eu sabia o real significado de suas palavras, até porque, de fato Hilary nunca chegou a dormir junto comigo numa cama, mas agora frequentamos o mesmo quarto e era a isso que ela se referia. Sua pergunta me deixou hesitante, pois eu também não tinha certeza se eu ficaria mesmo apenas por mais algumas horas por aqui, até porque eu ainda iria finalmente tomar um merecido banho e meus quadris estavam quase dormentes por manter a mesma posição por tanto tempo.  

Hilary tornou a repetir sua pergunta um pouco impaciente com meu silêncio, temerosa e contra minha própria vontade, olhei para Rosalie pedindo sua ajuda. Abri meus lábios para proferir alguma palavra que contivesse a insistência da minha filha, mas nenhum fio de voz saiu de meus lábios, tentei outra vez, mas em mim pairava apenas o silêncio, incomodada passei minhas mãos pela textura endurecida que esticava a pele do meu ventre, assim como eu, ali pairava o silêncio. 

Suspirei. Não havia mais coragem em mim para enrolar minha própria filha, ela ainda dependia totalmente de mim e eu precisava dela, mesmo que houvessem tantas pessoas dispostas a bancar suas babás. 

 Rosalie virou o aparelho na sua direção e tomou a frente, ela envolvia Hilary com palavras simples e mesmo através de uma tela, deslumbrava de uma maneira única, Rosalie poderia ser facilmente a melhor professora de um ensino infantil pela maneira amorosa em que ela sempre tratou minha filha, assim tal como Esme.  

 

 —...Mas não se preocupe pequenina, a mamãe logo estará aí com você. — contornou a situação com êxito... 

 

 O bebê da mamãe quer a mamãe! A mamãe! — ... Ou foi o que eu havia pensado. Rosalie tornou a centralizar meu rosto na câmera atendendo a exigência da minha filha. Hilary que, antes se encontrava alegre pulando para lá e para cá diante da câmera, agora estava aninhada nos braços de Esme, que segurava o celular. Sua mãozinha esquerda segurava as tiras de tecido que enfeitavam a blusa que Esme vestia. A maneira como ela se aninhava era uma comparação de como ela segura algumas mechas do meu cabelo, e naquele momento ela sabia que seu refúgio não estava ali. Seus pequenos lábios se mantinham pendidos descontentes e através da boa resolução da chamada, percebi que seus olhos estavam brilhantes, ela estava claramente decepcionada pela minha ausência. Meu coração mole, cheio de amor por ela jamais suportaria em deixá-la assim. Mãe é mãe, e bastava apenas a mim resolver essa questão. 

 

Analisei bem seu rostinho triste e franzi minhas sobrancelhas pendendo meus lábios intencionalmente: 

— Você não vai ficar triste com a mamãe, não é meu bebê? — dramatizei mudando meu tom de voz. Enquanto a voz infantil funcionasse para falar com ela, eu a usaria sem nenhum problema. 

 

—  Mas a mamãe, a mamãe não vai dormir com a bebê! — lamuriou com seus lábios trêmulos. Em poucos segundos seus olhos estavam cheios de lágrimas não derramadas. Assisti com o coração na mão, os segundos em que seus olhinhos ficaram avermelhados e seu queixo franzido começar a tremer. Hilary segurava seu choro. Queria tanto descer a escadaria e apertá-la em meus braços... 

 

 — Mas não precisa ficar tão triste... Olha, — chamei sua atenção enquanto pensava numa maneira mais convincente de acalmá-la. É bem mais fácil quando não se está em uma chamada de vídeo. — a mamãe está dodói, por isso tenho que ficar aqui, quietinha, tomando remédio. — comecei a lhe explicar mantendo o tom de voz infantil. Hilary esfregou seus olhos com a mão livre, o ato fez com que as lágrimas acumuladas escorressem por suas bochechas — Se a mamãe sair, vai dar dodói de novo e a mamãe vai chorar... Você quer ver a mamãe chorar? 

 

— Não, mamãe... — me respondeu após um soluço e afastou a mãozinha do rosto. Olhei para ela na tela me segurando dentro de mim, era tão doloroso vê-la assim. Respirei fundo e continuei a falar com ela: 

 

 — Viu? Quando a mamãe estiver bem, nós iremos dormir juntas amor, sem dor nenhuma. Logo o remédio tira toda a dor da mamãe. 

 

 — Logo mamãe? — perguntou. Assenti pressionando meus lábios um no outro, sentindo o aperto no peito. 

 

 — Se, a mamãe... — desviei meus olhos da tela do celular voltando a falar com ela no meu tom natural de voz. Olhei para o teto e pisquei devagar impedindo-me de deixar algum indício de choro vir à tona, parecia que a qualquer momento eu viraria um balão, algo me faria explodir ou murchar. Puxei a máscara de volta para o meu rosto, tomando cuidado com a sonda e traguei o oxigênio duas vezes. 

 

 — Ficaremos com ela, se quiser. — Rosalie cochichou para mim. 

 

 — Se a mamãe não melhorar, — continuei ao afastar a máscara tentando manter meu rosto o mais calmo possível. Concordei com a oferta de Rosalie e agradeci — Você pode escolher alguém para dormir com você, o que acha?! — sugeri — Se elas não se importarem de dormir com uma princesa tão linda... Há Rosalie, Alice e Esme.  Aí, quando a mamãe estiver bem, nós dormiremos juntinhas! 

 

— Mamãe... — tentou replicar. 

 

 — Você poderá vir dar um beijo de boa-noite na mamãe, se eu não for dormir contigo. — apelei jogando todas as possibilidades. Não era minha intenção permitir que ela entrasse na ala de UTI improvisada, no entanto, foi minha última alternativa. 

 

 Aguardei por sua resposta por um bom tempo, Hilary parecia pensar na oferta, mal se mexia no colo de Esme, sua mão movia-se passeando entre as tiras de tecido da blusa dela, seus olhinhos avermelhados estavam fixos na tela, olhando para meu rosto reproduzido em tempo real, mesmo contrariada, ela se aninhou mais nos braços gelados que a mantinha escolhendo Esme para acompanhar sua noite. 

 

 — Um beijo e um abraço de boa-noite, mamãe?  — estendeu seus bracinhos na direção da tela, parecia ansiar em me tocar. 

 

— Quantos beijos e abraços de boa-noite você quiser, meu amor. — dei um curto sorriso para ela — Agora a mamãe irá tomar um banho bem gostoso. Assim quando for me abraçar, a mamãe estará cheirosa. 

 

— Sim! Sem mamãe fedida! — concordou passando sua mão direita sobre seu rostinho — Eu te amo muito mamãe... — tentou sorrir mesmo estando cabisbaixa. 

 

— Eu te amo muito, meu amorzinho... — senti meus lábios dar leves espasmos — desculpa a mamãe... 

 

Esme encerrou a chamada. Encarei a interface do aplicativo responsável pela nossa conexão e suspirei sentindo-me cansada. Rosalie se atentou ao aparelho o bloqueando e guardando-o no bolso de sua calça; logo saiu de cima da maca. 

 

 — Tenha bom ânimo! Logo você estará de volta ao quarto, tendo que aturar Emmett, Nessie e agora, a pequena Hilary a cantar as músicas irritantes daquele desenho velho! — tentou me animar. 

 

 — Não estou desanimada — neguei — apenas me sinto um pouco mais cansada. 

 

 — Sim, cansada e necessitando de um banho bem gostoso! — ironizou — Alice fez questão de separar seus sais de banhos favoritos para que você possa desfrutar.  

 

 — Me sinto lisonjeada. — empurrei minhas mãos contra o colchão para movimentar o peso do meu corpo para o lado, não foi muito fácil realizar o movimento, pois minha mão esquerda ainda mantinha a agulha dentro da minha veia. 

 

— Tem que sentir-se mesmo, isso é tão raro, que amanhã nem choverá! — apertou alguns botões da maca, que começou a mover o encosto. 

 

— Se realmente não chover amanhã nesta cidade, eu acreditarei! —  soltei um riso anasalado — Está com um humor adorável Rose... — observei — Posso saber o porquê? 

 

— É muito simples, já que quer tanto saber. Não se ofenda, você pediu! Mas sinta como o ar está puro ao nosso redor, ninguém atormentando... — gesticulou com suas mãos teatralmente, mas logo parou, me pareceu estar desconfortável de repente — Tem certeza de quer saber mesmo? Nem desconfia? 

 

 — Comecei a perceber no momento em que isso poderia chegar a me ofender. — admiti — Sério que é a ausência de Cole e dos demais quileutes? 

 

 — Eu perguntei se você queria mesmo saber. — enfatizou a palavra “mesmo” ao tentar me ajudar a sair de cima da maca. 

 

 — Tem razão, me perguntou. — interrompi sua ajuda sentindo um fluxo no baixo-ventre. Travei meus movimentos me atentando ao fluxo, sentindo pela primeira vez algo fino com um pequeno compartimento colado em minhas pernas. Ao fundo, Rosalie se preocupou e perguntou-me se estava me sentindo bem. Franzi minhas sobrancelhas prestando mais atenção ao que era aquilo que estava se enchendo com um líquido quente — E concordo contigo, eu não iria querer que Cole estivesse ao meu lado neste exato momento... 

  

— Sério?! — sua surpresa me surpreendeu — Nossa... E porquê? 

 

 — É que... Neste momento, eu estou começando a fazer xixi por uma sonda e quase não percebo! — ergui meu rosto espantada. Ela não havia entendido no começo mas quando eu gesticulei ela compreendeu e começou a rir — Como eu iria ficar, se ele estivesse em seu lugar?! — tentei não acompanhar sua gargalhada. Rosalie ria com tanta vontade, que até inclinava seu corpo, ela estava definitivamente gargalhando. Por mais que eu não a conheça a muito tempo, já havia percebido que essa sua reação seria a mais rara de ser presenciada. Não havia pensado que Rosalie saberia de fato, gargalhar. 

 

— Tudo bem, tudo bem... — falou calma, depois de cessar seus risos — Agora definitivamente você precisará de um banho... 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Depois de estar livre de todos aqueles fios conectados em minha pele, sem sensores elétricos e tudo o mais que me monitorava, Rosalie e Alice me auxiliaram com o descarte do compartimento com xixi, ainda mantendo a sonda na minha uretra. Enquanto Carlisle não me liberasse do uso, a sonda seria mantida no canal urinário e isso limitava minha locomoção. Elas me deram privacidade para usar a privada no glorioso banheiro do quarto pertencente ao casal Jasper e Alice, e fizeram questão de ajudar-me durante o banho com direito aos sais de banhos mais requintados do mundo em contato com minha pele.  

 Agora eu me encontrava limpa, cheirosa, vestida com um avental mais estampado que o anterior, Alice havia dispensado meu uso do sutiã, apenas havia me vestido com a calcinha do qual nem a cor eu havia visto. Sentia-me devidamente revigorada, apesar de já ser tarde da noite, não havia dúvidas de que eu passaria parte da madrugada acordada. 

 Eu estava junto da pequena Alice, de volta à UTI caseira, aguardando a decisão final de Carlisle. Eu estaria temporariamente livre para voltar ao quarto, ou seria mantida em observação intensiva? 

 Fui carregada até aqui pelos braços dela, que jamais me passaram tamanha força e domínio, foi tremendamente surreal ser carregada por uma mulher que era menor que eu em diversas proporções físicas. Pelo menos ela exigiu que eu mantivesse meus olhos bem fechados antes que ela tivesse praticamente nos teletransportado para a beira da maca. Demorei algum tempinho para ter controle total das minhas pernas depois disso.  

Alice mantinha-me entretida nas suas ideias fotográficas, estava tão animada para as próximas reproduções artísticas em Hilary, que trouxe seu tablet para apresentar diversos temas nacionais e internacionais que deixariam as memórias infantis de Hilary em êxtase. Havia muita cor, muito brilho, muito glamour, muitas culturas, muitos brinquedos e muita infância. Alice sabia muito bem desenvolver suas ideias e maquinava todas as sessões possíveis de um modo tão profissional, que deixou a hipótese de transformar Hilary em “baby influencer” no ar. Fingi não ter prestado a atenção na sua investida e continuamos com suas idealizações semiprontas digitalmente.  

 

 — ...E o que acha de neste cenário haver balões? — sugeri deslizando meu dedo pelo display. 

 

 — Balões? — pensou a respeito olhando o cenário. 

 

 — Sim. — reforcei a ideia — Balões representam muito bem a vida infantil. Leve e colorido. 

 

 — E frágil também! — sorriu — Um jardim encantado também seria uma boa ideia. Poderíamos fazê-lo logo pela manhã de amanhã, assim não precisarei usar nenhuma edição, pois levam horas para serem feitas. — criou mais possibilidades — Nos últimos dias tenho feito apenas o essencial, logo depois envio para um desenvolvedor visual que realiza um material excelente... — olhou para mim parecendo se lembrar de algo. Fiquei um pouco embasbacada em perceber que seu sorriso aumentou ainda mais, de modo se suas bochechas apertaram os cantos de seus olhos — E foram exatamente neles que enviei suas fotografias, você não perderá nada por esperar! — soltou um gritinho animado. Sorri pela sua animação. 

 

 — Confio na sua boa intuição, Alice. — comentei sorrindo, erguendo minha mão para ajustar melhor a sonda para trás da minha orelha. 

 

 — Ah...! —  sorriu agradecida e tornou a se concentrar no aparelho. Mas logo seus olhos se direcionaram para a pesada porta do escritório — Olha só quem já está vindo! — bloqueou o tablet deixando sobre o colchão. 

 

 Virei meu rosto para a mesma direção e não encontrei ninguém vindo ao nosso encontro. Antes que eu perguntasse a respeito, o trinco da porta foi movido e Esme passou para dentro do cômodo carregando em seus braços a minha amada menina. 

 Hilary agora estava com seus cabelos soltos e vestia seu macacão azul com ursinhos estampados próprio para dormir. Suas mãos estavam ocupadas, uma continuava a segurar as tiras de tecido da blusa de Esme enquanto a outra matinha sua mamadeira firme contra seus lábios que se movimentavam pelo trabalho da sucção do leite, ela olhava o ambiente ao seu redor com curiosidade, quando me viu, afastou a mamadeira da boca soltando uma exclamação ansiosa embaralhando algumas palavras que não pude entender e soltou as tiras de tecido de sua mãozinha a estendendo em minha direção fazendo um movimento repetitivo de abre e fecha, chamando-me. 

 Abri um sorriso largo e genuíno para ela. O ato expressivo era tão real, tão verdadeiro que senti as maçãs do meu rosto apertarem minhas pálpebras; em meu peito, meu coração batia rápido e pesado contra minhas costelas. Remexi-me ansiosa na beira do colchão e estendi meus braços disposta a acomoda-la em mim quando Esme estava próxima o suficiente, Hilary jogou-se em minha direção de maneira afoita e quase chorosa, mais que depressa eu passei minhas mãos por baixo de seus braços a suspendendo e trazendo seu pequeno corpo macio em contato com o meu. Apertei-a em meus braços com carinho e cuidado, ajustando suas perninhas em cada lado da minha cintura a mantendo acima do volume da barriga, Hilary passou seus braços pelo meu pescoço, jogando a mamadeira sobre o colchão para que ela pudesse enroscar ambas mãozinhas nas mechas do meu cabelo e encostou seus lábios sobre a pele acessível da minha bochecha. Um beijo, dois, três, quatro leves beijinhos sobre minha pele. Hilary trocou um longo olhar comigo e encostou seu rostinho redondo sobre minha clavícula. Suas mãos em meus cabelos puxavam alguns fios, mas hoje eu não seria capaz de repreendê-la por causa disso, afaguei seus cabelos, suas costas, seus braços, suas pernas, seus pezinhos cobertos, aproximei meu rosto de seus cabelos e aspirei a essência inconfundível do shampoo infantil que uso nela. Estar com Hilary em meus braços, era a maneira mais pura de saber onde o tesouro do meu coração está, nada mais me importava no momento. 

 

 — Então você veio dar um abraço e um beijo de boa-noite na mamãe, hum? — sussurrei com meus lábios roçando em seus fios castanhos escuros enquanto a ninava. Senti Hilary balançar sua cabeça em confirmação e embolou suas palavras sussurrando também: 

 

 — Um abraço bem gostoso, não é mamãe? — apertou suas mãozinhas nos fios de cabelo da minha nuca. 

 

 — O melhor do mundo! — concordei afagando suas costas com a mão direita. 

 

Hilary acomodou-se ainda mais em meus braços e se manteve ali em silêncio, sua falta de diálogo não me preocupou, ou muito menos causou-me alguma estranheza. Hilary sempre fora quieta, falava quando lhe parecia necessário e isso nunca atrapalhou seu desenvolvimento em área nenhuma, ela poderia estar explorando suas opções de estímulos para diálogos mais longos e completos, mas eu sei e consigo entender seus comportamentos e a falta deles. Assim como eu, Hilary sentia-se em casa, somos um lar uma para outra, juntas tornamos nosso único e exclusivo tesouro em nós mesmas. Hilary me pertencia e eu Amberli, pertenço a Hilary. 

Minha bolha estourou quando eu tornei a prestar a atenção no que continuava acontecendo a minha volta quando ouvi meu nome sendo comentado. Eu havia facilmente me esquecido da presença de Alice e Esme ali comigo, mas elas não pareciam estar atentas ao meu momento saudoso com a minha filha. Alice estava com o tablet em suas mãos novamente e agora compartilhava suas ideias para a sua jovem mãe também, ela apresentava seus projetos bem planejados assim como havíamos discutido a minutos atrás, Esme me parecia animada em fazer acontecer as próximas sessões no glorioso jardim de sua mansão e até mesmo aprovava o uso de balões no cenário. Nos envolvemos o suficiente no assunto para que eu tivesse intercalado o peso de Hilary em meus braços umas cinco vezes e para que Alice nos conduzisse à novas ideias, até fotos para um possível calendário do ano seguinte foi debatido! Sequer chegamos ao meio deste ano e ela já estava idealizando a esquematização perfeita dos meses até lá... Alice era positivamente absurda de diversas maneiras. 

 

 — Você está a muito tempo nessa posição — Esme fez sinal para que Alice pausasse o assunto, atentando-se a mim — Amberli, acho melhor você se acomodar melhor na maca. 

 

— Hilary está bem assim. — dispensei a opção mesmo sabendo que meus braços já estavam cansados. Eu não conseguia ver mais o rosto de Hilary, então não tinha certeza se ela estava dormindo ou se apenas continuava quietinha; na dúvida, era melhor mantê-la do jeito que está. 

 

— Tem certeza de que não acha melhor deitar na maca para que ela fique mais à vontade com você? — Alice perguntou movendo o tablet de uma mão para outra. Seus olhos se apartaram dos meus, direcionando-se para Hilary — Ela não está dormindo, será mais fácil para você conseguir se arrumar aí. 

 

— É, tem razão. — concordei mesmo não fazendo muita questão de mover-me para isso — Quem irá pegar ela? Desse jeito que ela está eu não consigo... 

 

 — Eu a pego, Alice te ajudará a ficar confortável no colchão. — Esme ofereceu preparando suas mãos. 

 

— Então tá legal... Hilary, amorzinho... — a chamei passando minha mão pela extensão de seu bracinho — A mamãe irá deitar na...Cama, mas rapidinho você estará comigo. — beijei o topo de sua cabeça dando espaço para que Esme pudesse pegá-la.  

 

Esme envolveu suas mãos nas laterais do corpinho dela puxando-a com cuidado para si. Quando Hilary percebeu que estava sendo afastada, ela gritou descontente, suas mãozinhas que não haviam se desgrudado totalmente por entre meus fios, se imbramou desesperadamente de modo que ela não pudesse se desprender totalmente de mim. Gemi audivelmente descontente pela ação dolorosa dos fios sendo quase arrancados. 

 

— Calma amor, a mamãe está aqui! — sentindo meu coração se apertar dentro de mim, tentei acalmá-la levando as minhas mãos na direção das suas tentando livrar meu cabelo do seu aperto — Ei, eu te avisei que Esme iria pegá-la! — forcei meus dedos contra os seus, liberando suas mãozinhas dentre as mechas. Esme a envolveu contendo a resistência de Hilary. 

 

— Não mamãe! Não mamãe! — gritou me estendendo suas pequenas mãos com alguns fios do meu cabelo preso em seus dedos.  

 

Seu rostinho vermelho expressava sua irritação e cansaço, logo seus olhinhos transbordavam em lágrimas ressentidas. Era nessas horas que eu me sentia culpada. Eu jamais deveria ser o motivo de dor para ela, eu deveria ser aquela que apazigua suas tempestades! Lutei contra a bola invisível que apertava minha garganta engolindo seco. Não, não posso chorar! 

   Alice entrou no meu campo de visão fazendo-me agir rápido para que Hilary estivesse em meus braços o mais breve possível. O lençol havia sido trocado e a fronha disposta no travesseiro também, Alice me ajudou a acomodar minhas pernas para cima do colchão e conferiu se a sonda entre minhas coxas estava bem fixada, ela prendeu um aparelho no meu dedo indicador e explicou que ele era o método mais simples de monitorar meu corpo, mas não tão eficiente quanto todos os que estavam grudados em mim. O choramingo e soluços de Hilary parecia um aborrecido e dilacerador som de fundo. Quando ela se afastou da maca, liberou o espaço para que Esme de modo complacente pudesse acomodar o corpinho exausto da minha filha sobre o meu novamente. Hilary não disse nada, não tornou a chorar, mas estava extremamente exausta e chateada; seu corpinho apenas se contraía pelo soluço que escapava por seus lábios. A única coisa que Hilary fez, foi tornar a envolver com força seus dedos nas mechas dos meus cabelos e dormiu soluçando. 

   O silêncio que se fez no cômodo quando seus soluços se foram foi sufocante, mas não se comparava com o inevitável nó que se prendia com dor em minha garganta. Foi quase incontrolável a forma como meus olhos se embaçou com lágrimas que eu insistia em conter, dessa vez eu não sabia se conseguiria não chorar... Eu não quero chorar, não iria chorar! Pressionei meus lábios com força ao engolir com dificuldade. Era irritante como nesse mesmo momento eu ansiava em poder sentir alguma movimentação do bebê dentro de mim, seu peso sendo desenvolvido a cada momento não era o suficiente, era angustiante saber da gestação de maneira tão restrita, tudo o que podia absorver era o que Carlisle pobremente poderia coletar, nada mais e temia que as informações pudessem carecer ainda mais. Sinto como se estivesse num vagão de uma montanha-russa, a todo instante estava vivendo altos e baixos, tensa demais para sequer pensar em qualquer assunto por muito tempo, distrações não bastavam mais, mesmo que eu insistisse para que sim. 

 Alice e Esme continuavam paradas próximas a maca, mal pareciam respirar. Alice parecia disposta a sair do local assim que tivesse chances, enquanto Esme poderia se oferecer para que eu pudesse chorar em seus braços mais uma vez no mesmo dia. Mas eu não quero chorar! Não irei, mesmo que eu aceitasse seu gesto carinhoso em tentar me estabilizar emocionalmente nos seus braços frios. 

 Pulei de susto ao ouvir um uivo ecoar no silêncio por entre o terreno da mansão, olhei para a grande característica parede de vidro apenas por reflexo, já que não conseguia ver muitas coisas além das primeiras carreiras de árvores ao redor, elas sequer se assustaram. O som se estendeu por mais algum tempo, sendo respondido por mais dois ou três uivos igualmente audíveis mesmo com a possível distância que os animais estavam daqui. Senti meu peito se contrair devido ao choque do susto e incomodada pelo silêncio eu apartei meus olhos da visão exterior e passei a encará-las. Hilary tinha entrado num lugar onde não havia sido a minha melhor opção e ainda desejava que ela estivesse fora desse ambiente ainda nessa madrugada. Não queria que ela passasse a noite inteira nos meus braços, era reconfortante saber que ela dormiria até pela manhã dentro do berço. 

 

— Acho melhor pegar a manta para ela. O contato com minha pele pode acordá-la quando for para o berço. — Esme rompeu o silêncio, seus pensamentos se assemelhavam aos meus. Ela não esperou que eu dissesse alguma coisa, educadamente ela virou-se e partiu dali. 

 

Restava apenas Alice ali comigo, mas sabia que se dependesse dela, não seria por muito tempo. Eu já havia percebido que lugares com tensão não combinavam nenhum pouco com Alice, ela fazia o possível para estar o mais distante da situação, até Renesmee conseguia se transpor a uma situação de tensão bem melhor que sua tia. 

 

 — Acho que já não temos mais nenhum clima para continuarmos a elaborar cenários. — expôs desconfortável, dedilhando seus dedos finos e brancos sobre o aparelho em suas mãos. 

 

— Também acho... — concordei descansando meu queixo sobre os fios de cabelo da minha filha. Ao fundo, um cão tornou a uivar, o que me deixou confusa a respeito de como eles poderiam estar próximos. Eu não estava disposta a tentar me distrair, mas não queria estar cercada pelo silêncio. Era mais reconfortante o som ininterrupto dos aparelhos que monitoravam do que todo esse silêncio que parecia comprimir-me — Alice, — pedi sua atenção — A península daqui esteve expandindo a criação de mamíferos carnívoros, como os lobos? 

 

— Como assim? — ela piscou seus olhos, como se não estivesse entendendo. 

 

— Há lobos muito perto da civilização, não acha que isso pode ser arriscado para a cidade? 

 

— Ah!... Não, — negou balançando a cabeça — eles não apresentam riscos aos cidadãos, sem contar que a reserva tem um enorme apreço pelos lobos, um significado histórico. É proibido caçá-los. 

 

— Ata... — fechei os olhos sentindo minha têmpora pulsar — estou exausta... — suspirei. 

 

 — Imagino que esteja e sinto muito por tudo que está passando. — soou sincera — Se quiser alguma ajuda para conseguir dormir... Não me parece que conseguirá fazer isso sem ajuda. 

 

— Não quero tomar mais medicamentos. — dispensei. 

 

— Sei que não, mas Jazz pode te ajudar. — propôs referindo-se ao marido. Abri meus olhos procurando contato com os seus. 

 

 — Como ele pode me ajudar? — desejei saber. 

 

— Pode começar ao fechar os olhos! — soou animada novamente, acatei seu pedido mesmo que soasse como uma ordem, mas não importava — E tente relaxar pelo menos um pouco para que a calma possa fluir para dentro de você... 

 

 Tentei pensar em fazer o que ela instruiu, mas assim que cogitei, a porta do local se abriu. Abri meus olhos atenta para ver Esme retornar com uma manta branca e felpuda em seus braços, que logo foi colocada sobre Hilary. Após agradecê-la, Esme informou que Carlisle subiria em breve para um último monitoramento do dia. Agradeci mais uma vez. 

Quando depois de uns dez minutos, Carlisle adentrou no cômodo sem nenhuma peça de roupa branca, eu tinha até me desacostumado a vê-lo tão informal. Apesar de me sentir fraca de tantas maneiras, sua presença me deixou esperançosa, talvez fosse um sinal de que por hoje, não haveriam mais medicamentos e parelhos em contato com meu corpo. Esme e Alice deram espaço para ele e saíram do escritório. Tentei sorrir ao recebe-lo. 

 Carlisle moveu seus olhos no local como se procurasse por algo discretamente, seu rosto tranquilo transmitia uma paz absurda. 

  

 — Como está se sentindo? — perguntou parando na borda da maca. 

 

— Cansada e querendo que Hilary não precise voltar mais aqui. — comentei quando ela mudou a posição do rosto. Suas mãozinhas sequer saíram do lugar. 

 

— Realmente, o ambiente não é propenso para ela. — concordou. 

 

 — Quando vou poder descer para o quarto? — fui direto ao ponto. 

 

— Estou aguardando a contagem final de alguns exames que precisaram serem refeitos. Minha palavra ainda está de pé, até nessa manhã você poderá estar no quarto. 

 

— Tudo bem. Veio aplicar mais alguma coisa? 

 

— Não exatamente, vim verificar o oxímetro. — tomou minhas mãos para se atentar ao pequeno aparelho preso no meu dedo — Usaremos ele com mais frequência nos momentos em que estiver fora daqui — informou ainda atento com o que via no visor — Terá que mantê-lo por mais algum tempo e preciso que continue aqui, eu terei que conectar algum dos aparelhos em você novamente assim que Esme levar sua menina para o berço, ou até mesmo antes. Preciso que descanse seu corpo o melhor possível pois creio que a mezinha já esteja agindo conforme o previsto, se continuar a apresentar a progressão do estresse e cansaço, sua pressão se desestabilizará fazendo com que percamos os estímulos aplicado a saúde do bebê e a sua também. 

 

— Não sei se consigo dormir... — procurei por seu olhar. 

 

— Não precisa necessariamente dormir, mas tente se abster de todos os seus conflitos, —  elevou seus olhos para os meus, pausou parecendo pensar — fique o tempo que precisar com sua filha. Talvez possa aproveitar o tempo com ela para esclarecer seus pensamentos e apaziguar seu espírito. Sei que não aprova que ela chegue a estar num sono profundo em seus braços, mas ela precisa desse contato tanto quanto você. — aconselhou. 

 

 — Tudo bem. — aceitei pensando a respeito. Carlisle encorajou-me com um sorriso e afastou-se da maca se direcionando para seus aparelhos. Continuei pensando em que tipo de método eu conseguiria acalmar-me, até que pensei em Alice. Ela havia comentado que seu marido poderia ajudar, mas como? — Carlisle. — o chamei. Por trás de mim sua voz deu-me atenção — Como Jasper pode me ajudar? Alice disse que seu o poderia me ajudar com ‘isso’. 

 

— Jasper é reservado, e consegue decifrar as emoções das pessoas e senti-las como se fossem suas, ele carrega consigo uma tranquilidade interior tão sensitiva que as vezes parece nos envolver. A presença de Jasper muda o ambiente... 

 

—Isso teria algum resultado comigo? — insisti em saber. 

 

— Se estiver disposta a aceitar que isso seja eficaz, sim. — consentiu. 

 

— Talvez se ele me fizesse companhia durante as próximas horas, meu corpo absorveria sua calma e eu conseguiria dormir? 

 

Carlisle assentiu com a cabeça, mantendo-se em silêncio; parecia debater consigo a respeito. 

— Quando estiver pronta, Jasper não hesitará em te ajudar. Ele quer te ajudar. 

 

— Eu estou pronta. Preciso que ele me ajude. — respondi com convicção. 

 


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