Sempre ao seu Lado escrita por Aquela Trouxa


Capítulo 19
17 de Julho ➶


Notas iniciais do capítulo

OLA GENTEEE!!! Como vocês estão? (espero que bem!!) Mais um capítulo que Deus me ajudou a fazer em pouco tempo, estou mega feliz gente, serio kkkkk
aproveitando para agradecer de todo o coração a tds que favoritaram, acompanham e comentam, isso é gratificante demais, sério!!

agr apenas estarei aguardando vocês nos comentários beleza?



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Sempre ao Seu Lado 

Capítulo 19 

 

 —  Não fique tão desanimada —  riu descartando mais um catálogo ao tentar me animar com a sua ideia —  Você tem que manter sua mente aberta para todos os nomes disponíveis neste catálogo. — insistiu me convencendo a ler as informações do nome; seu tom de voz descontraído me incentivou a tentar dar mais uma chance ao nome. 

 

— Mas esse nome é péssimo — relutei mesmo ao tornar a ler, Esme riu da situação em respondê-la rindo — Para alguém pode ser o nome mais lindo do universo, mas para mim não. Próximo. — passei para a próxima página me sentindo aliviada — Não é mais fácil pesquisar na internet? 

 

 — Prefiro os métodos tradicionais. — opinou piscando um olho e apontou para a folha — Veja, o que acha de Máximus? 

 

 Peguei a revista das mãos de Esme lendo mais um tópico de “Nomes masculinos perfeito para seu filho”, mas de perfeito eu ainda não havia encontrado nenhum. Depois que Renesmee saiu apressada para encontrar seu amigo, Esme e eu ficamos a disposição de Hilary por todo fim da tarde e ao início da noite, jantamos e brincamos mais um pouco antes de fazê-la dormir.  

Senti-la em meus braços, analisar cada pequeno detalhe de seu rosto me fez perceber quanto tempo já havia passado sendo apenas eu e ela, mesmo que ainda fosse um bebê, é incrível a forma em que nos moldamos uma na outra e o quanto eu fui capaz de amadurecer quando soube estar grávida dela, sua chegada me transformou de uma maneira tão perfeita, que mesmo com tantas percas eu não a trocaria por nada que eu já tivesse vivido.  

 Carlisle já havia chegado do hospital, hoje ele realizou mais exames e coleta de sangue relacionados ao pré-natal. Anotou meu peso, o diâmetro da barriga e calculou um peso aproximado que o bebê já está. Comentei com ele a respeito de já poder sentir o bebê tão bem, o que também o surpreendeu já que o desenvolvimento para movimentos tão intensos não são frequentes em uma gestação, que segundo ele estava avançando o final do quarto mês. Na inspeção completa, Carlisle analisou também meus seios e perguntou se antes eu amamentava Hilary com frequência, o que ocorria todas as manhãs e noite, mas desde que soube da gravidez ela esteve evitando, tanto que o leite parou de vazar dos seios e eles forneceram uma formula de leite premium do qual eu jamais compraria, devido seu alto preço. Com a coleta de informações, Carlisle me informou que as glândulas mamárias haviam interrompido a produção do leite, isso foi um choque inicial, saber que não posso amamentá-la agora foi uma imposição dolorosa, era uma das conexões mais íntimas que tivemos desde seu nascimento, pois quando eu chegava exausta do trabalho, a ninar em meus braços e amamentá-la era uma terapia tanto para mim, quanto para ela pois era o nosso momento. 

 Descansei a revista em minhas mãos sem a mínima vontade de ler o texto que explicava a origem e significado do nome para olhar o rostinho sereno adormecido entre minhas pernas, seu cabelo estava esparramado em minha coxa, pois ela havia arrancado os laços que Esme havia feito nela. Hilary havia adormecido antes mesmo de terminar de tomar a fórmula de leite que Carlisle havia preparado para ela se alimentar, ele havia acrescentado a informação que meu leite havia naturalmente parado se ser feito, mas que agora havia tornado aos poucos a reproduzir, porém Hilary não aceitaria o leite porque estava sendo desenvolvido exclusivamente para a nova gestação, mesmo que a criança talvez não venha aceitar devido a sua segunda natureza, que preza por sangue... Assim como eu estou prezando atualmente. 

 

 — Vejo em seus olhos que também não gostou desse nome... — Esme falou. 

 

 — Ainda não encontrei o nome perfeito, — respondi debochando da edição da revista — O nome precisa ser algo real e intenso, assim como o da Hilary, tem que haver alguma ligação com sua vida desde aqui. — toquei as mãos na barriga — É angustiante não saber o sexo dessa criança — reclamei devolvendo a revista à suas mãos geladas.  

 

 — Aguarde mais alguns dias, logo descobriremos. — acenei com a cabeça, pensando no quão absurdo é esse fato. 

 

 — Carlisle comentou que o bebê está mexendo bastante para o pouco período da gestação — informei me sentindo preocupada. 

 

 — Nós te auxiliamos baseando no que passamos com Bella apenas, mas sei que ele está pesquisando sobre isso também... — tentou me tranquilizar. Hilary se mexeu no espaço onde havia adormecido e resmungou alguma coisa, os olhos de Esme desceram sobre o corpinho adormecido e ofereceu: — Quer que eu a coloque no berço? 

 

 — Sim, por favor. — aceitei. Ela logo saiu da cama e pegou Hilary, que nem se incomodou com a mudança — É bom que ela se acostume a dormir com pessoas falando perto dela, assim dependendo do lugar onde ela adormeça, isso não irá atrapalhar. — comentei enquanto ela ajeitava minha filha no berço e ajeitava um lugar para deixar a mamadeira mais perto. Carlisle passou pela porta aberta do cômodo e se aproximou com Esme para perto da cama sentando na borda para termos um contato visual melhor. Esme ficou atrás dele, descansando suas mãos sobre os ombros do marido. 

 

—  Eu ouvi o que estavam comentando... —  justificou sua presença no quarto — E realmente, como me baseio nos nuances da gestação da Bella, percebi que o período de desenvolvimento pode variar, pois seu corpo reage de uma forma e o de Bella, outra... Creio que por mais similares que a gestações sejam, elas não são um padrão. — ouvi atentamente. 

 

 — Os dias...? — perguntou Esme de modo sugestivo, seu rosto expressava algo que eu não conseguia captar. 

 

 — Exatamente, — confirmou a linha de raciocínio que sua esposa teve, franzi a testa não entendendo aonde queriam chegar — Bella concebeu Renesmee em quase um mês, — me informou devagar para que eu pudesse acompanhar, algo no tom leve de sua voz me deixou apreensiva e estimulada a tentar absorver o máximo do que ele estava me falando — mas pelo que estive calculando, seu bebê está com o desenvolvimento mais avançado que o dela, o que pode antecipar mais ainda o parto. —  deu uma pausa entrelaçando suas mãos — Ao invés de trinta, poderá ocorrer em até vinte dias. 

 

 — Ai... — arfei angustiada sentindo minha cabeça latejar com a notícia. Me senti desnorteada olhei para ambos ainda tentando saber o que dizer a respeito. Respirei fundo disposta a falar tudo que viesse a minha cabeça, sem filtro algum — Saber que um bebê pode nascer em um mês já é difícil de assimilar, e-eu nem assimilei isso ainda, imagine agora...! Vinte dias? — levei minhas mãos na cabeça perguntando sem conseguir realmente acreditar — Vinte dias... — repeti tentando entender como isso era real. Soltei meu cabelo do rabo de cavalo alto que havia feito, para tentar amenizar a pressão que estava sentindo na cabeça e massageei o couro — Não sei se estou preparada para ter um novo bebê em vinte dias — lamuriei me sentindo assustada e enjoada — Eu acho que vou vomitar! — declarei sentindo minha boca aguar. 

 Me arrastei até a borda da cama para tentar correr até ao banheiro mas Esme me parou segurando em meu ombro e estendeu um balde, olhei para ela agradecendo não me importando da onde ela havia pegado isso e enfiei minha cabeça dentro do balde despejando os resíduos das frutas que eu havia comido. Senti muita vontade de chorar de medo e vergonha, mas estava ocupada vomitando tudo o que estivesse no estômago para conseguir fazer. Sentia Esme afagando minhas costas enquanto ainda permanecia ocupada com o balde. Quando os enjoos passaram eu afastei o balde, que foi descartado por Carlisle e Esme colocou uma toalhinha em minhas mãos. 

 

 — Temos apenas mais duas semanas... Duas! — chorei apoiada em Esme, ela tornou a me amparar com seus dedos frios tocando levemente em meu tronco — Eu estou com medo... — expus me sentindo uma menininha medrosa e patética. Talvez a situação não fosse todo o motivo do choro, mas sim os hormônios que a gravidez me presenteava em dobro por ser tão rápida — Hormônios estúpidos! — os culpei não me sentindo convicta de fato. 

 

 — É por isso que sua barriga já está bem protuberante, não era apenas influência da camada de tecido que você já tinha — Carlisle continuou me informando depois de um tempo me deixando absorver o que dizia mesmo que eu ainda chorava. Forcei-me a conter o choro e me afastei do corpo de Esme para prestar a atenção em suas descobertas — Mas e se na verdade Renesmee tenha passado do tempo dentro do útero? A barriga da Bella era mais arredondada, o que visualmente parecia ser maior — explicava as teorias que ele havia colhido numa posição clínica — Amberli, independente dos dias, não há como adiarmos a precocidade dessa gestação, sendo em mais dias ou menos, seu bebê irá nascer no decorrer de um mês, talvez chegue a nascer até no máximo ao dia quinze. — Esme me estendeu um copo de água que continha açúcar, o peguei de suas mãos vendo o copo oscilar nas minhas visivelmente trêmulas. Carlisle esperou que eu tomasse uma boa quantidade do líquido para então continuar: 

— Estaremos aqui preparados para que o parto seja o mais seguro possível, nossa principal opção é o parto normal, como você já teve dois, não será necessário listar os riscos que uma cesariana pode apresentar e reforço a contraindicação por saber que a membrana que envolve o bebê é muito grossa, um bisturi não tem corte suficiente para obstruir a superfície protetora, nesse caso, é inevitável não ter que usar alguns métodos alternativos. —  deu uma pausa e aproveitei para tomar mais um pouco da água, torcendo para que o possível afeito calmante da água me ajudassem —  A qualquer sinal que tiver do seu corpo entrando em trabalho de parto, já iremos te manter no escritório para uma bateria de exames e procedimentos necessários de contínuo monitoramento, se a condição for verídica nós induziremos o parto.  

 

 —  Como será o monitoramento? — perguntei depois de ingerir a última dose de água, apertando o copo em minhas mãos me sentindo tensa. Não por saber qual método de concebimento eu já tinha a certeza de realizar, mas ainda por saber o quão incerto tudo poderia ser. 

 

 —  Será feito a cardiotocografia, o único procedimento que eu tenho certeza que nos esclarecerá com certeza. Irei posicionar os transdutores diariamente, sempre quando eu chegar em casa. —  se referiu ao equipamento de sensor que é colocado com uma faixa envolta da barriga, sua expressão mostrava o quanto ele estava aliviado em ter uma fonte precisa, o que refletiu em mim também, por mais que eu ainda me sentisse com mal-estar. Senti meus lábios se estenderem num sorriso discreto —   Estou cogitando usar um estimulador vibro-acústico para analisar melhor a reação do bebê. Ficará mais preciso ao anotar tudo que posso colher sobre ele. — acrescentou com a feição ainda mais satisfatória, o que me deixava também mais motivada com as notícias — É bom ressaltar que seu bebê já está grandinho, pesando por volta de 370 gramas, é possível que esteja medindo 19cm. 

 

Pisquei meus olhos de maneira lenta, guardando com muito carinho suas últimas notificações a respeito do meu bebê. Era um pouco decepcionante não poder vê-lo através de pixels borrados e idealizá-lo ou muito menos termos ciência do gênero que nasceria, mas só de poder ter essas simples informações me deixou arrepiada e com o coração pulsando intensamente, havia sentimentos ali; sentimentos esse que não haviam se repartido, apenas multiplicados, havia amor. Amor por Angie, amor por Hilary e amor por esse bebê, que estaria em meus braços em tão poucos dias. Sorri feliz com a melhor notícia do dia sentindo meus olhos começando a lagrimejar emitindo meu estado de emoção. Não havia uma tela com nenhuma imagem interna de vida dentro do meu útero, não havia o som de seus batimentos cardíacos como nas gestações passadas, mas a emoção em ter um mínimo pedaço de informação sobre esse pequeno ser em desenvolvimento era algo suficientemente precioso. 

 

 —  Tudo nos indica que não há nada de errado com o bebê. —  comentou Esme com um sorriso esplêndido em seu lindo rosto e concordei com ela me sentindo leve.  

 

 —  Exatamente — confirmou Carlisle olhando para o relógio em seu pulso, um sorriso também havia preenchido seu rosto — Está na hora da dieta, —  se referiu a próxima bolsa de sangue já se levantando para buscá-la, dessa vez, em uma velocidade que meus olhos conseguissem acompanhar. 

 

 Após seu marido sair do quarto, Esme sentou-se novamente ao meu lado de forma contida, seus lábios se franziam discretamente formando um pequeno bico e suas sobrancelhas se tencionavam; ela estava debatendo consigo mesma sobre algo. Ficamos em silêncio por um momento até ela resolver falar alguma coisa: 

 

 — Como está se sentindo? — me perguntou mecanicamente, sua expressão ainda cotinha o modo amoroso natural, seus olhos dourados num tom escuro olhavam na direção do berço, o sinal de um sorriso ainda estava ali em seus lábios — Como está se sentindo com o que esteve acontecendo durante esses dias? 

 

 — Hãn... — pensei a respeito passeando minhas mãos sobre o ventre mesmo sem sentir movimento — Acho que confusa é a primeira palavra que me descreveria. É um ambiente novo, adaptações e métodos de vida que eu nem cogitei especular sobre... — pressionei meus lábios olhando para o chão escolhendo as palavras certas até para mim — Ainda tenho medo Esme, de tudo ao redor, medo do que pode acontecer ao início do dia ou ao final do mesmo. Mas sei lidar com isso, consigo me convencer de que não devo me preocupar. E sabe de uma coisa? — chamei sua atenção olhando em seus olhos, o tom escuro de seus olhos intrigantes brilhavam com o reflexo que a luz fazia na borda d’água — Eu me sinto feliz aqui. Me sinto muito grata e segura por tudo que estão fazendo sem exigirem um custo em troca. Agradeço por tudo que se dispõem a oferecer, não apenas a mim, mas aos meus filhos! Nada que eu faça por toda a minha vida, pagará isso. 

 

 Esme parecia querer chorar com minhas palavras, um pequeno sorriso tremia em seus lábios que se abriam e fechavam sem ter o que falar. Esme respirou fundo desfazendo o contato visual piscando seus olhos de modo constante para conter as lágrimas de seus olhos. 

 

 — Você... — abanou as mãos ainda afetada — Nunca precisará pagar por coisa alguma querida — virou na minha direção erguendo as mãos na direção do meu rosto, mas a parou antes de me tocar; parecia temerosa por causa da sua baixa temperatura que naturalmente possuía. Ergui as minhas mãos e envolvi as suas permitindo que tocassem meu rosto, com cuidado para não mover a sonda ela descansou seus dedos na minha pele, meu corpo se arrepiou com seu toque gelado, mas não recuei. — a única condição que pedimos é o sigilo de nossa espécie, nada mais que isso Amberli. 

 

 Movimentei a cabeça consentindo analisando seus olhos escurecidos, ela afastou suas mãos da minha bochecha. Passados alguns segundos, Carlisle entrou no quarto com a minha dieta e alguns pequenos instrumentos hospitalares em suas mãos para realizar a limpeza da sonda. 

 

 — Nessie ligou. — informou sobre sua neta que já não aparecia em sua mansão a quase três dias, fora Emmett e Rosalie que também haviam partido para algum lugar e não voltaram até agora, para o desespero de Hilary. Carlisle colocou seus instrumentos no criado mudo ao lado da cama. Esme deu total atenção ao marido perguntando o motivo da neta — vai passar mais essa noite na reserva quileute. Deve estar na casa da Rebecca, ouvi crianças durante a ligação. — soltou um riso. 

 

 — Ela deve estar pedindo conselhos de como cuidar melhor de uma criança. — opinou Esme — Não se assuste se algum dia ela te pedir para ser babá da sua filha. — tocou em meu ombro; ri de sua fala imaginando a cena. 

 

 Carlisle executou os procedimentos necessários de lavagem da sonda e conexão do meu jantar na mesma, sempre com suas mãos precisas e experientes, o procedimento era comum, sem incômodo. Esme sempre estava ao seu lado auxiliando nos pequenos detalhes do procedimento. Ficamos por mais alguns minutos papeando, eles relataram a permanência deles nesta mesma mansão há anos atrás por ser uma cidade com uma expansão muito lenta comparado as outras cidades do condado, sem contar com clima do lugar, que era mais um ponto pessoal para eles. Contaram também sobre uma família que são como eles de olhos dourados que mantém morada fixa no Alasca, se consideram como primos a tantos anos que me espantei. Comentei com eles como era a socialização em Casper e o modo de conduta política, mas não havia muita variedade, além da grande importância de um Xerife nesta cidade. Finalizamos nosso bate-papo no início da madrugada quando Hilary deu sinais de que nossa conversa iria acordá-la, algo que não queríamos que acontecesse, por motivos óbvios. 

 

 — Você iria gostar de visitar o Alasca, o pôr do sol lá é deslumbrante. — Esme disse pondo a mão na entrada da porta, Carlisle que estava ao lado dela, concordou — Quem sabe um dia você não possa ir com a gente. — idealizou. 

 

 — Num futuro próximo talvez; — considerei — Boa noite Carlisle, boa noite Esme. 

 

 — Boa noite Amberli. — desejaram em uníssono — Qualquer coisa nos chame. — falou Carlisle entrelaçando seus dedos aos de sua esposa e se viraram para o corredor seguindo a direção oposta do meu quarto. 

 

Fechei a porta puxando o suporte com o sangue quase na metade do saco caminhando até ao berço de Hilary. Descansei meus braços no suporte de proteção do berço e passei a olhá-la dormindo. Enquanto analisava seu rosto sereno que vez ou outra se expressava devido a algum sonho que estava tendo, eu divaguei entre meus pensamentos; pensei na minha vida antes de ser mãe, pensei em Anna e em tudo que ela me proporcionou, pensei em Angie e na culpa que tento diariamente não sentir, ainda era doloroso me lembrar daquelas palavras carregadas de ódio e negação apontando para mim me culpando “Sim sua infeliz, você é a única responsável, você matou sua filha!”.  

 Balancei minha cabeça na tentativa de desprender o som dessa voz que havia vociferado com tanta fúria para mim, me concentrei em esquecer todos os registros da existência que essa maldita frase me trazia e me atentei a tornar olhar para Hilary tornando a agradecer aos céus pela benção de ela se parecer tanto comigo. Me afastei um pouco do berço quando ela se remexeu no colchão mudando a posição do corpo, sua mão esquerda se ergueu para tentar coçar a cabeça por uns segundos e logo tornou a relaxar, voltando a sonhar. Reprimi minha vontade de tocá-la e puxei o suporte bem devagar para mais próximo de mim e movi meus pés a outra extremidade do quarto, direto para a parede de vidro sempre tão limpa que as vezes me esquecia de que ela realmente estava lá, dessa vez dava para nota-la pela grande quantidade de pingos de chuva que ainda estavam sobre ele na parte externa. Parei com o rosto bem próximo do vidro, se expirasse uma lufada de ar mais forte, poderia embaçá-lo e dificultar mais ainda a visão.  

  Coloquei minhas mãos no bolso da blusa moletom enorme que estava usando, a qual não me pertencia antes e passei a admirar através das gotículas de água, a paisagem escurecida a minha frente. Ao contrário de algumas horas atrás, tendo o dia inteiro de chuva, o tempo aos poucos dispersava as nuvens pesadas das contínuas chuvas, a lua estava brilhante no alto do céu mesmo estando na fase quarto minguante, o que me ajudava a analisar o grande arvoredo que se abria para a floresta densa que cercava grande parte da cidade pelo que pude perceber. De onde o quarto ficava não era possível vislumbrar o rio que Renesmee havia mencionado haver, mas junto ao som noturno dava para notar bem ao fundo alguma movimentação de águas entre as grandes árvores; era algo gostoso de apreciar, me deixava mais tranquila e sem lembranças conflituosas.  

 Perdi a noção do tempo ao relaxar com a paisagem noturna a minha frente, apenas quando minhas pernas cansaram de ficar em pé, foi eu percebi que poderiam fazer mais de quarenta minutos que eu estava nessa posição, para aliviar eu me sentei no chão sempre limpo e continuei a contemplar a noite e me perguntei por que eu não havia vivido em um lugar como esse antes, parecia o lugar ideal para se criar uma família, apesar da constante chuva... 

 

 — Teria que arrumar um emprego antes... — cochichei comigo mesma afagando meu ventre — Quais os bairros mais próximos daqui, será? Não quero manter Hilary tão distante... Nem eu mesma... — continuei pensando na hipótese de residir em Forks vendo uma coruja passar perto das janelas — Precisa ser bem próximo... Por causa do bebê, como será ter um bebê, híbrido? Beberá sangue para sempre? Não, — descartei a ideia lembrando das pipocas devoradas por uma certa híbrida, movimentando meus olhos para um local específico entre as maiores árvores. Parecia que havia algo por ali — Renesmee come até que moderadamente bem, então o bebê também comerá... — parei minha falação sobressaltada, quase colando meu rosto na parede de vidro para tentar ver a movimentação que havia entre as três maiores árvores a minha esquerda. 

 Parecia haver algum animal grande ali, não deveria ser tão perigoso por estar tão próximo de uma civilização, mas ainda assim um animal, algum cachorro do mato ou lobo talvez? Não saberia dizer por não conhecer a diversidade de animais que habitam pelas redondezas. Fiquei em silêncio ainda com o rosto próximo do vidro tentando captar algum indício do que era aquela movimentação em meio a iluminação mediana da lua ao redor, havia muitas sombras por todos os lugares o que me deixava inclinada a aceitar que poderia ter sido apenas alguma coruja ou até mesmo um morcego que havia passado por ali e causado a impressão de ter um animal de porte grande naquela direção.  

 Desviei meus olhos do local para verificar se havia sangue na bolsa acima de mim pendurada no final dos ganchos do suporte; Carlisle havia pedido para que eu o chamasse para desconectar as sondas quando o saco esvaziasse, entretanto eu já havia prestado muita atenção no modo que eles as desconectam e não custava nada fazer eu mesma. Ergui minha mão posicionando na aba exata em que Rosalie e Carlisle as interligavam e realizei o mesmo movimento fechando ambas as entradas dos tubos, me livrando do suporte. Continuei sentada no chão do quarto olhando para cada detalhe que a luz lunar fazia em contraste com as sombras do breu noturno enquanto acariciava minha barriga sentindo o bebê mexer poucas vezes; vez ou outra eu olhava para trás na direção do berço onde Hilary repousava, apenas para ter certeza de que ela ainda estaria ali dentro sendo mantida pelas grades ao redor. Ao tornar meus olhos para fora do quarto, imediatamente eles foram para a mesma insistente direção, só que desta vez, meus olhos puderam facilmente distinguir que havia realmente algo ali, não apenas algo; mas alguém. Senti meu coração pulsar mais rápido com a convicção de que eu não estava vendo coisas e cerrei minhas pálpebras forçando minha visão a enxergar o que eu havia pensado ter enxergado.  

Cole estava ali, exatamente no espaço mais aberto e iluminado que havia entre as grandes árvores, seu rosto estava sério e não havia nenhum sinal de descontrole. Por um instante eu quis rir, pois não era nenhum animal, mas também pensei “O que ele está fazendo pela mata a uma hora dessas e ainda... Só de bermuda?!” pasmei sentindo meu coração se acelerar mais e tentei enxergá-lo melhor. Ele aparentava estar agitado com algo, pois passava suas mãos repetidamente por seus cabelos escuros, característicos aos demais descendentes de seu povo, e arrisco a deduzir que esteja debatendo consigo mesmo, mas não tive certeza pois logo ele adentrou para as sombras entre as árvores novamente, contudo eu ainda conseguia enxergar mesmo na pouca luminosidade, sua movimentação naquele local. Quando ele saiu a passos rápidos, conseguindo passar sem dificuldade alguma entre os relevos naturais e molhados do lugar caminhando determinado em direção a mansão, eu me afastei com ligeireza da parede de vidro e puxei o suporte comigo, que fez um som irritante e arrastado no ato de puxá-lo comigo no chão. Ouvi Hilary resmungar no berço e temi que eu a tivesse acordado. Porém ela apenas resmungou mais um pouco e voltou a continuar a dormir. Soltei um suspiro forte de alívio e me senti como uma adolescente fugindo de uma enrascada, senti meu rosto esquentar de vergonha.   

Passei minha mão nas mechas bagunçadas do cabelo, os jogando para trás e devagar tornei a me aproximar da parede de vidro para tentar achá-lo entre as zonas mais próximas dos arredores da casa. Cole atravessava sem resistência alguma os obstáculos naturais entre as árvores e as grandes raízes que se cruzavam acima do solo chegando cada vez mais próximo da mansão. Me sentindo cada vez mais curiosa pela sua atitude incomum em estar vindo visitar a família Cullen, me ajoelhei na frente da parede de vidro para conseguir mantê-lo em minha vista, não contive meus dedos pulsantes em tocar o vidro limpíssimo e frio me dando apoio na posição em que me dispus a ficar apenas por curiosidade, e estranhei minhas atitudes por um breve momento. Apenas por um breve momento, pois continuei com meus olhos atentos a observá-lo descendo por mais um desnível do solo, saltando sobre um tronco com grande espessura sem dificuldade nenhuma e continuou a andar a passos largos cada vez mais próximo da habitação, logo ele estaria perto o suficiente para poder me avistar, se por algum motivo ele olhasse para cima. 

 

— O que está fazendo por aqui a uma hora dessas Cole? — cochichei pensativa olhando atentamente para o seu corpo em movimento adentrando num terreno mais escuro, o que me impossibilitou de enxergá-lo, por fim, acabei perdendo o ponto de onde havia o visto pela última vez. 

 

 Aspirei frustrada e mantive meus olhos atentos a qualquer indício de uma nova movimentação de Cole que eu pudesse captar. Pressionei meus dedos contra a parede de vidro num ato inconsciente de ansiedade desejando poder enxergar mais amplamente o ambiente afora para conseguir achá-lo. Tentei traçar os locais mais parecidos de onde eu havia o avistado por repetidas vezes, mas de tanto repetir o mesmo processo sem nenhum sucesso de encontrá-lo, descansei minha testa no vidro desistindo de alimentar minha curiosidade e me convenci a tentar dormir o quanto antes para não acordar cedo como a alguns dias atrás; dias esses em que eu acabei conhecendo de um jeito inusitado o motivo da minha inquietação, o Cole. Com a respiração tão próxima do vidro, eu acabei embaçando toda a área que me privilegiava com a vastidão da floresta a minha frente, movi minha mão direita para retirar a película condensada que atrapalhava minha visão e tão perto quanto da última vez, Cole estava lá, parado olhando diretamente para mim; tinha certeza de que era para mim, pois estava em um local alcançável que facilitava tanto para mim, quanto para de nos vermos, contando com a luz do luar a nosso favor, que estava iluminando tanto ele quanto eu, ambos estavam expostos, eu não teria nem tempo de tentar me esconder. Mantive meus olhos fixos nos seus, apesar da distância e senti-me tímida em tentar cumprimentá-lo, então ficamos apenas assim, em uma conexão silenciosa onde a troca de olhares firmes valiam mais que as palavras que poderiam existir. Por mais que eu não o conhecesse de fato, e até mesmo não houvesse presenciado sua melhor versão, eu ainda me sentia aberta para conhecê-lo, assim como permiti que seus amigos tivessem a oportunidade de se apresentarem e compartilhar os valores e vivências em comum, eu não rejeitaria suas tentativas de uma nova socialização saudável entre nós também. 

  Cole sentou-se no chão que ainda estava molhado pela chuva forte de poucas horas atrás sem se importar com esse fato sem desfazer nosso contato visual apaziguado, assim como ele, desfiz minha posição livrando meu peso sobre os joelhos e me sentando na posição de lótus conseguindo manter nossa conexão visual e assim continuamos por tantos minutos, que desta vez nem fiz questão de apresentar uma estimativa desse tempo. Só nos desfizemos desse vínculo inusitado quando Hilary realmente despertou nas altas horas da madrugada, Cole de certa forma pôde perceber isso. Levantei-me o mais rápido que minhas pernas e a gestação me permitia e caminhei sentindo o começo de um leve formigamento em meus pés, ao chegar em frente ao berço, Hilary ainda não havia aberto os olhos, significando que estava dividida entre acordar irritada num choro estridente difícil de cessar ou continuar dormindo. Agarrei a mamadeira em minha mão com agilidade e com carinho afaguei seus cabelos macios para mostrá-la de que eu já estava ali com ela e com cuidado encaixei o bico da mamadeira em sua boca. Demorou um pouco para que ela resistisse e abrisse a boa, mas quando reconheceu o líquido que saia do frasco, ela o agarrou com ambas as mãos e virou na direção oposta em que estava sugando a fórmula de leite com gosto, assim tive certeza de que ela logo voltaria a dormir.  

  A passos ansiosos eu tornei a me aproximar do vidro e ficar na mesma posição de antes, mas quando parei em pé no mesmo lugar, percebi que o lugar do lado de fora já estava vazio. Me sentindo de forma abstrata um pouco desapontada, movimentei meus olhos em todas as direções possíveis esperando avistá-lo por entre as sombras, até que por fim ao não encontrá-lo, eu decidi deitar-me na cama e finalmente descansar. 

 


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Notas finais do capítulo

Torno a agradecer, a você leitor, que favoritou a história, adicionou à sua lista de companhamento e que comenta! Isso é, incrível, nem tenho palavras certas pra agradeceeer!



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