Sempre ao seu Lado escrita por Aquela Trouxa


Capítulo 21
18 e 19 de Julho ➶


Notas iniciais do capítulo

Ainda estou super ansiosa pelo livro Sol da Meia-Noite pq o meu deveria ter chegado ontem mas não veio ¬¬
BOA LEITURA



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Sempre ao Seu Lado 

Capítulo 21 

 

— Tudo bem. — aceitei acanhada, desviei meus olhos dos seus observando Alice partir com Hilary em seus braços, a pequena olhava com bastante curiosidade para o cabelo curto que a mulher tinha. Seus olhinhos castanhos se desviaram de Alice me dando um aceno de despedida com suas mãozinhas redondinhas, sorri com amor para ela e retribuí seu gesto. Ao vê-la sumir de minha vista eu foquei-me na situação atual; Cole também havia se distraído com Hilary — Por favor, junte-se a nós. — reforcei as palavras de Thomas quebrando o silêncio que havia comprometido o cômodo, estendendo minha mão esquerda indicando o lugar vago — Renesmee fez uma torta para provarmos, acredito que sua opinião será válida. 

 

 Cole não esperou por mais palavras para caminhar em silêncio para a cadeira desocupada que já estava pronta para servir ao se aproximar pude perceber o quão alto ele também era e pensei a respeito sobre isso ser uma influência íntima transpassada nas famílias dessa tribo indígena. Ele sentou-se ali e Thomas pegou seu prato passando para Renesmee poder fazer as honras de colocar a fatia para que ele pudesse degustar, enquanto isso, ele enchia seu copo com o suco de laranja que havia na jarra, apenas nós dois, além de Hilary havíamos preferido essa opção de bebida. Ao receber o prato de volta, ele aproximou o pedaço da torta para perto seu rosto aspirando o cheiro que o alimento exalava, seus olhos estavam fixos em Renesmee e espelhavam sua desconfiança. 

 

 — Senti o cheiro do molho inglês industrializado de longe... — falou colocando o prato sobre a mesa — O que andou aprontando Nessie? 

 

— Apenas te aconselho a experimentar. — respondeu juntando suas mãos abaixo do queixo o olhando em desafio. 

 

 — Ainda bem que já provamos a torta Cole, estávamos morrendo de medo de morrermos ao comê-la. — falou Thomas mostrando um belo sorriso ao retirar o celular do seu bolso. Renesmee revirou seus olhos. 

 

 — Minha única intenção aqui era poder esclarecer algumas coisas com Amberli... — retorquiu pegando os talheres com suas enormes mãos e cortando um pedaço generoso da fatia levando até sua boca, degustando. — Essa torta tem alguma familiaridade... — comentou depois de engolir, pegando o copo de suco — O que andou aprontando Renesmee? — tornou a perguntar. 

 

 — Não aprontei nada! — respondeu de queixo erguido, durante o tempo em que Cole tornava a comer mais pedaços da torta — Mas o que achou do sabor? 

 

 — Uma cópia familiar... — respondeu sem dar a devida atenção às palavras dela, buscando pelas duas últimas fatias restantes. Como os outros dois, ele comia rápido as porções devido ao porte físico alto e musculoso— Me pergunto como você conseguiu essa proeza. 

 

— Deveria se perguntar quais são as coisas que ela não consegue conquistar! — sugeriu Thomas bloqueando seu celular— Pode até demorar, mas ela sempre acaba conseguindo o que deseja. Dá até medo! 

 

 — Seria muito mais proveitoso você apenas confirmar que eu mandei super bem! — Renesmee falou juntando os pratos colocando-os dentro da forma vazia, Thomas se levantou e juntou-se a ela para limpar a mesa. 

 

 — Eu não vou questionar os métodos usados para conseguir fazer com que Franchesca tenha te passado uma das relíquias da família Quileute. — deu seu prato para ela, que se afastou colocando os utensílios na lava louças — A torta como qualquer outra culinária está boa, na parte teórica você a fez bem, mas não fez como uma quileute Nessie. 

 

— Hum... —resmungou contrariada lavando suas mãos na torneira da pia — Mas eu vi ela fazendo... — argumentou — Tá isso não importa! Eu reproduzi a receita aclamada da tia Franchesca, isso é um marco na história! E você aprovou, então eu me saí bem! — riu. 

 

— Está de parabéns! — elogiou movendo seus lábios num curto sorriso — Mas não foi para isso que eu entrei aqui Nessie. Eu ainda preciso falar com a Amberli. — afastou suas mãos da mesa as esfregando no jeans de suas coxas ao desviar seus olhos de Renesmee, tornando-me alvo de seus olhos castanhos claros. Seus olhos continuaram fixos aos meus por tanto tempo que começou a nos constrangermos. Apenas quando ele começou a franzir suas sobrancelhas de modo confuso e até mesmo frustrado, foi que percebi que Cole aguardava alguma resposta. 

 

— Hãn... Claro, sim... Você veio aqui para falar comigo... — respondi me sentido um pouco boba. Ergui minha mão direita para afastar uma mecha do meu cabelo que havia enroscado na sonda — Se já quiser, podemos conversar agora. — me apressei em dizer. 

 

— Fico feliz em ouvir isso! — suspirou aliviado levantando da cadeira pondo suas mãos nos bolsos dianteiros de sua calça — Você pode sair de dentro deste lugar? —  referiu-se a mansão. Olhei para Renesmee, não conseguindo retorno de seus olhos na minha direção, ela apertava alguns botões de comando da lava louças — Não consigo sentir-me confortável nessa... Atmosfera.  

 

 — Está tudo bem para você, Amberli? Ele vai mesmo conversar de maneira responsável e civilizada contigo. — confirmou Renesmee dando a volta na ilha aproximando-se de nós — Se ousar a passar da linha, nós lhe daremos uma surra. — ameaçou estreitando seus olhos de maneira feroz para ele. 

 

— Nunca mais cogitaria. — respondeu tão convicto, que acreditei em suas palavras. Renesmee assentiu aprovando. Arrastei a cadeira me colocando em pé, arrumei o casaco grosso envolta do meu corpo e posicionei o curto cano da sonda ao meu afastar da mesa caminhando em sua direção para a escadaria que nos conduziria para os andares de baixo. 

 

 Não era assim que eu havia planejado vê-lo novamente, não mesmo. Eu esperava saber pela boca da moça que aparentava ser um pouco mais nova que eu, vulgo, de Renesmee, o máximo possível de informações sobre ele que eu poderia assimilar, porém como isso não aconteceu... Então me contentaria com as palavras que saíssem dos lábios de Cole, cabia apenas a ele me dizer a verdade ou não.  

 

— Antes de sairmos, — parou-me antes de chegarmos a descer os primeiros degraus atraindo a atenção dos demais atrás de nós — eu já quero aqui, dentro desta mansão onde você está morando, na presença de Renesmee, Martim e Thomas... Avisar que eu nunca mais farei algo para te machucar Amberli, nem aqui e muito menos em qualquer outro lugar. — suspirou resignado e enrugou o nariz — Por favor, me acompanhe. — pediu gentilmente finalmente olhando em meus olhos, por dentro senti meu coração começar a bater mais forte movida pela atração estranha que senti ao olhar tão de perto em seus olhos tão claros, estávamos tão próximos que percebi haver alguns pontos verdes em suas íris, que antes pela distância, era imperceptível. Movi meus pés para os próximos degraus até chegarmos na outra escadaria. Continuei atrás dele, mesmo tendo consciência de que ele dava passos curtos por causa do meu ritmo, ainda assim ele nos direcionava para a entrada da mansão. Eu sabia que havia passado pelo lugar sendo carregada por Edward, mas estava desacordada, então meus olhos analisava todo o lugar, já que eu nunca havia sequer pisado aqui.  

 

 Cole atravessou a característica porta de vidro da mansão, segurando-a para que eu pudesse passar e depois a fechou. Seus passos pesados por causa da bota que usava faziam um forte barulho contra a madeira que revestia a varanda aberta do lugar, observei o acabamento externo da mansão admirada pela qualidade, quando Cole sentiu-se a vontade para falar eu prestei toda minha atenção em sua voz. 

 

 — Deveríamos começar tudo de novo. — propôs se aproximando do parapeito de madeira e metal olhando para a bela paisagem que as árvores nos exibia. 

 

 — Começar? — franzi a testa. 

 

— Sim, — balançou a cabeça em concordância — naquele dia sequer nos apresentamos, eu apenas cheguei e arrumei um lugar para me sentar... 

 

 — Na verdade você se jogou no chão mesmo... — fiz uma observação olhando suas costas, lembrando perfeitamente de quando ele pegou uma almofada e deitou-se no tapete da sala. 

 

 — Certo, cheguei e me joguei no chão. — corrigiu — Tem certeza de que eu me joguei? Isso me parece um ato doloroso. — virou para mim, seu rosto continha divertimento. Ele estava caçoando da minha interpretação. 

 

 — Você entendeu! — contornei minhas palavras sorrindo. Movi minha mão esquerda para a lateral da minha barriga, sentindo o bebê; gesto que não passou despercebido por ele. 

 

— Entendi sim... —  suspirou — Podemos começar de novo? 

 

 — Claro, —  concordei — você começa primeiro, em ambas as situações eu já estava aqui. 

 

— Tudo bem... — respirou fundo me parecendo ter ficado nervoso, com dois passos longos ele se colocou a minha frente e gentilmente puxou minha mão direita segurando-a com a sua mão quente — Olá, — saudou-me olhando nos olhos — sou Cole Brett Sawko Uley, descendente da tribo Quileute e estou ao seu dispor. — tocou seus lábios quentes no dorso da minha mão com carinho, num gesto tão antigo e conservador, que me fez rir, não dele mas da situação em que estávamos.  

 

Comprimi meus lábios contornando a língua entre eles cessando meu riso. Assim como ele, também respirei fundo e sem soltar nossas mãos eu me apresentei: 

 — Oi Cole, sou Amberli Gall Scott, não sei minha descendência, mas fui criada por Anna Edzel Scott, que é de descendência italiana, isso conta? — sorrimos — Você já viu minha filha, ela se chama Hilary... E o que foi esse gesto do beijo na mão? — não contive a pergunta de escapar por meus lábios e deu uma risada me sentindo nervosa. 

 

— Ah! — soltou um riso piscando seus olhos pelo incômodo momentâneo de um feixe de luz solar que apareceu sob seu rosto — Um gesto ultrapassado eu sei, o fiz para te impressionar — explicou  — Deu certo? 

 

 — Deu sim. — o respondi. Cole sorriu e senti seu polegar acariciar minha mão que ainda estava num encaixe quente e terno com a dele. 

 

 — Sua filha é linda, se parece muito com você. — elogiou. Suas pálpebras se tencionaram voltando a manter sua forma natural levemente puxada, após a luz solar desaparecer por entre as nuvens acima de nós. 

 

 — Obrigada, ela é a maior razão da minha existência. — agradeci. 

 

 — Aproveitando que acabamos de nos conhecer, não sei por que... — indagou extrovertido — Mas soube que um estúpido que fisicamente se parecia comigo, esteve aqui a alguns dias atrás e agiu como um completo idiota. 

 

— Sim, — concordei com seu jogo — Um completo idiota. — assenti usando as mesmas palavras. 

 

 — Espero que ele nunca mais torne a aparecer aqui! Por isso, imploro por teu perdão, pelo modo covarde de descontrole que aquela pior versão de mim agiu na sua frente, principalmente por estar grávida. Eu não havia se quer te visto, mesmo sentindo sua presença e nem mesmo percebido a sua gestação naquele dia, e me arrependo amargamente de ter causado algum mal a você...Como eu conseguiria tornar a me aproximar da mulher mais linda e corajosa que eu já vi na minha vida, se ele estivesse atormentando os pensamentos dela? 

 

 — Eu te perdoo sim. —  respondi sincera e até mesmo comovida com suas palavras. Senti o bebê se mexer mais forte dentro de mim; num movimento automático minhas mãos foram para a barriga protuberante me fazendo momentaneamente quase esquecer-me de que estava com Cole a minha frente. — Apenas espero que algo assim não torne a acontecer. 

 

 — De preferência, nunca mais. — me prometeu desviando seu olhar do meu rosto, olhando sem graça para o semicírculo a sua frente. — Soube que também não sabe se será menino ou menina... — comentou mais relaxado virando seu corpo para frente voltando a se aproximar do parapeito de madeira. 

 

 — Pois é, não temos a mínima ideia... — confirmei seguindo-o pondo meus braços sobre a madeira olhando as grandes árvores a minha frente. Passei meus olhos ao redor contemplando o tamanho da mansão Cullen e descobrindo onde estava a garagem da casa, que aparentava ser gigantesca. 

 

 — Pelo menos já escolheu um nome para o bebê?... — sugeriu erguendo a sobrancelha. 

 

 — Também não... — admiti tímida. 

 

— Bom, terá que ter um até no dia do nascimento... — deu um breve sorriso — Quer saber de uma curiosidade? — virou seu corpo um pouco na minha direção, podendo quase me tocar. 

 

 — O que? — perguntei erguendo meu rosto para olhá-lo, o movimento mínimo do meu corpo fez com que seu braço se encostasse em mim. Mesmo com a sua jaqueta e meu casaco nos revestindo, eu pude sentir sua alta temperatura, minha testa se franziu estranhando esse fato, mas creio que ele interpretou a expressão à minha curiosidade no que ele estivesse pensando em falar. 

 

 — Sei que não comentou com ninguém, sobre a madrugada... — comentou dando-me um olhar cúmplice e continuou a falar — O céu da madrugada estava me mostrando algo muito especial antes de encontrar você. 

 

 — E o que era? — perguntei esfregando meus lábios um no outro. 

 

 — Uma estrela, ela particularmente é a minha preferida e foi muito especial poder vê-la nas terras de Forks; como percebeu, até a lua têm as nuvens como sua inimiga. — riu estendendo a conversa. 

 

 — Qual estrela? — perguntei mais curiosa que antes. 

 

 — A Estrela Adhara. Conhece? — me revelou.  

 

 — Não brinca! — Abri minha boca surpresa mas decepcionada pelo fato de ter perdido a oportunidade de contemplá-la também — Essa é a estrela mais linda da constelação Cão Maior! Ela é a minha preferida também! 

 

— Sua posição no céu me indicava algo e eu precisava de certa forma segui-la até a direção favorável em que ela se encontrava... — contou diminuindo o volume de sua voz, mas não tornando algo difícil de se escutar — Não sabe como eu fiquei surpreso em te ver naquela grande janela, bem debaixo da luz da estrela, Amberli?! — comentou inacreditado — Sabe a qual conclusão que eu cheguei? — perguntou retoricamente ao tornar olhar em meus olhos — De que ela me mostrava você, uma confirmação pessoal, bem, nem tanto... Mas... , Adhara apareceu nos céus de uma cidadezinha que raramente consegue sequer ver o brilho do sol e muito menos da lua durantes suas contínuas noites, e quando eu finalmente a vi, ela me levou a você. É por isso que eu estou aqui agora, te revelando isto. — segredou.  

 

— Ela te guiou até a mim... — comentei pensativa a respeito do que isso significava. Não apenas a ele, mas a mim também, pois isso me incluía; por ele ter a ancestralidade forte em seu sangue; por ser indígena, eu tinha uma pequena ideia de que uma mensagem mais forte estava por trás do que ele havia me confidenciado. Eu sequer sei o que comentar a respeito disso! 

 

— E se quer saber, —  acrescentou depois de ficarmos um bom tempo em silêncio —  Adhara é um bom nome para uma menina... 

 

 — Está me ajudando com as opções? — sorri. 

 

 — Acho que sim, — sorriu também — pois agora esse nome tem mais um significado na minha vida. 

 

— Gosto de nomes com significados... —  comentei gostando do seu ponto de vista — E para um menino? Também tem alguma preferência? — perguntei curiosa. 

 

 — Sim, passei a pensar a respeito depois do nascimento de Kaylee. Confesso que é muito mais difícil pensar em um único nome masculino, prefiro nomes compostos, como Colton Shay ou até mesmo Anthony Theodore. 

 

 — Anthony Theodore é um belo nome. — aprovei. 

 

— Sim, é sim. — concordou arrumando a jaqueta sob seu corpo. Envolvendo-me totalmente no assunto — Mas prezo pela memória dos nomes pertencidos aos nossos ancestrais como: Callum; Argus; Neal; Zander; Finlay; Cael ou até mesmo Brayden. — mencionou os nomes fazendo a contagem em seus dedos. 

 

 — Quem foram eles? — perguntei surpresa pela quantidade de nomes que ele admirava, isso era tão comum de se acontecer com garotas... Ele é o primeiro homem que conheço a carregar tanta preferência. 

 

— Que bom que perguntou! — seus lábios puxaram um sorriso entusiasmado, mostrando o quanto ele é diferente do que eu havia imaginado — Vamos nos sentar ali — indicou para um lugar além de mim. Próximo aos degraus do espaço em que estávamos havia um banco feito de concreto artesanal com o acabamento da mesma madeira que decorava o ambiente ao redor. Nos sentamos e Cole logo continuou a falar — “Cael e Callum eram irmãos, ligados pela descendência direta dos melhores comerciantes da tribo Quinault com o casamento de Willa Rue uma filha Quileute das cinco grandes casas, que significa a hierarquia antiga predominante da nossa descendência indígena.  

Argus foi um dos maiores construtores de barcos que nossa descendência já teve, ele criou as canoas de cedro vermelho baleeiras, uma delas foi equipada com um mastro e navegou ao redor do mundo, pois era capaz de transportar três toneladas. — fala com orgulho —  Zander era seu irmão, trabalhavam juntos, mas o desempenho das obras-primas da engenharia daquela época era desenvolvido por Argus.  

Neal descendia da grande casa chefe promissória de pesca, — mencionou outro nome — por sempre vivermos na costa noroeste, vivíamos totalmente da pesca e caça de animais mamíferos marinhos... —  Cole pausou sua explicação, sua expressão pensativa me mostrava que ele estava buscando as melhores informações que continha para me contar —  Já Finlay na verdade não pertenceu a nenhuma casa chefe, ele era mais um plebeu do grupo de casas; sua família serviu por Maë Jo. Eles teceram capas de chuva, inúmeros tipos de cestas, alguns eram tão finos e a prova d’água que serviam como chaleira. Todos os utensílios eram feitos à mão com matérias naturais... Isso é algo bem curioso, pois minha avó foi professora de tecelagem na reserva. — rimos juntos apreciando a comparação entre eles — Já Brayden, era participante das competições de força, conhecidas como Levantamento de Boulders Beach, não posso afirmar se ele fazia parte das famílias das grandes casas, mas sua força era questionável. Claro que eles não viveram na mesma época, mas para mim, eles foram importantes como todos os meus antepassados, apenas tenho a preferência pelos seus nomes. — soltou um breve riso — O que achou? — me perguntou com interesse. 

 

 — Os significados dos seus antepassados são incríveis! — externei meus pensamentos sobre cada um mencionado — Como conseguiu guardar tanta informação sobre eles? 

 

 — Muitos anos perturbando meus avós e seus antigos anciões sobre cada vírgula que nos definiam — respondeu desviando seus olhos claros dos meus, passando a analisar as árvores a nossa frente — Poderíamos ter formado um pequeno país na costa se não fosse por um colono trazido por um professor branco conhecido como Sr. Smith no final da década de 1.880; foram quase 30 grandes casas chefes destruídas totalmente porque ele havia supostamente auto reivindicado nossas terras para ele. — revirou seus olhos repudiando o acontecido; balancei a cabeça em negação pela perca em massa que eles já haviam perdido naquele tempo. — Mas isso foi superado e ainda estamos aqui! — desconversou nos tirando do assunto — Espero que possa vir comigo e, com os meninos no dia da fogueira, lá contamos as melhores e mais marcantes histórias Quileute. Você iria gostar! — comentou com expectativa. 

 

— Obrigada pelo convite — agradeci puxando mais uma mecha do meu cabelo para longe da sonda grudada em meu rosto — É... Daqui a alguns meses eu posso te confirmar, do próximo mês em diante eu não poderei me arriscar a tanto, devido a gravidez... 

 

 — Sim, percebi... 

 

 — Será que os pombinhos poderiam, por favor voltarem para o aconchego da minha casa? — perguntou Alice surgindo do nada na nossa frente nos dando um susto. Confesso que me assustei por duas vezes, já que eu até havia me acostumado a ser assustada sozinha, me surpreendi ao ver que Cole uma contração involuntária do seu corpo assim como eu.  

 

— Como está sendo suportá-la? — Cole me perguntou arqueando a sobrancelha. 

 

 — Eu acabei de conhecê-la! — justifiquei, soltando um riso anasalado. 

 

— Andem, andem! — gesticulou suas mãos nos apressando — Logo irá chover! Como se isso fosse novidade. 

 

 Cole num instante já estava de pé com sua mão direita estendida para que eu pudesse me levantar do banco com sua ajuda, Alice já havia desaparecido para dentro. Cole e eu olhamos para o céu e percebemos que já não havia sequer um espaço no céu que não carregasse alguma nuvem escura. Votamos nosso olhar um para o outro novamente. 

 

 — Está vendo? É um dia em um milhão a oportunidade que tive hoje de madrugada... Foi a chance crucial concedida para poder realmente te conhecer. — me disse com intensidade e total certeza de cada palavra que saía por seus lábios — Não nos conhecemos ainda Amberli, mas eu posso te afirmar que hoje, é apenas o nosso começo. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foi um pouco tenso para mim, voltar aos andares de cima na presença dele. Tenso não seria a palavra certa, mas intensa... Sim, intensa é a melhor palavra para definir o que eu sentia ao meu redor. Sua mão entrelaçada a minha foi difícil de ser afastada, não por ele ter me forçado a manter nossas mãos unidas, mas sim pela alta temperatura acolhedora que ele emanava, e não apenas ele, mas sim todos os possíveis descendentes da tribo Quileute, mesmo que eu soubesse que neste caso, havia sim algo diferente.  

  Nosso último diálogo ainda fora da mansão estava sendo repassada pela minha mente que ficava marcando cada detalhe que meu subconsciente considerava importante o suficiente para que eu não me esquecesse de forma alguma. Nossa madrugada e a convicção de suas palavras sobre a estrela Adhara era o acontecido que mais se repetia e tentava entender... O que também me deixava frustrada por no fundo não estar entendendo nada. Se uma palavra pudesse me definir agora, eu não conseguiria achá-la, de tão confusa que estou me sentindo.  

 Passei meus dedos pela faixa de elástico que cercava toda a extensão protuberante da minha barriga, Rosalie que estava ao meu lado, acariciava meus fios de cabelos que por conta do corte curto era impossível de serem presos apenas com os laços. Renesmee, Cole, Martim e Thomas já não estavam mais na mansão, haviam partido para a reserva novamente; a  garota me prometeu voltar em menos de vinte e quatro horas para me atualizar sobre os dias anteriores em que esteve longe da casa dos avós, finalmente ela poderia me relatar a respeito de um ser específico. Logo depois da saída deles, Rosalie me acompanhou no banho enquanto Alice ficava mimando Hilary, passeando com ela por toda a casa. 

  Meu corpo repousava na maca no aguardo de mais um monitoramento através da cardiotocografia que eu fazia minutos depois da chegada de Carlisle em sua casa, apenas esperávamos que ele tomasse um relaxado banho para iniciarmos o procedimento. Nos dias anteriores, Esme se encarregava de estar ao meu lado em cada procedimento, mas com a volta de sua filha de gênio forte, ela tornava a acompanhar cada procedimento necessário ao lado do seu marido. 

 

 — Consigo ver algumas fumaças saindo de suas orelhas... — Rosalie comentou — Em quê tanto pensa? Está nervosa com o exame? 

 

 — Não, Rose... Essa será minha quarta sessão, não tem nada a temer com o procedimento... — a tranquilizei — Eu apenas estou confusa, sabe? Muita coisa acontecendo comigo em poucos dias, meu corpo todo está tentando acompanhar, mas, não sei se estamos conseguindo algum resultado... 

 

 — O que aquele rapaz queria com você hoje a tarde? — referiu-se a Cole parando o movimento de sua mão. 

 

 — Me pedir desculpas, por aquele acontecido. E eu aceitei, não havia sentido rejeitá-lo. 

 

— Sim, tem razão. — concordou comigo. Franzi a testa surpresa, mas nem fiz questão de comentar algo que pudesse chateá-la. 

 

 — Ele esteve me ajudando com alguns nomes para o bebê. — acrescentei. 

 

 — Aha! Com ele você aceita a pensar sobre os nomes?! — exclamou. 

 

— Sim, foi de maneira inusitada — me defendi tentando não me encolher na maca — Ele me apresentou boas sugestões de nomes, não sei os significados, mas há grandes histórias por trás de cada uma, creio que já decorei todos eles, mas por favor, não me peça para te contar, pois iríamos demorar para sair daqui se conversássemos sobre cada um deles. — dispensei o assunto, para mim já bastava a voz de Cole soando dentro da minha cabeça, não estava afim de repetir suas palavras, me parecia ter sentindo apenas com ele contando. 

 

 — Tudo bem. — Rosalie aceitou — Qual dos nomes você gostou? — perguntou tornando a passar seus dedos pelo meu cabelo.  

 

— Uma pergunta difícil... — repuxei minha boca de um lado para o outro pensando — Ele palpitou a respeito de uma das estrelas que compõe a constelação Cão Maior, Adhara.  

 

— Maia também é o nome de uma estrela, — mencionou sua indicação de dias atrás — mas naquele dia você comentou sobre sua estrela favorita... 

 

— Sim e é a estrela favorita dele também! Eu estou a considerando uma forte candidata para o nome feminino; já para o masculino eu gostei do nome composto Anthony Theodore, um nome forte não acha? 

 

 — Caramba, você gostou de todos os nomes que ele sugeriu? — perguntou um pouco ofendida passando a mão por seus cabelos loiros brilhantes. 

 

 — Não foi bem uma sugestão Rose, — o defendi mesmo não tendo certeza disso — ele apenas estava comentando comigo sobre nomes que ele gostaria de colocar em seus futuros filhos. São nomes lindos com histórias de vidas passadas por toda essa geração da sua tribo, entre esses eu ainda não consegui escolher apenas um...Ele me apresentou quase uns dez nomes ao todo... 

 

 — Ele quer formar uma família grande então! — inesperadamente pude vislumbrar um sorriso nos lábios de Rosalie. 

 

 — Isso eu já não sei te informar. — falei sentindo minha pele se aquecer. 

 

Para a minha sorte, Carlisle entrou em seu escritório acompanhado de Esme que arrastava o suporte com a bolsa de sangue que eu só usava durante as refeições especiais por alguns minutos. Por já saber como funcionava, eu logo segurei o pequeno aparelho que continha um botão em minhas mãos, eu tinha que apertá-lo toda a vez que a criança se movimentava dentro de mim durante esse processo e aguardei a iniciação da aparelhagem para que pudéssemos coletar o máximo de informações possíveis sobre meu bebê. Meu encontro com Carlisle já havia acontecido quando estávamos na sala, então não houve a necessidade de nos cumprimentarmos novamente. 

 

 — Há alguma observação hoje? — perguntou-me a respeito do constante desenvolvimento do bebê.  

 

Esme parou ao meu lado pegando a outra parte da sonda para começarmos a iniciar a minha primeira janta, que iria antes da minha janta normal, e antes de dormir eu estaria amarrada a outra bolsa de sangue, dependendo da hora, eu já estou dormindo quando elas entram no quarto.  

 

 — Sim, — confirmei — Ele tem se mexido bastante apenas do lado esquerdo, os movimentos sobrem e descem bastante, mas nas últimas horas ele tem se aproximado bastante das minhas costelas — fiz uma careta me lembrando do incômodo. 

 

 — Certo, acho que já podemos começar a conversar com seu filho, ou filha... Fizemos isso com Renesmee quando soubemos que ela já podia entender um pouco do nosso diálogo, — explicou — e não queremos que seu bebê acerte algumas se suas costelas acidentalmente para que possamos a advertir sobre isso. — pontuou. O aparelho apitou nos informando de que logo começaria a executar seu trabalho. 

 

 — Não queremos. — Esme e eu o respondemos.  

 

 — Você já sabe como funciona Amberli, a qualquer movimento da sua criança você pode apertar o botão. — instruiu Carlisle com seus olhos analíticos na tela que exibia os resultados que apenas um médico especializado conseguia entender. 

 

 Enquanto os minutos de monitoramento corriam o papel saía de dentro da máquina com riscos montanhosos de gráficos a respeito de tudo que apenas um aparelho entre milhares da medicina conseguia ultrapassar a barreira que havia entre nós e meu bebê. Minutos depois de iniciarmos, senti o bebê se mover do meu lado esquerdo, no mesmo instante apertei o botão que mandava o aviso do seu movimento para a tela e folha que registrava tudo. 

 

 — E como vamos aplicar os avisos ao bebê? — perguntei. 

 

 — A partir de hoje você já pode começar a fazê-lo. É seu filho, ele te ama e tem um desenvolvimento espetacular, ele vai saber se conter dentro de si quando souber que seus movimentos podem te machucar. Não tem segredo algum, a clara ligação natural que vocês já têm irá facilitar mais ainda. Se o vínculo estiver sempre fortificado, tenho certeza de que nem precisará se conectar com seu bebê em voz alta, seus pensamentos serão suficientes; embora eu ainda ache mais saudável e real ter o som de sua voz presente pelo cômodo ao falar com sua parte da criação. — dizia com entusiasmo e alívio, eu sabia que ele desejava ter essa experiência saudável vivida com sua nora — Veja seu vínculo com Hilary, ela se sente à vontade em se comunicar com você sem os uso das palavras entoadas vocalmente. A ligação forte como essa entre as duas é o que torna isso possível; por isso te afirmo que o mesmo acontecerá com o que ainda está protegido dentro de ti. 

 

 — Nada mais forte do que os laços sinceros do amor materno... — disse Rosalie depois de tanto tempo em silêncio. Em silêncio, todos concordamos com ela. 

 

 A sessão da cardiotocografia ao todo durou mais de quarenta minutos, como as outras anteriores. Carlisle sempre parecia estar vitorioso por conseguir colher as informações limitadas, que porém eram necessárias através dos eletrodos que colocava em mim. Assim, depois de mais poucos minutos em repouso sem os aparelhos envolta da minha barriga e sem a bolsa de sangue, eu fui liberada para o jantar. Hilary já me aguardava sentadinha na cadeira acompanhada por Alice. As roupas que minha filha vestia notoriamente nunca havia sido usada o que não me dava dúvidas de que haviam sido um presente da pequena mulher que parecia estar dançando balé a todo o momento. 

 

 — Onde está suas sapatilhas, Alice? — perguntei me sentando ao lado da minha pequena filha, que ergueu sua colher para mim, indicando que logo iríamos comer. 

 

 — Sapatilhas? — perguntou-me a mesma parando de rodopiar pela cozinha. 

 

 — Sim, as de ponta. Nunca vi uma bailarina dançar tão bem por uma cozinha, sem elas. — sorri. 

 

— Ah, sim! — exclamou ao gargalhar alto. Sua voz aguda a alta parecia atravessar as paredes que nos cercavam — Eu nem sei como te responder, — falou ainda rindo — depois... Depois não se espante se eu andar com elas nos pés e passar a ensinar a Hilary como fazer o melhor Plié do mundo! — fez um movimento como se enxugasse uma lágrima de seu olho esquerdo. — Ai, ai... Vamos para o jantar de vocês, pois amanhã é outro dia e neste ainda precisam estarem fortes! Eu não cozinho, mas Esme sempre foi uma ótima cozinheira. — atravessou a cozinha pegando nossos pratos, colocando-os a nossa frente. 

 

 O cheiro maravilhoso que o jantar exalava dava-me água na boca. Com experiência eu iniciei meu jantar sem deixar de dar devida atenção o trato de Hilary como sempre fazia antes de virmos para cá. Por conta do episódio de hoje mais cedo eu fiquei hesitante de tornar a deixá-la tomar qualquer líquido que fosse em um copo, então havia pedido para que Emmett buscasse o copo com bico de Hilary que eu havia deixado dentro do carro. Agora sim eu me sentia segura em deixá-la com um copo nas mãos, por mais que acidentes como aquele não seriam evitados nem mesmo com esse copo infantil, mas amenizava seus riscos durante o uso. 

 Depois do jantar, Hilary e eu nos reunimos com todos os membros presentes da família para a sala, onde Emmett jogava video game, um jogo que já havia sido lançado a poucos anos, mas que ainda continuava nos principais rankings de vendas, e melhor ainda, eu sabia jogá-lo. 

 

 — Agora você poderia girar a alavanca direcional analógica por completo para depois ativar RT e LT seguindo os códigos de acesso ao núcleo principal. — instruí Emmett que seguia todos os comandos corretos sem olhar uma única vez para o console. No meio da partida ele pausou o jogo e olhou para mim por cima de seu ombro musculoso. 

 

 — Não acredito! — comemorou continuando o jogo ainda com seus olhos em mim — Você já jogou esse? — perguntou movendo seus dedos habilmente pelos botões seguindo as etapas do jogo sem sequer olhar!  — Valeu, sempre quis alguém pra me auxiliar em alguma partida... — disse voltando a olhar para a televisão fazendo os comandos que eu lhe falei. — Uhu!! É!! — gritou erguendo os braços, Hilary que já estava com Alice perambulando pela sala correu até aos braços enormes de Emmett lhe dando um abraço gritando junto com ele. — Tome o teu lugar aqui do meu ladinho agora mesmo senhorita, preciso ver com os meus próprios olhos o quão boa a humana Amberli pode ser por trás deste console! — deu umas batidinhas no assento vago do seu lado no sofá, por mais que ele estivesse sentado no tapete. — Vem, quero ver! 

 

 — Não sei... — disse acanhada me sentando ao seu lado — Faz tempo que eu não jogo; sequer consigo segurar o controle. 

 

— Para de dar desculpas — riu jogando o controle pra mim e quase o deixei cair no chão — Quero ver do que é capaz! A próxima parte está crua, sequer pisei neste terreno — apontou para a tevê. Abri o menu do jogo e configurei as melhores entradas dos comandos para mim — E depois diz que mal sabe mexer né... — provocou. 

 

 — E não sei... — reafirmei seguindo os protocolos do jogo — Tenho apenas que me acostumar novamente, eu não costumava a jogar sozinha antes... — parei de falar dando atenção ao jogo, sabendo da plateia que eu tinha durante os níveis avançados, eu apenas tomava cuidado com o horário para não deixar Hilary tanto tempo na frente de uma televisão, mesmo sabendo que alguém já estava com ela bem tranquila em seus braços. 

 

 Emmett ficou extasiado, sem palavras por alguns momentos e até mesmo emocionado durante o tempo em que fiquei jogando. Tanto que eu encerrei a parte exclusiva num tempo que ele mesmo considerou experiente e recorde, até que o mesmo mudou de jogo, colocando um em que ele pudesse jogar comigo, eu sabia que era apenas para saber até aonde minha capacidade ia com ele, o que me deixou bem animada. Depois dele ter pegado outro console para mim e ter me ensinado o básico das coordenadas do jogo atual e começamos a jogar a partida. Confesso que no começo eu fui péssima, mas não cheguei a ser desclassificada, podendo por um fio passar de nível junto dele. Já na sétima partida seguindo firme ao seu lado e vitoriosa, Renesmee chegou e para nos atrapalhar, ela e Jacob em silêncio continuaram atrás de nós também focados em nos assistir jogar. 

 

 — Não!! — gritou Emmett ao ser desclassificado. A família toda vibrou a meu favor ao redor de nós. Seu console vibrou bastante em suas mãos até que sua parte da tela fosse tirada, restando apenas a minha ocupando todo a tevê, pausei a sequência para que pudesse comemorar melhor. 

 

— Sim!! — comemorei adorando essa sensação enquanto sentia o bebê se agitar um pouco dentro de mim — Você não sabe o prazer que estou sentindo neste momento Emmett! — não me contive a quase gritar para o homem ao meu lado, que me olhava com os olhos dourados parecendo desolado, reprimi um riso — O que está acontecendo atrás de mim? O gato comeu a sua língua Jacob?! — estava tão feliz que nem me importei de cutucá-lo um pouco, mas claro, não usei seu apelido para não ultrapassar uma falsa barreira de amizade, pois realmente não a tínhamos. 

 

 — Não é o Jacob. 

 

 Hesitei em olhar para trás desconfiada de qual deles haviam falado. No fundo eu esperava não ter ouvido a voz, ou até mesmo ter me confundido. Mas não. Atrás de mim, com Hilary tranquila e sonolenta em seus braços, estava Cole Uley olhando-me com um sorriso em seus lábios, seus dentes de coloração natural parecia sorrir para mim do mesmo jeito que seus lábios o faziam, isso sem contar com seus olhos claros, que estavam um pouco mais escuros, se apertavam nas pálpebras puxadas que combinavam tanto com seu rosto. Vê-lo ali me deixou sem reação, pois não estava esperando que do nada ele estivesse dentro da casa da família Cullen mais uma vez no mesmo dia. 

 

 — Uau! Milagres realmente ainda acontecem! — Emmett, por conhecê-lo a muito mais tempo do que eu, pôde tirar as palavras que nunca poderiam sair da minha boca. Olhei para Emmett e concordei em silêncio com sua opinião e fiz questão de voltar a sorrir e tentar relaxar. Fingi não perceber o olhar interrogativo que Rosalie tinha e tratei de salvar as partidas já concluídas no video game, para que em outra oportunidade eu pudesse jogar novamente e devolvi o console para o grandão ao meu lado. 

 

 — O que foi Amberli? O gato comeu a sua língua? — fez a mesma pergunta que eu, mesmo ao pensar que era Jacob, não havia provocação no seu tom de voz, ele havia realmente apenas perguntado — Será que o gato comeu a língua da mamãe, bebê? — perguntou para Hilary, que riu em seus braços. 

 

— Não! — negou minha filha — Mamãe, cadê sua língua?  

 

  — Está aqui amor — me virei para eles e abri a boca mostrando a ela que minha língua estava guardada no lugarzinho certo, como havia ensinado a ela. 

 

 — A língua da mamãe está ali! É! É! — disse para ele comemorando inocentemente apontando sua mão na minha direção. 

 

 — Eu estive enganado não é mocinha?! — brincou com ela movimentando seus dedos na barriga dela, fazendo cócegas — Talvez não tenha sido um gato, mas sim um lobo... 

 

 — Ou quem sabe um vira-lata, que ronda os quintais alheios. — retrucou Rosalie mal-humorada. — Acho que já está na hora de cada um ir pra sua casa... — começou a nos dispensar, mesmo que claramente soubéssemos para quem ela falava.  

 

Renesmee interrompeu sua tia segurando em suas mãos e a puxando para a sala dos porta-retratos. Alice e Jasper haviam tomado conta dos controles e conversavam sobre qual game dos catálogos eles jogariam. Carlisle e Esme puxaram uma conversa amigável com Cole e eu mal sabia o que fazer, já que apenas desejava tirar minha filha de suas mãos e irmos dormir. 

 

 — Já estão com sono né? — perguntou Emmett claro o bastante para que o homem atrás de si pudesse compreender. — Com licença —  Emmett interrompeu seus jovens pais — Cara, elas já precisam descansar, você pode nos acompanhar até ao quarto delas? — me surpreendeu com o pedido que havia feito, quando Cole aceitou seu pedido ele voltou para perto de mim e me conduziu até as escadas com Cole atrás de nós, com minha filha em seus braços— Afasta essa neura, nada vai te acontecer Amberli, vocês vão descansar lindamente, irão sonhar bastante, dependendo do sonho, vocês irão resmungar ou até mesmo falar... 

 

— Eu não falo dormindo. — o interrompi. 

 

 — Tem razão, você não fala, mas seu corpo... — soltou uma curta risada tirando uma com a minha cara, atrás de nós, Cole também riu, olhei para trás observando sua reação e olhei minha filha já se aninhando em seu corpo forte e quente. 

 

 — Há, há! — devolvi sarcástica aos dois homens enquanto atravessamos a cozinha começando a subir para o próximo andar. 

 

 —  Amanhã é outro dia Amberli, não se preocupe tanto com ele... — comentou Cole quando chegamos ao corredor do quarto em que eu e Hilary dormíamos. 

 

 Entrei no quarto que só estava sendo iluminado pela claridade noturna, lá fora uma chuva fina e contínua pairava sobre toda a cidade e nenhuma lua e nem mesmo estrela eram possíveis de serem vistas. Cole caminhava em silêncio atrás de mim com Hilary em seus enormes braços, indiquei o local onde o berço dela estava e ele caminhou até lá, mas não colocou a pequena que já dormia dentro do móvel. Olhei para a porta aberta esperando ouvir alguma coisa de Emmett, mas ele não estava mais lá. Olhei de novo para Cole e ele continuava na mesma posição. Caminhei até parar ao seu lado e ergui meu rosto para olhá-lo. Seus olhos iam de Hilary para o berço, seu olhar perdido me fez entender que ele sequer sabia como colocava uma criança dentro de um berço. Virei meu corpo para ele e toquei em seu braço direito; meu toque pareceu despertá-lo. 

 

 — Pode deixar que daqui eu assumo. — fiz menção de estender meu braço para pegar minha filha, mas ele apenas a manteve mais próxima de seu corpo. 

 

— Não, olhe o tamanho da sua barriga, é perigoso. — negou cochichando — Me ensine como colocar sua filha aqui dentro, — pediu — eu apenas não sei como começar. 

 

 — Oh... — expressei um pouco surpresa — É simples — comecei a instruí-lo — Chegue mais perto do berço, — direcionei tocando sua pele quente; afastei minha mão de perto do seu corpo estranhando tanto toque que já havia lhe dado — encoste mais, isso... Agora se incline aos poucos para o interior do móvel. Quando seus braços encostarem no colchão, você poderá deixá-la. — instruía ao seu lado. Quando ele afastou-se do berço com minha pequena ficando adormecida no berço eu o olhei com um sorriso em meu lábios, aprovando seu feito — Muito bem para alguém que não sabia como começar. 

 

 — É muito bom ouvir isso da mãe, o que significa que eu realmente fui bem! — respirou aliviado com um sorriso em seu rosto — Sua menina é maravilhosa. — elogiou desfazendo nosso contato visual ao olhar para Hilary. 

 

— Sim, ela é. — concordei com ele analisando os traços perfeitos que minha filha possuía. Um longo minuto se arrastou com Cole e eu na mesma posição, parados sem saber o que dizer. — Hã... — resmunguei um pouco sem graça — Você não vai ir? — perguntei desconfortável. 

 

 — Pra onde? — perguntou-me. Pressionei meus lábios um no outro, segurando a vontade de rir. Eu não podia negar que tê-lo ao lado parecia deixar todo o ambiente mais suportável, o que não condizia com a ideia que eu tinha ainda dentro de mim de que eu mal o conhecia. Era questionável o modo em que todo o meu corpo parecia reagir com ele. 

 

 — Eu subi aqui para dormir. — finalmente consegui falar. 

 

 — Pode dormir. — devolveu. Minha sobrancelha direita se ergueu ao compreender suas palavras. 

 

 — Com você aqui no quarto?! Está louco?! — exasperei controlando o volume de minha voz, por mais que eu me sentisse atraída de uma forma intensa e estranha, não acho que em um dia de diálogo as coisas se desenvolveriam tanto assim... Cole analisou meu rosto e inclinou sua cabeça para a esquerda; parecia debater consigo mesmo. 

 

 — Tem razão — sorriu. Senti meus braços e pernas se arrepiarem — Eu não havia entendido o que havia me falado, eu acho... — levou sua mão para perto de mim e deixei que a minha fosse envolvida por sua grande mão calorenta; seu dedão fazia uma carícia circular na minha. Afastei meus olhos dos seus para olhar nossas mãos que permitir estarem unidas. — Boa noite, Amberli. — deu um beijo no dorso da minha mão com seus olhos intensos fixos nos meus, como havia feito mais cedo. Por um breve momento, em que eu culpo o sono que eu já estava sentindo, eu desejei que o roçar de seus lábios em minha mão tivesse um destino diferente. 

 

 — Boa noite, Cole. — lhe desejei sem saber qual de nós separariam nossas mão unidas primeiro. 

 


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Notas finais do capítulo



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